Pontes Medievais do Rio Leça e Corredor Verde- Ponte do Carro, Ponte D. Goimil, Moreira, Ponte de Ronfe e Ponte da Pedra

Pontes Medievais do Rio Leça e Corredor Verde do Leça - ponte do Carro, ponte D. Goimil, Ponte de Moreira, ponte de Ronfe e Ponte da Pedra




Pontes medievais do Rio Leça e Corredor Verde do Leça - Guifoes, Sta. Cruz do Bispo, Custoias, Leça do Balio, Maia e Moreira da Maia - Ponte do Carro, Ponte de D. Goimil, ponte de Moreira, Ponte de Ronfe e Ponte da Pedra e outras inúmeras Pontes sobre o Rio Leça

Percurso efetuado com o objetivo de visitar as pontes Romanas e Medievais do Rio Leça no Concelho da Maia e Matosinhos, percorrer a margem do rio Leça e o seu corredor verde. Ao todo, passamos por 15 pontes do rio Leça, 4 delas de origem Romano-Medieval.
Trata-se de um percurso circular com início e final na Cidade do Porto, mais precisamente na Avenida Antines Guimarães.
A maior parte do percurso é efetuado em piso asfaltado e cimentado, este último durante todo o corredor verde do rio Leça. Vários quilómetros são efetuados em piso calcetado e ainda alguns troços em terra batida.

NOTA: existem 2 troços mais exigentes que tem de ser feitos em bicicleta BTT:
1 - O primeiro situa-se ao Km 10,5, na descida para a ponte do Carro. trata-se de uma descida com grande inclinação em piso empedrado e muito irregular.
2 - O segundo situa-se ao Km 27,5 depois da saída do Corredor Verde do Leça. Trat-se de um estreito caminho de terra batida, inclinado e algo irregular (ver descrição mais detalhada abaixo)
3 - Um terceiro troço em caminho largo de terra batida, ao Km 5,5 no acesso à zona do Castro de Guifoes; este é mais tranquilo e pode ser feito pela maioria das bicicleta.

Descrição do percurso:
Saída do Porto, passagem pela Sra. da Hora e Guifões. Aqui, descemos em direção ao rio. O último 1/2 kilómetro é efetuado em caminho largo, piso de terra batida bem consolidado. O caminho leva-nos à margem do rio, local onde existiu uma antiga ponte (medieval?) que derrocou durante uma enchente do rio na década de 70. Ainda podemos observar os blocos de granito espalhados no rio. É também, nesta local onde existe as ruínas do Castro de Guifoes, com provável origem da idade do ferro.
O próximo ponto de passagem será a Ponte do Moinho. Da ponte do moinho iremos seguir para a ponte do Carro. Já tínhamos andado há 2 anos na zona, e havia um trilho que nos levava pela margem esquerda do rio diretamente à ponte do Carro. Voltamos lá há 2 meses atrás e infelizmente esse trilho estava fechado por mato, pelo que tivemos que procurar arruamentos locais para chegar a referida ponte. Os últimos 300 ou 400 m para atingir esta ponte (do Carro) são efetuados em piso difícil empedrado muito irregular com forte declive, desaconselhado a bicicletas que não sejam de montanha.
Em nossa opinião, a ponte do carro, com uma estrutura tipicamente medieval, é a mais bela de todas as pontes que visitamos.
A ponte seguinte é a de D. Goimil e não conhecemos caminhos diretos para ela. Teremos que dar uma volta por oeste e norte, mas que é compensada pela visita a Santa Cruz do Bispo onde encontramos uma bela igreja, 2 pequenas capelas e um monumento remodelado por Nicolau Nasoni cuja história tem início no reinado de Dom Sancho I.
A Ponte de D. Goimil não está visível por quem passa na estrada. É necessário fazer um pequeno desvio. É uma ponte de menor porte do que a ponte do Carro mas a sua estrutura harmoniosa e de pequenas dimensões faz-nos lembrar uma história de conto de fadas.
Seguimos então, através da rua do Araújo e Rua do Custió, para a ponte de Moreira: são 2 pontes encostas uma à outra, em que a ponte antiga, utilizada apenas para peões, passa quase despercebida.
É lamentável uma ponte histórica estar encoberta por uma ponte de construção recente. Viramos à direita e logo depois entramos no Corredor Verde do rio Leça. Trata-se de uma bela obra, em que o ciclista/caminhante passa por um longo corredor de cerca 6,5 Km de bom piso cimentado, ladeado por um belo conjunto de árvores que acompanham a margem direita ou esquerda do Rio Leça.
Temos que dar os parabéns à Câmara Municipal de Matosinhos e Maia pela construção de tão aprazível infra-estrutura.
Quer na Ponte de Moreira, quer na Ponte de D. Goimil vemos painéis informativos e obras no terreno da Construção da segunda fase do corredor verde entre a ponte de Moreira e a ponte do Carro.
Passamos pela ponte de Ronfe, ponte de construção romano-medieval, já sujeita a várias obras de reabilitação e ainda utilizada para transito automóvel (ver descrição Abaixo).
Continuamos nesta bela Ecovia, passamos ao lado do Monumento de Leça do Balio. Adiante, o corredor bifurca-se; seguindo pela esquerda iremos visitar outra bela ponte, a famosa Ponte da Pedra, que também se encontra encostada (não tanto como a de Moreira) a outra ponte mais recente.
A ponte da Pedra (ver descrição abaixo) coincide com o final do Corredor Verde. Iniciamos a viagem de regresso com a ajuda do Google Maps, que nos levou por um estreito caminho de terra batida de cariz rural e que não é utilizável pelas bicicletas de estrada. Trata-se de um curto caminho nada simpático, que passa pelo meio de pequenos edifícios de habitação rurais e a seguir segue por estreito caminho que não é de todo aconselhado a percorre-lo ao fim da tarde com pouca luz solar. O caminho não é agradável, mas encurta consideravelmente a viagem de regresso para o Porto.



Algumas Notas:

Castro de Guifoes:
O Castro de Guifões situa-se perto da antiga ponte de Guifões: quem desce pelo caminho em terra batida (rua Ponte de Guifões), 60 metros antes de chegar ao rio, (ao Km 5,9) deve virar por um pequeno caminho à esquerda. O Castro não é facilmente visível.
Situado muito próximo da foz do rio Leça, numa zona que, antes da construção do Porto de Leixões era ainda de estuário, o Monte Castêlo ergue-se, na margem esquerda daquele curso fluvial. E, embora não seja a elevação mais próxima da costa, as suas condições estratégicas associadas às características planálticas do seu topo, desde muito cedo fizeram com que fosse local escolhido para a fixação de comunidades humanas. Esta estação arqueológica, também conhecida vulgarmente pelo nome de castro de Guifões, é uma das estações da época da Idade do Ferro/Romanização mais importantes do norte de Portugal.
Os materiais arqueológicos já recolhidos se indiciam por um lado uma origem por volta dos inícios do 1º milénio a.C. revelam também uma longa perduração em época romana.

A PONTE DO CARRO
CONSTRUÍDA SOBRE O RIO LEÇA, LIGANDO A FREGUESIA DE SANTA CRUZ DO BISPO, NA MARGEM DIREITA, À DE GUIFÕES, NA MARGEM ESQUERDA, A PONTE DO CARRO (CLASSIFICADA COMO IMÓVELDE INTERESSE PÚBLICO DESDE 1971) É UM DOS INDISCUTÍVEIS EX-LÍBRIS DO CONCELHO DE MATOSINHOS.
MUITAS VEZES ATRIBUÍDA À ÉPOCA ROMANA, AS CARACTERÍSTICAS ARQUITETÓNICAS DA PONTE SÃO, NO ENTANTO, TIPICAMENTE MEDIEVAIS. A FORMA "QUEBRADA" DO TABULEIRO, O SEU ARCO DE BASE PERFEITA, A AUSÊNCIA DE TALHA-MARES NOS PEGÕES PERMITEM, DE RESTO, APONTAR PARA UMA CRONOLOGIA APROXIMADA AO SÉCULO XII.
ELEMENTO FUNDAMENTAL DURANTE SÉCULOS NA LIGAÇÃO DAS DUAS MARGENS DO LEÇA, A PONTE DO CARRO TERÁ DESEMPENHADO UM PAPEL RELEVANTE NÃO SÓ NA VIDA ECONÓMICA E SOCIAL DA REGIÃO, COMO TERÁ SERVIDO, IGUALMENTE, DE PASSAGEM PRIVILEGIADA DE PEREGRINOS A CAMINHO DE SANTIAGO DE COMPOSTELA.
UMA VEZ QUE NÃO SE CONHECEM AS ORIGENS DESTA PONTE, SÃO TAMBÉM DESCONHECIDOS OS MOTIVOS QUE ESTÃO NA BASE DA SUA DESIGNAÇÃO. A EXPLICAÇÃO TRADICIONAL MAIS DIFUNDIDA PRETENDE QUE O SEU NOME RESULTARIA DO FACTO DE SER ESTA A PRIMEIRA TRAVESSIA DO RIO QUE, GRAÇAS À SUA RESISTÊNCIA E ESTABILIDADE, ERA CAPAZ DE SUPORTAR TRÂNSITO DE CARROS DE TRAÇÃO ANIMAL.

Ponte Medieval de D. Goimil
Imóvel de Interesse Público
A Ponte de D. Goimil é uma estrutura de tabuleiro em cavalete, com um arco ogival, construída em alvenaria de granito. As suas características apontam para uma construção da Idade Média, de finais do século XIII ou inícios do século XIV.
Apesar de ter sofrido, ao longo dos séculos, diversas reconstruções, ainda são visiveis, na parte inferior, as pedras originais da construção medieval.
Inserida no território do antigo "Couto de Leça" da Ordem dos Cavaleiros Hospitalários, sedeada no Mosteiro de Leça do Balio, terá sido construída certamente por iniciativa desta ordem militar.
A estrada que servia esta ponte aparece já referenciada nas Inquirições de 1258
com o nome de Via Veteris (Estrada Velha). Começava junto ao Rio Douro,
no lugar da Arrábida, vindo pelo Padrão da Légua e passando pelo Largo do Souto, em Santiago de Custóias. A partir desta ponte a estrada seguia por Pedras Rubras até Vila do Conde.
A ponte marca a fronteira entre as antigas freguesias de Santiago de Custóias e de Leça do Balio. Foi classificada como Imóvel de Interesse Público em 1971.
Foi restaurada pela Câmara Municipal de Matosinhos em 2014.

Ponte de Moreira
Segundo algumas fontes que consultamos, trata-se de uma Ponte Romano-Medieval:
Ponte histórica pedonal sobre o rio Leça assente em arcos de granito

Ponte de Ronfes
A Ponte dos Ronfes, também denominada de Barreiros ou da Azenha cruza o rio Leça no limite da freguesia de Leça do Balio, concelho de Matosinhos, e do concelho da Maia. Estrutura em cantaria de granito, de perfil recto, com 18,70 m de comprimento por 3,95 m de largura, é constituída por 3 arcos de volta perfeita e dois talhamares triangulares a montante. A Ponte dos Ronfes fazia parte de uma via romana para além da citada no Itinerário Antonino, que vindo de Cale passava por Cedofeita, Padrão da Légua, cruzava o rio Leça na ponte, seguia por Moreira, servindo a zona marítima e provavelmente através de um ramal ligava à via de Braga. Esta via estaria na base da Karraria antiqua, referida em fontes documentais medievais. Esta via antiga fazia a ligação do Porto ao Norte de Portugal e à Galiza, tendo sido utilizada desde a época medieval até aos nossos dias como o caminho de peregrinação a Santiago de Compostela. Apesar das evidentes reconstruções posteriores, sobretudo no segundo e terceiro arco a contar de Norte, existem alguns indícios de construção romana, como são exemplo, a presença de restos de almofadado em aduelas no primeiro arco e do aparelho segundo a técnica testa/peito romana, presente no pilar entre o primeiro e segundo arco. Os inúmeros silhares siglados existentes evidenciam uma posterior reconstrução em tempos medievais.

Ponte da Pedra
Matosinhos, União das freguesias de Custóias, Leça do Balio e Guifões

A Ponte da Pedra em Leça do Balio, sobre o rio Leça, tem a sua construção provável no século II D.C.
Trata-se de uma ponte de tabuleiro plano, assente sobre um só arco de volta perfeita, composto por aduelas estreitas e compridas. Parapeito em cantaria e aparelho rusticado. Pavimento em corcova com marcação de estreitos passeios laterais levemente mais altos.
É a ponte mais antiga sobre o Rio Leça, cuja referência surge em documentos desde o século XI, é integrava uma antiga estrada que fazia a ligação Braga-Porto, e cuja memóría ainda persiste na toponímia local com a designação de "Estrada Velha". No século II, a "Estrada Velha" é referida no "Itinerário de Antonino" como "Via XVI de Bracara a Cale”, presumindo-se que a sua fundação remonte so séc. II, no tempo do Imperador
Adriano, possivelmente entre 130 e 135 D.C. Aponta-se esta datadão com base na presença de vários marcos miliários dedicados ao imperador, sendo que um deles exietiu no lugar da lereja Velha, junto à Quinta do Dourado, em S. Mamede de Infesta. No decorrer dos séculos foi alvo de diversas reparações, mas no século XIX, ocorreu a derrocada do tabuleiro da ponte. A impossibilidade desta em suportar o aumento do movimento, levaram ao seu abandono e posterior construção de uma nova estrutura.
Em 1840 fol' edificado a "Ponte Pênsil”, substituída mais tarde, já no início do século XX, pela atual ponte em betão armado. Paralelamente, e nesse mesmo período, deu-se a reconstrução da original Ponte da Pedra.