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Porto de Galinha Serra Selada

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Trail stats

Distance
29.58 mi
Elevation gain
436 ft
Technical difficulty
Moderate
Elevation loss
436 ft
Max elevation
131 ft
TrailRank 
52
Min elevation
21 ft
Trail type
Loop
Time
3 hours 24 minutes
Coordinates
1716
Uploaded
May 16, 2015
Recorded
May 2015
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near Porto de Galinhas, Pernambuco (Brazil)

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Itinerary description

O Sol em Pernambuco (João Cabral de Melo Neto)

O sol em Pernambuco leva dois sóis,
sol de dois canos, de tiro repetido;
o primeiro dos dois. o fuzil de fogo.
incendeia a terra: tiro de inimigo).
O sol ao aterrissar em Pernambuco,
acaba de voar dormindo o mar deserto; mas ao dormir
se refaz, e pode decolar mais aceso;
assim, mais do que acender incendeia,
para rasar mais desertos no caminho;
ou rasá-los mais, até um vazio de mar
por onde ele continue a voar dormindo.
*
Pinzón
diz que o cabo Rostro Hermoso (que se diz hoje de Santo Agostinho)
cai pela terra de mais luz da terra(mudou o nome, sobrou a luz a pino);
dá-se que hoje dói na vida tanta luz: ela revela real
o real, impõe filtros: as lentes negras, lentes de diminuir,
as lentes de distanciar, ou do exílio. (O sol em Pernambuco leva
dois sóis, sol de dois canos, de tiro repetido; o segundo dos
dois, o fuzil de luz, revela real a terra: tiro de inimigo).


Faz tempo que tento terminar este trajeto. Da última vez, naquilo que chamei de 'Engenhos de Sirinhaem', não consegui porque o labirinto de cana e morros da reserva do Mingu, desgastando-me, levou a melhor, vencendo a parada. Lição aprendida, simplifiquei o percurso. O grande objetivo mesmo não eram os engenhos e sim conhecer um acidente geográfico pouco divulgado, desconhecido mesmo hoje em dia, mas que foi muito importante durante décadas, quando nosso Pernambuco ainda era uma 'criança'. Tenho uma cópia de um mapa antigo do local guardado em algum arquivo. Qualquer hora dessas eu encontro.

Entre comigo num túnel do tempo e volte até a época em que não existiam a luz elétrica, automóvel e trem. Viajava-se por terra em lombo e, nos mares e rios, em caravelas e batéis. Bem-vindo ao tempo em que acidentes geográficos funcionavam como referência de posição. Se você estava em alto mar, a primeira coisa a avistar é uma montanha. Lá no primário, aprendemos que Cabral chegou em Porto Seguro na Bahia, mas a primeira vista mesmo foi um monte batizado pelos portugueses de 'Monte Pascal', lembram!?.

Se é mesmo verdade que Pinzón chegou por aqui antes, e em Santo Agostinho como defendem alguns pesquisadores, de alto mar ele deve ter avistado alguma elevação maior que o cabo por trás, devido à curvatura do planeta. Quem seria o candidato? Vou apostar umas fichas.

Os acidentes geográficos eram importantes, pois a descrição litorânea destes tinha papel chave na navegação. Cabiam às expedições exploratórias, entre outras funções, descrever aquilo que encontrava pelo caminho, como rios, baías, cabos, morros e montanhas, rochedos, ilhas, como a vegetação se apresentava, enfim, aquilo que fosse relevante para comandantes e marinheiros saberem onde estavam e garantir ao Rei as terras descritas em caso de litígio, por exemplo. No caso do litoral brasileiro foi publicado em 1608 pelo cosmógrafo-mor português Manuel de Figueiredo um livro denominado 'Hidrografia e exame de pilotos', que eu particularmente já tive acesso. Como o nome diz, era a síntese de como navegar pela costa e saber onde estava. Importante notar o aspecto militar desta informação. Qualquer imigrante da época, vencida a resistência dos índios, sabia que o inimigo chegaria por mar ou pelo rio.

Há um caso interessante na história local. No livro 'Viver e morrer no brasil holandês', organizado pelo Professor Marcio Galindo, o pesquisador B.N.Teensma defende a hipótese que a edição do documento 'Initium descriptionis locurum in Brasilia' foi peça chave da tomada de Pernambuco pelos Holandeses. Trata-se de uma descrição pormenorizada do litoral pernambucano e da cidade de Olinda, também chamada de Cidade de Pernambuco, no texto. O manuscrito tem uma encadernação e caligrafia pouco usual para a época, e segundo o pesquisador trata-se de "... um texto anônimo, sem título, em língua neerlandesa, letra gótica, incompleto, com uma extensa análise estratégica para a invasão de Pernambuco em 1630. O texto está caligrafado sobre papel espesso, e encadernado num volume, o que dá ocasião para conjecturar que se destinava a um alto funcionário governamental neerlandês. Não se conhece a proveniência." Vejam como chegar ao 'Rostro Hermoso':

“O Cabo de Santo Agostinho apresenta-se como uma ilha baixa e semicircular com duas pequenas colinas que sobem no mar como rocha. No alto do cabo está uma capelinha branca [Nossa Senhora de Nasaré] que, na luz do sol, se avista tão pronto como o cabo. Se vindes do mar de noite e julgais estar na altura do cabo, deveis logo fazer sondagens [uma corda cheia de nós equidistantes com um peso na ponta], porque 10 milhas fora da terra há baixios.
E se vos aproximais da terra entre o cabo e a cidade de Pernambuco [Olinda], então a cidade [a vila de Nasaré] se mostra situada sobre uma colina redonda, e logo vereis os navios que estão no porto [de Suape] detrás do recife. O monte ao Sul do cabo chama-se Marcahipe ou Serra Selada, duas grandes léguas a Oeste da Ponta dos Fernabins [Praia do Cupe] e estendendo-se entre o Sul e Norte. Em todas essas regiões não voltareis a ver coisa semelhante, nem terra tão alta, porque todo o resto da terra até ao mar é igual, com matagais rasos como tosquiados e algumas árvores. Tendo o Cabo no Sudoeste, a ponta extrema dele toca na Serra Selada.”

Entenderam onde quero chegar? Especulo que, se foi mesmo Pinzón, antes de tudo foi a Serra Selada, um rochedo de duas corcovas feito um camelo, uma sela de cavalo, o mais alto com 100 metros de altura, coberto de Mata Atlântica, localizado na foz do Rio Sibiró, quando deságua no Rio Sirinhaem, o primeiro pedacinho de terra do Brasil avistado por europeus! Nunca encontrei isso escrito em lugar algum. Parece uma ousadia tal afirmação, porém me parece bem plausível.

Divaguei demais para voltar para a pedalada, mas foi só para vocês entenderem porque a Serra Selada era o grande objetivo da primeira vez. Desta feita, simplificando, eu tracei direto e deu certo. Sai sozinho de Porto antes das 06:00, não demorando para chegar na PE-60 e daí no Engenho Sibiró, com o velho cenário que não deve mudado muito em 400 anos. Alguns quilômetros depois o Engenho Anjo. Antes dele, uma montanha me levou a confundir o objetivo. Porém, o GPS e o Rio Sibiró não deixaram dúvidas: passado o Anjo, chegara na Serra Selada. Marquei o ponto no Garmim, tirei umas fotos, mas o 'voo solo' impediu qualquer exploração.

Na sequência traçada, para reabastecer, escolhi um vilarejo. Perguntei por uma venda e me apontaram uma casa. Pedi água mineral, mas só havia refri de 2 litros. A dona vendo minha aflição perguntou se eu não queria tomar a água dela e eu aceitei. Recordei-me da sofrência do contorno de Tapacurá. Meu rumo agora era Camela, entre matas e canaviais. Nada demais, só alguma lama, de vez em quando, por conta da chuvada da véspera. Completei o percurso sem incidentes.

Aliás, para registrar, foi meu primeiro pedal clipado, e presumo que foram os inúmeros avisos e dicas dos amigos que me fizeram completar o percurso sem quedas.

Waypoints

PictographSummit Altitude 43 ft
Photo ofSerrra Selada

Serrra Selada

Serra Selada

PictographWaypoint Altitude 34 ft

Engenho

Engenho nao identificado

PictographWaypoint Altitude 49 ft

EngSibiro

Engenho Sibiro

PictographBridge Altitude 41 ft

Ponte

Ponte

PictographWaypoint Altitude 41 ft

Eng Anjo

Engenho Anjo

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