Trilho Panorâmico do Tejo (Barquinha - Constância)
near Vila Nova da Barquinha, Santarém (Portugal)
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Trail photos
Itinerary description
Um dia em que o inverno se esqueceu de invernar e primaverou, decidimos fazer esta belíssima caminhada.
Estacionámos o carro mesmo defronte da estação da CP, que sincopou o topónimo e chamou-lhe apenas Barquinha. Sendo o trilho linear, programámos regressar de comboio, por isso ali deixámos o carro e ali iniciámos a caminhada escolhendo o caminho mais curto para chegar à bela zona ribeirinha do Tejo.
Numa área de 7 hectares estende-se o agradabilíssimo Barquinha Parque ou Parque Ribeirinho da Barquinha, inaugurado em Julho de 2005 e onde, em 2012 se instalou o Parque de Escultura Contemporânea Almourol (PECA) com obras de Alberto Carneiro; Ângela Ferreira; Carlos Nogueira; Cristina Ataíde; Fernanda Fragateiro; Joana Vasconcelos; José Pedro Croft; Pedro Cabrita Reis; Rui Chafes; Xana (Alexandre Barata); Zulmiro de Carvalho.
Descemos a Avenida dos Plátanos até à rampa do Tejo.
Com razão este parque se tornou o ex libris de Vila Nova da Barquinha. Associando natureza e cultura é uma zona de lazer das mais agradáveis que ao longo das margens do Tejo existem. Procurámos seguir o mais perto do rio quanto possível porque já várias vezes por ali passeámos e conhecemos bem o parque e tudo o que dele faz uma zona privilegiada. Passeando nossos passos mais que caminhando (duas coisas tão diferentes) fomos gozando deste maravilhoso entorno do rio. As obras de arte, espalhadas pelo relvado, estão identificadas mas também o estão algumas árvores. Talvez seja defeito meu mas liguei mais às árvores que à moderna arte. As árvores penso saber interpretá-las, a arte moderna tenho muito dificuldade. Falta de formação?... talvez. Ainda assim, há ali obras que admiro e penso saber interpretar.
Os canaviais deixavam que o sol nos fosse sorrindo. O céu estendia uma toalha azul na corrente mansa do rio e nós, tagarelando, fomos usufruindo espaço, tempo e amizade.
Chegados ao final do parque subimos à Rua da Barca e, por ela "navegando" fomos por um pouco mais que uma centena de metros. Entrámos então num carreiro que, entre canaviais ribeirinhos e terras de cultivo de milho, nos "desembarcou" num fresco caminho de floresta que à Avenida do Cais em Tancos nos levou.
Passámos em frente à antiga Igreja da Misericórdia, onde atualmente funciona o Centro Cultural de Tancos. A igreja terá sido construída em 1585, a crer no que está escrito no portal. Parece no entanto, que o local foi mal escolhido pois as cheias do Tejo invadiam esta rua com frequência e entravam igreja adentro e não era para orar. Por tal humidade se foi deteriorando o templo, de modo que em 1937 foi pretexto para que Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais procedesse a remoção de tudo o que se encontrava no interior, azulejos incluídos. Em frente está o Jardim Ribeirinho. O espaço convidava ao descanso e meditação diante das águas calmas, sob um velho chorão, mas... nós tínhamos o tempo contado. Passámos o parque de merendas, depois a fonte no cantinho da Rua João Fernandes e entrámos na N3. O perigo constante, obrigou a que seguíssemos coladinhos ao muro que separa estrada e linha da Beira Baixa.
Junto à passagem de nível afastámo-nos do perigo entrando num caminho de terra batida paralelo à linha. Não é desagradável o caminho mas como não tem motivos de interesse, apressámos o passo. Entrámos no "trilho de Almourol", um delicioso carreiro entre Figueiras da Índia (Opuntia ficus-indica). Não sei se por ser frequente a passagem de pessoas se por outra qualquer razão, reparei que as plantas que mais perto de nós se encontravam já estavam desprovidas de gloquídios, aqueles espinhos irritantes que provocam uma comichão danada. O que também não tinham era os deliciosos figos. Também dificilmente os conseguiríamos colher...
É nesse belo carreiro que se começa a ver mais próximo o magnificente Castelo de Almourol encimando aquela minúscula ilha granítica e escarpada do Tejo. Chamar-se-ia "Almorolan" quando, em 1129 foi conquistado e entregue aos Templários. Foi reedificado no tempo em que Gualdim Pais era o Mestre da ordem em Portugal. E mais não direi aqui sobre este castelo porque quem mais quiser saber tem mais que muita e boa informação no sítio do costume.
Sempre com o castelo à vista subimos ao Convento de Nossa Senhora do Loreto para apreciar o que dele resta, imaginar como terá sido e lamentar que àquele estado tenha chegado. Incautos e imprevidentes entrámos mesmo lá dentro, apesar de o painel que alerta para o perigo ser bem visível.
O caminho bem marcado levou-nos a contornar o templo e comprovar o estado de ruína a que chegou. Quem quiser conhecer a história deste convento pode fazê-lo em:
https://portugal-em-pedra.blogspot.com/2021/05/nossa-senhora-do-loreto-em-tancos-um.html?m=1
E quem é mesmo curioso (mais ou menos como eu sou) pode ler a "estória" da Santa Casa do Loreto em:
https://tournaitalia.com/loreto-e-a-santa-casa-de-nossa-senhora/
E pronto. Deixámos as ruínas do convento ao seu inevitável destino e descemos ao cais de Almourol. Junto ao rio seguimos pela estrada até apanharmos um velho caminho que, entre salgueiros e freixos, segue ao longo da margem. O caminho deu lugar a um carreirito muito agradável e as árvores permitiam que víssemos o rio e desaguássemos os olhos sedentos daquela beleza.
Ao chegar à Praia do Ribatejo era suposto continuarmos pelo carreiro da margem mas o caudal do rio subiu muito na semana passada e ainda não baixou o suficiente para que pudéssemos passar. A alternativa foi seguir pela estrada até chegarmos a um ponto onde possível fosse regressarmos ao trilho definido.
O caminho tinha sido lindo mas então tornou-se maravilhoso. Sempre entre vegetação ripícola, juntinho da água, com os ramos dos salgueiros a decedentar-se no rio, uma ou outra garça nos ramos ou pato bravo por ali nadando, as pontes e passadiços e os miradouros sobre o Tejo o Zêzere e a vila de Camões iluminada pelo sol do meio dia... encantador.
O Fluviário estava fechado. Como havia tempo fomos almoçar ao Entre Rios a Constância. No fim, para digerir o almoço demos "corda às botas" e voltámos pelo trilho a que deram o nome de "Trilho de Camões". Mesmo à tangente apanhámos o Comboio na Praia do Ribatejo. Fomos enganados no custo dos bilhetes pelo revisor e 10 minutos depois entrávamos no carro que pacientemente junto da estação da Barquinha por nós esperou.
Estacionámos o carro mesmo defronte da estação da CP, que sincopou o topónimo e chamou-lhe apenas Barquinha. Sendo o trilho linear, programámos regressar de comboio, por isso ali deixámos o carro e ali iniciámos a caminhada escolhendo o caminho mais curto para chegar à bela zona ribeirinha do Tejo.
Numa área de 7 hectares estende-se o agradabilíssimo Barquinha Parque ou Parque Ribeirinho da Barquinha, inaugurado em Julho de 2005 e onde, em 2012 se instalou o Parque de Escultura Contemporânea Almourol (PECA) com obras de Alberto Carneiro; Ângela Ferreira; Carlos Nogueira; Cristina Ataíde; Fernanda Fragateiro; Joana Vasconcelos; José Pedro Croft; Pedro Cabrita Reis; Rui Chafes; Xana (Alexandre Barata); Zulmiro de Carvalho.
Descemos a Avenida dos Plátanos até à rampa do Tejo.
Com razão este parque se tornou o ex libris de Vila Nova da Barquinha. Associando natureza e cultura é uma zona de lazer das mais agradáveis que ao longo das margens do Tejo existem. Procurámos seguir o mais perto do rio quanto possível porque já várias vezes por ali passeámos e conhecemos bem o parque e tudo o que dele faz uma zona privilegiada. Passeando nossos passos mais que caminhando (duas coisas tão diferentes) fomos gozando deste maravilhoso entorno do rio. As obras de arte, espalhadas pelo relvado, estão identificadas mas também o estão algumas árvores. Talvez seja defeito meu mas liguei mais às árvores que à moderna arte. As árvores penso saber interpretá-las, a arte moderna tenho muito dificuldade. Falta de formação?... talvez. Ainda assim, há ali obras que admiro e penso saber interpretar.
Os canaviais deixavam que o sol nos fosse sorrindo. O céu estendia uma toalha azul na corrente mansa do rio e nós, tagarelando, fomos usufruindo espaço, tempo e amizade.
Chegados ao final do parque subimos à Rua da Barca e, por ela "navegando" fomos por um pouco mais que uma centena de metros. Entrámos então num carreiro que, entre canaviais ribeirinhos e terras de cultivo de milho, nos "desembarcou" num fresco caminho de floresta que à Avenida do Cais em Tancos nos levou.
Passámos em frente à antiga Igreja da Misericórdia, onde atualmente funciona o Centro Cultural de Tancos. A igreja terá sido construída em 1585, a crer no que está escrito no portal. Parece no entanto, que o local foi mal escolhido pois as cheias do Tejo invadiam esta rua com frequência e entravam igreja adentro e não era para orar. Por tal humidade se foi deteriorando o templo, de modo que em 1937 foi pretexto para que Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais procedesse a remoção de tudo o que se encontrava no interior, azulejos incluídos. Em frente está o Jardim Ribeirinho. O espaço convidava ao descanso e meditação diante das águas calmas, sob um velho chorão, mas... nós tínhamos o tempo contado. Passámos o parque de merendas, depois a fonte no cantinho da Rua João Fernandes e entrámos na N3. O perigo constante, obrigou a que seguíssemos coladinhos ao muro que separa estrada e linha da Beira Baixa.
Junto à passagem de nível afastámo-nos do perigo entrando num caminho de terra batida paralelo à linha. Não é desagradável o caminho mas como não tem motivos de interesse, apressámos o passo. Entrámos no "trilho de Almourol", um delicioso carreiro entre Figueiras da Índia (Opuntia ficus-indica). Não sei se por ser frequente a passagem de pessoas se por outra qualquer razão, reparei que as plantas que mais perto de nós se encontravam já estavam desprovidas de gloquídios, aqueles espinhos irritantes que provocam uma comichão danada. O que também não tinham era os deliciosos figos. Também dificilmente os conseguiríamos colher...
É nesse belo carreiro que se começa a ver mais próximo o magnificente Castelo de Almourol encimando aquela minúscula ilha granítica e escarpada do Tejo. Chamar-se-ia "Almorolan" quando, em 1129 foi conquistado e entregue aos Templários. Foi reedificado no tempo em que Gualdim Pais era o Mestre da ordem em Portugal. E mais não direi aqui sobre este castelo porque quem mais quiser saber tem mais que muita e boa informação no sítio do costume.
Sempre com o castelo à vista subimos ao Convento de Nossa Senhora do Loreto para apreciar o que dele resta, imaginar como terá sido e lamentar que àquele estado tenha chegado. Incautos e imprevidentes entrámos mesmo lá dentro, apesar de o painel que alerta para o perigo ser bem visível.
O caminho bem marcado levou-nos a contornar o templo e comprovar o estado de ruína a que chegou. Quem quiser conhecer a história deste convento pode fazê-lo em:
https://portugal-em-pedra.blogspot.com/2021/05/nossa-senhora-do-loreto-em-tancos-um.html?m=1
E quem é mesmo curioso (mais ou menos como eu sou) pode ler a "estória" da Santa Casa do Loreto em:
https://tournaitalia.com/loreto-e-a-santa-casa-de-nossa-senhora/
E pronto. Deixámos as ruínas do convento ao seu inevitável destino e descemos ao cais de Almourol. Junto ao rio seguimos pela estrada até apanharmos um velho caminho que, entre salgueiros e freixos, segue ao longo da margem. O caminho deu lugar a um carreirito muito agradável e as árvores permitiam que víssemos o rio e desaguássemos os olhos sedentos daquela beleza.
Ao chegar à Praia do Ribatejo era suposto continuarmos pelo carreiro da margem mas o caudal do rio subiu muito na semana passada e ainda não baixou o suficiente para que pudéssemos passar. A alternativa foi seguir pela estrada até chegarmos a um ponto onde possível fosse regressarmos ao trilho definido.
O caminho tinha sido lindo mas então tornou-se maravilhoso. Sempre entre vegetação ripícola, juntinho da água, com os ramos dos salgueiros a decedentar-se no rio, uma ou outra garça nos ramos ou pato bravo por ali nadando, as pontes e passadiços e os miradouros sobre o Tejo o Zêzere e a vila de Camões iluminada pelo sol do meio dia... encantador.
O Fluviário estava fechado. Como havia tempo fomos almoçar ao Entre Rios a Constância. No fim, para digerir o almoço demos "corda às botas" e voltámos pelo trilho a que deram o nome de "Trilho de Camões". Mesmo à tangente apanhámos o Comboio na Praia do Ribatejo. Fomos enganados no custo dos bilhetes pelo revisor e 10 minutos depois entrávamos no carro que pacientemente junto da estação da Barquinha por nós esperou.
Waypoints
Photo
63 ft
Nesta rampa se toponimiza a obra dos arquitetos paisagistas Hipólito Bettencourt e Joana Sena Rego
Photo
93 ft
Foto
Comments (5)
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Foi um trilho muito agradável.
Foi fácil, feito calmamente, e permitiu-nos usufruir das belíssimas "imagens" que connosco se iam cruzando.
Valeu muito a pena.
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Information
Easy to follow
Scenery
Easy
Foi um trilho muito agradável.
Foi uma Caminhada de Amigos, fácil de fazer, linear e que nos permitiu usufruir, com muita calma, de "imagens" belíssimas.
A temperatura amena que se fazia sentir ajudou também na escolha de pequenas paragens para nas águas do rio "espraiar" o olhar.
Valeu muito a pena.
Grato pela partilha! Abraços
Como sempre, uma bela partilha! Quero fazer isto, mas iniciando no Museu CP do Entroncamento. Abraços e obg pelas generosas e ricas partilhas.
Una ruta muy bonita, para disfrutar de lindos paosajes. Un abrazo