Activity

Versejando entre o Magoito e a Aguda

Download

Trail photos

Photo ofVersejando entre o Magoito e a Aguda Photo ofVersejando entre o Magoito e a Aguda Photo ofVersejando entre o Magoito e a Aguda

Author

Trail stats

Distance
8.53 mi
Elevation gain
965 ft
Technical difficulty
Easy
Elevation loss
620 ft
Max elevation
475 ft
TrailRank 
85 4.7
Min elevation
475 ft
Trail type
One Way
Moving time
3 hours 11 minutes
Time
3 hours 46 minutes
Coordinates
2223
Uploaded
October 5, 2020
Recorded
August 2020
  • Rating

  •   4.7 2 Reviews

near Magoito, Lisboa (Portugal)

Viewed 2850 times, downloaded 57 times

Trail photos

Photo ofVersejando entre o Magoito e a Aguda Photo ofVersejando entre o Magoito e a Aguda Photo ofVersejando entre o Magoito e a Aguda

Itinerary description

"Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal! “
Olho o imenso azul para além do Forte de Santa Maria. Penso em histórias de piratas e gente brava defendendo estas costas... penso no poeta e na Mensagem... penso em quão dura é a vida para quem do mar vive ou perto dele viveu... penso que aqueles que, lá em baixo, usufruem desta linda tarde estival, numa das mais belas praias desta costa o fazem alheios a cogitações fantasiosas de quem os observa aqui do alto às 5 da tarde.
Sacudo a poeira do tempo e contemplo a branca espuma das ondas desmaiando suavemente nas pedras antes de beijar a areia dourada. As rochas alinhadas em paralelas fileiras rastejam em direção ao areal. Praia do Pedregal, chamam-lhe as gentes daqui.
As rochas estendem-se para o sul. Lá ao fundo um outro areal dá vida à Praia da Aguda. A arriba fóssil que une as duas praias tem a beleza da antiguidade dos calcários e margas que mostram um calendário de camadas paralelas que contam histórias a quem as sabe ler. A mim basta-me esta beleza que me enche o olhar e apazigua o espírito.
Eis que chegam os outros companheiros. Vamos que se faz tarde. Subimos um pouco pela Estrada de Santa Maria. Um cento de metros, ou menos, serão andados e já descemos por um passadiço rampeado de madeira que encontrámos à direita. Apreciando a verdejante encosta defronte e a praia à direita, descemos ziguezagueando até ao fundo.
A Ribeira da Mata, que calmamente vimos desaguar na praia, acompanha-nos, cantando suavemente à nossa direita, enquanto as botas se afundam na areia do carreiro e o adensado caniço nos tolhe a vista das águas.
Deixámos há algum tempo de ouvir a água da ribeira e lembramos que alguém houve que ousou chamar de Rio Touro a um ribeirinho tão manso.
Atravessamos agora a ribeira. A mansidão deve-se afinal à falta de água. Por aqui correrá ainda mas abaixo do solo. Se assim não fora não a teríamos visto chegar à praia.
Eis que chegamos a um belo recanto, marcadamente cársico, que apresenta na rocha defronte o esqueleto de uma cascata que deverá ressuscitar deslumbrante em tempos mais invernosos. As abas desgastadas do sedimento dão forma de beleza de lapa cársica à encosta. No leito da Ribeira a água empossou em estrutura que parece ter sido feita por mão de gente.
Saímos do trilho para tentar gravar a singeleza de uma casa que foi outrora uma azenha. Em cima, um trio de moinhos saloios, ainda que sem velas asteadas, dão graciosidade ao outeiro.
Entramos em Gouveia, a "Aldeia em Verso". Sabíamos que por aqui andou alguém semeando quadras de sabor popular, eternizando gentes e lugares. Foi o Zé Massano (José Valentim Lourenço) que herdou a alcunha e o jeito de versejar do avô. Humilde na sua génese, agigantou-se em iniciativas: pintando de poesia, em azulejo bem português, a toponímia da sua terra e vizinhos; dando origem às cegadas que percorriam as ruas das aldeias de Gouveia e Fontanelas; criando o grupo de teatro que teve êxito até fora da comunidade onde nasceu...
A aldeia, de traço saloio, mantém orgulhosamente o espírito do Zé Massano preservando as estruturas tradicionais que nos transportam ao dia-a-dia das nossas gentes na 1ª metade do século passado.
Passamos pelas ruas, tiramos água dos poços, atravessamos o Rossio, sentamo-nos no banco de azulejo da galilé da linda capela de N.ª Sr.ª de Belém, vamos lendo estórias de gentes e locais nas quadras de Zé Massano, visitamos o Poço da Ti Rosa "Se quer matar a secura / pode beber à vontade / desta água que é tão pura / como pura é a verdade".
Subimos ao Moinho. O Zé Massano não o reconheceria. Está arranjadinho mas cá fora não tem velas nem mastro nem varas nem búzios cantando ao vento. Lá dentro duvido que haja mós, que haja pião, que haja tremonha... bem... já não é moinho!
Ficaram para trás os versos, entramos no verde. Apressamo-nos... o sol não espera. Esperamos nós o êxtase da poesia de cores nos momentos do seu mergulho. E assim é... Vou tentar ilustrar, perdoem se não conseguir. Ainda na serra e quedamo-nos. O momento é de deslumbre. Recordamo-nos que temos que regressar à Praia do Magoito entre a arriba e o mar e para isso é preciso que a maré ainda esteja baixa. Chegamos ao miradouro da praia da Aguda. Pela grande escada, na arriba pendurada, sobem os veraneantes mais retardatários,aqueles que não fora serem obrigados ali permaneceriam por tempo infindo. Nós vamos descendo e pensando em quem arquitetou e enginheirou esta obra e no quanto custará subir a quem desejava que a tarde não acabasse tão breve.
O espetáculo do ocaso ainda não terminou. Reflete-se na água do oceano a luz difusa de quentes cores criando efeitos cromáticos incríveis. Todos os telemóveis estão activos e nós esquecidos que o tempo e a subida da maré não esperam.
Vamos que o tempo urge!
Fomos quase correndo de uma à outra praia. Será belíssima esta arriba como belíssimas serão estas rochas que do mar vêm abrigar-se junto à encosta mas de noite todos os gatos são pardos.
Atravessamos a vau a ribeira da Mata, o que não faríamos quando passa a RioTouro. Subimos encostados à Duna Consolidada sem podermos apreciar a extraordinária beleza deste arenito agregado e moldado pelo tempo.
"Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena."
Nós trazemos a alma imensa depois de uma tão bela caminhada.
Bem haja a quem a tornou possível.

Waypoints

PictographPhoto Altitude 0 ft
Photo ofA bela arriba fóssil entre a praia do Magoito e a da Aguda

A bela arriba fóssil entre a praia do Magoito e a da Aguda

PictographPhoto Altitude 92 ft
Photo ofVista da estrada de S.ta Maria e início do passadiço Photo ofVista da estrada de S.ta Maria e início do passadiço

Vista da estrada de S.ta Maria e início do passadiço

PictographPhoto Altitude 27 ft
Photo ofPor entre canaviais

Por entre canaviais

PictographPhoto Altitude 26 ft
Photo ofÀ sombra dos caniços

À sombra dos caniços

PictographPhoto Altitude 54 ft
Photo ofA mansidão dos gigantes Photo ofA mansidão dos gigantes

A mansidão dos gigantes

PictographPhoto Altitude 45 ft
Photo ofTristes por não morrerem de pé

Tristes por não morrerem de pé

PictographPhoto Altitude 103 ft
Photo ofBraços para trás que as folhas cortam

Braços para trás que as folhas cortam

PictographPhoto Altitude 131 ft
Photo ofVestígios cársicos Photo ofVestígios cársicos

Vestígios cársicos

PictographPhoto Altitude 128 ft
Photo ofAlgumas vezes a natureza faz com que nos curvemos Photo ofAlgumas vezes a natureza faz com que nos curvemos Photo ofAlgumas vezes a natureza faz com que nos curvemos

Algumas vezes a natureza faz com que nos curvemos

PictographPhoto Altitude 153 ft
Photo ofO leito do ribeiro bem seco Photo ofO leito do ribeiro bem seco

O leito do ribeiro bem seco

PictographPhoto Altitude 147 ft
Photo ofAqui jaz a cascata que há de ressuscitar lá mais para o inverno Photo ofAqui jaz a cascata que há de ressuscitar lá mais para o inverno Photo ofAqui jaz a cascata que há de ressuscitar lá mais para o inverno

Aqui jaz a cascata que há de ressuscitar lá mais para o inverno

PictographPhoto Altitude 195 ft
Photo ofTerá sido azenha

Terá sido azenha

PictographPhoto Altitude 202 ft
Photo ofOs belos moinhos no outeiro Photo ofOs belos moinhos no outeiro

Os belos moinhos no outeiro

PictographPhoto Altitude 183 ft
Photo ofCores de outono em pleno verão Photo ofCores de outono em pleno verão

Cores de outono em pleno verão

PictographPhoto Altitude 406 ft
Photo ofEntramos na Aldeia em Verso

Entramos na Aldeia em Verso

PictographPhoto Altitude 437 ft
Photo ofRossio de Trás

Rossio de Trás

PictographPhoto Altitude 431 ft
Photo ofQue treta!... olha o melro, heim!

Que treta!... olha o melro, heim!

Anda comigo, meu amor, Vamos até à horta Esquece lá o pudor O que vamos fazer não importa.

PictographPhoto Altitude 441 ft
Photo ofNo largo do rossio agora rebatizado com o nome do poeta Photo ofNo largo do rossio agora rebatizado com o nome do poeta Photo ofNo largo do rossio agora rebatizado com o nome do poeta

No largo do rossio agora rebatizado com o nome do poeta

O poço está bem conservado, tem água e um balde preso na corda que passa pela roldana. Tirámos água para nos refrescarmos.

PictographPhoto Altitude 436 ft
Photo ofA capela de Nossa Senhora de Belém Photo ofA capela de Nossa Senhora de Belém Photo ofA capela de Nossa Senhora de Belém

A capela de Nossa Senhora de Belém

PictographPhoto Altitude 445 ft
Photo ofDentro do poço também tem uma quadra

Dentro do poço também tem uma quadra

PictographPhoto Altitude 452 ft
Photo ofO poço da Ti Rosa Photo ofO poço da Ti Rosa

O poço da Ti Rosa

Talvez o poço mais igual ao que era em tempos.

PictographPhoto Altitude 477 ft
Photo ofAçougue - poucos saberão o que é

Açougue - poucos saberão o que é

PictographPhoto Altitude 458 ft
Photo ofSerá que ainda existe esta barroca?

Será que ainda existe esta barroca?

PictographPhoto Altitude 420 ft
Photo ofUma bela buganvília dá cor ao muro de um casal Photo ofUma bela buganvília dá cor ao muro de um casal

Uma bela buganvília dá cor ao muro de um casal

PictographPhoto Altitude 421 ft
Photo ofO moinho está lá mas já o não é.

O moinho está lá mas já o não é.

PictographPhoto Altitude 440 ft
Photo ofDo moinho resta a forma da estrutura Photo ofDo moinho resta a forma da estrutura

Do moinho resta a forma da estrutura

PictographPhoto Altitude 457 ft
Photo ofO pinhal

O pinhal

PictographPhoto Altitude 425 ft
Photo ofAinda assim é.

Ainda assim é.

PictographPhoto Altitude 358 ft
Photo ofDepressa, que o sol não tarda a pôr-se!

Depressa, que o sol não tarda a pôr-se!

PictographPhoto Altitude 354 ft
Photo ofO parque de merendas em contra luz

O parque de merendas em contra luz

PictographPhoto Altitude 348 ft
Photo ofUma estrutura que convida ao convívio

Uma estrutura que convida ao convívio

PictographPhoto Altitude 312 ft
Photo ofDobrado pela idade e condições adversas, serve agora à foto Photo ofDobrado pela idade e condições adversas, serve agora à foto

Dobrado pela idade e condições adversas, serve agora à foto

PictographPhoto Altitude 301 ft
Photo ofAinda na serra começamos a apreciar o pôr do sol Photo ofAinda na serra começamos a apreciar o pôr do sol Photo ofAinda na serra começamos a apreciar o pôr do sol

Ainda na serra começamos a apreciar o pôr do sol

PictographPhoto Altitude 244 ft
Photo ofPoesia de cor - sol e lua Photo ofPoesia de cor - sol e lua Photo ofPoesia de cor - sol e lua

Poesia de cor - sol e lua

PictographPhoto Altitude 223 ft
Photo ofMais cor...

Mais cor...

PictographPhoto Altitude 205 ft
Photo ofGaivotas ao pôr do sol

Gaivotas ao pôr do sol

PictographPhoto Altitude 170 ft
Photo ofDo miradouro da Aguda Photo ofDo miradouro da Aguda Photo ofDo miradouro da Aguda

Do miradouro da Aguda

PictographPhoto Altitude 162 ft
Photo ofDescendo a grande escada pendurada na arriba

Descendo a grande escada pendurada na arriba

PictographPhoto Altitude 160 ft
Photo ofArriba abaixo Photo ofArriba abaixo

Arriba abaixo

PictographPhoto Altitude 99 ft
Photo ofChegando ao areal

Chegando ao areal

PictographPhoto Altitude 45 ft
Photo ofA sinfonia da cor vista do areal Photo ofA sinfonia da cor vista do areal Photo ofA sinfonia da cor vista do areal

A sinfonia da cor vista do areal

PictographPhoto Altitude 54 ft
Photo ofVamos apreciando os cambiantes da luz refratada Photo ofVamos apreciando os cambiantes da luz refratada Photo ofVamos apreciando os cambiantes da luz refratada

Vamos apreciando os cambiantes da luz refratada

PictographPhoto Altitude -25 ft
Photo ofEsquece-se que temos tempo contado Photo ofEsquece-se que temos tempo contado

Esquece-se que temos tempo contado

PictographPhoto Altitude -21 ft
Photo ofBoa noite! Photo ofBoa noite! Photo ofBoa noite!

Boa noite!

PictographPhoto Altitude 49 ft
Photo ofOlhamos o mar e vai outra foto

Olhamos o mar e vai outra foto

PictographPhoto Altitude -22 ft
Photo ofAqui se acaba.

Aqui se acaba.

Comments  (7)

  • Photo of Delfim Nobre
    Delfim Nobre Oct 9, 2020

    Amigo Joaquim, muito obg por esta tão bela reportagem da nossa caminhada.
    Bem hajas! Um abraço

  • Photo of j.jesus
    j.jesus Oct 10, 2020

    Está com 3 Kms em excesso porque me esqueci de desligar o GPS quando chegámos ao ponto de partida. Qualquer dia edito.

  • rutemsilva92 Sep 26, 2021

    I have followed this trail  verified  View more

    gostei muito! fez-se um bom percurso

  • Photo of j.jesus
    j.jesus Sep 26, 2021

    Bem haja, rutemsilva, pelo comentário e avaliação..

  • rutemsilva92 Sep 26, 2021

    Obrigada eu! Ainda estou a tentar descobrir a aplicação! Gostava de mais percursos assim circulares como este no distrito de Lisboa! Conhece?

  • Photo of j.jesus
    j.jesus Sep 26, 2021

    Ainda que o meu "meio" seja mais a zona do PNSAC tenho alguns trilhos na zona de Montejunto, Sintra e Mafra.
    Se tiver paciência pode procurar no meu perfil os trilhos publicados.
    Hoje estou a 30 kms de Santiago de Compostela depois de quase 300 kms no Caminho Primitivo.
    Será a próxima publicação: 12 etapas.

  • rutemsilva92 Sep 26, 2021

    Ah muito bem! Boa caminhada então 💪🏻

You can or this trail