Trilho das Silhas (entre Campanhó a Pardelhas)
near Campanho, Vila Real (Portugal)
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Trail photos
Itinerary description
- Trilho circular, parcialmente com marcações, com início e fim na aldeia de Campanhó;
- Este trilho desenvolve-se por caminhos e trilhos de pé posto na fronteira entre a serra do Marão e o Parque Natural do Alvão, passando pelas cascatas da ribeira de Porto Velho, mariola do Alto da Cruz das Moças, Silhas do Pinchadouro e do Toutiço, Chão do Rosso, aldeia de Pardelhas, conjunto de Silhas de Requeixo, aldeia de Paço e Miradouro de Paço;
- De Campanhó até à mariola do Alto da Cruz das Moças, o caminho faz-se pelo PR8 MDB - Caminho do Porto Velho. Já quando se começa a descer na direção de Pardelhas, o caminho coincide com o PR5 "Trilho das Silhas de Pardelhas" (também este ainda em fase de homologação, não existindo qualquer informação acerca do mesmo, embora as marcações sejam muito recentes e estejam em bom estado);
- A última parte deste trilho, a partir da aldeia de Paço, teve que ser alterada no terreno, em função de contrariedades com que nos deparamos face ao traçado original. Por conseguinte, numa futura oportunidade, este troço final será redesenhado, de forma a evitar as distâncias percorridas em estrada, que muito desgastam;
- Trilho de uma beleza paisagística deslumbrante. No entanto, com características difíceis do ponto de vista físico, pois é muito exigente, quer pelos acentuados declives que se tem que transpor, quer pela exigência técnica dos vários caminhos de pé posto que percorre.
AVISO: vários troços deste trilho, sobretudo a primeira parte, até às cascatas da ribeira de Porto Velho, apenas podem ser realizados com tempo seco, pois as características do terreno tornam-nos extremamente perigosos se este estiver molhado. Outro fator a ter em conta é a forte exposição solar que, em dias muito quentes, será um fator determinante para a conclusão com êxito deste lindíssimo trilho.
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SERRA DO MARÃO
A região da Serra do Marão abrange um extenso território e de paisagens diversificadas situado entre as fronteiras com a região do Minho, do Douro e de Trás-os-Montes. A Serra do Marão, colosso de xisto com 1419 m de altitude, é a sétima maior elevação de Portugal Continental. No ponto mais alto encontra-se o vértice geodésico do Marão e o Observatório Astronómico do Marão. Grandioso obstáculo natural, atrasou de forma significativa o progresso do Interior Trasmontano até ao século XIX. Contornado-o pelo Sul, a Linha do Douro afigurou-se a via mais rápida para ultrapassar o Marão desde a década de 1880, para onde convergiram outras vias-férreas paralelas ao Marão, garantindo um fluxo de passageiros e mercadorias contínuo. Com a chegada da EN15, a situação pouco mudou, dadas as características de estrada de montanha sinuosa que esta representa ainda hoje. O IP4 foi a primeira rodovia a marcar de forma visível uma mudança no acesso entre Trás-os-Montes e o Litoral, mas devido ao seu traçado ainda o Marão constitui um perigoso ponto de passagem, somando acidentes entre Amarante e Vila Real. Entretanto, foi adjudicada a obra de prolongamento da A4 (duplicação do IP4) entre Amarante e Vila Real, de onde será alargada até Bragança e a fronteira de Quintanilha, ganhando o distrito de Bragança a sua primeira auto-estrada. A serra do Marão já é atravessada pelo Túnel do Marão desde 2016, o maior túnel rodoviário da Península Ibérica, o que permite percorrer este caminho de uma forma mais segura.
PARQUE NATURAL DO ALVÃO
O Parque Natural do Alvão, com 7.220 ha, é uma zona essencialmente granítica com algumas manchas de xisto, possuindo ainda inúmeros afloramentos rochosos. Das linhas de água, muito encaixadas, destaca-se o rio Olo, na vertente oeste da Serra do Alvão, que integra o imponente maciço montanhoso onde se inclui a Serra do Marão. Este rio corre entre fragas e penhascos e atravessa as rochas nas Fisgas de Ermelo, caindo em cascatas de uma altura de cerca de 250 metros. Impressionante pela força das águas, este é um dos locais mais belos da região e está representado no símbolo do Parque. O curso do rio Olo une duas realidades distintas. A uma altitude média de 1.000 m, na zona de Lamas de Olo, predomina o granito e a vegetação de alta montanha, que apresenta um coberto arbóreo variado, com carvalhais nas zonas mais elevadas e bosques mistos de folhosas alternam com plantações de exóticas, com presença do vidoeiro na proximidade das linhas de água; em baixo, junto a Ermelo, onde a altitude ronda os 450 m, prevalece o xisto e a paisagem é verdejante como no Minho. Aqui, nas áreas agrícolas, surgem campos de centeio, de milho e batata, lameiros onde se cria o gado maronês e baldios em que se apascenta a cabrada - e vasta área de matorral. Também plantas raras, caso da Orvalhinha ou Rorela Drosera rotundifolia, espécie carnívora que cresce em terrenos encharcados e margens dos cursos de água, enriquecem a flora local. Quanto à fauna típica das serranias do norte interior, destaque para a presença do Lobo-ibérico e de interessante cortejo de anfíbios e répteis. O xisto, o granito e o colmo são os materiais usados na construção das casas das aldeias típicas de Lamas de Olo, Anta ou Ermelo, em que o tempo corre tão devagar que parece estarmos muito longe de qualquer cidade, mas afinal o Porto fica apenas a uma hora de viagem. Para ter uma ideia do modo de vida das gentes destes lugares, visite o núcleo Ecomuseológico do Arnal, que recria o ambiente de uma aldeia tradicional do Alvão.
SILHAS
Os muros-apiários, designados na região do Alvão-Marão por silhas, ou simplesmente por muros, são grandes vedações pétreas, implantadas nas encostas ou sobre morros de difícil acesso, destinadas a proteger os enxames de abelhas, presumindo-se que os principais predadores seriam no passado o texugo (Meles meles) e o urso pardo (Ursus arctus). De planta maioritariamente subcircular, com perímetro e altura variáveis, estas arquitecturas, construídas em alvenaria de granito, xisto e quartzito, são providas de um estreito vão de acesso e estruturam no seu interior várias plataformas horizontalizadas, pavimentadas com lousas, que os habitantes denominam “estradoilas”, servindo de assentamento aos cortiços das abelhas. A distribuição geográfica deste património no concelho de Mondim confina-se à área de origem xistosa da montanha, dispersando-se por diversos lugares, tais como Ermelo, Pardelhas e Campanhó. Desconhecendo-se a sua introdução na paisagem rural nortenha, mas admitindo-se que já existissem na Idade Média a avaliar pelo peso do mel e da cera nas exportações portuguesas de finais do século XIII (MARQUES 1996, 515-519) e pela perseguição desencadeada contra o urso, como indicia alguma documentação dessa época, os muros-apiários terão começado a perder a sua principal função, no século XVII, com a extinção do maior predador das colmeias, desocupando-se as estruturas e acelerando-se a sua ruína.
Waypoints
Vista da Silha do Toutiço
Implantada na vertente SE de um morro pedregoso que se ergue num meandro do ribeiro do Chão do Rosso, em terreno baldio coberto com alguma vegetação rasteira. Construção de planta subcircular, com muros de alvenaria de xisto, a curta distancia da silha de Pinchadouro. Há cerca de 50 anos, ainda eram colocadas dezenas de cortiços de abelhas nesta silha.
Vista da Silha do Pinchadouro
Implantada na encosta voltada a SE, sobranceira ao ribeiro do Chão do Rosso, afluente do rio Freixieiro, em terreno baldio, muito pedregoso, onde cresce apenas alguma vegetação rasteira. Construção de planta subcircular, com muros de alvenaria de xisto, parte deles já arruinados, a curta distância da Silha de Toutiço.
Aldeia de Pardelhas
Pardelhas pertence ao conjunto das aldeias vernaculares, inserida na serra do Alvão, embelezada por campos verdejantes em sucalcos. Trata-se de um núcleo rural, típico, rodeada pela montanha e campos para cultivo e pasto. As casas são maioritariamente de xisto, com coberturas de lousa. Também se podem ver alguns espigueiros.
Vista das Silhas de Requeixo (1, 2, 3 e 4)
Conjunto de quatro monumentos, construídos em alvenaria de xisto e quartzito, implantados na encosta voltada a poente, sobre o ribeiro da Moura, afluente do rio Freixieiro, em terreno baldio, pedregoso, onde cresce alguma vegetação rasteira constituída por urze e carqueja. Enquanto os muros 1 a 3 formam um conjunto alinhado, encosta abaixo, paralelamente a um regato que drena para o ribeiro da Moura, o muro 4 está isolado, separado daqueles pela linha de água, ao longo da qual, entre castanheiros, carvalhos, amieiros, salgueiros e medronheiro, crescem muitos pirliteiros, escalheiros ou escambroeiros. Na envolvente Norte existe denso pinhal e na outra margem do ribeiro, nos socalcos do lado de Pardelhas, cultiva-se milho e erva onde pasta o gado bovino. O acesso é feito a partir da estrada asfaltada para Pardelhas, por um carreiro estreito rasgado na encosta. O muro 1 é uma construção de planta tendencialmente circular, sendo o mais pequeno e melhor conservado do conjunto. Os muros de Norte ainda mantêm uma altura considerável e possuem capeamento no topo, constituído por lajes colocadas obliquamente. O interior organizado em vários patamares revela, ainda, alguns lajeados com “estradoilas” onde assentam três cortiços e duas caixas com abelhas. O lado voltado ao regato apenas tem o muro de contenção da plataforma, criado para vencer o desnível existente. O muro 2 é a maior construção do conjunto, com cerca de 25m de diâmetro, situando-se entre os muros 1 e 3. Tem planta em forma de ferradura, estando o segmento de muro, em semicírculo, já bastante destruído e a parte recta voltada ao regato, funcionando como sapata de contenção. O interior é muito rochoso e já não se distinguem os patamares. É visível, do lado voltado a Sul, uma entrada com uma ombreira bem definida. O muro 3 apresenta planta, subquadrangular, com cantos arredondados, de pequenas dimensões, integrando, do lado Sul, grande penedia que torna mais difícil o acesso. Possui muros em alvenaria de xisto, com altura ainda considerável e capeamento bem conservado, o que lhe confere o aspecto de “fortaleza”. No interior, distribuídos por vários patamares, assentam cortiços, cobertos com lousas. No lado junto ao regato o muro é relativamente baixo, assumindo- se como sapata de contenção do talude. O muro 4 implanta-se sobre um morro, com escarpa impressionante que cerra parcialmente o cercado. Apresenta planta semicircular e é o muro mais pequeno e o mais degrado dos quatro muros do conjunto. Possui muros em alvenaria de xisto e quartzito, com pedras dispostas a seco.
Aldeia de Campanhó
A aldeia de Campanhó é um pequeno aglomerado perdido na montanha, de topografia acentuada que lhe confere uma beleza singular mais parecendo um presépio aconchegado pela serra do Marão. As difíceis características do solo obrigaram o homem à construção de socalcos para a prática da agricultura, principal fonte de subsistência da aldeia. Tiveram importância na economia da localidade as explorações da cal e do mármore negro. De destacar o Cruzeiro do Senhor dos Aflitos, peça de grande valor cultural e iconográfico. Está a uma cota de 626m e dista 37km da sede do concelho.
Comments (17)
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Information
Easy to follow
Scenery
Moderate
José Marques Fernandes, muito bonito. A única coisa que fizemos de diferente foi a partir dotanque de Paço, continuar pelo monte para evitar o aborrecimento da estrada.
Aproveitei as suas descrições sobre as silhas. Obrigado pela partilha.
Bons trilhos
Artur
Obrigado, Artur, pelo comentário e avaliação do trilho.
Ainda bem que a partir do Tanque de Paço continuou pelo monte. Quando realizei este trilho, tentamos também seguir pelo monte. Porém, nessa altura deparámo-nos com vegetação muito alta e cerrada. Como já estava a ficar tarde, após algumas tentativas frustradas, optamos por voltar ao estradão e depois seguir pela estrada. Recordo-me que ficou um sabor amargo, pois alcatrão é para evitar, sempre!
Daí deixar-lhe este comentário, pois fico muito satisfeito por constatar que esta partilha foi útil e permitiu-lhe fazer aquilo que na altura não consegui.
Esta região é belíssima. E este trilho permite constatar isso.
Continuação de boas caminhadas!!!
João, esses caminhos pelo monte estão agora bem limpos e até abriram um novo que ainda não consta no mapa, que diminui à subida cerca de 500 metros. Portanto nada de especial . Seja como fôr, um grande e belo trilho. Obrigado
Excelente notícia, Artur, pois pretendo voltar a fazer este trilho e essa solução é a ideal. Obrigado!! Abraço e boas caminhadas.
Bom dia João, nós também lá voltaremos com amigos, em breve. Já agora, permita dizer-lhe que no caminho da Cruz das Moças para baixo, a derivação à direita ao km 5.2 não deverá ser feita pois não conseguimos achar uma passagem para a estrada com segurança, devido ao mato. Ou se segue pelo caminho até ao fim e engatamos novamente no trilho virando logo à direita depois da estrada atravessada, ou ao km 4.8 existe um caminho também à direita que contorna por cima, indo dar à estrada,que depois de atravessada, se entra a direito no trilho como deve ser.
Abraço
Obrigado pelas dicas, Artur.
Entretanto guardei o seu trilho nos meus favoritos, pois será também uma boa ajuda para o troço depois do Tanque do Paço.
Abraço!
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Information
Easy to follow
Scenery
Difficult
Este trilho foi fabuloso! Já conhecia algumas partes por onde se passou, mas não com este desenho. Gosto muito do Alvão! Foi uma caminhada dura mas muito gratificante, com passagem por locais belíssimos. Valeu!! Grande abraço.
Obrigado, Aiguille du Midi, pelo comentário e avaliação do trilho!
Este trilho pelo Alvão proporcionou-nos um dia fantástico, duro mas cheio de paisagens belíssimas.
Grande abraço!
Ola Boa tarde.
Acha que o trilho da para fazer de bicicleta ?
Olá, luisnatariosilva. Pessoalmente não aconselho a fazer este trilho de bicicleta, pois existem vários troços em caminho de pé posto, sobre rocha inclinada e escorregadia, que obrigam a usar as mão como apoio. Tem partes viáveis para progredir em bicicleta e pode sempre tentar encontrar alternativas cicláveis. Mas no geral, não recomendo.
Olá boa tarde este trilho naontem nenhuma alteração? Só seguir o gps?
Olá, João Ribeiro, não percebi bem a sua dúvida...
Conforme descrevo no texto desta publicação, este trilho coincide com PARTES de dois trilhos oficiais: o PR8 MDB - Caminho do Porto Velho e o PR5 "Trilho das Silhas de Pardelhas". Mas grande parte foi desenhado e experimentado no terreno. Quanto ao uso de GPS, aconselho-o sempre, pois as marcações nem sempre são óbvias e tem vários troços sem nenhuma. Aconselho-o a ver também a publicação dos Vamos a butes! - (Andantes), que percorreu este trilho mais recentemente e efetuou alterações que o melhoraram (os comentários estão acima).
Olá Joao Marques Fernandes.
A sua descrição de trilho é excelente e fiquei com vontade de o fazer.
Tem alguma dica em Particulat?
Obrigado pela partilha
Olá STrilhos! Deu-me imenso prazer percorrer este trilho e acho que também irá desfrutar dele tanto quanto eu, pois é um trilho desafiante de de grande beleza. As dicas que lhe posso dar são as seguintes:
- Se possível, opte por fazer este trilho num dia limpo e seco, pois alguns troços são perigosos se a pedra estiver molhada (junto à ribeira de Porto Velho);
- a primavera é a altura ideal, pois o manto de vegetação rasteira fica com cores belíssimas;
- É importante ler os comentários publicados acima pelos Vamos a butes! - [ Andantes ], que fizeram este trilho em maio de 2021 e encontraram novas alternativas em dois pontos mais complicados, evitando assim percorrer estrada de alcatrão (na altura que lá passei não tive outra alternativa...) e levar também como apoio o track GPS que eles publicaram nesta plataforma;
Julgo que estas são as dicas fundamentais que lhe posso dar. Espero que lhe sejam úteis para desfrutar em pleno deste trilho pelas fantásticas serras do Marão e Alvão. Boa caminhada!! Abraço.
João Fernandes muito obrigado pelas dicas. Irei ter exatamente em consideração.
Obrigado e um abraço
Boas caminhadas
A julgar pelas fotografias, este percurso deve ser belíssimo, sobretudo na primavera. E bem duro, também!! Obrigado pela partilha, abraço!
Obrigado, _BIO_RAIA_, pelo comentário e avaliação do trilho.
É um trilho espetacular, sem dúvida, mas precisa ainda de se afinar umas partes.
O prazer está na partilha. Grande abraço!!