Alto das Nuvens PARNASO

Partimos do Rio de Janeiro da Rua Deodoro da Silva às 6 h. Paramos para tomar o café da manhã na padaria da praça principal de Andorinhas. Estacionamos o carro às 8:00.
Graças ao Seu Antonio que nos forneceu a informação da substituição do caseiro do antigo sítio do Seu Manolo. Em seu lugar temos a simpatia do Seu Ademir. Este nos deu licença para passar pela propriedade abandonada. As porteiras precisam ficar fechadas mas não trancadas.
No meio da trilha encontramos as vísceras frescas de um ouriço cacheiro. Isso é muito estranho. Aumentamos nossa cautela na mata. Teria sido alguma onça ou caçador que largou aquilo no meio do caminho? E o pior é que havia ocorrido a pouco tempo. Mais a frente somos surpreendidos por uma armadilha fotográfica, colocada pelos biólogos da UFF, para monitorar a existência de mamíferos de grande porte no local.
Há muito tempo frequentamos esse lugar e nunca o parque se fez presente através de ações. Pelo contrário encontramos muito a presença de caçadores. No portão do Seu Antônio pela primeira vez vimos uma placa de área de preservação ambiental. E um pouco depois do último sítio, já na mata, nos deparamos com uma placa do PARNASO tombada. Até fitas amarela e preta, fixadas em troncos, alertando sobre a unidade de conservação.
Ainda sim precisávamos de uma explicação por que os animais do último sítio feneceram?
Bivacamos na gruta que estava surpreendentemente limpa. Alguém dormiu ali em maio. Mas os indícios da vegetação indica que recentemente alguém passou pelo lugar.
Há um rio maravilhoso próximo. A cachoeirinha é muito gelada. E o vento sopra pelo vale.
Berardi ficou na gruta dando um jeito no nosso bivaque eu e Filipe partimos. O habitante da gruta andou por nossa rota. Ele percorreu toda a nossa trilha feita em 2009. Andamos até encostarmos nos dois paredões: a frente o da Agulha dos Italianos e do esquerdo ao do Alto das Nuvens.
Ali sobe-se pela escorregadia laje agarrando-se a bulbos e clúsias. Como a geografia do paredão não nos permite criar, logo, estamos na mesma trilha de cinco anos atrás. A subida incessante se faz por trechos de mata boa. A vegetação é tranquila para abrir. O pior é a subida acidentada. Isso inclui passagem pelos troncos das árvores.
Ao contrário da conquista em "brancas nuvens" dessa vez temos vista. E que vista! É de tirar o fôlego. Cansados percebemos que para chegar aos Castelinhos por ali será difícil.
Castelinhos são um conjunto de pontões (torres) que permeiam uma crista do lugar. Do cume dessa montanha as torres são imponentes. Ano passado fizemos a conquista Jacutinga nessa mesma área. E nos breves momentos de vista achávamos que pelo Alto das Nuvens seria possível. De onde se conclui: se nas conquistas do Alto das Nuvens e Jacutinga tivéssemos condições climáticas ideais teríamos percebido mais detalhes e elaborado outras estratégias para acessar os Castelinhos.
Após atingirmos o cume percorri a crista descendo em direção aos Castelinhos. Fui até as coordenadas: 23 K 700955 / 7510289 e 1.422 m de altitude.
A gruta é perfeita para o bivaque em dias secos. Tem uma estrutura boa para cozinharmos. Daria até para aproveitar as panelas do "inquilino" dela. A linguiça pronta chega ainda congelada. Ela acompanha deliciosa polenta que Berardi faz. Fartura de vinho e entradas. Verdadeiro luxo para o ambiente urbano e opulência para o camping selvagem.
Berardi anda desacostumado a esses banquetes, na volta estava passando mal, por isso caminhava com sofreguidão.