Serra do Marão: Ribeira do Ramalhoso, portal da Freita, Padrão comemorativo dos Centenários e floresta centenária e rio Marão

Serra do Marão: Ribeira do Ramalhoso, portal da Freita, Padrão comemorativo dos Centenários e floresta centenária e rio Marão

Descrevemos aqui um trilho efetuado na Serra do Marão cujo principal objetivo é a visita do curioso monumento Padrão dos Centenários, um pequeno edifício, inacabado que pretendia comemorar o 8.o centenário da Independencia Nacional e 3.o centenário da Restauração da Independencia e que fica situado na Fraga da Freita, portal da Freita um dos pontos mais altos da cumeada virada a este-nordeste de Serra do Marão. Ver nota adiante mais pormenorizada sobre o monumento.
Outros pontos de interesse do percurso:
· Posto Aquícola do Torno
· Minas do Ramalhoso
· Portal da Freita
· Padrão dos Centenários
· Floresta Centenária
· Panorâmicas para sudoeste e nordeste
. Casa Florestal Alto de Espinho
. Apiários

Deixo aqui uma menção especial para a Floresta Centenária e outro para excelentes panorâmicas que o trilho nos proporciona.

NOTA IMPORTANTE: Existe um troço de 250 metros, ao km 11,4 que se revelou difícil: trata-se de um troço em corta mato, em descida de forte declive, com ressaltos negativos numa zona de vegetação bastante densa. Este troço pode ser evitado, virando à esquerda e fazendo um longo Zig-Zag para atingir o caminho que passa à cota inferior.

O percurso aqui descrito partilha alguns troços do PR 6 Rio Marão, sendo no entanto bastante mais longo (com 17Km) e atingindo cotas de altitude bastante mais elevadas que aquele. Cerca de metade do percurso é efetuado com bastante sombra e existe uma fonte de água ao Km 12,6, na Casa florestal abandonada, casa da Guarda Alto de Espinho.
O trilho está marcado nos troços coincidentes com o PR 6 mas no restante não existe qualquer marcação, pelo que o uso de GPS torna-se imprescindível.
Este percurso é efetuado na sua grande maioria na freguesia de Ansiães, conselho de Amarante. Apenas, parte do portal da Freita, que inclui o padrão comemorativo e a Torre de vigia se situa na freguesia de campeã, concelho de Vila Real

IBP Index: 99

Descrição do percurso:
O trilho tem início num parque de estacionamento da EN 15, situado no desvio de acesso ao Posto Aquicola do Torno, o qual atingimos ao fim de 500 metros. Após uma breve visita, seguimos o traçado do PR 6 durante 2,5 Km, subindo uma levada e passando pelas minas do Ramalhoso. Adiante viramos à direita e abandonamos o PR 6.
Mantemos-nos por um caminho largo durante cerca de 600 metros mas logo a seguir entramos por um caminho estreito mas bem pisado e rodeado por vegetação relativamente alta e densa, apresentando forte inclinação.
Continuamos a nossa subida e vamos alternando entre caminhos largos e trilhos estreitos. Este segmento do percurso proporciona-nos paisagens excepcionais de toda a vertente oeste do Marão, sulcada pelos vales ribeirinhos alternando com suaves e abruptas elevações do terreno. As paisagens a sul, leste e norte, são ainda mais fabulosas com longas escarpas seguidas de planaltos que vão até a serra de Montemuro e os maciços montanhosos a leste e norte de Vila Real, bem nossas conhecidas por caminhadas anteriormente efectuadas. Desta vez, a panorâmica estava obstruida por um extenso manto de nuvens.
Mais um pequeno esforço e atingimos o Portal da Freita no qual se encontra o quase enigmático Padrão dos Centenários, para além de uma torre de vigia e de um parque eólico.
Deste local sai um estradão em Gravilha bem consolidado mas o nosso trilho vira à direita por um trilho, no início muito mal marcado mas que depois continua por um caminho secundário, no qual ainda se pode ver as marcas de orientação de um trail realizado no passado. Ainda falta uma forte subida numa cascalheira de pedra solta para atingir o alto das velas, que está assinalado por um cone de cimento, com a forma quase parecida ao de um marco geodésico. A partir daqui inicia-se a descida.
Chamamos novamente a atenção que ao km 11,4 iremos ter o tal troço de 250 mts a descer em corta-mato com forte inclinação, com o solo muito irregular com buracos e ressaltos pelo meio que estão tapados pela vegetação. Este é o troço mais difícil de toda a nossa caminhada e exige muito cuidado, pois facilmente se da passo no vazio e faz-se uma entorse do tornozelo.
Este corta-mato termina num caminho e a partir daqui seguimos juntamente com o PR6. Passamos ao lado das antigas instalações das águas do Marão e numa curva a 180° vamos encontrar uma casa florestal do guarda de alto de Espinho abandonada e em semi-ruínas, onde encontramos uma fonte de água. Descemos um pouco, atravessamos a EN 15 e iremos passar, em nosso entender pelo local mais interessantes do nosso caminho, no qual o rio Marão vai serpentear num local mágico: uma espantosa floresta centenária de coníferas com inúmeros exemplares arbóreos de grande porte (quer em diâmetro quer em altura); uma floresta digna de uma visita, num ambiente raro de se ver em Portugal.
Adiante prosseguimos por um caminho, classificado como medieval (caminho dos Palheiros), que serviu no passado os povos da região para transpor a Serra do Marão.
Mais adiante passamos ao lado do túnel rodoviário do Marão (A4). Mais adiante viramos à esquerda e abandonamos o PR 6. Ainda faltam quase 2 Km até chegar ao estacionamento do início do trilho.


Algumas notas sobre o Padrão Comemorativo dos Centenários da Pátria

No ano de 1940 e com o objetivo de comemorar o oitavo centenário da Independência Nacional (1143) e o terceiro da Restauração da Independência (1640), o regime organizou uma grandiosa Exposição em Lisboa para festejar a festa dos Centenários.
Criou-se um movimento Nacional para comemorar os Centenários pelo país, que iriam ter início em Junho.
Em Vila Real, o Governador Civil, Tenente Horácio de Assis Gonçalves, também quis
associar a região transmontana à efeméride, mandando elaborar o projecto do "Padrão Comemorativo dos Centenários da Pátria" a colocar no Alto da Freita, uma das agulhas mais salientes da Crista do Marão, na freguesia da Campeã, a leste do Alto de Espinho.
Juntou esforços, grandes e pequenas dádivas e iniciou as obras.
O início das obras atrasaram-se e foram interrompidas por um inverno precoce e rigoroso. No ano seguinte a segunda guerra mundial estava no seu auge e não se voltou a pensar no padrão comemorativo dos Centenários, tendo ficado esquecido no alto da Serra.