Caminho das Araucárias - Etapa FLONA SFP (2023-11-25)

As Trilhas:

Fiz a trilha da Cachoeira Bolo de Noiva de manhã, com retorno pela floresta, e a tarde fiz a trilha das Araucárias Centenárias, passando pelo mirante da Cascata da Usina.

As trilhas são bem sinalizadas e também recebi orientações adicionais do Marcos, funcionário do parque. No entanto, partes das trilhas passam por floresta fechada, como trechos de mata de araucárias originais, com risco de encontro com animais selvagens, inclusive javalis. Mesmo com a sinalização é necessário um certo cuidado nos trechos de mata mais fechada, são matas mais "raíz", um dos locais de floresta nativa de altitude mais preservada do Rio Grande do Sul.

A maior parte das trilhas passa por mata fechada com pouca exposição ao sol, são caminhos por floresta, principalmente de araucárias. As partes de chão exposto estavam cobertas de pegadas de várias espécies diferentes de animais. Encontrei muitas evidências de javalis, haviam muitas pegadas e o chão estava chafurdado em vários pontos. Avistei evidências de Leopardus sp., fezes bem características, em pelo menos quatro locais distintos.

O trecho de floresta de araucárias pode ter de galhos secos e espinhosos, exigindo proteção para as pernas. a data da visita encontrei poucos galhos pelo chão, mas em outras florestas já tive aranhões, por isso usei perneiras desta vez.

O único ponto de hidratação do parque fica nas torneiras da sede. Os outros pontos com água não são potáveis, pelo risco de contaminação de fazendas que fazem divisa com o parque, o recomendável é levar água suficiente para toda a trilha.

Tive que atravessar lama e riachinhos várias vezes. Todos os riachos são bem rasos, mas deu trabalho evitar água dentro da minha bota cano médio. Preferi usar botas, para proteger os pés dos galhos de araucárias.

No retorno da Cachoeira Bolo de Noiva voltei uns 200 metros pelo mesmo caminho, para seguir o som de bugios na floresta, antes de seguir pela trilha da floresta. Não consegui avistar os animais, por causa da floresta densa, mas consegui ouvir os sons bem alto.

Todas as trilhas são de nível fácil, mas marquei como moderada devido à distância total percorrida.



Como chegar:

Você simplesmente digita "FLONA - Floresta Nacional de São Francisco de Paula" no Google Maps e ele te leva até na guarita do parque.



A FLONA SFP (Floresta Nacional de São Francisco de Paula)

A infraestrutura da FLONA SFP é melhor do que da FLONA Canela, possui casa de apoio aos visitantes e alojamentos para pernoite. A casa de apoio aos visitantes é muito top, com cozinha toda equipada com fogão a gás e a lenha, armários e utensílios, geladeira e freezer. A casa também possui salas com mesas e bancos, lareira, rede wifi, banheiros feminino e masculino limpos, com papel higiênico, sabonete e toalhas de papel, um luxo. A casa de apoio está localizada na região central do parque, com todas as trilhas cíclicas retornando para a sede. Então, você pode se programar para fazer uma trilha de manhã, parar na casa para fazer um lanche ou preparar uma refeição e fazer outra trilha a tarde.

Neste dia fui recebida pelo Marcos, muito prestativo, me mostrou a sede e me passou todas as orientações. Depois conversamos sobre animais e o papo estava tão bom que acabei atrasando o horário de início da trilha.

O parque não possui lanchonetes ou restaurantes, existe a necessidade de levar lanche. Não há sinal de celular em nenhum ponto do parque.

O número de pessoas que acessa o parque é controlado. Este local é uma estação de pesquisas de biodiversidade, é muito visitado por pesquisadores e estudantes. Neste dia encontrei um grupo da URFGS fazendo pesquisa de campo na trilha das araucárias centenárias. Para visitar o parque é necessário enviar e-mail com 72 horas de antecedência, informando os horários previstos de entrada e saída, as atividades que serão executadas e o número de pessoas, informando o nome completo e CPF de cada um. Depois da visita eles enviam uma guia de recolhimento da taxa de visitação, que é de R$ 12,00.

No final do dia o Marcos me contou que logo depois que passamos pelo museu do parque, de manhã, ele recolheu um filhote de cascavel e levou para uma zona de mata segura. Gostaria de ter visto. Ele também comentou que dias ates encontraram uma jararaca em uma das trilhas.



Mais informações sobre a FLONA SFP:
https://www.florestanacional.com.br/

https://www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/biodiversidade/unidade-de-conservacao/unidades-de-biomas/mata-atlantica/lista-de-ucs/flona-de-sao-francisco-de-paula/informacoes-sobre-visitacao-flona-de-sao-francisco-de-paula/



A ocupação Xokleng Konglui:

Tive a oportunidade de conversar com a cacica Kullung Vetcha Teiê, dos Xokleng Konglui. Os Xokleng Konglui reivindicam a terra ancestral que fica na Flona SFP. A anciã me contou a história sobre como a avó sobreviveu aos bugreiros correndo pela mata com o filho bebê de colo, pai de Kullung. Ela contou como os ancestrais conseguiram escapar dos bugreiros com a ajuda do pássaro protetor Konglui.

Hoje os Xokleng estão a beira de extinção, mas já viveram em todo o território do sul do país: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O grupo Xokleng Konglui é constituído de umas 40 pessoas, sedo muitos idosos e crianças, vivendo em situação de vulnerabilidade. Alguns estão acampados na entrada do parque, e a partir de agosto de 2023 alguns deles entraram novamente no parque e ocuparam algumas casas.

A cacica Kullung é uma guerreira, e junto com os seus familiares, luta uma guerra desigual pela sobrevivência da cultura Xokleng e pelas terras sagradas ancestrais.

Saiba que ao visitar a FLONA SFP você estará pisando em solo sagrado Xokleng Konglui, tenha respeito.

Mais informações sobre os Xokleng Konglui:
https://cotidiano.sites.ufsc.br/retomada-xokleng-konglui-o-renascimento-de-um-povo/

https://www.ihu.unisinos.br/categorias/605913-tivemos-que-entrar-porque-esse-territorio-estava-sendo-privatizado-xokleng-ocupam-area-e-icmbio-pede-reintegracao

https://apiboficial.org/files/2021/01/Nota-Te%CC%81cnica-Comunidade-Indi%CC%81gena-Xokleng-2020.pdf

https://www.al.rs.gov.br/agenciadenoticias/destaque/tabid/855/IdMateria/323100/Default.aspx

https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cdhm/noticias/quem-sao-os-xokleng-os-indigenas-que-podem-mudar-a-trajetoria-juridica-das-demarcacoes




Dicas:
- melhor usar calças e mangas compridas, por causa dos galhos e insetos;
- e não esquecer do repelente, tive que passar repelente até por cima da roupa, mesmo assim vinham nuvens de mosquitos na cara quando fazia uma parada;
- se tiver bastão de caminhada é melhor, mas existem vários galhos no chão da mata que podem ser usados como bastão, tive que usar alguns para auxiliar nas travessias de rios;
- risco de animais peçonhentos;
- fiz todas as trilhas sozinha, mas há risco de encontro com animais selvagens, como javalis, então é melhor estar em grupos;
- O parque não possui lanchonetes ou restaurantes, existe a necessidade de levar lanche, mas a casa de apoio dos visitantes possui cozinha e é possível preparar refeições;
- não esquecer do protetor solar;


Compartilhei uns vídeos no meu Instagram:
https://www.instagram.com/reel/C0RmkjGOF9T/

https://www.instagram.com/reel/C0X0YMeuORc/

https://www.instagram.com/reel/C0r2d_zugXy/

https://www.instagram.com/reel/C01py0LuCCU/

https://www.instagram.com/reel/C01rrs5OB-E/

https://www.instagram.com/reel/C1AvQDmOSzp/

https://www.instagram.com/reel/C1VodIFOzDe/




Siga as Práticas de Mínimo Impacto para Ambientes Naturais

Conservação do Ambiente🌿
Não deixar nada para trás.
Não levar nada da natureza com você.
Procurar ao máximo manter tudo como encontrou.

Respeito aos Animais🦋
Não alimentar, tocar ou interferir no habitat dos animais.
Aproveitar as oportunidades apenas para observá-los e admirá-los.
Os animais podem morrer apenas pelo stress de serem tocados.

Atenção e Prudência🚩
Respeitar as condições adversas da natureza e seus limites pessoais.
Utilizar equipamentos de proteção.
Manter a sua vida e a de seus companheiros em segurança.

Prezar por uma Experiência Positiva😃
Evitar grupos grandes e perturbação em locais coletivos.
Ter consciência de que suas atitudes afetam a experiência das demais pessoas.