Trilhos do Marão: de Montes à Senhora da Serra e minas de Maria Isabel
near Montes, Vila Real (Portugal)
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Trail photos
Itinerary description
- Trilho circular, sem marcações, que liga a aldeia de Montes ao alto da Senhora da Serra, regressando pelas minas Maria Isabel (desativadas);
- Decorre entre a meia encosta nascente e o ponto mais elevado da serra do Marão, com passagem por vários pontos de referência deste maciço, entre a aldeia de Montes (772 mts), a Capela da Senhora da Serra (1416 mts) e as minas desativadas de Maria Isabel (1158 mts);
- Misto de caminhos com cascalheira, estradões de terra e caminhos de pé posto;
- Ao km 8,2 coincide com o PR5 SMP - Trilho da Srª da Serra, acompanhando este troço comum até à capela. A partir daí, afastamo-nos ao descer para as minas de Maria Isabel;
- Trilho com características moderadas, tendo em conta os declives acentuados. Destaque para a dificuldade acrescida no acesso descendente às minas de Maria Isabel, por estreito carreiro de pé posto (a vegetação dificulta a passagem), com várias passagens técnicas que obrigam ao uso das mãos para reforçar o equilíbrio e ajudar a ultrapassar os sucessivos desníveis;
- As minas de Maria Isabel estão desativadas. As entradas para as galerias escavadas nas rochas são bem visíveis e estão protegidas por gradeamentos amovíveis. É possível entrar nas galerias embora não seja de todo aconselhável avançar mais que meia dúzia de metros no seu interior, pois não se sabe o estado em que as galerias de encontram. Aproveitar o ar fresco que sai do seu interior será mais do que suficiente para, num dia quente, estabilizar a temperatura corporal. IMPORTANTE: não se deve beber água do seu interior, pois esta é extremamente ferrosa e não é controlada;
- Este trilho é um percurso relativamente acessível, embora se percorram caminhos cujo declive exige alguma capacidade física. Felizmente, esta encosta da serra ainda apresenta uma extensa mancha verde de cedros, abetos e pinheiros, que além de a protegerem da erosão natural dos solos, proporcionam sombra ao longo do estradão que sobe até à Senhora da Serra. No entanto, no período estival devem ser tomadas medidas de protecção solar, assim como precaver-se com bastante água. Nos meses mais frios, a neve pode ser um impedimento para a progressão e, se chover, o vento e a neblina serão dificuldades muito acrescidas. Botas e bastões são essenciais;
- No seu todo, é um percurso fisicamente exigente mas deslumbrante. A Serra do Marão é um maciço imponente, com vistas de 360º e uma localização privilegiada entre o rio Douro e o alto Douro vinhateiro, as serras do Alvão e da Aboboreira e os vales adjacentes ao rio Tâmega. Este percurso proporciona uma experiência altamente recomendável para quem procura beleza natural, exigência física e paisagens de perder de vista!
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- SERRA DO MARÃO
A Serra do Marão é a sétima maior elevação de Portugal Continental, com 1416 metros de altitude, 681 metros de proeminência topográfica e 59,9 km de isolamento topográfico. Situa-se na região de transição do Douro Litoral para Trás os Montes e Alto Douro. No ponto mais alto encontra-se o vértice geodésico do Marão e o Observatório Astronómico do Marão. A sua presença confere ao clima do interior transmontano um caráter continental. Apresenta uma boa mancha vegetal. Embora sejam frequentes os incêndios de Verão, é essencialmente constituída por pinheiros. A vinha é a cultura dominante nas zonas habitadas das suas encostas meridionais. Geologicamente é composta ou por largas manchas xistosas ou graníticas, existindo na zona da localidade de Campanhó uma pequena bolsa calcária, que é explorada para fins agrícolas (para correcção da acidez dos solos). Ao longo da serra encontram-se diversas instalações abandonadas da exploração de minas de volfrâmio que tiveram o seu auge nos tempos da Segunda Guerra Mundial. Constitui um obstáculo natural que atrasou de forma significativa o progresso do Interior Trasmontano até o século XIX. Contornado-o pelo Sul, a Linha do Douro afigurou-se a via mais rápida para ultrapassar o Marão desde a década de 1880, para onde convergiram outras vias férreas paralelas ao Marão, garantindo um fluxo de passageiros e mercadorias contínuo. Com a chegada da EN15, a situação pouco mudou, dadas as características de estrada de montanha sinuosa que esta representa ainda hoje. O IP4 foi a primeira rodovia a marcar de forma visível uma mudança no acesso entre Trás-os-Montes e o Litoral, mas devido ao seu traçado ainda o Marão constitui um perigoso ponto de passagem, somando acidentes entre Amarante e Vila Real. Em 2016 foi completado o prolongamento da A4 entre Amarante e a fronteira de Quintanilha (Bragança), denominada «Autoestrada Transmontana», incluindo o novo troço entre Amarante e Vila Real (alternativo ao IP4), o Túnel do Marão, o maior túnel rodoviário da Península Ibérica, o que permite percorrer este caminho de uma forma mais segura, tendo surgido como forma de evitar os acidentes que se sucediam, ano após ano, no IP4.
- PR5 SMP - TRILHO DA SRª DA SERRA
O Trilho da Srª da Serra trata-se de um percurso pedestre de Pequena Rota (PR) marcado e sinalizado de acordo com as diretrizes europeias e nacionais. Este 'trilho" é o quinto percurso pedestre integrado na Rede Municipal de Santa Marta de Penaguião, promovida pelo Município. O percurso percorre a parte mais alta da extensa Freguesia de Fontes, localizada em plena Serra do Marão e sendo a maior freguesia do Concelho. Grande parte do território da Freguesia de Fontes, desde a capela de S. Pedro até ao povoado de Crestelo, constituiu um povoamento castrejo, tendo sido profundamente romanizado. Em tempos já longínquos, no ancestral concelho de Penaguião, esta freguesia constituía uma vigararia da apresentação do Comendador da Comenda e honra locais - Ordem de Malta - tendo mais tarde, passado a reitoria independente. A prova documental mais valiosa da antiguidade desta freguesia é a ara greco-romana com a inscrição latina: AUGE CILEAE MINIME VOT.L.PO. Mais tarde, pouco depois da Fundação de Portugal, a freguesia recebeu forais de D. Sancho 1, em Agosto de 1202, e de D. Afonso III, em Julho de 1218. D. Manuel, em 15 de Dezembro de 1514, em virtude da importância da freguesia, concede-lhe novo foral, tornando-a vila e sede de Concelho, situação que durou até 1836. Este trilho parte da Igreja de Soutelo, lugar da freguesia de Fontes, subimos junto ao muro da Igreja e continuamos pelo caminho antigo que ligava o lugar da Póvoa da Serra a Soutelo. O caminho empedrado bordeado por vários exemplares da vegetação autóctone, tais como o tojo (Ulex europaeus), as urzes (Ericas sp.) e a carqueja (Baccharis articulata), abre-se na paisagem até chegarmos à Póvoa da Serra. Daqui seguimos numa longa ascensão por caminhos florestais e por ente densos pinhais, avistando aqui e ali diversas ravinas e escarpas da montanha do Marão. Passado algum tempo, atingimos o seu cume e a 1416 metros, ergue--se a ermida da Sr.ª da Serra do Marão, cuja romaria conhece-se em Portugal por ser a mais alta romaria. Depois de um merecido descanso, deslumbrando-nos com a ampla paisagem que nos rodeia, espera-nos uma extensa descida até ao lugar de Soutelo. Passando por entre ribeiros, pinhais e paisagens Intensas com desníveis acentuados, podemos avistar os típicos vinhedos em socalcos, formando um o pano de fundo de elevada beleza, característico desta singular região - o Douro Vinhateiro. Pelos ecos e sons emanados pela natureza, há sempre um som mais alto que se destaca, o piar das aves de rapina que por aqui vão vagueando à procura de um pequeno roedor ou de uma lagartixa distraídos pela vida. Chegados ao lugar de Soutelo, vamos de encontro ao local onde teve início este percurso pelo território mais elevado do Concelho de Santa Marta de Penaguião.
Tipologia - Circular
Distância - 12,6 Km
Duração aproximada - 4:30h
Tipo de piso - Caminhos rurais e de montanha
Grau de dificuldade - Médio
Local de Partida e de chegada - Igreja Paroquial de Soutelo
Waypoints
panorâmica 1
panorâmica das aldeias de Cotorinho e Soutelo e da A4 após a saída do Túnel do Marão
panorâmica 3
panorâmica da serra do Alvão (ao fundo) e da A4, após a saída do Túnel do Marão
panorâmica 5
panorâmica da Fraga da Ermida (1397 mts). A Fraga da Ermida é um dos mais belos locais da serra do Marão, não só pela sua apaixonante envolvente, mas porque dali é possível assistir ao maravilhoso nascer e pôr do sol.
Capela da Senhora da Serra
Também designada por Capela de Nossa Senhora do Marão. Fica situada no Pico da Serra do Marão, no limite dos distritos do Porto e de Vila Real e é um extraordinário miradouro. Nesta Capela celebra-se no 2ª domingo de Julho a romaria da Senhora da Serra, uma das mais típicas e antigas festividades da região. Este local, também marcado pela presença das instalações do emissor de comunicações do Marão, é ponto de passagem obrigatório para diversas provas de trail running e de BTT.
trilho difícil
Trilho de acesso às Minas de Maria Isabel. A vegetação cobre grande parte do estreito caminho. Apresenta várias passagens técnicas que requerem muito cuidado. Não aconselhável a pessoas sem experiência e crianças.
Minas de Maria Isabel
O Couto Mineiro do Marão (nº12) compreende uma série de explorações mineiras de minério de Volfrâmio e Estanho e Ferro (sendo este o minério explorado nas Minas conhecidas por Maria Isabel). Na freguesia da Campeã - Vila Real, existiu um complexo siderúrgico com altos fornos, onde era utilizado o minério de ferro proveniente do Marão e de Vila Cova. Cito aqui um texto sobre o referido complexo: "... a Siderurgia do Marão, erigida para tratar as magnetites de Vila Cova. A empresa chamava-se Minas de Vila Cova, SARL e a Siderurgia do Marão surgia como anexo mineiro, a única forma de ultrapassar o exclusivo que, nos termos do Condicionamento Industrial, Antonio Champalimaud tinha. Só duas nações, e por razões diferentes, tinham desenvolvido a electrosiderurgia: a Itália e a Noruega. A tecnologia escolhida para o Marão foi norueguesa e era norueguês (Elkem) o forno e seus pertences. Valor e benefícios não se podem negar aquele empreendimento que textualmente custou muito sangue, suor e lágrimas. Mas Portugal era o que era, não se desenvolveu como nós sonhávamos ou queríamos que se desenvolvesse, e a produção de gusa (ferro fundido primário) só a das Minas de Vila Cova excedia em muito o consumo nacional, aliás já abastecido também pela gusa de segunda fusão da Companhia Portuguesa de Fornos Eléctricos, em Canas de Senhorim." E assim acabou: "Um dia veio um sucateiro ítalo-brasileiro e arrematou por dez reis de mel coado os fornos de Vila Cova e da Milnorte, e ainda todos os outros que havia em Portugal, e levou-os para a Venezuela, dizem..."
Comments (4)
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A serra do Marão oferece muitas alternativas para trilhos fantásticos. Gostei particularmente deste, com passagem pelas minas de Maria Isabel, embora o acesso seja algo arriscado. Pena não terem passado pelo Padrão dos Centenários, monumento bastante desconhecido e ignorado. Obrigado pela partilha!
Obrigado, _BIO_RAIA_, pelo comentário e avaliação do trilho.
Tal como refiro no texto, o acesso às Minas Maria Isabel não é fácil. Mas o percurso, no seu todo, é muito interessante. Quanto ao Padrão dos Centenários, estive mesmo para lá passar... mas o calor já apertava demasiado e optei deixar para outra oportunidade.
Continuação de boas caminhadas!!
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Information
Easy to follow
Scenery
Moderate
Um excelente trilho pela serra do Marão. No entanto, o acesso às Minas de Maria Isabel está muito fechado pela vegetação, além de ser muito íngreme e perigoso. Recomenda-se muito cuidado, pois não é para todos! Pode-se ainda acrescentar um pequeno desvio para visitar o singular Padrão dos Centenários da Pátria, um monumento do estado novo que não foi concluído e com uma história muito particular. Vale a pena! Abraço!!
Obrigado, Aiguille du Midi, pelo comentário e avaliação do trilho.
De facto, o trilho é muito bonito mas tem essa condicionante no acesso às minas de Maria Isabel. É uma passagem mais arriscada que não se recomenda a qualquer pessoa. Obrigado também pela dica do Padrão dos Centenários da Pátria, pois na altura pensou-se em lá passar mas o calor que se fazia sentir fez-nos mudar de ideias e regressar rapidamente ao carro. Grande abraço e continuação de boas caminhadas!