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Trilha dos Escravos

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Trail stats

Distance
48.78 mi
Elevation gain
3,622 ft
Technical difficulty
Moderate
Elevation loss
3,622 ft
Max elevation
3,643 ft
TrailRank 
30
Min elevation
2,741 ft
Trail type
Loop
Coordinates
1334
Uploaded
July 28, 2021
Recorded
July 2021
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near Valparaíso de Goiás, Goiás (Brazil)

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Itinerary description

Partiu: Bike Mania - Valparaíso

Correio Braziliênse 12/12/2016

Uma preciosidade da engenharia colonial resiste ao tempo, à ocupação urbana desenfreada e ao descaso do poder público. Dos tempos do Arraial Santa Luzia, ainda há ruínas da obra feita por 2 mil escravos no século 18. São nove dos 42km de um canal feito para levar água de onde hoje é o Gama (DF) ao município goiano. Matas das encostas dos morros e serras da região do Entorno escondem os vestígios da construção bicentenária.

Os negros começaram a abrir o canal em 11 de abril de 1768. Eles contavam só com picaretas e pás e o auxílio de burros e carros de boi no transporte do material. A missão era desviar água de uma das cachoeiras do ribeirão Saia Velha, no lado brasiliense da atual divisa entre o Distrito Federal e Goiás. Mas, no lugar de terra, os operários encontraram pedra. Como não tinham escolha, trabalharam dia e noite, sob chicote.

Ao longo de todo o canal, os negros levantaram dois aterros para o nivelamento do terreno, um com 500m de altura e 3m de profundidade e outro de 1,5m de largura e 5m de altura. A cada quilômetro de canal, fizeram um declive de 1m. Com isso, as águas desviadas do Saia Velha ganhavam força para transpor alguns trechos de subida e circular os morros até chegarem ao destino, a mina de ouro do Cruzeiro.

O ponto final ficava na parte alta da então Santa Luzia. O núcleo arraial havia sido fundado em 13 de dezembro de 1746 por causa da descoberta de ouro (leia Memória). Sem água, a mineração era impraticável. Era preciso lavar o material coletado no córrego para fazer a apuração das pedras preciosas. Para aumentar suas fortunas, quatro fazendeiros, exploradores do garimpo, decidiram canalizar o Saia Velha.

Cabaças
O projeto criou polêmica e inveja entre os demais fazendeiros da região. Um deles, o major José Pereira Lisboa, falava para quem quisesse ouvir que “a água do Saia Velha poderia vir às minas do Cruzeiro, não em um rego ou canal, mas em cabaças”. Logo o comentário chegou aos ouvidos dos financiadores da obra, que tomaram nota e mandaram acelerar a construção, concluída em 11 de setembro de 1770.

Houve festa e confusão na inauguração do canal. “Quando menos se esperava, foi aberto o dique que tinha sido feito nas Terras Altas, e a água jorrou barulhenta pela Rua do Rosário abaixo”, contou o historiador goiano Gelmires Reis em um dos seus 28 livros sobre Luziânia. Com a água, rolaram cabaças, que produziram um ruído original. Moradores da rua, entre eles o major Lisboa, acordaram também com a cantoria de mais de 100 escravos.

Com porretes, os negros aumentavam o barulho quebrando as cabaças. “Minha bisavó, escrava, sempre contava essa história. Dizia que os negros cantavam assim: ‘Água trouxe cabaça, cabaça não trouxe a água’”, lembrou a quase centenária Elisa Gomes Curado, moradora de um casarão centenário, na Rua do Rosário, vizinha ao ponto onde terminava o Rego das Cabaças — nome dado pelos escravos.
Sentindo-se insultado, Lisboa saltou da cama, pegou uma arma de fogo e saiu. Encontrou na rua o juiz José Rodrigues Costa. Lisboa trocou a espingarda por uma espada, partiu para cima do magistrado e arrancou-lhe a peruca. Acabou preso e levado a Vila Boa (atual cidade de Goiás), então capital do estado, em 15 de outubro de 1771. Voltou para casa, livre, em 3 de dezembro de 1773.

Cerca de 2 mil pessoas receberam o major. O vigário o levou à Igreja Matriz, onde ganhou uma missa de Ação de Graças. Inaugurado em 1767, o templo havia sido construído para abrigar só brancos, pois eles não se misturavam aos negros da Igreja do Rosário. Ainda de pé, com toda a estrutura original, o templo dos escravos é o mais conhecido monumento de Luziânia.

Fuga em massa
O Rego das Cabaças perdeu a utilidade com o declínio da mineração, entre o fim do século 18 e o início do século 19. As atividades econômicas se voltaram para uma agricultura de subsistência e pecuária extensiva. A população caiu de 10 mil habitantes, no pico da mineração, para pouco de mais de 2 mil, ao fim da exploração do ouro. Os escravos formaram comunidades em volta das grandes fazendas do lugar.

Dessa forma surgiu o povoado de Mesquita, conhecido pela produção da marmelada, doce quase em extinção. A comunidade faz parte da Cidade Ocidental, desmembrada de Luziânia. O Mesquita concentra algumas das mais fortes lembranças do regime escravocrata nas terras hoje ocupadas pelo DF e pelas cidades do Entorno.

No lugarejo, parte das cerca de 300 famílias negras vivem como os ancestrais há 200 anos, sem luxo, conforto, assistência médica, comendo apenas o que tiram da terra. Reconhecido pelo governo federal como área remanescente de quilombo, ele cultiva goiaba, laranja, cana-de-açúcar e mandioca, entre outras culturas. Mas nenhuma é tão marcante como o marmelo, fruto usado na produção da marmelada.

https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2016/12/12/interna_cidadesdf,560953/conheca-a-obra-feita-por-dois-mil-escravos-para-levar-agua-a-luziania.shtml

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