Túmio - Paisagem Protegida do Corno de Bico
near Lúzio, Viana do Castelo (Portugal)
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Trail photos
Itinerary description
Trata-se de uma área de mais de 2000 hectares, maioritariamente inserida no concelho de Paredes de Coura. O seu ponto mais alto atinge os 883 metros, justamente no Corno de Bico.
A paisagem é diversificada, alternando os frondosos bosques de folhosas com os planaltos escassamente arborizados, onde blocos graníticos arredondados, dispersos ou empilhados, dão o designado aspeto caótico à paisagem.
O carvalho, ainda que relativamente recente naquela zona (segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas – ICNF, esta importante mancha florestal foi plantada no decorrer dos anos 40 do séc. XX) é a espécie dominante. Esta fonte enumera ainda outras comunidades vegetais também importantes, como os bosques ripícolas, situados nas margens dos cursos de água e dominados pelo freixo-de-folha-estreita e pelo amieiro, para além das manchas de pinhal.
Mas não é tudo. Aqui podem ser encontrados o azevinho e a “orvalhinha”, espécie carnívora, das poucas que existem em Portugal.
Segundo os sites do ICNF e natural.pt, estarão inventariadas 439 espécies da flora, algumas das quais endémicas. Achamos particularmente interessante o Lameiro das Cebolas, um sítio com caraterísticas muito peculiares, propícias ao desenvolvimento da turfeira. Trata-se de uma zona húmida, onde a acumulação de matéria orgânica supera, em ritmo, a sua decomposição. O processo torna o solo ácido e sem oxigénio, dando origem ao desenvolvimento desse substrato – a turfeira – outrora utilizado como carvão.
Em relação à fauna, esta zona não defraudará ninguém. Uma variedade imensa de espécies de aves encanta os bosques de Corno de Bico, entoado melodias que lembram efetivamente um santuário. Os mamíferos e os anfíbios também se fazem sentir, uns mais visíveis do que outros. A perdiz-comum, a toutinegra, o tartaranhão, o coelho-bravo, a víbora cornuda, o açor, o gavião, o pica-pau-verde, o morcego, o corço e o Lobo-Ibérico (espécies referidas pelo altominho.pt). O ICNF refere a existência de 188 espécies de vertebrados, 25 das quais de “elevada prioridade de conservação” (é o caso do Lobo-Ibérico, por exemplo). Os recursos de alimentação, reprodução e abrigo são apontados como os fatores determinantes para esta abundância.
A prestigiada National Geographic escreve: “A Paisagem Protegida do Corno do Bico é um santuário natural e, simultaneamente, uma prova de coexistência e resiliência humana ao carácter inóspito e agreste da natureza. É um testemunho de humanização de uma montanha que o homem rasgou com a força dos animais e transformou em jardim verde pungente com cheiro de urze e terra molhada.”.
Fizemos a nossa incursão nesta Paisagem Protegida seguindo a PCR PR1 (Trilho Corno de Bico), com início e final em Túmio. O nosso percurso cruza-se e sobrepõem-se algumas vezes ao Trilho do Sistema Solar e ao Trilho dos Moinhos, embora lhe tenhamos introduzido algumas variáveis a gosto pessoal.
Partindo do lugar de Túmio, depois de um breve e amistoso diálogo com um magnífico espécime da classe dos equus asinus (mais conhecido como burro ou asno), que por ali se alimentava, seguimos o estradão alcatroado até ao caminho de terra batida, optando, no primeiro cruzamento, pela via da direita. Este caminho leva ao alto do Corno de Bico, onde nos deleitamos com as magníficas vistas que o miradouro nos ofereceu.
Antes de lá chegarmos, fomos admirando os bosques verdes, e os horizontes, circundados pelas “paredes” que protegem o Coura. Entranhamo-nos numa floresta encantada, onde o posto de observação de aves não poderia faltar, com pontezinhas de madeira e passadiços nostálgicos, até ao Lameiro das Cebolas.
Depois, contornamos à esquerda, até ao topo, acima dos 830 metros de cota. E vimo tudo. O Vale do Lima, do Coura e do Vez, as paredes em volta, desde Arga à Peneda-Gerês, passando por Espanha. E adoramos o que vimos, como Deus adorou a sua criação, ao 7.º dia, antes do descanso.
Descemos à Chã do Mouro. Mais bosques encantados com duendes imaginários, fugidios, espreitando por detrás dos grossos troncos do arvoredo. Atravessamos o Coura, recém-nascido e insignificante, antes de voltarmos a Túmio.
Dialogamos com um cão-pastor, que guardava o seu rebanho, solitário… autoritário. Chegamos a um bom entendimento e o molosso reconheceu as nossas boas intenções. E tornou-se amistoso e meigo. Retribuímos.
Em Túmio, o burrico continuava solitário, ruminando a erva viçosa. Reconheceu-nos, mas deixou-se ficar, entediado pelo tempo. Olhou de longe e sorriu para foto.
O dia estava ganho e Corno de Bico conquistou-nos em definitivo.
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Waypoints
Aspeto do percurso
Os tons de verde vibrantes e os castanhos, especialmente nesta época do ano (Primavera) são uma constante e um deleite para os amantes da fotografia.
Aspeto do percurso
A Primavera enche a encosta e as flores transformam-na numa tela artística.
Panorama
Vencemal e Gaviães, no fundo da vale, dão cor a este velo quadro, onde os penedos dominam a paisagem.
Bosque
Este bosque é um dos múltiplos pontos de interesse do percurso. O seu encanto está no seu todo, mas a melódica sinfonia das muitas espécies de aves que o povoam é algo que deve ser presenciado. Não há, na nossa rica língua materna, vocabulário suficiente para a descrever.
Ponte
Esta parte do trilho entra numa zona húmida importante. Aqui convergem inúmeras espécies de aves, répteis e anfíbios e, claro, pequenos mamíferos. A água é um elemento vital. O percurso faz-se por pontes e passadiços e o posto de observação da vida selvagem não falta.
Waypoint
Este é um espaço de particular importância, já que se trata de um habitat particular da trufeira. É uma zona húmida, onde a acumulação de matéria orgânica apresenta um ritmo superior ao da sua decomposição, dando origem a esse substrato que foi, em tempos, utilizado como carvão. Fonte: natural.pt
Lameiro das Cebolas
O solo aqui é de uma acidez particular, o que impede outras plantas de proliferarem, por não tolerarem esse nível de acidez.
Alternativa
Embora as indicações da PR01 indicassem que deveríamos ter seguido em frente, após deixar o Lameiro das Cebolas, viramos à esquerda. Outros pontos de interesse nos esperavam.
Miradouro do Corno de Bico
Daqui a vista é fantástica e estende-se para as bandas de Vila Nova de Cerveira, Valença e Galiza, Peneda e Gerês.
Parque de merendas de Corno de Bico
Um bom local para a necessária pausa, sob o frondoso bosque de carvalhos.
Posto de vigia do Corno de Bico
Um planalto lindíssimo e outro dos grandes pontos de interesse do percurso.
Bosque de carvalhos
A descida é feita à sombra de mais um dos muitos e magníficos bosques de carvalhos que enriquecem esta zona protegida.
Penedos empilhados
Construção caprichosa da natureza. Inicialmente pretendíamos seguir por este trilho, que se apresentava com algum mato. Retrocedemos.
Panorama
Do lado do quadrante leste, com as montanhas da Peneda-Gerês em pano de fundo.
Círculo de árvores
Curioso aglomerado de árvores em forma de círculo perfeito. Penedos verdes embelezam o caminho.
Cão de guarda e seu rebanho
Apesar do seu "vozeirão" ao persentir a nossa presença, depressa conquistamos a confiança deste velho, fiel e meigo cão de guarda.
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