Viagem do século 27-09

Durante a noite ouvi uns barulhos muito estranhos, não consegui identificar qual bicho foi, de manhã vi uns rastros diferentes indo em direção a uma toca, talvez deve ter sido um tatu gripado, vai saber. Arrumei as coisas, refiz o curativo na canela e segui viagem. Passei por caseara e abasteci enchendo o galão reserva, cheguei até a balsa que cruza o rio Araguaia e entra no estado do Pará, 16 reais a moto. A balsa levou cerca de 20 minutos pra chegar, algumas pessoas vieram perguntar sobre a moto, viagem etc. Eu planejava tomar um banho, mas não deu tempo. A balsa chegou. A travessia leva uns 50 minutos. O assunto do momento é eleição, todo mundo falando disso, por 50 minutos. Saindo, peguei sentido oeste, passei por Santana do Araguaia, no Pará. Resolvi tomar um banho e almoçar em um posto na beira da estrada. Banho bom, almoço bom, comi um chocolate, fiz umas ligações e refiz o curativo. Nisso, uns caras que estavam na balsa chegaram de caminhão e pediram minha ajuda pra descer uma moto da carga. Ajudei e passei uma fita isolante na seta, que havia quebrado. Muito obrigado, boa viagem e cada um seguiu o seu caminho. Estava indo devagar apesar da estrada ser boa. Alguns trechos sem sinalização, muito desmatamento e poucas áreas de vegetação nativa. Alguns km dps e já estava em Mato Grosso. Passei por várias vilas e cidades pequenas. Aqui, os habitantes tem em comum o hábito de ignorar as regras de trânsito. Inclusive uso de capacete é uma lei que não pegou por aqui. Chegando em Confresa, abasteci denovo por via das dúvidas enchi o camelback, perguntei umas direções pras frentista que me mostraram um mapa que dizia onde era asfalto e terra. Agradeci pelas informações e parei em um mercado pra comprar umas coisas. Batata, cenoura, kissuco, agua e Gatorade. Peguei a estrada sentido São João do Araguaia. Uns 10km apos Confresa começou a pingar e o asfalto já estava molhado. Acampar na chuva não é fácil, então iria tentar acampar em algum sítio. Por volta das 17:30 passei por uma propriedade, cerca de 45km de Confresa, vi várias pessoas do lado de fora, resolvi parar e perguntar se poderia acampar ali. Um senhor me respondeu que eles estavam sem energia elétrica pois deu um vendaval que derrubou uma árvore bem na fiação. Falei que pra mim não teria problema, só queria um teto e um chão seco. Ele entao me disse que eu podia dormir em sua propriedade. Um pé de caju e um pé de goiaba caíram com o vento e cortaram a fiação do postinho de luz. O filho do homem pegou uma motosserra e começou a cortar os galhos e eu ajude levando eles pra longe. A motosserra estava falhando por falta de combustível. Falei q eu tinha gasolina na moto se precisasse, então temperamos 2l de gasolina mas a corrente da motosserra bateu numa garrafa de vidro e perdeu totalmente o corte antes de precisar da gasolina que dei. Disse que eles podiam ficar com o combustível e que era o mínimo que podia fazer em troca do teto. Me ofereceram o chuveiro, caso quisesse tomar um banho, mas teria que ser rápido pois sem eletricidade a bomba do poço não enche a caixa d'água. Dei uma lavada pra tirar o suor. Chegaram uns vizinhos pra conversar, falaram que ventou muito e destelhou a cada deles tbm. Maior vendaval q já viram por essas bandas. Depois de alguns minutos tu foram embora. Tentei tirar algumas fotos com o celular usando 4 e 8 segundos de abertura, pois havia só uma vela iluminando o ambiente. Me ofereceram um café, que tomei um gole,  depois uma janta, arroz, feijão e bolinha de carne. Estava muito bom, comi duas vezes e agradeci pela refeição. Com a barriga cheia começamos a conversar e descobri o nome do sr q me recebeu, Seu Juvencio, de 85, 86 ou 87 anos ele não tinha muita certeza sobre isso, mas é disse que todo dia levanta cedo e anda 1km pra baixo na rodovia e volta. Eu Disse que ele não aparentava essa idade e que ele estava muito bem de saúde. Após o café tbm falamos sobre caminhos e me disseram que dps de São João do xingu tem bastante terra, dei uma olhada no mapa e vi que provavelmente essa rota q estou não vai ser uma boa devido as chuvas.