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Eco-Escolas Eco-Trilho Escola Básica de Vila Verde

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Trail stats

Distance
3.83 mi
Elevation gain
699 ft
Technical difficulty
Moderate
Elevation loss
699 ft
Max elevation
2,271 ft
TrailRank 
54 5
Min elevation
1,817 ft
Trail type
Loop
Moving time
one hour 41 minutes
Time
2 hours 29 minutes
Coordinates
1084
Uploaded
May 10, 2024
Recorded
May 2024
  • Rating

  •   5 3 Reviews

near Bezeguimbra, Braga (Portugal)

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Itinerary description

Este Eco Trilho, denominado “Trilho Eco-Lobo”, é fruto da parceria entre o projeto Eco-Escolas (da Escola Básica de Vila Verde, EBVV), o Município de Vila Verde e o Projeto Internacional LIFE WILD WOLF (https://webgate.ec.europa.eu/life/publicWebsite/project/LIFE21-NAT-IT-LIFE-WILD-WOLF-101074417/concrete-actions-for-maintaining-wolves-wild-in-anthropogenic-landscapes-of-europe), surgindo da vontade conjunta em contribuir para a conservação do lobo-ibérico, predador ameaçado a nível nacional que ainda se encontra presente nas zonas serranas do norte do concelho de Vila Verde. O concurso a este projeto foi considerado uma excelente oportunidade de contribuir para esta causa, através da definição de um trilho pedestre que dê a conhecer o lobo-ibérico e o rico património cultural e ambiental a ele associado, assim como as práticas adequadas para promover uma coexistência sustentável deste predador com o ser humano. A definição da área de atuação, localização do percurso e interpretação das estações, foram realizados pela iniciativa e envolvimento direto dos alunos do 7ºG da EBVV (um total de doze alunos, do sexo masculino e dez alunos do sexo feminino, e com idades entre 12 e 14 anos), com estreito acompanhamento dos professores de Ciências Naturais, Físico-Química, Artes Visuais, etc, da EBVV, em colaboração com técnicos de ambiente do Município de Vila Verde e de investigadores representantes do projeto LIFE WILD WOLF, pertencentes ao BIOPOLIS/CIBIO-InBIO, Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto.

O Tema deste Trilho e a sua localização foi fruto da aplicação de uma metodologia de "Design Thinking" e "Brainstorming" com os alunos. No dia 25/01/2024, realizamos na EBVV a primeira sessão desta atividade Eco Trilhos, com o título "Trilho Eco-Lobo", pois os alunos do 7⁰G assim decidiram, já que escolheram realizar um trilho georreferenciado nas terras altas do concelho, entre Bezeguimbra e Gondomar, duas aldeias de montanha que se enquadram no território de uma das alcateias existentes no Minho, denominada de alcateia de Vila Verde. Posteriormente, os membros da equipa da EBVV juntamente com o Município de Vila Verde e, mais tarde o Projeto LIFE WILD WOLF, desenvolveram em articulação com os alunos, o traçado final do percurso e a localização das estações de interpretação. Por fim, foi realizada no dia 24/04/2024, uma saída de campo com os alunos da Turma do 7ºG da EBVV, para percorrer um troço do trilho “Eco-Lobo” e metade das estações de interpretação, acompanhados por dois investigadores do BIOPOLIS/CIBIO-InBIO, em representação do projeto LIFE WILD WOLF, a Dr. Marta Oliveira e o Dr. Francisco Álvares, este último responsável em Portugal pelo Projeto LIFE WILD WOLF, e considerado um especialista, com renome internacional, em Lobo e outros mamíferos carnívoros. Para além destes investigadores, os alunos do 7⁰G foram também acompanhados na saída de campo pelo Eng. Adelino Silva, técnico de ambiente do Município de Vila Verde, pelo Professor Luís Vaz (Coordenador do Projeto Eco Escolas da EBVV) e por dois professores da turma, a Professora Beatriz Santos da disciplina de Ciências Naturais e pelo Professor Manuel Esteves da disciplina de Físico-química, que desenvolveram exercícios práticos com os alunos. Antes da saída para o campo, foi realizada uma sessão teórica explicativa pelo Dr. Francisco Álvares, sobre o lobo-ibérico e o contexto com o LIFE WILD WOLF, destinada principalmente aos alunos do 7º G mas aberta a outras turmas da EBVV, assegurando assim uma ampla divulgação do projeto a toda a comunidade escolar. Os alunos envolvidos neste projeto revelaram sempre grandes níveis de motivação e ao longo de todo o percurso realizado foram ativamente participativos, tendo sido organizados em grupos de 4 a 6 alunos, que registaram todas as observações propostas pelos investigadores e professores, nas Estações e entre as Estações. O fruto do seu trabalho e empenho está refletido nas Fichas que caracterizam as oito Estações visitadas pelos alunos da turma do 7º G.

Este “Trilho Eco-Lobo” percorre caminhos transitados por pessoas e lobos, numa área situada entre duas características aldeias de montanha (Gondomar e Bezeguimbra), abrangendo duas das principais bacias hidrográficas do noroeste de Portugal (os rios Lima e Cávado) e em pleno território de uma das alcateias existente no noroeste de Portugal (a alcateia de Vila Verde). Tem como principal objetivo dar a conhecer o património natural (fauna, flora, geologia e hidrografia), o património cultural (edificado, religioso e etnográfico), e o modo de vida do lobo-ibérico, numa paisagem rural moldada pela intervenção humana. A zona abrangida pelo trilho é percorrida pelo lobo, podendo a sorte permitir uma observação fugaz deste predador ou sendo frequente a deteção de excrementos nos cruzamentos de caminhos, usados como pontos de marcação territorial para comunicação entre os membros da alcateia. O trilho apresenta 16 estações (os alunos só visitaram metade das Estações), agrupadas em 3 temáticas principais (“Aldeias e paisagem”; “Património agro-pastoril”; “Florestas e matagais”), destinadas a interpretar vários aspetos da paisagem e património, e sua relação com o lobo-ibérico.
A Equipa do Projeto Eco Trilho Eco-Lobo.

Waypoints

Photo ofO - Abrigo para gado sob penedo

O - Abrigo para gado sob penedo

Nesta estação encontrámos um abrigo pastoril que era utilizado quer para esconder e proteger as crias bebés, quer para o pastor também se abrigar. Assim, durante a noite, ficava perto do seu rebanho. Neste abrigo, formado por granito da região, identificamos minerais característicos (quartzo, feldspatos e micas), com a sua típica textura fanerítica/granular (isto é, com os seus minerais/cristais visíveis e identificáveis à vista desarmada), sendo ainda porfiroide. Foi curioso estudarmos esta rocha, já no 1º período letivo, e sabermos que este granito, tal como todos os outros existentes no planeta, tem uma origem em magmas, pertencendo, por isso, ao grupo das rochas classificadas como magmáticas, sendo que os granitos se formaram/solidificaram no interior da Terra. Na altura questionamos à professora “… então como puderam surgir à superfície?”. Viemos a aprender que se deveu ou a processos de meteorização e erosão, ou a movimentos das placas tectónicas. Quer por um, ou pelos dois processos, há aqui um “trabalho” de milhares ou milhões de anos por parte do planeta. Este granito dominante na área de estudo faz parte de uma larga faixa que se estende de Póvoa de Lanhoso, passando pela área norte do concelho de Braga, indo até Ponte da Barca (in: Notícia explicativa da Carta Geológica de Ponte da Barca). Nesta estação conseguimos observar na serra aglomerados de caos de blocos, isto é, aglomerados de blocos graníticos que dão à paisagem um aspeto caótico. É curioso e queres saber mais? http://www.dct.uminho.pt/fafe1_vr.3/fafe1_vr.3.html https://youtu.be/1g29tZ1KdoI https://www.cienciaviva.pt/aprenderforadasaladeaula/index.asp?accao=showobj&id_obj=1222#formresult

PictographReligious site Altitude 2,109 ft
Photo ofP - Capela de Santa Luzia

P - Capela de Santa Luzia

Na sequência da exploração do carvalhal, observamos nesta estação a capela de Sta. Luzia, construída no sec. XVII (1624). Acima da capela, observamos um conjunto de moradias. O granito, predominante nestas construções, é porfiroide de grão grosseiro ou médio grosseiro, com duas micas, mas com predominância de biotite, e é o típico desta região, conforme pudemos observar na aula, na carta geológica de Ponte da Barca. Aquando do estudo das paisagens magmáticas (o granito é uma destas rochas), aprendemos que os recursos geológicos das regiões, no passado, eram aqueles os utilizados pelo homem, não havendo aqui qualquer exceção à regra. Havia granito na localidade, logo era o recurso geológico a usar para construir as habitações, o fojo do lobo, os muros, os abrigos dos pastores, os lugares de culto religioso e os espigueiros. Em pesquisa realizada, aprendemos que estes últimos serviam para guardar o milho, e que a sua distância considerável ao solo, através de pilares graníticos, servia para que os animais, nomeadamente os ratos, não se alimentassem deste cereal fundamental à população. Aqui, os animais a observar seriam essencialmente os domésticos. O lobo que se move mais nas zonas mais serranas, aqui raramente é visto, podendo, no entanto, isso acontecer, e vai acontecendo, como referiu uma colega da turma que vive na região. Caso não haja presas por lá, como necessita de se alimentar, procura cães, vacas, cavalos, javalis, e até coelhos na falta de animais de maior porte, entre outros, conforme aprendemos na fantástica aula de campo. A flora nesta estação é muito diversa, mas já com intervenção humana, como se verificou nas imediações das habitações locais, com as hortas de subsistência. As montanhas que se encontram por trás da capela criaram, a alguns de nós, a sensação de paz e tranquilidade. Sentimos, também, um ar mais leve, puro, ao qual não estamos muito habituados com o trânsito automóvel frenético de Vila Verde.

PictographReligious site Altitude 2,139 ft
Photo ofA - Aldeia de Bezeguimbra

A - Aldeia de Bezeguimbra

Grande parte de nós, que reside em meios mais urbanos, apesar de jovens, sentimo-nos recuar alguns anos, observando nesta estação habitações tipicamente rurais, infelizmente algumas delas abandonadas e em ruínas, mas que nos levaram a imaginar a viver naquele local, como se fosse no passado. Este recuo no tempo foi facilitado pelas histórias que nos foram sendo relatadas pelo investigador Francisco Álvares, antes de lá chegarmos (caça ao lobo, pastores a dormir em abrigos de granito sem qualquer conforto, etc.). Trata-se de uma zona habitada essencialmente por pessoas idosas. Soubemos que o elemento mais jovem teria 20 anos. As habitações daqui são graníticas, cuja rocha é maioritariamente porfiroide de grão grosseiro ou médio grosseiro, em que a mica predominante é a biotite. Encontramos um tanque, também granítico, junto a uma poça. Naquele, lavava-se a roupa no passado. Na poça, situada imediatamente abaixo, medimos alguns parâmetros da água, com a ajuda do professor de Físico-química: pH 6,12 e temperatura de 15,2º celsius. Neste pequeno e extraordinário ecossistema, o investigador recolheu uma pequena cobra de água, falando-nos sobre esta e outras espécies lá existentes. Fora da poça, num pequeno ribeiro, observamos a rã ibérica (Rana iberica) de cor laranja-acastanhada. Aprendemos na aula, ser muito sensível à poluição, sendo típica de habitats com água corrente, muito límpida e bem oxigenada. Desta forma, deduzimos outros parâmetros da qualidade da água, ou seja, a sua excelência. Esta rã é uma espécie muito ameaçada pela perda e destruição do habitat, poluição dos cursos de água, agricultura intensiva e práticas florestais não sustentáveis. Caso para deduzir que, por aqui, o homem vai vivendo em harmonia com a natureza, sem impactes negativos assinaláveis. Observamos espigueiros, de épocas diferentes, mas com a mesma arquitetura, para que o milho não fosse ingerido (maioritariamente) pelos ratos, pois teriam dificuldade em aceder ao mesmo. Atravessamos uma calçada, idêntica à dos tempos romanos, revelando que as suas gentes, utilizavam este recurso geológico local. Trata-se do mesmo granito acima descrito e utilizado nas restantes construções. A fotografia de pormenor desta calçada revela os fenocristais de feldspato, numa textura fanerítica de grão bem menos grosseiro, de quartzo e micas (essencialmente biotite), como revela a cor escura da rocha. As caraterísticas desta rocha são igualmente visíveis nas alminhas. Encontrámos, no trilho Eco-lobo, um deste tipo de “pequeno altar”. Este local de culto religioso, teria um propósito de proteção e conforto, face às superstições e medos associados ao lobo. Esta alminha deverá ser do sec. XX, já que a imagem de cristo está pintada em azulejo, sendo a tipologia mais comum nesse século, segundo pesquisa nossa, sugerida em aula.

PictographTree Altitude 2,072 ft
Photo ofB - Carvalhal Photo ofB - Carvalhal Photo ofB - Carvalhal

B - Carvalhal

Esta estação, que constitui um importante refúgio do lobo e das suas presas, corresponde a um bosque maduro, muito bem preservado, caracterizado pela predominância de espécies autóctones. É dominado pelo carvalho-alvarinho (de nome científico Quercus róbur) e por azevinho (Ilex aquifolium). Trata-se de uma árvore de grandes dimensões, em que algumas talvez ultrapassem os 30 m de altura. Sobre os ramos e troncos pendiam líquenes, vulgarmente denominados de barbas-de-velho (do género Usnea). Soubemos, já em sala de aula, que estes que são bioindicadores da excelente qualidade do ar. Caso para se dizer RESPIRE FUNDO, ESTÁ EM BEZEGUIMBRA! O falso-azevinho, também chamado de gilbardeira (Ruscus aculeatus) também predomina nesta estação. Trata-se de um bonito e grande arbusto perene, conhecido pelas bagas vermelhas que lhe dão cor em pleno inverno. Pesquisamos em aula que é uma espécie cuja colheita na natureza está proibida na Europa, apesar de abundar em Portugal e estar listado, por cá, como de “menor preocupação”. Pela sua beleza, costuma ser muito procurada para as decorações natalícias. Nesta estação encontrámos ainda o loureiro, a pereira-brava (Pyrus cordata), entre outras espécies. Foi-nos sugerido, como TPC, uma pesquisa sobre o carvalho. Aprendemos que desta nobre madeira se faziam as barricas de vinho onde se envelhecia o nosso Vinho do Porto. Mas, já na época dos Descobrimentos, ela foi utilizada na construção de naus. Na aula, fomos informados que, no passado, da sua bolota triturada se fazia farinha com que se fabricava pão, antes de se começar a produzir o trigo. Esta bela paisagem, não muito densa, faz com que seja muito resistente a incêndios, segundo nos informaram durante a realização do trilho Eco-lobo. Por tudo acima descrito, e toda a informação transmitida na aula de campo, entendemos a importância da preservação destes espaços, por onde o lobo circula, bem como toda a diversidade de espécies nativas.

Photo ofC - Abrigo de pastor (Cabriteira) Photo ofC - Abrigo de pastor (Cabriteira) Photo ofC - Abrigo de pastor (Cabriteira)

C - Abrigo de pastor (Cabriteira)

Ao chegar a esta estação encontramos uma pequena construção granítica, inserida na parede de um lameiro, que terá servido, no passado, como abrigo noturno de pastores e animais juvenis (cabritos, vitelos, …), de forma a prevenir a predação pelo lobo, mas também como abrigo da chuva e “armazém” de alfaias agrícolas. A observação de pormenor da rocha do abrigo, utilizando a APP Rock Identifier, sugerida na aula, revelou ser granito porfiroide, com megacristais de feldspato. Na parte do trilho Eco-lobo que percorremos, não nos foi possível observar geodiversidade considerável, não obstante o tamanho dos cristais variar. No entanto, isto já era expectável antes deste trabalho de campo, conforme nos comprovou a carta geológica local, que observamos previamente a esta saída. É muito curioso pensarmos que esta rocha resulta do resfriamento do magma, no interior do planeta, e que os fenómenos de geodinâmica interna (movimentos das placas tectónicas) e externa (meteorização e erosão) as puseram a descoberto, e acessíveis a todos nós, conforme estudámos no período letivo passado. Este granito, com 200 milhões de anos, e com pequenas variações texturais, foi um recurso extremamente importante pelas comunidades locais, que maioritariamente com as mãos foram construindo as suas casas, abrigos, muros, armadilhas para lobos, tanques, poças de água, pontes, etc. Nesta estação vimos lameiros, isto é, prados seminaturais para a pastagem do gado, importante sustento da população. Neste local conseguimos observar, na montanha, novamente o caos de blocos.

PictographTree Altitude 2,264 ft
Photo ofD - Giestal Photo ofD - Giestal Photo ofD - Giestal

D - Giestal

Esta estação, constituída por terrenos baldios, comunitários, é caraterizada pela presença massiva de um matagal extenso e denso de giesta. Trata-se de uma espécie nativa, tal como as silvas, que por aqui se iam encontrando. A giesta apesar de ser um arbusto, apresenta aqui um porte arbóreo, que parece por vezes ter cerca de 3 metros de altura. Trata-se de uma espécie autóctone, da família Fabaceae, conhecida pela família das leguminosas, que reúne plantas como a alfarrobeira (do sul) ou o tremoceiro (do norte). Esta estação, ao contrário das espécies que constavam no carvalhal, é muito pobre em biodiversidade, constituindo, no entanto, refúgio para o lobo e outras espécies, nos matagais de giesta mais densos. Já as suas presas naturais não terão aqui tanto alimento, face a esta monotonia vegetal. Por outro lado, este denso giestal apresenta um potencial perigo de incêndio, pela grande biomassa existente, facilmente inflamável. Após um incêndio, estas plantas agem como espécies colonizadoras, contribuindo para um rápido recobrimento das áreas ardidas, minimizando a erosão e o efeito das temperaturas extremas no solo e nas outras espécies. No entanto, formam frequentemente povoamentos muito densos, que cobrem grandes áreas e dificultam o estabelecimento de novas plantas, perpetuando assim o giestal. O fojo do lobo era, na altura das batidas para a sua caça, disfarçado com ramos de giesta, impossibilitando-os da fuga, ficando aprisionados na cova circular, onde eram forçados a cair, para serem mortos. A professora relatou uma curiosidade que decidimos colocar aqui: “quando era criança, da giesta utilizavam-se os ramos para fabricar vassouras”. Disse ter memória de uma dessas vassouras no seu quintal, usada para varrer o exterior da casa. Procuramos na internet, e encontramos esse objeto. Mais uma vez, percebemos que no passado o homem dependia dos recursos locais, tal como verificamos com o granito. Hoje, em escassos dias, temos acesso a qualquer coisa do outro lado do planeta.

PictographTree Altitude 2,237 ft
Photo ofE - Bosque Ripícola Photo ofE - Bosque Ripícola Photo ofE - Bosque Ripícola

E - Bosque Ripícola

Nesta estação, olhando em volta da estreita linha de água, afluente da bacia hidrográfica do rio Vade, observamos árvores imponentes e seculares como os Salgueiros, mas também Carvalhos Alvarinhos e Freixos, entre outras espécies menos abundantes. Observamos, ainda, o falso-feto-macho (Dryopteris affinis) e ainda alguns tipos de arbustos. Felizmente não observamos espécies invasoras. Relativamente à idade dos Salgueiros informaram-nos que “a família lá de casa não perfazia a sua idade”. Já na aula, a professora de Ciências Naturais referiu a importância que a casca e as folhas desta espécie já tiveram na produção de ácido acetilsalicílico (princípio ativo da aspirina, que certamente já todos usámos), fazendo por isso referência à importância da preservação da diversidade das espécies, não apenas pela importância que têm para nós, mas sobretudo para o equilíbrio dos ecossistemas. Relativamente à fauna, um dos investigadores do BIOPOLIS/ CIBIO-InBIO, especialista em lobos, e outros carnívoros, Francisco Álvares, que nos acompanha neste projeto, referiu ser possível por aqui observar javalis, garranos, coelhos, lobos, entre outras espécies. No entanto, nesta galeria ripícola, encontramos latrinas, uma com excrementos de texugo e outro de raposa, indiciadoras da sua presença. Tivemos a oportunidade de ver e fotografar uma rã e uma lesma (vejam-se fotos abaixo). Este último é um importante decompositor, mas também omnívoro (predando outros organismos), mas ainda consumindo, quando aí reside, culturas agrícolas. Usando a APP Merlin, e ouvindo o canto de aves, identificamos, por exemplo, a toutinegra de barrete (Sylvia atricapilla), entre outras aves. Apesar de morta, observamos uma toupeira, endémica da Península Ibérica, e típica de zonas com abundância de presas, das quais se destacam os anelídeos (ex.: minhocas) e as larvas de insetos, conforme tivemos oportunidade de investigar, já em contexto aula. Na límpida e cristalina linha de água, avaliámos alguns parâmetros da água: temperatura de 12,2º celsius e pH de 6,29.

Photo ofF - Fojo do Lobo I Photo ofF - Fojo do Lobo I Photo ofF - Fojo do Lobo I

F - Fojo do Lobo I

Quando chegámos a esta estação encontrámos uma placa de madeira com indicações sobre o fojo do lobo. Esta tinha ainda a designação científica da espécie do lobo, da alcateia de Vila Verde. Aprendemos ser formado pelo nome do gênero seguido de outro nome/” epiteto” específico (ambos em itálico): Canis lupus. O nome vulgar desta espécie é lobo cinzento. Neste trilho Eco-lobo, que temos vindo a realizar, não tivemos a sorte de avistar qualquer lobo, mas observamos vestígios da sua presença, excrementos, contendo pelos da respetiva presa que lhes serviu de alimento, podendo assim perceber-se qual o seu regime alimentar. Estes excrementos são usados pelo animal como pontos de marcação do seu território, para comunicação entre os membros da alcateia. O investigador e especialista em lobos que nos acompanhou neste trilho, mostrou-nos o fojo de Gondomar, a que chamou “Monumento do Fojo do Lobo”, adjetivando-o ainda como “valioso”, por ser um dos maiores da Península Ibérica: este pois possui dois fossos (apesar de só termos tido a oportunidade de ver um) e uma muralha/muro com uma extensão de cerca de 2 km. Os ataques constantes dos lobos aos rebanhos, que comprometiam o sustento dos habitantes locais, e a insegurança junto da população, motivaram a sua construção. Com a proteção desta espécie e a proibição das batidas, os fojos do lobo ficaram inutilizados, sendo, no entanto, um importante marco cultural das comunidades de montanha. Soubemos ser seculares e que foram utilizados até 1930. Esta armadilha, construída manualmente pelas populações locais e vizinhas, criada pelo homem para o caçar e matar, ladeada por extensos muros graníticos, tem ainda uma altura de cerca de 2 metros de altura e são encimados por uma aba mais larga (cápeas), que dificultava que o animal saltasse e fugisse. Já os poços, com cerca de 3 a 3,5 metros de profundidade, na altura das batidas, eram escondidos por ramos de vegetação diversa, levando a que o lobo caísse, porque não se apercebia desse abismo. Depois, lá eram apedrejados pela população até à morte. Francisco Álvares informou não existirem muros com cápeas na Península Ibérica tão bem preservadas como em Gondomar. Este fojo foi construído pelo mesmo granito da restante região do trilho Eco-lobo: de textura fanerítica, observando-se o quartzo, o feldspato e as micas (essencialmente a biotite), sendo porfiroide de grão grosseiro a médio grosseiro. Nesta estação, a flora é essencialmente constituída por ranúnculos, giesta, salgueiros e carvalhos.

Photo ofG - Corte para proteção de gado Photo ofG - Corte para proteção de gado Photo ofG - Corte para proteção de gado

G - Corte para proteção de gado

Photo ofH - Moinho Photo ofH - Moinho Photo ofH - Moinho

H - Moinho

PictographReligious site Altitude 1,831 ft
Photo ofI - Gondomar I - igreja Photo ofI - Gondomar I - igreja Photo ofI - Gondomar I - igreja

I - Gondomar I - igreja

Photo ofJ - Gondomar II - Espigueiro Photo ofJ - Gondomar II - Espigueiro Photo ofJ - Gondomar II - Espigueiro

J - Gondomar II - Espigueiro

PictographTree Altitude 2,079 ft
Photo ofK - Eucaliptal Photo ofK - Eucaliptal Photo ofK - Eucaliptal

K - Eucaliptal

PictographTree Altitude 2,137 ft
Photo ofL - Giestal 2 Photo ofL - Giestal 2

L - Giestal 2

Photo ofM - Fojo do Lobo II Photo ofM - Fojo do Lobo II Photo ofM - Fojo do Lobo II

M - Fojo do Lobo II

Photo ofN - Afloramento rochoso Photo ofN - Afloramento rochoso

N - Afloramento rochoso

Comments  (5)

  • Photo of Adelino Manuel Pinheiro Marques da Silva
    Adelino Manuel Pinheiro Marques da Silva May 10, 2024

    Top! ☀️

  • Photo of Luís Vaz 4
    Luís Vaz 4 May 14, 2024

    I have followed this trail  View more

    Um trilho que nos faz regressar ao passado, aos tempos em que o Minho era um território dominado por belos Carvalhais e os seus habitantes viviam de uma agricultura sustentável e verdadeiramente biológica 👌👍 Vale a pena realizar este Eco-trilho pois poderá sentir a natureza, contemplar paisagens de montanha maravilhosas, observar muitas plantas autóctones e escutar aves ou mesmo uivos do lobo ibérico, já que percorrer este trilho é percorrer o território de uma das últimas alcateias do norte de Portugal, a alcateia de Vila Verde. Boas caminhadas 😜👌

  • Manuel Esteves 4 May 15, 2024

    Muito bom!

  • martasto1995 May 15, 2024

    Aproveitei um dia de sol para realizar este trilho.
    Iniciei ao pé da Capela Santa Luzia uma vez que deixei o carro ali próximo. A vista sobre os campos e a montanha é incrível!
    Há uma sensação de paz e tranquilidade.
    Em todo o percurso foi possível ouvir algumas espécies de aves passeriformes (estrelinha-real, toutinegra-de-barrete, tentilhão,...) e ver algumas espécies de flores representativas do trilho (como a Ranunculus sp., uma flor pequenina amarela).
    Existe muita água em todo o percurso, pelo que calçado impermeável é aconselhável à sua realização. Também existem pontos de água para beber tanto em Bezeguimbra como em Gondomar.
    É um ótimo trilho para realizar em família!

  • martasto1995 May 15, 2024

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    Aproveitei um dia de sol para realizar este trilho.
    Iniciei ao pé da Capela Santa Luzia uma vez que deixei o carro ali próximo. A vista sobre os campos e a montanha é incrível!
    Há uma sensação de paz e tranquilidade.
    Em todo o percurso foi possível ouvir algumas espécies de aves passeriformes (estrelinha-real, toutinegra-de-barrete, tentilhão,...) e ver algumas espécies de flores representativas do trilho (como a Ranunculus sp., uma flor pequenina amarela).
    Existe muita água em todo o percurso, pelo que calçado impermeável é aconselhável à sua realização. Também existem pontos de água para beber tanto em Bezeguimbra como em Gondomar.
    É um ótimo trilho para realizar em família!

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