15 A Costa dos Anéis ooo Peniche - Praia de Rei Cortiço
near Peniche, Leiria (Portugal)
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Itinerary description
Logo ali à saída do alojamento passamos à estátua da Padroeira dos Pescadores, um monumento em honra de Nossa Senhora da Boa Viagem, executado em bronze por João Afra.
Tomamos então a pista ciclável até ao Baleal. Um passeio monótono numa fria manhã, mas queríamos deixar a alternativa, junto ao mar, para o regresso.
Nos Casais do Baleal, com 5km andados, deixamos a civilização e tomamos um largo estradão de terra batida à esquerda. Seguimos pela zona rural. Num dia encoberto como este, de luz filtrada, muitas vezes a paisagem me recordou as fajãs Açoreanas.
A terra batida só acabou na urbanização da Praias d'el Rey, onde paramos para descansar um pouco, uma banana e tirar roupa, que o sol já raiava. Estavam cumpridos 9km. Novamente pelo meio do pinhal do Rei, em terra batida, prosseguimos até voltar a tocar a urbanização, mais adiante. E agora não há como evitá-lo: nem o asfalto da M-603 nem a companhia desinteressante das urbanizações de veraneio com nomes saxónicos vá-se lá saber porquê...
Agora é a Royal Óbidos Spa & Golf Resort e outras Royal e Country e... na rotunda de acesso à entrada principal, tomamos a rua que desce até à Praia de Rei de Cortiço (ufff, enfim um nome em português!). O nome ora tem o "de", ora tem um "do" e na carta militar até se baptiza esta zona como Rei da Cortiça.
Pelo caminho vistas bonitas sobre a lagoa de Óbidos, lá longe, que será já nossa companheira na etapa 16.
Logo que entramos na praia procuramos lugar para almoçar. O dia estava bonito mas ventoso, o vale cavado na bela duna consolidada por um pequeno curso de água proporcionou-nos o abrigo ideal. O lugar é muito curioso, com aquelas dunas feitas de uma argila acinzenta a emoldurar a longa costa que se estende para sul, com formas caprichosas.
Tomado o café retomamos o caminho. Atravessamos o pequeno ribeiro e subimos a duna, entrando então em caminhos escalabrados pelas motos todo-o-terreno, alternando com trilhos de pé posto.
Descemos à Praia d'El Rey mas a maré logo nos deu de novo ordem para subir. E assim tivemos que fazer pelo alto o caminho que gostaríamos de ter feito à beira-mar. Junto da praia do Pico da Mota acabamos por ter que migrar para o interior, pois os terrenos agrícolas delimitados por canaviais que se desenvolviam ao longo da falésia não nos deixavam espaço seguro para passar.
Desta forma fomos tocar no percurso da manhã, embora mais adiante tenhamos conseguido voltar ao litoral, quase até ao Baleal. Quase porque na parte final não se passava, pela Prainha. No Baleal fizemos um pequeno descanso e dirigimo-nos à península, para uma visita e... cumprir o trajecto junto ao mar.
Depois retomamos a Avenida do mar por pouco tempo: junto ao Surf Camp metemos para a beira-mar e assim seguimos até ao final, por este imenso arco que se estende até Peniche, que só deixamos na Praia da Aldarroba, onde nos dirigimos ao alojamento, logo ali perto.
Estava terminado mais um anel do nosso projecto, que vale sobretudo pelos troços da falésia e junto ao mar, a partir do Baleal.
Mas... claro que não me despeço sem deixar mais uma lenda, que vem mais abaixo no final deste texto!
Baleal
Aqui se pescou muita baleia e atum; agora é terra de surf. Outrora ilha, actualmente é uma pequena península, ligada o continente por uma praia de areia fina
A península segue sob as águas, e ainda emerge mais adiante na forma de ilhéus, a Sul o ilhéu de Terra, e a Norte a ilha das Pombas e o ilhéu de Fora. A beleza do Baleal vem em boa parte dos lindíssimos estratos inclinados da rocha calcárea que o constituem.
Património:
Capela de Santo Estêvão (padroeiro dos pescadores)
É um pequeno templo edificado sobre uma rocha, possivelmente datado do Séc. XVI ou XVII. Apresenta uma fachada de caracter simples, o seu interior é de só uma nave. Nessa capela, é venerada a par de Santo Estevão, Nossa Senhora das Mercês. As paredes interiores são revestidas de azulejo seiscentista e setencista.
Forte
Atualmente restam apenas umas poucas muralhas do forte, em mau estado. Em Junho de 1808, o General francês Thomières, intranquilo perante a noticia do eminente ataque das tropas inglesas que tinham desembarcado em Peniche, mandou reparar alguma fortificações arruinadas e também mandou construir uma bateria no carreiro do Cabo Carvoeiro e um pequeno fortim no Baleal, que afinal, nunca chegou a ser construído.
Chafariz
Até 1965, o chafariz era a única fonte de abastecimento da água à população do Baleal. Como o subsolo não tinha água, teve de ser feito a leste, antes do inicio da praia. Construído em 1861, foi pago por José Joaquim Soares de Faria, natural de Lisboa, e que no verão ia para o Baleal.
A lenda da Senhora das Mercês
Conta-se que, por volta de 1590, alguns mouros assaltaram a costa setentrional de Peniche e roubaram quanto lhes foi possível, tendo levado como cativos alguns cristãos das imediações. Entre os objectos furtados contava-se uma imagem da Virgem, da invocação das Mercês, que se venerava na ermida do Baleal.
Ora, certo dia, indo no seu barco, até Argel, um dos cristãos de Peniche que anos antes tinha sido feito prisioneiro viu, casualmente, em casa de um indígena, uma imagem da Virgem que reconheceu imediatamente como sendo a desaparecida Senhora das Mercês. Logo procurou entrar em negociações com o mouro, a fim de a poder resgatar; mas o nativo, ou por qualquer desconfiança ou por não querer satisfazer o desejo do cristão, tratou de dificultar a transacção, não aceitando qualquer quantia e propondo que o pagamento da imagem fosse feito precisamente pelo seu peso exacto, em prata.
Não podia o cristão, pela pobreza de meios de que dispunha, satisfazer a insólita proposta; todavia aceitou a oferta, ciente de que mais valeria isso a desistir pura e simplesmente. E se fosse da vontade de Deus que a imagem da Senhora voltasse para a sua terra, Ele tudo resolveria pelo melhor.
E o milagre consumou-se! Colocada a imagem num dos pratos de uma balança e quando o mouro julgava ir receber um intenso tesouro no caso de o cristão poder pagar o respectivo valor, eis que a própria imagem se tornou de tal maneira leve que, no outro prato não foi necessário colocar mais que uma ínfima porção de prata, correspondente a uma diminuta pataca. À surpresa de ambos, juntou-se a felicidade transbordante do cristão que assim via realizado o seu desejo de regressar à terra com a imagem roubada. Não ficou o mouro pelos ajustes, querendo desfazer o contrato por não crer na veracidade do que via; obrigado, porém, a cumprir a palavra dada, entregou a imagem ao cristão que a guardou ciosamente em sítio desconhecido até que, por fim, de regresso a Portugal, a trouxe de novo para a sua capela, onde ainda hoje se encontra.
(CALADO, Mariano Peniche na História e na Lenda Peniche, Edição do Autor, 1991 , p.413-414, adaptado de lendarium.org)
AS ETAPAS
Clique neste link para a Etapa 01 onde pode consultar a lista de todas as etapas já feitas, bem como os links para os respectivas descrições e tracks no Wikiloc.
x--x
Tomamos então a pista ciclável até ao Baleal. Um passeio monótono numa fria manhã, mas queríamos deixar a alternativa, junto ao mar, para o regresso.
Nos Casais do Baleal, com 5km andados, deixamos a civilização e tomamos um largo estradão de terra batida à esquerda. Seguimos pela zona rural. Num dia encoberto como este, de luz filtrada, muitas vezes a paisagem me recordou as fajãs Açoreanas.
A terra batida só acabou na urbanização da Praias d'el Rey, onde paramos para descansar um pouco, uma banana e tirar roupa, que o sol já raiava. Estavam cumpridos 9km. Novamente pelo meio do pinhal do Rei, em terra batida, prosseguimos até voltar a tocar a urbanização, mais adiante. E agora não há como evitá-lo: nem o asfalto da M-603 nem a companhia desinteressante das urbanizações de veraneio com nomes saxónicos vá-se lá saber porquê...
Agora é a Royal Óbidos Spa & Golf Resort e outras Royal e Country e... na rotunda de acesso à entrada principal, tomamos a rua que desce até à Praia de Rei de Cortiço (ufff, enfim um nome em português!). O nome ora tem o "de", ora tem um "do" e na carta militar até se baptiza esta zona como Rei da Cortiça.
Pelo caminho vistas bonitas sobre a lagoa de Óbidos, lá longe, que será já nossa companheira na etapa 16.
Logo que entramos na praia procuramos lugar para almoçar. O dia estava bonito mas ventoso, o vale cavado na bela duna consolidada por um pequeno curso de água proporcionou-nos o abrigo ideal. O lugar é muito curioso, com aquelas dunas feitas de uma argila acinzenta a emoldurar a longa costa que se estende para sul, com formas caprichosas.
Tomado o café retomamos o caminho. Atravessamos o pequeno ribeiro e subimos a duna, entrando então em caminhos escalabrados pelas motos todo-o-terreno, alternando com trilhos de pé posto.
Descemos à Praia d'El Rey mas a maré logo nos deu de novo ordem para subir. E assim tivemos que fazer pelo alto o caminho que gostaríamos de ter feito à beira-mar. Junto da praia do Pico da Mota acabamos por ter que migrar para o interior, pois os terrenos agrícolas delimitados por canaviais que se desenvolviam ao longo da falésia não nos deixavam espaço seguro para passar.
Desta forma fomos tocar no percurso da manhã, embora mais adiante tenhamos conseguido voltar ao litoral, quase até ao Baleal. Quase porque na parte final não se passava, pela Prainha. No Baleal fizemos um pequeno descanso e dirigimo-nos à península, para uma visita e... cumprir o trajecto junto ao mar.
Depois retomamos a Avenida do mar por pouco tempo: junto ao Surf Camp metemos para a beira-mar e assim seguimos até ao final, por este imenso arco que se estende até Peniche, que só deixamos na Praia da Aldarroba, onde nos dirigimos ao alojamento, logo ali perto.
Estava terminado mais um anel do nosso projecto, que vale sobretudo pelos troços da falésia e junto ao mar, a partir do Baleal.
Mas... claro que não me despeço sem deixar mais uma lenda, que vem mais abaixo no final deste texto!
Baleal
Aqui se pescou muita baleia e atum; agora é terra de surf. Outrora ilha, actualmente é uma pequena península, ligada o continente por uma praia de areia fina
A península segue sob as águas, e ainda emerge mais adiante na forma de ilhéus, a Sul o ilhéu de Terra, e a Norte a ilha das Pombas e o ilhéu de Fora. A beleza do Baleal vem em boa parte dos lindíssimos estratos inclinados da rocha calcárea que o constituem.
Património:
Capela de Santo Estêvão (padroeiro dos pescadores)
É um pequeno templo edificado sobre uma rocha, possivelmente datado do Séc. XVI ou XVII. Apresenta uma fachada de caracter simples, o seu interior é de só uma nave. Nessa capela, é venerada a par de Santo Estevão, Nossa Senhora das Mercês. As paredes interiores são revestidas de azulejo seiscentista e setencista.
Forte
Atualmente restam apenas umas poucas muralhas do forte, em mau estado. Em Junho de 1808, o General francês Thomières, intranquilo perante a noticia do eminente ataque das tropas inglesas que tinham desembarcado em Peniche, mandou reparar alguma fortificações arruinadas e também mandou construir uma bateria no carreiro do Cabo Carvoeiro e um pequeno fortim no Baleal, que afinal, nunca chegou a ser construído.
Chafariz
Até 1965, o chafariz era a única fonte de abastecimento da água à população do Baleal. Como o subsolo não tinha água, teve de ser feito a leste, antes do inicio da praia. Construído em 1861, foi pago por José Joaquim Soares de Faria, natural de Lisboa, e que no verão ia para o Baleal.
A lenda da Senhora das Mercês
Conta-se que, por volta de 1590, alguns mouros assaltaram a costa setentrional de Peniche e roubaram quanto lhes foi possível, tendo levado como cativos alguns cristãos das imediações. Entre os objectos furtados contava-se uma imagem da Virgem, da invocação das Mercês, que se venerava na ermida do Baleal.
Ora, certo dia, indo no seu barco, até Argel, um dos cristãos de Peniche que anos antes tinha sido feito prisioneiro viu, casualmente, em casa de um indígena, uma imagem da Virgem que reconheceu imediatamente como sendo a desaparecida Senhora das Mercês. Logo procurou entrar em negociações com o mouro, a fim de a poder resgatar; mas o nativo, ou por qualquer desconfiança ou por não querer satisfazer o desejo do cristão, tratou de dificultar a transacção, não aceitando qualquer quantia e propondo que o pagamento da imagem fosse feito precisamente pelo seu peso exacto, em prata.
Não podia o cristão, pela pobreza de meios de que dispunha, satisfazer a insólita proposta; todavia aceitou a oferta, ciente de que mais valeria isso a desistir pura e simplesmente. E se fosse da vontade de Deus que a imagem da Senhora voltasse para a sua terra, Ele tudo resolveria pelo melhor.
E o milagre consumou-se! Colocada a imagem num dos pratos de uma balança e quando o mouro julgava ir receber um intenso tesouro no caso de o cristão poder pagar o respectivo valor, eis que a própria imagem se tornou de tal maneira leve que, no outro prato não foi necessário colocar mais que uma ínfima porção de prata, correspondente a uma diminuta pataca. À surpresa de ambos, juntou-se a felicidade transbordante do cristão que assim via realizado o seu desejo de regressar à terra com a imagem roubada. Não ficou o mouro pelos ajustes, querendo desfazer o contrato por não crer na veracidade do que via; obrigado, porém, a cumprir a palavra dada, entregou a imagem ao cristão que a guardou ciosamente em sítio desconhecido até que, por fim, de regresso a Portugal, a trouxe de novo para a sua capela, onde ainda hoje se encontra.
(CALADO, Mariano Peniche na História e na Lenda Peniche, Edição do Autor, 1991 , p.413-414, adaptado de lendarium.org)
AS ETAPAS
Clique neste link para a Etapa 01 onde pode consultar a lista de todas as etapas já feitas, bem como os links para os respectivas descrições e tracks no Wikiloc.
x--x
Waypoints
Sports facility
48 ft
Baleal Surf Camp
Provisioning
73 ft
Café Super Lagide
Bus stop
94 ft
Paragem bus coberta - Rey Estates
Bus stop
164 ft
Paragem bus coberta
Beach
-49 ft
Praia da Baía
Beach
-41 ft
Praia da Cova da Aldarroba
Praia da Cova da Aldarroba
Waypoint
99 ft
Wc público
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