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De Rio-Frio a Paçó: revisitar velhas rivalidades e terrenos agrícolas

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Trail stats

Distance
7.33 mi
Elevation gain
607 ft
Technical difficulty
Moderate
Elevation loss
607 ft
Max elevation
2,777 ft
TrailRank 
58 5
Min elevation
2,379 ft
Trail type
Loop
Moving time
2 hours 41 minutes
Time
3 hours 4 minutes
Coordinates
2067
Uploaded
August 22, 2020
Recorded
August 2020
  • Rating

  •   5 2 Reviews
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near Rio Frio, Bragança (Portugal)

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Itinerary description

10,57Km (Google Earth Pro) em terrenos planos (desnível médio de 4%), entre campos agrícolas e muita sombra de lameiros.

Entre a sede de freguesia, Rio-Frio, e o lugar de Paçó houve disputas que produziram danos pessoais e criaram costumes curiosos. Qual a sua origem? A velha rivalidade entre aldeias, a afirmação de poder contra o desejo de independência, os limites entre a influência do convento de Castro de Avelãs e os territórios da Comenda de Algoso ou a disputa de territórios entre os limites das influências entre Bragança e Miranda do Douro (Outeiro foi Concelho de 1514 a 1853 e pertencia a Miranda do Douro)? As razões são tantas e tão diversas que, incluindo as de sobrevivência, não é difícil estabelecer conjeturas sobre os motivos que deixaram marcas nas gentes destas terras. Mas um comprovativo delas está expresso nos versos, de memória profunda, ditos em jeito de ofensa pela gente de Rio Frio:

Cucos de Paçó, Bubelos de Carção
Encontraram um burro morto
À entrada de Santulhão
Tinha bichos como dedos
Não o puderam acabar
Deixaram metade para o dia do folar!

Traduzindo: Cucos são aves que colocam os seus ovos nos ninhos de outras para não terem o trabalho de crias os filhos; Bubelos é o nome local de uma ave, a Poupa, que cheira muito mal, muito desagradável (memórias do cheiro do curtimento de peles, ocupação de descendentes de judeus, os cristãos novos?); Burro era animal de trabalho que nunca foi consumido à mesa e imagino que, só numa crise, o poderia ser como meio de sobrevivência; dia do folar é a Páscoa, de elevado significado para estas terras arreigadamente católicas!

Está dado o mote. Vamos caminhar

Waypoints

PictographReligious site Altitude 2,720 ft
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Igreja de Rio Frio

Cruzeiro, próximo da Igreja matriz, é o ponto de encontro das ruas do Espirito Santo (nordeste), rua da Pena de Rei (noroeste), rua do Castro (norte), rua de Santo António (Sudoeste) e rua da Santa Cruz (sul). Local significativo porque representa a nova centralidade do povoado depois de ter evoluído do Cabeço do Castro, onde existiu um povoado na idade do ferro (a idade do ferro vai do ano 1200a.c. ao ano 1000). A construção da igreja matriz, dedicada a Nª Srª da Assunção, é do séc. XVII.

PictographWaypoint Altitude 2,723 ft
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Capela de Nª Srª da Dores

O topo sul da rua de Santa Cruz era o ponto mais elevado e mais a sul da aldeia. Sendo ponto de entrada e saída em direção a Outeiro, não é de estranhar a existência da "calçada" (sinais ou métodos de pavimentação herdados da idade média?) que, sob a pressão do ferro que protegia os rodados de madeira dos carros de bois, provocava um ruido único que ressoa em muitas memórias. Nesta encruzilhada existe a Capela de Nª Srª das Dores (dispunha de cemitério murado, do lado oeste, era servida por uma Confraria que reúne muita devoção e, segundo a tradição oral, terá sido local de passagem de Nuno Álvarez Pereira, em 1386), um chafariz onde os animais matam a sede à entrada e saída da aldeia e acede-se às eiras de cima (em oposição as eiras de baixo ficavam à saída da rua do Espirito Santo). Entrando na aldeia pela rua da Santa Cruz havia uma taberna para servir os almocreves a caminho de Bragança, a taberna do Vicente.

PictographPhoto Altitude 2,731 ft
Photo ofCharca seca para combater incêndios!

Charca seca para combater incêndios!

Era suposto ser uma charca de acumulação de água para reabastecimento dos helicópteros de combate aos incêndios florestais. Mas, como eu vi nos dois últimos verões, não retém a água, está praticamente seca! Gastou-se o dinheiro de todos para um resultado nulo. É um mau exemplo de gestão pública! Perdeu-se história, o que torna as terras diferentes entre si, únicas e atrativas. Perdeu-se um chafariz tradicional, feito em lousa da zona, abastecido pela pequena Fonte do Pereiro que, teimosamente, no fundo da charca, continua a produzir a pouca água de sempre. Perdeu-se a memória do local onde era extraído o barro, moldadas e cozidas as telhas tradicionais, talvez métodos de herança romana. Foram-se e qualquer dia já nem se saberá o porquê do nome deste caminho: caminho da fonte do Pereiro.

PictographPhoto Altitude 2,642 ft
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Lameiros

Lameiros do Prado. Muito conhecidos por serem os lameiros maiores e de terreno mais direito, mais plano. Mas também dos que tinham menos água no verão. E com menos água também havia menos freixos. Muitos silvados e abrunhos: fruto muito adstringente, depurativo, diurético, laxativo, sudorífico e iónico. São os frutos dos Abrunheiro-Bravo que, não sendo comestíveis, têm benefícios no tratamento de: acne, boca, crescimento, cura de Primavera, fadiga e furúnculo (segundo a medicina tradicional). Os frutos colhidos depois das primeiras geadas suavizam a adstringência. Por razões gustativas e não medicinais há quem os use para fazer uma bebida semelhante à ginja. Garanto-vos que tem ótimo paladar! Recomenda-se cuidado e esclarecimento antes de usar esta planta e seus frutos para tratar questões de saúde.

PictographPhoto Altitude 2,637 ft
Photo ofLameiros Photo ofLameiros Photo ofLameiros

Lameiros

Se os primeiros lameiros eram do Vicente este são dos Morgados. Mas continuamos no Prado por entre canadas, caminhos estreitos apertados entre muros, que no inverno ficam cheias de água. Talvez por tal motivo as paredes feitas de pedra solta tenham, de tempos a tempos, lousa na vertical, espetadas no chão, que deixam pequenos espaços vazios para passagem da água. Diminuem a resistência á passagem da água e tornam as paredes mais duradouras. Ou será para poupar pedra na construção? Facto curioso é que a terra dos lameiros não tem pedras e nas hortas, a terra está cheia de pedras! Devia ser o contrário? Tudo tem um significado por estas terras. É preciso conhecer os porquês e preservar estas memórias. Que este modos de vida não sejam esquecidos!

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Tijelas

Chegamos ao local designado por Tijelas. Era neste local o limite dos terrenos entre Rio Frio e Paçó. Consequências na propriedade privada não tinha mas sim no modo comunitário de organizar a sociedade: os rebanhos que pastavam nos terrenos de todos, na metade dos terrenos que em anos alternados estavam em pousio, só podiam andar nos terrenos da aldeia! Quantas vezes os miúdos que apascentavam os animais, repetindo comportamentos dos pais, discutiam a posse das tijelas: as duas de cima são de Rio Frio e a de baixo é de Paçó. O que é certo é que esta nascente, que durante todo o ano fornece um fio de água corrente, saindo debaixo de uma fraga, enchia as tijelas (pequenas conchas cavadas na rocha) para os miúdos beberem e os poços para os adultos regarem as hortas. Hoje restam as tijelas e as memórias. Da reunião das águas dos lameiros do Prado com as da Tijelas forma-se a ribeira da Cavada. Seguindo posteriormente para a ribeira de Longarás vão desaguar no Sabor antes da ponte de Parada (para os habitantes de Rio Frio) ou ponte de Grijó (para os habitantes de Outeiro)

PictographPhoto Altitude 2,546 ft
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Caminho

Seguimos pelo caminho que sai das hortas do Prado e ladeando o local das Bouças por sul, passa em Valdeigão e dirige-se para a aldeia de Paçó. Há muitas surpresas ao virar de cada curva, atrás de cada parede: sinais de raposa e de ter comido partes de ovelha (a lã não é digerida), arvores frondosas, vistas extraordinárias, cantos de papa-figos, fugas de gaios ... só é preciso manter os sentidos alerta.

PictographPhoto Altitude 2,544 ft
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Pelo Valdeigão

Desde as tijelas até Paçó seguimos um caminho ladeado de carvalhos, freixos e castanheiros. As paisagens para o castelo de Outeiro, Parada e Coelhoso, do outro lado do rio Sabor, e para a ponte de Parada enchem-nos a alma. Fresco e bonito percurso

PictographPhoto Altitude 2,572 ft
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A chegar a Paçó

As frescas sombras das árvores continuam a proteger-nos

PictographIntersection Altitude 2,636 ft
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Cruzamento de paçó

No entroncamento do caminho na estrada as placas convidam-nos a entrar em Paçó. Seguimos pela estrada para fazer a melhor entrada: a que do alto desce desde a capela de Santa Ana. O marco quilométrico recorda-nos que, pela velha estrada nacional Nº 218, a das curvas de Vale de Monte, eram 28Km até Bragança. Hoje, entrando na A4 em Rio Frio, são 16Km.

PictographIntersection Altitude 2,661 ft
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Cruzamento da Paradinha

Virando para a Paradinha temos acesso à zona mais elevada de Paçó. Muito visitado noutros tempo para discutir velhas rivalidades no campo de futebol! Era uma desonra perder! A partir da Capela de Santa Ana é possível observar a velha escola primária agora aproveitada para museu etnográfico. Bonita ideia.

PictographPhoto Altitude 2,683 ft
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Zona de lazer

Por trás da escola primária existe um parque merendas do Senhor do Resgate com várias mesas, fonte e a capela do respetivo santo.

PictographMountain hut Altitude 2,610 ft
Photo ofAlojamento local Photo ofAlojamento local

Alojamento local

As casas tradicionais servem de alojamento local gerido por Irene Ranheta (962 553 814). A família Ranheta é a prova que, apesar das rivalidades, havia amigos que faziam questão de se visitar com regularidade e partilhar a mesa no dia da festa anual. Bem hajam

PictographWaypoint Altitude 2,625 ft
Photo ofCruzeiro Photo ofCruzeiro Photo ofCruzeiro

Cruzeiro

Chegados ao cruzeiro estabelecemos conversa e soubemos das novidades da aldeia. Ficamos com uma ideia global muito positiva. A preservação das habitações, um toque de trepadeira em velhos alpendres e a cor das roseiras trouxeram à memória recantos de Rio Frio entretanto perdidos. Junto deste cruzeiro conhecemos o percurso pedestre PR10 BGC, assinalado pelo município de Bragança, que reúne o património de Paçó, ao Santo Cristo e castelo de Outeiro e à ponte de Parada. Bela sugestão para uma caminhada futura.

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Photo ofO bailarico

O bailarico

No largo à sombra desta nogueira realizavam-se os bailaricos das festas anuais. Chegávamos de noite, num atrelado de trator pejado de jovens, com a promessa de que o risco da viagem não seria em vão. Talvez por este motivo não tivéssemos uma ideia clara de Paçó: só fazíamos visitas noturnas. De dia ficávamos pelo campo de futebol ou seguimos destino, estrada fora, sem parar.

PictographPhoto Altitude 2,632 ft
Photo ofIgreja matriz Photo ofIgreja matriz

Igreja matriz

Dedicada a São Vicente. Ainda mantém o cemitério murado, como era costume nesta região, e sabemos ter existido no lado sul da igreja de Rio Frio. Foi o reduzido progresso, implicando reduzida pressão urbanística, que ditou a sua preservação?

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Photo ofFonte de mergulho Photo ofFonte de mergulho

Fonte de mergulho

Zona baixa de Paçó com várias fontes de mergulho em uso.

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Photo ofHerança árabe Photo ofHerança árabe

Herança árabe

Cegonho: o nome do sistema de tirar água introduzido pelos árabes. Usando um contrapeso ficava mais leve a tarefa de tirar água de um poço fundo para regar a horta.

PictographPhoto Altitude 2,573 ft
Photo ofSaída de Paçó

Saída de Paçó

Fresco caminho entre lameiros pela saída nordeste de Paçó, em direção aos Curvicos.

PictographPanorama Altitude 2,622 ft
Photo ofCom vistas Photo ofCom vistas Photo ofCom vistas

Com vistas

Local de boas vistas para o Cabeço del Pedroso (morro imediatamente após a travessia da fronteira com Espanha) e Rio Frio (do Medorro à direita a São Roque à esquerda). Na proximidade vimos um campo de trigo: foi o único que encontrámos em todo o percurso, em terras que do antecedente eram as mais desejadas para este cereal. A partir destas alturas terminavam os terrenos de Paçó e começavam os de Rio Frio.

PictographPhoto Altitude 2,379 ft
Photo ofMalhada

Malhada

Local das hortas e lameiros da Malhada. A mudança de terrenos entre Paçó e Rio Frio era definitiva a partir do ribeiro da Malhada.

PictographPhoto Altitude 2,693 ft
Photo ofCampo de futebol abandonado

Campo de futebol abandonado

Foi construído na transição da década de 1970 para 1980 quando a juventude em Rio Frio era mais que muita. Tanta gente pronta a pegar na enxada, enterrar tubos de escoamento e plantar as balizas obrigou os poderes instituídos a dar atenção às insistências dos jovens. O terreno foi doado (!?) e o trabalho foi dos jovens. Hoje está abandonado, sem qualquer utilidade. Entretanto foi construído um campo de futebol de 5/7 nas Eiras de Cima. Triste sina a deste desenvolvimento, de sociedades pobres, que desperdiça recursos e aumenta os encargos de manutenção ...

PictographPhoto Altitude 2,737 ft
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Rio Frio

Com a construção da A4 foram modificados os acessos a Rio Frio. Agora com brasão e um restaurante a receber os visitantes. No restaurante Neves (273 939 169) pode sentir, nos grelhados e simpatia, o que é receber bem em Trás os Montes. Para dinamizar o turismo foram criados percursos para sentir a alma da Terra Fria. Aventure-se pelo que passa em Rio Frio.

PictographWaypoint Altitude 2,733 ft
Photo ofCruzeiro Photo ofCruzeiro Photo ofCruzeiro

Cruzeiro

Era nesta rua que os almocreves, a caminho de Bragança, entravam na aldeia. A primeira impressão era transmitida pelo cruzeiro e pela taberna do Lustriano. O que se vê hoje são alguns exemplos de boa recuperação e casas, algumas com muitas histórias para contar, em ruinas. A facilidade de deslocamento, a distribuição dos caixotes do lixo e as fachadas das casas mereciam outro cuidado para transmitir uma boa impressão a quem nos visita.

Comments  (2)

  • maria.miranda.morais Aug 25, 2020

    "Oh! Meu Rio-Frio terra linda sem igual
    Canteiro florido num jardim de Portugal"...
    Para a próxima também vou...adorei

  • Photo of Francisco Lopes SLB
    Francisco Lopes SLB Jul 12, 2021

    I have followed this trail  verified  View more

    Percurso espetacular pelos lameiros .

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