Um passeio pela Rota do Volfrâmio
near Sazes da Beira, Guarda (Portugal)
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Trail photos
Itinerary description
Ali juntinho ao local onde estacionámos estava a Capela de Santa Eufémia e o coreto no adro das festas mas nem uma nem outro conseguiram calar a distração que a animada conversa provocou. Adia-se a visita para ocasião menos distraída.
Palrando, quais crianças que regressam ao recreio da escola, vamos subindo o rústico escadório em direção à Senhora do Monte Alto.
Desvio-me um pouco para apreciar o jardim que segue ao nosso lado. Um olhar de culpa para a capela de Santa Eufémia e outro de deleite sobre a paisagem que se estende pelo vale do Alva afora.
O altar sacrificial no alpendre tem a porta cerrada por detrás anulando qualquer pretensão de visitar o pequeno templo da Senhora do Monte Alto.
Seguimos caminho já na rua 25 de Abril. Reparamos num leão orgulhoso que guarda uma antiga sineta que, se tocada, não só chamaria o dono da casa como alertaria toda a povoação.
Entramos num caminho de terra. Os poucos pinheiros que sobreviveram ao grande incêndio de 2001 não escondem as paisagens de beleza serrana que se nos oferecem ao olhar. Os pássaros chilream, cantam e piam à nossa volta. As borboletas oferecem-nos o colorido das asas no voo errante ao sabor da brisa. Rodeados do verde da vegetação e dos cambiantes castanhos do xisto chegamos a uma das "chaminés" da mina. Diz-se que já os romanos daqui tiravam o estanho que combinavam com o cobre para obter o bronze das estátuas, sinos e de mais uma miríade de utensílios. A época áurea das minas seria, no entanto, no início do século XX na exploração do Volfrâmio para as armas que haveriam de dizimar uma parte significativa do velho continente. Então os pastores e lavradores, netos de outros que subiram a Serra à procura de pastagens e parcelas de cultivo, vindos de Corgas e Sandomil, entraram na terra buscando o sustento numa atividade difícil e perigosa mas mais rentável que a pastorícia e a agricultura de subsistência. As escombreiras que ladeiam à nossa esquerda são prova de uma atividade contínua e pesada. O Couto Mineiro de Malhapão, este, seria de pequena monta, não tendo comparação com a Panasqueira ou a Borralha mas deixou marcas nas terras e gentes desta região.
Passamos uma entrada de acesso à mina. Apertada e húmida terá visto homens sãos entrar e cirroses sair para que não faltasse a outros a matéria prima dos instrumentos de morte.
O pensamento atrasou meus passos e já sigo, correndo, no encalço dos meus companheiros.
Passamos ruínas de velhas casas que guardaram utensílios, minério, gente e histórias que as pedras calam em tristes segredos.
Atravessamos a ribeira de Sazes mesmo juntinho à nascente. Lá muito em baixo entregará suas águas ao Alva.
Descemos por caminhos de pastores e agricultores. Grandes lages xistosa enterradas à esquerda impedem derrocadas e balizam o caminho. Em dias frios de névoa serão como anjos da guarda. Cogitamos sobre homens de enxada às costas, mulheres de feixes à cabeça, crianças apressando o gado, pássaros chilreando alheios à labuta que aqui se ia desenrola num desfiar de tristezas e alegrias de vidas mais aceites que vividas.
Descemos lestos passeando a nossa indiferença no usufruto de uma natureza pródiga e descomprometida com alegrias e sofrimentos.
Não deixo de apreciar estas maravilhosas paisagens que se estendem pelo Vale do Alva além. Faltam-me qualificativos para as descrever.
Aqui só vem quem por bem vem.
Uma pequena levada leva-nos até à aldeia. Somos indiferentes ou mesmo invisíveis para as ovelhas que pastam na courela mas um pequeno cordeiro barrega e vem na nossa direção. "que lindo!" ouço dizer. E o resto?... Questiono-me.
Casas de xistos alternam com outras rebocadas e marcadas pela emigração. As primeiras grangeiam a nossa atenção e admiração, as outras a nossa indiferença. No entanto são estas últimas que terão sido mais desejadas por quem aqui vivia invernos e verões. O fim da exploração mineira deu lugar à emigração e a população que era de mais de 670 habitantes nos anos 60 do século passado resume-se agora a pouco mais de 300.
A igreja de Nossa Senhora do Rosário que data da primeira metade do século XVIII, está, como tantas outras país afora, encerrada. Fica por ver o altar gótico que trazíamos como referência.
O acumulado de gente no café da aldeia cerceou-nos a vontade de uma cerveja fresquinha.
Seguimos pela avenida (avenida apenas porque é a rua mais larga) Jorge Correia (será que este era o sr. Jorge da Fisel que foi presidente da câmara de Seia?...) e deparamo-nos com uma alminha em forma de estela de granito incrustada num muro de xisto. Que idade terá?... de onde veio?... o que invocava?... Tudo questões sem resposta.
E foi assim, pensativo, que cheguei como não havia partido...
Belo passeio. Para 1º dia na serra não está mal. Amanhã espera-nos a descida de Alvoco a Vide.
Palrando, quais crianças que regressam ao recreio da escola, vamos subindo o rústico escadório em direção à Senhora do Monte Alto.
Desvio-me um pouco para apreciar o jardim que segue ao nosso lado. Um olhar de culpa para a capela de Santa Eufémia e outro de deleite sobre a paisagem que se estende pelo vale do Alva afora.
O altar sacrificial no alpendre tem a porta cerrada por detrás anulando qualquer pretensão de visitar o pequeno templo da Senhora do Monte Alto.
Seguimos caminho já na rua 25 de Abril. Reparamos num leão orgulhoso que guarda uma antiga sineta que, se tocada, não só chamaria o dono da casa como alertaria toda a povoação.
Entramos num caminho de terra. Os poucos pinheiros que sobreviveram ao grande incêndio de 2001 não escondem as paisagens de beleza serrana que se nos oferecem ao olhar. Os pássaros chilream, cantam e piam à nossa volta. As borboletas oferecem-nos o colorido das asas no voo errante ao sabor da brisa. Rodeados do verde da vegetação e dos cambiantes castanhos do xisto chegamos a uma das "chaminés" da mina. Diz-se que já os romanos daqui tiravam o estanho que combinavam com o cobre para obter o bronze das estátuas, sinos e de mais uma miríade de utensílios. A época áurea das minas seria, no entanto, no início do século XX na exploração do Volfrâmio para as armas que haveriam de dizimar uma parte significativa do velho continente. Então os pastores e lavradores, netos de outros que subiram a Serra à procura de pastagens e parcelas de cultivo, vindos de Corgas e Sandomil, entraram na terra buscando o sustento numa atividade difícil e perigosa mas mais rentável que a pastorícia e a agricultura de subsistência. As escombreiras que ladeiam à nossa esquerda são prova de uma atividade contínua e pesada. O Couto Mineiro de Malhapão, este, seria de pequena monta, não tendo comparação com a Panasqueira ou a Borralha mas deixou marcas nas terras e gentes desta região.
Passamos uma entrada de acesso à mina. Apertada e húmida terá visto homens sãos entrar e cirroses sair para que não faltasse a outros a matéria prima dos instrumentos de morte.
O pensamento atrasou meus passos e já sigo, correndo, no encalço dos meus companheiros.
Passamos ruínas de velhas casas que guardaram utensílios, minério, gente e histórias que as pedras calam em tristes segredos.
Atravessamos a ribeira de Sazes mesmo juntinho à nascente. Lá muito em baixo entregará suas águas ao Alva.
Descemos por caminhos de pastores e agricultores. Grandes lages xistosa enterradas à esquerda impedem derrocadas e balizam o caminho. Em dias frios de névoa serão como anjos da guarda. Cogitamos sobre homens de enxada às costas, mulheres de feixes à cabeça, crianças apressando o gado, pássaros chilreando alheios à labuta que aqui se ia desenrola num desfiar de tristezas e alegrias de vidas mais aceites que vividas.
Descemos lestos passeando a nossa indiferença no usufruto de uma natureza pródiga e descomprometida com alegrias e sofrimentos.
Não deixo de apreciar estas maravilhosas paisagens que se estendem pelo Vale do Alva além. Faltam-me qualificativos para as descrever.
Aqui só vem quem por bem vem.
Uma pequena levada leva-nos até à aldeia. Somos indiferentes ou mesmo invisíveis para as ovelhas que pastam na courela mas um pequeno cordeiro barrega e vem na nossa direção. "que lindo!" ouço dizer. E o resto?... Questiono-me.
Casas de xistos alternam com outras rebocadas e marcadas pela emigração. As primeiras grangeiam a nossa atenção e admiração, as outras a nossa indiferença. No entanto são estas últimas que terão sido mais desejadas por quem aqui vivia invernos e verões. O fim da exploração mineira deu lugar à emigração e a população que era de mais de 670 habitantes nos anos 60 do século passado resume-se agora a pouco mais de 300.
A igreja de Nossa Senhora do Rosário que data da primeira metade do século XVIII, está, como tantas outras país afora, encerrada. Fica por ver o altar gótico que trazíamos como referência.
O acumulado de gente no café da aldeia cerceou-nos a vontade de uma cerveja fresquinha.
Seguimos pela avenida (avenida apenas porque é a rua mais larga) Jorge Correia (será que este era o sr. Jorge da Fisel que foi presidente da câmara de Seia?...) e deparamo-nos com uma alminha em forma de estela de granito incrustada num muro de xisto. Que idade terá?... de onde veio?... o que invocava?... Tudo questões sem resposta.
E foi assim, pensativo, que cheguei como não havia partido...
Belo passeio. Para 1º dia na serra não está mal. Amanhã espera-nos a descida de Alvoco a Vide.
Waypoints
Photo
2,126 ft
Por onde se subia de enxada às costas e descia com molhos de feijão ou cabazes de milho
Comments (1)
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Um pequeno e agradável passeio. Paisagens maravilhosas num trilho histórico de baixo grau de dificuldade.