Viagem Do século 05/03/2019

Essa viagem é uma continuação da viagem anterior pro Peru, em teoria é uma coisa só, mas tive que dividi-la por vários motivos. Primeiro que não teria animo de fazer tudo de uma só vez, esse tipo de viagem é cansativo. E não teria como ficar tanto tempo longe da minha família. Minha esposa, que na época era noiva, concordou em me deixar viajar mais uma vez, então peguei minhas coisas e fui pra Matão fazer os preparativos e sair o quanto antes, pois teria um prazo pra voltar. Como já tinha todo equipamento, essa parte foi rápida, menos de uma semana já estava tudo certo, os baús arrumados, pneu novo e as tralhas separadas. O mapa com os pontos que queria visitar também estava pronto, mudei pouca coisa. Dessa vez consegui diminuir a bagagem, levei menos coisas, dispensei o que não foi utilizado na viagem passada e adicionei umas. Comprei uma lona de 3m x 4m pra ajudar nos dias chuvosos de camping. É muito volumosa e utilizei apenas 3 vezes, mas foi extremamente importante no frio. Levei menos roupa, mas mesmo assim algumas foram e voltaram sem uso. No fundo é difícil imaginar como enxugar ainda mais a bagagem pois acampar e cozinhar precisa de muita coisa. Se não fosse por isso, apenas um baú traseiro daria conta de acomodar tudo. A expectativa estava alta, dessa vez iria pra Ushuaia-AR, que é a cidade mais austral da terra. Destino de muitos viajantes e aventureiros em busca de aventura e paz. Ainda não havia pensado como seria a volta e malemá pensei na ida. Tinha em mente alguns lugares que queria ver. O planejamento seria feito durante o trajeto conforme o humor e o tempo. Acho que viajar assim é mais legal pois não cria expectativas falsas e permite viver um dia de cada vez. Tendo todo equipamento de camping, dormir era só uma questão de encontrar um lugar adequado. Também poderia dormir em um hotel, nada estava definido e haviam infinitas possibilidades. Ter equipamento para cozinhar também dava mais liberdade. Normalmente tomava café e jantava então tinha muita comida no baú. Uma tática interessante era comprar hambúrguer em mercadinhos no final da tarde pra jantar. Parecia até comida de gente, além de ser bem divertido. Em contra partida, tinha que lavar a louça todo dia. Desse jeito o custo principal da viagem foi apenas combustível.
05/03
Sai de Matão por volta de meio dia, a ideia nem era rodar muito no primeiro dia, tocada bem tranquila andei 570km. Peguei algumas chuvas no caminho mas foi até gostoso pra refrescar o calor estou usando uma bota de borracha dessa vez pois desistir de comprar uma bota de moto que seja impermeável, além de muito cara é volumosa com um uso intenso ela perde a impermeabilidade ao contrario da bota de borracha que vai ser impermeável por toda vida útil e custou uma fração de uma bota de couro. Se perder, rasgar ou roubarem o prejuízo é pequeno e é facilmente substituída. Nesse trecho não aconteceu nada que valha menção, apenas um caminhão que estourou o pneu logo na minha frente em uma subida antes de um pedágio. Assustei com o barulho e pensei que iria voar pedaço de borracha em mim, mas só saíram alguns pedacinhos de madeira, como estava a uma distância segura, foi só desviar. Pensei em passar por Curitiba, mas desisti e acabei indo por Ponta Grossa. Já estava entardecendo e comecei a procurar um lugar pra acampar. Achei um lugar muito bom uns 15km antes de Palmeira-PR. Entrei em uma estradinha de terra com um túnel de arvores, atravessei uns 100 metros de soja e me escondi atrás de uma moita que tinha no meio da plantação.Duvido que alguém me acharia ali. Dei uma capinada no mato e acomodei a barraca do lado da moto. A janta foi arroz com legumes e suco em pó. Amanhã vou continuar descendo sentido sul e vou passar pela Serra do Corvo Branco ou pela Serra do Rio do Rastro, ainda não decidi. Como já conheço a Serra do Rio do Rastro, provavelmente vou pelo outro caminho.