Trilho Sensorial

A Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural do Marco de Canaveses (EPAMAC) apresenta-se como um "laboratório" a céu aberto, que abrange uma área de aproximadamente 100 hectares, com uma matriz marcadamente agrícola, florestal e de desenvolvimento rural, que a torna num território singular.

Das nossas experiências diárias, fazem parte imagens, sons, sabores, aromas e texturas - os ingredientes que compõem a nossa memória sensorial e que mais impacto têm na forma como reagimos aos estímulos do nosso dia-a-dia. Assim, é natural que as nossas experiências sensoriais também influenciem as escolhas que fazemos enquanto cidadãos.

Os trilhos foram concebidos com o propósito de nos aproximarmos da Natureza e levar-nos a redescobrir as coisas simples da vida. É composto por 3 estações, criadas com inspiração nos cinco sentidos e distribuídas ao longo de um percurso de 2 km. Ao longo de cerca de 2 horas, deixe-se guiar pelos sons, texturas e pela paz que a Natureza nos transmite, numa experiência de introspeção e conexão com o meio natural.

Todas as pessoas, incluindo as de mobilidade reduzida, podem realizar uma parte do trilho e desfrutar da Natureza envolvente, não descuidando os 5 sentidos e as experiências sensoriais associadas.




Dar um sentido, ter sentido, tomar um sentido...

Estas expressões são comuns nas linguagens de inúmeros países e ajudam imediatamente a entender a importância dos sentidos para a nossa orientação. Uma orientação que contribui determinantemente para a definição das escolhas e estilos de vida de cada um de nós.
Hoje, sabemos que as perceções derivadas dos estímulos sensoriais já estão presentes na vida intrauterina (numa fase muito precoce do nosso desenvolvimento), representam o ponto de passagem obrigatória para o desenvolvimento do sistema nervoso, das emoções e da consciência. Dia após dia, as impressões que recebemos incessantemente através dos sentidos, do meio e da cultura na qual estamos inseridos, definem conexões no nosso cérebro e na nossa memória, modelando-os.



A experiência...

Esta tem, portanto, um efeito construtivo essencial: pode criar, reforçar ou enfraquecer sinapses e circuitos nervosos, incidindo profundamente na geração e regeneração das redes neuronais que, por sua vez, estruturam individualidade, escolhas e gostos. Os circuitos que se formam são únicos, pessoais e não se repetem. As perceções representam, portanto, antes de tudo um fenómeno subjetivo, para provar que a Natureza favorece a diversidade. O meio no qual vivemos cria, porém, percursos comuns, que definem afinidade e possibilidade de compartilhar. Quanto mais as experiências e os estímulos forem ricos e diferenciados, maior parece ser a possibilidade de desenvolver uma personalidade harmoniosa, capaz de se orientar com equilíbrio no complexo mundo das relações sociais. E ainda: diferenças e multiplicidades de estímulos ajudam a manter vivas as diferenças individuais, linfa vital para o crescimento e desenvolvimento, tanto do ponto de vista biológico quanto social e cultural.
A globalização e hábitos de vida ocidentais, que apesar de terem ampliado alguns horizontes (basta pensar no desenvolvimento dos transportes e das redes de informática), correm o risco, porém, de limitar de forma alarmante diversas experiências, submetendo-nos a uma verdadeira privação sensorial, com efeitos imponderáveis sobre o desenvolvimento e equilíbrio. O que incidiu vigorosamente foi o progressivo distanciamento dos ambientes naturais, com os seus ritmos das mil facetas diferentes pelo clima, vegetação, cores e perfumes que se contrastam com ambientes urbanos cada vez mais parecidos, anónimos e padronizados.



Redescobrir a Natureza...

Redescobrir a Natureza como origem de tudo o que nos rodeia, inclusive o desenvolvimento tecnológico, é o primeiro passo para recuperar o espaço perdido, a diversidade e a multiplicidade dos estímulos necessários para regenerar os sentidos e, consequentemente, emoções e pensamentos.
Os ingredientes do nosso território são os protagonistas deste trilho cognitivo, pois as suas qualidades refletem a cultura que os produz e as suas relações com o equilíbrio do ambiente. É o início de um trajeto projetado para o exterior, onde a responsabilidade de preservar a Natureza e construir um ambiente rico em estímulos harmoniosos cabe a todos nós.
Esperamos que os nossos participantes, ao longo do caminho, consigam orientar-se com maior consciência e avaliar, graças ao auxílio de sentidos bem preparados, as consequências das nossas escolhas no futuro, criando um elo de ligação para enfrentar o desafio do bem-estar ambiental e social que caracteriza o nosso século.