3000 IBONES (Quebranta) - Etapa 1/7: OS GRANDES IBONES (Refúgio Casa de Piedra a Refúgio de Respomuso)
near Baños de Panticosa, Aragón (España)
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Trail photos
Itinerary description
O percurso aqui partilhado pode conter erros de GPS ou eventualmente passar por propriedades privadas, ou mesmo através de corta mato e ter passagens por locais que podem ser perigosos para os menos experientes. A descrição do percurso é efetuada à data da sua realização, pelo que se deve ter em atenção que as condições do trilho podem facilmente vir a alterar-se, quer pelas condições meteorológicas, quer por mudança da vegetação, quer por outros fatores inimputáveis à minha vontade. O grau de dificuldade e as condições técnicas atribuídas é baseado na minha experiência pessoal e apenas serve de referência, pelo que não me responsabilizo por qualquer acidente que possa ocorrer por influência ou utilização do percurso aqui disponibilizado.
UM TREKKING JUNTO AOS OCIDENTAIS 3000 "BALAÏTOUS", "INFERNOS", "GRAN FACHA" E "VIGNEMALE", ASSIM COMO UMA DAS MAIORES CONCENTRAÇÕES DE "IBONES" DOS PIRENÉUS
"3000 ibones" é um espetacular trekking nos Pirenéus por etapas, de "Midi d'Ossau" a "Vignemale", para descobrires este espetacular território protegido dos Pirenéus. O trekking decorre de junho a outubro. O percurso atravessa paisagens impressionantes, marcadas pela rocha e pela água, onde vivem diferentes espécies de alta montanha: a camurça, a marmota, a salamandra dos Pirenéus, o abutre barbudo… ou a flor da neve e as diferentes orquídeas da montanha.
Os últimos glaciares dos Pirenéus, a nascente do grande rio Ara ou as cascatas da "Pont d'Espagne" farão de cada etapa uma experiência única. É uma incrível caminhada circular na qual percorrerás vales, visitarás "ibones" (lagos montanhosos de origem glaciar), atravessarás passagens de montanha e descansarás em refúgios de montanha. Além disso, no percurso encontrarás algumas comodidades que farão deste trekking uma experiência única: um comboio de montanha, um restaurante nas margens de um lago e as Termas Tibério do Spa Panticosa.
Este trekking exige boa condição física e experiência na montanha. Podes fazer o trekking autoguiado ou com guia de montanha. Toda a informação necessária acerca deste tour pode ser consultada na sua PÁGINA OFICIAL.
IBÓN AZUL INFERIOR
CASCADA DEL PINO
- 3000 IBONES é um tour que pode ser percorrido segundo várias modalidades. A maior, INTEGRAL, está dividida em 7 etapas mas existem outras modalidades mais curtas. Optamos pela modalidade QUEBRANTA, em 6 etapas e com um grau de exigência mais elevado, à qual acrescentamos uma etapa extra dedicada à subida ao "PETIT VIGNEMALE" (3032 m) e que nos levou a efetuar duas pernoitas no refúgio de "Oulettes de Gaube". Fizemos o percurso autoguiados e não recorremos à central de reservas (que trata de toda a logística inerente, mediante o pagamento de um valor suplementar), pelo que efetuamos nós todas as reservas diretamente nas páginas web dos refúgios (tudo correu bem e não tivemos nenhum contratempo logístico). Além disso, optamos também por não incluir os "extras" que a página oficial promove (aproximação em comboio desde "Fabrègues" até "Artouste", almoço na "Hôtellerie du Lac de Gaube" e Circuito Termal no Spa de Panticosa). Este trilho é circular, sem marcações específicas mas com informações de distâncias (essencialmente nas muitas interseções que se encontra) e também com marcas das GR10 e GR11, sempre que coincide com estas (sobretudo na primeira e última etapas). Por conseguinte, é fundamental levar GPS e/ou mapa. No caso da modalidade QUEBRANTA, este tour apenas pode ter início no refúgio "Casa de Piedra" (Baños de Panticosa) pois os restantes refúgios não têm acesso por estrada. Este percurso teve como orientação o desenho percorrido pelo Kminante del Sur (a quem agradeço a partilha e excelente informação publicada), testado no terreno em agosto de 2020. Seguimos o mesmo traçado e na mesma direção (sentido dos ponteiros do relógio, oficialmente aconselhado), excetuando uma pequena alteração na ligação entre "Pont d'Espagne" e "Lac de Gaube", onde optamos por subir no Teleférico de Gaube (cadeiras);
- ETAPA 1/7: OS GRANDES IBONES
(Refúgio Casa de Piedra a Refúgio de Respomuso)
- A 1ª etapa pode ser dividida em 3 partes: numa primeira parte, sempre a subir entre imponentes paredes graníticas, começa-se por percorrer o GR11 pela "Senda Pirenaica", acompanhando o "Barranco Caldarés" com as suas espetaculares quedas de água entre pequenos bosques ao longo da "Cuesta dero Flaire", até se chegar ao "Ibón Bajo de Bachimaña" e respetivo refúgio, ao qual nos dirigimos fazendo um curto desvio para uma breve pausa e reforço alimentar. Ao longo de todo este troço ascendente a paisagem que nos rodeia é deslumbrante, até porque é o primeiro impacto que se tem dos maciços que nos rodeiam;
- De regresso ao trilho, inicia-se a segunda parte contornando pela esquerda o lago, novamente a subir, em direção ao "Ibón Alto de Bachimaña", sem dúvida um impressionante lago glaciar de alta montanha. Consecutivamente, atravessa-se a "Majada de la Canal" em direção aos "Ibónes de los Azules", passando-se ao lado de mais um cénico conjunto de quedas de água e, sempre a subir, rodeia-se pela direita o "Ibón Azul Inferior", primeiro, e depois o "Ibón Azul Superior", em cujas verdes margens rodeadas pelos "Picos del Infierno" se fez uma pausa para almoço. Reconfortados os estômagos e reposta a necessária energia, empreende-se a subida final por um duro troço de cascalheira que nos levará até ao "Collado del Infierno", a 2721 m de altitude. Neste ponto tem-se uma vista panorâmica excecional sobre o "Pico Tebarray" (2886 m), aos pés do qual se aninha o respetivo "ibón". Seguindo a meia encosta por um estreito trilho entre uma imensidão de pedra fraturada em pequenos blocos, vamos-nos aproximando do "Collado de Tebarray", o ponto mais alto desta etapa, a 2755 m de altitude. Para se ter uma melhor ideia, esta ascensão iniciou-se nos 1636 metros junto ao refúgio Casa de Piedra e elevou-se até aos 2755 metros do "Collado de Tebarray", ao longo de cerca de 10 kms, cuja dureza se equilibrou com a enorme beleza da paisagem que nos rodeia;
- NOTA: neste local pode-se acrescentar um "extra" a esta etapa, subindo-se ao topo dos 2886 metros de altitude do "Pico Tebarray". É uma curta distância, 950 m (ida e volta) e cerca de 145 m de desnível positivo. Ainda ponderamos esta possibilidade mas o grupo já apresentava sinais de fadiga, em parte devido à aclimatização, situação normal num primeiro dia em altitudes superiores a 2000 metros. Por conseguinte, fica aqui a dica...
- Após uma breve pausa de descanso, iniciou-se a descida para o vale de "Liena Cantal", naquela que será a terceira e última parte desta 1ª etapa. Mas primeiro seria necessário passar por um troço mais complicado: logo à saída do "Collado de Tebarray" o trilho está "desenhado" por uma brecha rochosa, um canal com uma inclinação extremamente acentuada mas, felizmente, com o apoio de cabos de aço ao longo da parede. São cerca de 80 m que nos obrigam a especiais cuidados técnicos. Após esta passagem, retoma-se o estreito carreiro de cascalheira, encosta abaixo, que também não se revela fácil, sendo mesmo muito escorregadio e um martírio para os joelhos. Sempre a descer, vamos-nos aproximando de "Las Marmoletas" e do "Ibón de Liena Cantal", com a ampla panorâmica de "Las Frondiellas", "Pico Balaïtous" e da "Majada de Liena Cantal" à nossa frente servindo de pasto a rebanhos de ovelhas, com a respetiva cascata, ao longe à direita. Pelo meio deste verde vale corre o "Arroyo de Liena Cantal", o qual vamos cruzando uma e outra vez até à "Puente de Campo Plano", que se encontra semi-destruída, restando uns "remendos" cimentados para facilitar a passagem. Após uma ligeira subida, passa-se ao lado do "Ibón de Campo Plano" e encontra-se a bifurcação, à esquerda, que nos levará até ao enorme "Ibón de Respomuso", passando primeiro ao lado do "Ibón de las Ranas". Na margem do grande lago encontra-se o refúgio de Respomuso, local de pernoita e término desta 1ª etapa;
- Este percurso, conforme já referi, não apresenta marcações "oficiais" mas, ao longo desta 1ª etapa, seguem-se as marcas do GR11, uma vez que ambos os traçados coincidem. No entanto, de forma a evitar enganos ou acrescentar kms desnecessários, aconselha-se o uso de mapas e bússola, GPS (foi a nossa opção) ou as aplicações de telemóvel (estas não são muito fiáveis, pois em grande parte deste tour não se consegue obter rede de telecomunicações);
- Misto de trilhos de pé posto (alta montanha), carreiros de terra e cascalheira;
- No seu todo é uma etapa belíssima, desafiante e fisicamente muito exigente, quer pelos seus longos 10 kms a subir, quer pelos 4,5 kms a descer, que não são mais fáceis. As paisagens dos Pirenéus, mais precisamente deste Pirenéu Aragonês e Pirenéu Francês, são de uma beleza avassaladora, com toda a perceção dos vários maciços rochosos "3000" desta cordilheira e dos inúmeros "ibones" (lagos de montanha) que povoam este imenso território montanhoso. Em resumo, como primeira etapa de um tour de 6+1 dias, esta foi uma excelente "rampa de lançamento" para uma aventura que, em perfeito equilíbrio, se esperava muito dura e paisagisticamente fabulosa. E assim correspondeu, absolutamente!!!
PANORÂMICA DA CUESTA DERO FLAIRE
PANORÂMICA DA MAJADA DE LA CANAL
- REFÚGIO CASA DE PIEDRA (1636 m)
- Como optamos pela modalidade QUEBRANTA (6 etapas), iniciamos o tour 3000 IBONES neste refúgio, junto ao qual os veículos ficaram estacionados (aos restantes refúgios não se pode aceder com carro). Chegamos de véspera ao fim da tarde, pernoitamos no refúgio (não jantamos mas tomámos pequeno-almoço) e iniciamos o tour no dia seguinte. Na última etapa voltamos a pernoitar neste refúgio e dessa vez jantamos.
Algumas notas acerca do Refúgio Casa de Piedra:
- Está muito bem localizado, num dos extremos do parque dos Baños de Panticosa, rodeado por arvoredo e é um edifício característico da região, fazendo parte do conjunto histórico deste balneário. Tem capacidade para 88 pessoas, divididas por vários quartos em 4 pisos;
- Como éramos um grupo grande (13 pessoas), ficamos todos juntos num quarto duplo com 14 camas (8+6 beliches) e wc privado (sanita, lavatório e duche quente gratuito), que estava limpo e com instalações bastante simpáticas. Todas as camas tem manta e almofada. Existem ainda dois w.c. no piso térreo;
- Para além da sala de refeições, existe no exterior um amplo pátio, equipado com mesas e cadeiras suficientes e com bastantes árvores, o que torna este espaço muito agradável;
- Uma vez que este refúgio está situado num local bastante turístico e com acesso facilitado, tem muito movimento, sobretudo no serviço de bar e esplanada, que é eficiente e com preços bem mais acessíveis do que nos refúgios mais isolados. O atendimento é rápido e simpático e TEM PAGAMENTO ELETRÓNICO;
- JANTAR: bom / PEQUENO-ALMOÇO: muito bom / PICNIC: sem informação
PÁGINA OFICIAL
- REFÚGIO DE RESPOMUSO (2200 m)
- É o segundo refúgio por onde se passa nesta etapa (o primeiro foi o Refúgio de Bachimaña, aos 3,9 kms, onde apenas se fez uma breve paragem para descanso e reforço alimentar). Respomuso é um refúgio grande, muito bem localizado sobre o Ibón de Respomuso, com boas instalações e cujo edifício, formalmente, apresenta as características dos refúgios de alta montanha. Ao seu redor existem várias mesas e cadeiras, mas não tem árvores. Tem capacidade para 90 pessoas, divididas por quartos em 3 pisos, equipados com beliches de madeira. Quase todos os quartos têm w.c. privado, à exceção de alguns (poucos) que têm que partilhar um w.c. instalado num corredor do 2º piso. No geral, as instalações deste refúgio são boas;
- Infelizmente, a nossa experiência neste refúgio foi sofrível! Ficamos num quarto do piso térreo, junto à cozinha livre. É um quarto estreito, muito alto que faz total aproveitamento do pé direito do edifício, ou seja, está dividido em 3 patamares com 18 colchões, aos quais se acede por escadas metálicas encastradas na parede. A sensação é um pouco claustrofóbica, o espaço não estava particularmente limpo, apresentava bastante pó (parecia ser um quarto de último recurso) e não tinha casa de banho, pelo que nos foi atribuído o w.c. do corredor no 2º andar. Porém, este também era o w.c. de serviço de outro quarto com 14 pessoas, o que complicou muitíssimo a logística de uso do mesmo... Todas as camas tinham manta e almofada;
- O w.c. estava equipado com sanita, lavatório e duche quente (gratuito). No piso térreo existe outro w.c., comum, mas cujos vasos sanitários são bacias turcas e a limpeza (e aroma) dos mesmos deixava bastante a desejar;
- Para além da sala de refeições existe uma cozinha livre, pois é permitido acampar (pernoita) no exterior;
- Todo o serviço de bar e cafeteria é razoável, com preços elevados (já estamos em alta montanha) e atendimento irregular (um ou outro elemento do staff de guardas mais parecia estar ali obrigado, contra a sua vontade, pelo que a falta de amabilidade, simpatia e disponibilidade foram confrangedoras). TEM PAGAMENTO ELETRÓNICO;
- JANTAR: bom / PEQUENO-ALMOÇO: razoável / PICNIC: sem informação
PÁGINA OFICIAL
OVELHA DOS PIRENÉUS (RAÇA BARÉGEOISE)
PANORÂMICA DE LIENA CANTAL E DAS FRONDIELLAS
ETAPAS:
ETAPA 1/7: Refúgio Casa de Piedra a Refúgio de Respomuso
ETAPA 2/7: Refúgio de Respomuso a Refuge de Migouélou
ETAPA 3/7: Refuge de Migouélou a Refuge de Larribet
ETAPA 4/7: Refuge de Larribet a Refuge de Marcadau / Wallon
ETAPA 5/7: Refuge de Marcadau / Wallon a Refuge des Oulettes de Gaube
ETAPA 6/7: Refuge des Oulettes de Gaube ao Petit Vignemale e regresso
ETAPA 7/7: Refuge des Oulettes de Gaube a Refúgio Casa de Piedra
3000 IBONES - QUEBRANTA (TOTAL)
CASCATA NO BARRANCO CALDARÉS
PANORÂMICA DA CASCADA DE LOS AZULES
- GRAU DE DIFICULDADE DA ETAPA 1/7: - 136 [ DURA ]
- Sendo esta a 1ª etapa, as expectativas e alguns receios eram elevados, sobretudo porque sabíamos de antemão que o grau de exigência física do "3000 IBONES" era superior à nossa anterior experiência pelos Pirenéus, na "SENDA DE CAMILLE". Posto isto, no geral esta foi uma etapa bastante dura, tanto pela altimetria acumulada (+1286 / -782) como pela aclimatização, pois excetuando os 2 kms iniciais, toda ela se desenvolve acima dos 2000 metros de altitude. Compreende uma longa subida de 10 kms até ao "Collado de Tebarray" (2755m) e consequente descida de 4,5 kms até ao refúgio de Respomuso (2200m). Além disso, logo a seguir ao "Collado de Tebarray", o início da descida faz-se por um curto troço muito técnico (cerca de 80 metros), com cabos de apoio por entre rochas salientes numa pendente com um grau de inclinação muito pronunciado.
ANÁLISE DETALHADA. (Em função da preparação física de cada pessoa, este gráfico indicará o grau de dificuldade do percurso. No meu caso, considerei que a minha preparação física se situa entre os valores de MÉDIA / ALTA)
IBP INDEX
COLLADO DEL INFIERNO
PANORÂMICA DO IBÓN DE LIENA CANTAL
- OBSERVAÇÕES:
- Sendo este um tour de alta montanha que se desenvolve maioritariamente acima dos 2000 metros de altitude, mesmo tendo sido realizado na segunda quinzena do mês de agosto, as elevadas temperaturas que normalmente se fazem sentir nesta altura do ano estiveram sempre bastante atenuadas, em parte devido aos muitos lagos glaciares (ibónes) que existem nesta região, assim como pelas inúmeras linhas de água e ribeiros que correm por estas encostas e vales e que permitem que as brisas e os ventos sejam frescos e regulares. Por conseguinte, nesta etapa começou-se por acompanhar o rio (Barranco) "Caldarés" e posteriormente os "Ibónes de Bachimaña", os "Ibónes Azules", o "Ibón de Tebarray", o "Ibón e o Arroyo de Liena Cantal", o "Ibón de Campo Plano", o "Ibón de las Ranas" e o "Ibón de Respomuso", pelo que ÁGUA é um elemento que aqui não falta, mesmo não encontrando fontes pelo caminho. No entanto, é fundamental partir-se prevenido com um filtro de água ou pastilhas purificadoras suficientes para se enfrentar esta e as seguintes etapas.
- Uma questão muito importante que obrigatoriamente tem que ser equacionada é a METEOROLOGIA. Nesta região montanhosa, em agosto é usual ao final da tarde formarem-se nuvens de trovoada, com precipitação durante a noite e, algumas vezes, as neblinas matinais também se fazem sentir. Por conseguinte, se chover, com vento e neblina, as dificuldades serão muito acrescidas, pelo que percorrer esta etapa nessas condições climatéricas deve ser muito bem analisado e ponderado. Botas e bastões são essenciais em todos os percursos.
PANORÂMICA DO IBÓN E PICO TEBARRAY
PANORÂMICA DO IBÓN AZUL SUPERIOR E PICO GAURIER
UM TREKKING JUNTO AOS OCIDENTAIS 3000 "BALAÏTOUS", "INFERNOS", "GRAN FACHA" E "VIGNEMALE", ASSIM COMO UMA DAS MAIORES CONCENTRAÇÕES DE "IBONES" DOS PIRENÉUS
"3000 ibones" é um espetacular trekking nos Pirenéus por etapas, de "Midi d'Ossau" a "Vignemale", para descobrires este espetacular território protegido dos Pirenéus. O trekking decorre de junho a outubro. O percurso atravessa paisagens impressionantes, marcadas pela rocha e pela água, onde vivem diferentes espécies de alta montanha: a camurça, a marmota, a salamandra dos Pirenéus, o abutre barbudo… ou a flor da neve e as diferentes orquídeas da montanha.
Os últimos glaciares dos Pirenéus, a nascente do grande rio Ara ou as cascatas da "Pont d'Espagne" farão de cada etapa uma experiência única. É uma incrível caminhada circular na qual percorrerás vales, visitarás "ibones" (lagos montanhosos de origem glaciar), atravessarás passagens de montanha e descansarás em refúgios de montanha. Além disso, no percurso encontrarás algumas comodidades que farão deste trekking uma experiência única: um comboio de montanha, um restaurante nas margens de um lago e as Termas Tibério do Spa Panticosa.
Este trekking exige boa condição física e experiência na montanha. Podes fazer o trekking autoguiado ou com guia de montanha. Toda a informação necessária acerca deste tour pode ser consultada na sua PÁGINA OFICIAL.
IBÓN AZUL INFERIOR
CASCADA DEL PINO
- 3000 IBONES é um tour que pode ser percorrido segundo várias modalidades. A maior, INTEGRAL, está dividida em 7 etapas mas existem outras modalidades mais curtas. Optamos pela modalidade QUEBRANTA, em 6 etapas e com um grau de exigência mais elevado, à qual acrescentamos uma etapa extra dedicada à subida ao "PETIT VIGNEMALE" (3032 m) e que nos levou a efetuar duas pernoitas no refúgio de "Oulettes de Gaube". Fizemos o percurso autoguiados e não recorremos à central de reservas (que trata de toda a logística inerente, mediante o pagamento de um valor suplementar), pelo que efetuamos nós todas as reservas diretamente nas páginas web dos refúgios (tudo correu bem e não tivemos nenhum contratempo logístico). Além disso, optamos também por não incluir os "extras" que a página oficial promove (aproximação em comboio desde "Fabrègues" até "Artouste", almoço na "Hôtellerie du Lac de Gaube" e Circuito Termal no Spa de Panticosa). Este trilho é circular, sem marcações específicas mas com informações de distâncias (essencialmente nas muitas interseções que se encontra) e também com marcas das GR10 e GR11, sempre que coincide com estas (sobretudo na primeira e última etapas). Por conseguinte, é fundamental levar GPS e/ou mapa. No caso da modalidade QUEBRANTA, este tour apenas pode ter início no refúgio "Casa de Piedra" (Baños de Panticosa) pois os restantes refúgios não têm acesso por estrada. Este percurso teve como orientação o desenho percorrido pelo Kminante del Sur (a quem agradeço a partilha e excelente informação publicada), testado no terreno em agosto de 2020. Seguimos o mesmo traçado e na mesma direção (sentido dos ponteiros do relógio, oficialmente aconselhado), excetuando uma pequena alteração na ligação entre "Pont d'Espagne" e "Lac de Gaube", onde optamos por subir no Teleférico de Gaube (cadeiras);
- ETAPA 1/7: OS GRANDES IBONES
(Refúgio Casa de Piedra a Refúgio de Respomuso)
- A 1ª etapa pode ser dividida em 3 partes: numa primeira parte, sempre a subir entre imponentes paredes graníticas, começa-se por percorrer o GR11 pela "Senda Pirenaica", acompanhando o "Barranco Caldarés" com as suas espetaculares quedas de água entre pequenos bosques ao longo da "Cuesta dero Flaire", até se chegar ao "Ibón Bajo de Bachimaña" e respetivo refúgio, ao qual nos dirigimos fazendo um curto desvio para uma breve pausa e reforço alimentar. Ao longo de todo este troço ascendente a paisagem que nos rodeia é deslumbrante, até porque é o primeiro impacto que se tem dos maciços que nos rodeiam;
- De regresso ao trilho, inicia-se a segunda parte contornando pela esquerda o lago, novamente a subir, em direção ao "Ibón Alto de Bachimaña", sem dúvida um impressionante lago glaciar de alta montanha. Consecutivamente, atravessa-se a "Majada de la Canal" em direção aos "Ibónes de los Azules", passando-se ao lado de mais um cénico conjunto de quedas de água e, sempre a subir, rodeia-se pela direita o "Ibón Azul Inferior", primeiro, e depois o "Ibón Azul Superior", em cujas verdes margens rodeadas pelos "Picos del Infierno" se fez uma pausa para almoço. Reconfortados os estômagos e reposta a necessária energia, empreende-se a subida final por um duro troço de cascalheira que nos levará até ao "Collado del Infierno", a 2721 m de altitude. Neste ponto tem-se uma vista panorâmica excecional sobre o "Pico Tebarray" (2886 m), aos pés do qual se aninha o respetivo "ibón". Seguindo a meia encosta por um estreito trilho entre uma imensidão de pedra fraturada em pequenos blocos, vamos-nos aproximando do "Collado de Tebarray", o ponto mais alto desta etapa, a 2755 m de altitude. Para se ter uma melhor ideia, esta ascensão iniciou-se nos 1636 metros junto ao refúgio Casa de Piedra e elevou-se até aos 2755 metros do "Collado de Tebarray", ao longo de cerca de 10 kms, cuja dureza se equilibrou com a enorme beleza da paisagem que nos rodeia;
- NOTA: neste local pode-se acrescentar um "extra" a esta etapa, subindo-se ao topo dos 2886 metros de altitude do "Pico Tebarray". É uma curta distância, 950 m (ida e volta) e cerca de 145 m de desnível positivo. Ainda ponderamos esta possibilidade mas o grupo já apresentava sinais de fadiga, em parte devido à aclimatização, situação normal num primeiro dia em altitudes superiores a 2000 metros. Por conseguinte, fica aqui a dica...
- Após uma breve pausa de descanso, iniciou-se a descida para o vale de "Liena Cantal", naquela que será a terceira e última parte desta 1ª etapa. Mas primeiro seria necessário passar por um troço mais complicado: logo à saída do "Collado de Tebarray" o trilho está "desenhado" por uma brecha rochosa, um canal com uma inclinação extremamente acentuada mas, felizmente, com o apoio de cabos de aço ao longo da parede. São cerca de 80 m que nos obrigam a especiais cuidados técnicos. Após esta passagem, retoma-se o estreito carreiro de cascalheira, encosta abaixo, que também não se revela fácil, sendo mesmo muito escorregadio e um martírio para os joelhos. Sempre a descer, vamos-nos aproximando de "Las Marmoletas" e do "Ibón de Liena Cantal", com a ampla panorâmica de "Las Frondiellas", "Pico Balaïtous" e da "Majada de Liena Cantal" à nossa frente servindo de pasto a rebanhos de ovelhas, com a respetiva cascata, ao longe à direita. Pelo meio deste verde vale corre o "Arroyo de Liena Cantal", o qual vamos cruzando uma e outra vez até à "Puente de Campo Plano", que se encontra semi-destruída, restando uns "remendos" cimentados para facilitar a passagem. Após uma ligeira subida, passa-se ao lado do "Ibón de Campo Plano" e encontra-se a bifurcação, à esquerda, que nos levará até ao enorme "Ibón de Respomuso", passando primeiro ao lado do "Ibón de las Ranas". Na margem do grande lago encontra-se o refúgio de Respomuso, local de pernoita e término desta 1ª etapa;
- Este percurso, conforme já referi, não apresenta marcações "oficiais" mas, ao longo desta 1ª etapa, seguem-se as marcas do GR11, uma vez que ambos os traçados coincidem. No entanto, de forma a evitar enganos ou acrescentar kms desnecessários, aconselha-se o uso de mapas e bússola, GPS (foi a nossa opção) ou as aplicações de telemóvel (estas não são muito fiáveis, pois em grande parte deste tour não se consegue obter rede de telecomunicações);
- Misto de trilhos de pé posto (alta montanha), carreiros de terra e cascalheira;
- No seu todo é uma etapa belíssima, desafiante e fisicamente muito exigente, quer pelos seus longos 10 kms a subir, quer pelos 4,5 kms a descer, que não são mais fáceis. As paisagens dos Pirenéus, mais precisamente deste Pirenéu Aragonês e Pirenéu Francês, são de uma beleza avassaladora, com toda a perceção dos vários maciços rochosos "3000" desta cordilheira e dos inúmeros "ibones" (lagos de montanha) que povoam este imenso território montanhoso. Em resumo, como primeira etapa de um tour de 6+1 dias, esta foi uma excelente "rampa de lançamento" para uma aventura que, em perfeito equilíbrio, se esperava muito dura e paisagisticamente fabulosa. E assim correspondeu, absolutamente!!!
PANORÂMICA DA CUESTA DERO FLAIRE
PANORÂMICA DA MAJADA DE LA CANAL
- REFÚGIO CASA DE PIEDRA (1636 m)
- Como optamos pela modalidade QUEBRANTA (6 etapas), iniciamos o tour 3000 IBONES neste refúgio, junto ao qual os veículos ficaram estacionados (aos restantes refúgios não se pode aceder com carro). Chegamos de véspera ao fim da tarde, pernoitamos no refúgio (não jantamos mas tomámos pequeno-almoço) e iniciamos o tour no dia seguinte. Na última etapa voltamos a pernoitar neste refúgio e dessa vez jantamos.
Algumas notas acerca do Refúgio Casa de Piedra:
- Está muito bem localizado, num dos extremos do parque dos Baños de Panticosa, rodeado por arvoredo e é um edifício característico da região, fazendo parte do conjunto histórico deste balneário. Tem capacidade para 88 pessoas, divididas por vários quartos em 4 pisos;
- Como éramos um grupo grande (13 pessoas), ficamos todos juntos num quarto duplo com 14 camas (8+6 beliches) e wc privado (sanita, lavatório e duche quente gratuito), que estava limpo e com instalações bastante simpáticas. Todas as camas tem manta e almofada. Existem ainda dois w.c. no piso térreo;
- Para além da sala de refeições, existe no exterior um amplo pátio, equipado com mesas e cadeiras suficientes e com bastantes árvores, o que torna este espaço muito agradável;
- Uma vez que este refúgio está situado num local bastante turístico e com acesso facilitado, tem muito movimento, sobretudo no serviço de bar e esplanada, que é eficiente e com preços bem mais acessíveis do que nos refúgios mais isolados. O atendimento é rápido e simpático e TEM PAGAMENTO ELETRÓNICO;
- JANTAR: bom / PEQUENO-ALMOÇO: muito bom / PICNIC: sem informação
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- REFÚGIO DE RESPOMUSO (2200 m)
- É o segundo refúgio por onde se passa nesta etapa (o primeiro foi o Refúgio de Bachimaña, aos 3,9 kms, onde apenas se fez uma breve paragem para descanso e reforço alimentar). Respomuso é um refúgio grande, muito bem localizado sobre o Ibón de Respomuso, com boas instalações e cujo edifício, formalmente, apresenta as características dos refúgios de alta montanha. Ao seu redor existem várias mesas e cadeiras, mas não tem árvores. Tem capacidade para 90 pessoas, divididas por quartos em 3 pisos, equipados com beliches de madeira. Quase todos os quartos têm w.c. privado, à exceção de alguns (poucos) que têm que partilhar um w.c. instalado num corredor do 2º piso. No geral, as instalações deste refúgio são boas;
- Infelizmente, a nossa experiência neste refúgio foi sofrível! Ficamos num quarto do piso térreo, junto à cozinha livre. É um quarto estreito, muito alto que faz total aproveitamento do pé direito do edifício, ou seja, está dividido em 3 patamares com 18 colchões, aos quais se acede por escadas metálicas encastradas na parede. A sensação é um pouco claustrofóbica, o espaço não estava particularmente limpo, apresentava bastante pó (parecia ser um quarto de último recurso) e não tinha casa de banho, pelo que nos foi atribuído o w.c. do corredor no 2º andar. Porém, este também era o w.c. de serviço de outro quarto com 14 pessoas, o que complicou muitíssimo a logística de uso do mesmo... Todas as camas tinham manta e almofada;
- O w.c. estava equipado com sanita, lavatório e duche quente (gratuito). No piso térreo existe outro w.c., comum, mas cujos vasos sanitários são bacias turcas e a limpeza (e aroma) dos mesmos deixava bastante a desejar;
- Para além da sala de refeições existe uma cozinha livre, pois é permitido acampar (pernoita) no exterior;
- Todo o serviço de bar e cafeteria é razoável, com preços elevados (já estamos em alta montanha) e atendimento irregular (um ou outro elemento do staff de guardas mais parecia estar ali obrigado, contra a sua vontade, pelo que a falta de amabilidade, simpatia e disponibilidade foram confrangedoras). TEM PAGAMENTO ELETRÓNICO;
- JANTAR: bom / PEQUENO-ALMOÇO: razoável / PICNIC: sem informação
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OVELHA DOS PIRENÉUS (RAÇA BARÉGEOISE)
PANORÂMICA DE LIENA CANTAL E DAS FRONDIELLAS
ETAPAS:
ETAPA 1/7: Refúgio Casa de Piedra a Refúgio de Respomuso
ETAPA 2/7: Refúgio de Respomuso a Refuge de Migouélou
ETAPA 3/7: Refuge de Migouélou a Refuge de Larribet
ETAPA 4/7: Refuge de Larribet a Refuge de Marcadau / Wallon
ETAPA 5/7: Refuge de Marcadau / Wallon a Refuge des Oulettes de Gaube
ETAPA 6/7: Refuge des Oulettes de Gaube ao Petit Vignemale e regresso
ETAPA 7/7: Refuge des Oulettes de Gaube a Refúgio Casa de Piedra
3000 IBONES - QUEBRANTA (TOTAL)
CASCATA NO BARRANCO CALDARÉS
PANORÂMICA DA CASCADA DE LOS AZULES
- GRAU DE DIFICULDADE DA ETAPA 1/7: - 136 [ DURA ]
- Sendo esta a 1ª etapa, as expectativas e alguns receios eram elevados, sobretudo porque sabíamos de antemão que o grau de exigência física do "3000 IBONES" era superior à nossa anterior experiência pelos Pirenéus, na "SENDA DE CAMILLE". Posto isto, no geral esta foi uma etapa bastante dura, tanto pela altimetria acumulada (+1286 / -782) como pela aclimatização, pois excetuando os 2 kms iniciais, toda ela se desenvolve acima dos 2000 metros de altitude. Compreende uma longa subida de 10 kms até ao "Collado de Tebarray" (2755m) e consequente descida de 4,5 kms até ao refúgio de Respomuso (2200m). Além disso, logo a seguir ao "Collado de Tebarray", o início da descida faz-se por um curto troço muito técnico (cerca de 80 metros), com cabos de apoio por entre rochas salientes numa pendente com um grau de inclinação muito pronunciado.
ANÁLISE DETALHADA. (Em função da preparação física de cada pessoa, este gráfico indicará o grau de dificuldade do percurso. No meu caso, considerei que a minha preparação física se situa entre os valores de MÉDIA / ALTA)
IBP INDEX
COLLADO DEL INFIERNO
PANORÂMICA DO IBÓN DE LIENA CANTAL
- OBSERVAÇÕES:
- Sendo este um tour de alta montanha que se desenvolve maioritariamente acima dos 2000 metros de altitude, mesmo tendo sido realizado na segunda quinzena do mês de agosto, as elevadas temperaturas que normalmente se fazem sentir nesta altura do ano estiveram sempre bastante atenuadas, em parte devido aos muitos lagos glaciares (ibónes) que existem nesta região, assim como pelas inúmeras linhas de água e ribeiros que correm por estas encostas e vales e que permitem que as brisas e os ventos sejam frescos e regulares. Por conseguinte, nesta etapa começou-se por acompanhar o rio (Barranco) "Caldarés" e posteriormente os "Ibónes de Bachimaña", os "Ibónes Azules", o "Ibón de Tebarray", o "Ibón e o Arroyo de Liena Cantal", o "Ibón de Campo Plano", o "Ibón de las Ranas" e o "Ibón de Respomuso", pelo que ÁGUA é um elemento que aqui não falta, mesmo não encontrando fontes pelo caminho. No entanto, é fundamental partir-se prevenido com um filtro de água ou pastilhas purificadoras suficientes para se enfrentar esta e as seguintes etapas.
- Uma questão muito importante que obrigatoriamente tem que ser equacionada é a METEOROLOGIA. Nesta região montanhosa, em agosto é usual ao final da tarde formarem-se nuvens de trovoada, com precipitação durante a noite e, algumas vezes, as neblinas matinais também se fazem sentir. Por conseguinte, se chover, com vento e neblina, as dificuldades serão muito acrescidas, pelo que percorrer esta etapa nessas condições climatéricas deve ser muito bem analisado e ponderado. Botas e bastões são essenciais em todos os percursos.
PANORÂMICA DO IBÓN E PICO TEBARRAY
PANORÂMICA DO IBÓN AZUL SUPERIOR E PICO GAURIER
Waypoints
Comments (4)
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Information
Easy to follow
Scenery
Difficult
Absolutamente fabuloso!!!!!!! 3000 Ibónes são duros que se farta mas a beleza desta região é avassaladora. E os lagos são um paraíso... mas para uma primeira etapa, esta foi bem dura pois ainda nos estávamos a adaptar à altitude e não parávamos de subir! Muitas cascatas, muitos picos e muita pedra, também. Mas que foi um ótimo início de aventura, isso é inegável. Muito bom, mesmo! Grande abraço.
Olá, Aiguille du Midi! Obrigado pela simpática avaliação e comentário acerca do trilho. Foi realmente uma aventura excecional, mais uma! O grupo era grande mas esteve à altura do desafio e o ambiente foi sempre fantástico. E os Pirenéus não desiludem... um grande abraço e até breve!
SUPER!!!! Grande aventura que deve ter sido, paisagens fabulosas e, pelo que li, dureza q.b., também! Fico curioso para ver as próximas etapas. Grande abraço.
Super beleza e super dureza, também! Mas foi fabuloso. Um grande abraço, _BIO_RAIA_, até breve!!!