Xertelo, Lages dos infernos, rio Penedos, poços verdes de sobroso e rio Cabril - Serra do Gerês

Xertelo, Lages dos infernos, rio Penedos, poços verdes de sobroso e rio Cabril - Serra do Gerês

Trata-se de um Trilho de Pequena Rota com inicio e final na pequena aldeia de Xertelo.
O objetivo principal é a visita aos Poços verde de Sobroso, também conhecido por 7 Lagoas de Xertelo, Poços Verdes do Cabril, Lagoas das Lages dos Infernos. O conjunto das Lagoas proporciona um belo enquadramento paisagístico e claro, em dias quentes, convida a uns momentos de relaxe e uns banhos refrescantes nas suas límpidas águas cristalinas. Nestes dias de calor é prever muita gente no caminho e nas Lagoas. .
Neste percurso usamos parte do trilho do PR9 de Montalegre.
Mas para além das Lagoas, há muitos outros pontos de interesse ´
O trilho apresenta uma grande exposição solar, pois só atravessamos uma zona de arvoredo, na segunda parte do trilho, após atravessar o rio, no caminho de volta.
Existem 3 fontes de água encanada: uma na própria aldeia, outra (fonte de Travassoss) cerca de 2 Km depois de sair Xertelo, e uma terceira, no caminho de regresso, cerca de 600 metros depois atravessar o Rio Cabril. Apesar de ser água encanada, não temos conhecimento da qualidade da água.
Efetuamos o percurso no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio.
Pontos de interesse do percurso:

- Aldeia de Xertelo
- Moinho de cubo vertical
- Excelentes panorâmicas em todo o trilho
- Rio Penedo
- Lages dos Infernos
- 7 Lagoas de Sobroso
- Mini-hídrica no rio Cabril
- Rio Cabril
- Poio das Cabras
- Fojo do Lobo

Descrição do Percurso
Iniciamos a nossa marcha na zona de estacionamento, 100 metros antes de entrar na aldeia de Xertelo.
Passamos pelo centro da aldeia de Xertelo, subimos por um caminho rural, passamos um tanque e uma levada que vamos cruzar para a direita e logo depois passamos pelo moinho de cubo vertical, rara construção em excelente estado de conservação.
Um pouco adiante e depois de passar uma placa indicativa vira à esquerda e entra num caminho que foi elaborado para a construção de uma conduta de água para abastecimento da Aldeia de Xertelo. Este caminho é plano e não apresenta dificuldades. Conforme vamos progredindo, vamos admirando as paisagens da região: primeiro, e do outro lado do Rio Cabril, aparece a Surreia do Meio Dia, penhascos de grande verticalidade e agrestes, que serviu como último reduto da Águia Real na Serra do Gerês, extinta nestas serranias.
Vamos avançando e mais à frente começamos a distinguir o relevo geomorfológico dos locais que vamos passar: Lage dos Infernos à, esquerda a Terra Brava e o seu cume, denominado alto dos Chamiçais e mais à esquerda a vertente direita da Corga da Pena Calva, e mais à esquerda, o Borrageiro II.
Este caminho entronca numa estrada em terra batida que vem da zona de Alto da sela Cavalos e se dirige para a pequena Barragem do Porto da Lage. Viramos à esquerda, entramos no estradão, passamos em frente à Lages dos Infernos, atravessamos a ponte da Ribeiro do Penedo e mais uma curva e já avistamos as Lagos verdes do Sobroso (normalmente conhecida por 7 Lagoas de Xertelo). Viramos à esquerda para acesso direto as Lagoas. Aqui fizemos uma paragem para nos refrescar nas águas das lagoas. atravessamos o rio junto à pequena barragem local. A seguir à barragem temos uma subida por um trilho, no início com pedras soltas. O caminho continua a subir com inclinação moderada e piso irregular e passa mesmo ao lado do estradão. Continuamos em frente e não entramos no estradão. O trilho sobe um pouco e mantemo-nos na margem direita do Rio Cabril durante 2,6 Km. Durante este troço passamos por várias ribeiras, algumas delas secas, entre as quais a Corga das Quebradas e a Corga de Virtelo. Mais adiante, descida para o Rio Cabril é feita por lajes de pedras erodidas, com muitos ressaltos que obrigam a cuidado redobrado em dias de piso molhado. Além do mais, passamos por alguns troços estreitos expostos e porencialmente escorregadios.
A Travessia do Rio Cabril é feita sobre grandes blocos de granito erodido, que também exigem muito cuidado, principalmente se leva muito caudal. Logo a seguir passamos pelo Poio das Cabras, local onde os antigos pastores guardavam as cabras, tentando mantê-las a salvo dos lobos ( ver descrição adiante). Um pouco a jusante, no leito do rio, conseguimos observar umas formações rochosas que correspondem ao inicio do Poço da Moura, onde o rio entra num poço, quase fechado na totalidade, 30 metros de altura. A água cai rodopiando pelo Poço, tornando-o um dos rapeis mais espetaculares para os praticantes de Canyoning em Portugal.
Mais uns metros e fazemos uma pequeno desvio à direita até um miradouro Natural que apresenta um panorama excelente sobre a Surreia do Meio Dia.
1500 metros depois de atravessar o rio, espera-nos uma última subida, de inclinação acentuada até chegar ao Fojo do Lobo, local onde os antepassados armadilhavam os lobos para os matar, testemunho da coexistência difícil entre o homem e aqueles animais.
Embora, esteja muito bem conservado, este fojo não apresenta as dimensões de outros muito maiores, existentes na Serra Amarela, como os da Ermida e Germil.
Logo depois chegávamos ao local de início do nosso trilho, marcado pelo Cruzeiro de Nossa Sra. da Saúde

Boas caminhadas




Algumas notas sobre alguns Ponto de intersse:

Moinho de Cubo Vertical:

Um dos mais admiráveis legados da aldeia de Xertelo é o seu Moinho, em ótimo estado de recuperação, recebe parte da água das levadas que foram construídas, algumas delas centenárias, que podemos igualmente apreciar ao longo do trilho. O que torna este moinho especial é a sua estrutura em pedra criada e avançada até ao teto do moinho, que leva a água até então, caindo com a força da gravidade como se tratasse de uma cascata.
A técnica não torna o moinho tão eficiente, mas a altura a que se encontra
a sua queda de água torna por si só, ao longo de uma espécie de chaminé
um acumulador ou depósito de água. No moinho existe ainda um manípulo de madeira perfeitamente recuperado, que faz a água avançar, estando o reservatório cheio, abrindo uma espécie de gaveta, a água circula puxada pela gravidade fazendo o rodízio girar a uma velocidade constante, efetuando desta forma a moagem dos cereais, cuja velocidade de processamento é também controlado pela moleira ou moleiro.


Poio das Cabras:

O Poio das Cabras é talvez a mais notável marca de sobrevivência nesta serrania do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Local
especificamente escolhido pelo pastor para alocar as cabras bravias, autóctones, para que não ficassem expostas ao Lobo Ibérico. A aprendizagem poderá ter vindo das observações à Cabra Lusitana, que foi extinta nos finais do século XIX, espécie também autóctone que deambulava por toda a Serra do Gerês, que fazia bom uso das penedias graníticas mais íngremes onde o lobo não arriscava trepar, desta forma mantinham-se a salvo.
Ainda é hoje possível observar estes míticos locais, marcados pela visível corrosão do granito causada pela urina ácida das cabras, vistosos corrimentos que tornavam a rocha branca ou rosada. Esta é a região de Porto Novo, um cruzamento entre o Cabril e o trilho ancião mariolado pelos pastores. Nestas passagens o rio toma
contornos mais agressivos, sulcando ao longo do seu percurso lajas tão vincadas que quase se torna num desfiladeiro. Muitas das vezes, a impossibilidade de voltar com o gado, fazia com que neste local fosse o mais seguro de pernoitar, há ainda um pequeno abrigo rudimentar, bem como a entrada para esse abrigo propriamente
selada por um amurado retangular estreito, onde o lobo porventura não ousava entrar.