Trekking Norte x Sul da Isla del Sol na Bolívia - Marcelo

Vídeo desta caminhada:
https://youtu.be/eVyOnONletk

Depois de tomar o café da manhã na pousada ali em Copacabana (e brincar com os cachorros deles), era hora de continuar o meu caminho. O destino desta vez é um lugar que eu sonhava há, pelo menos, uns dez anos em conhecer. Era um sonho que eu iria realizar.
Fui caminhando em direção ao lago Titicaca e ali tem algumas agências que oferecem passeios até a Isla del Sol e a Isla de la Luna. Chegaram a me oferecer para conhecer os dois pelo mesmo preço, mas eu sabia o que queria: queria fazer o trekking norte x sul da Isla del Sol. Então comprei um boleto apenas para a parte e assim parti. Depois de um pouco mais de uma hora aproximadamente, cheguei na parte norte da ilha. A ilha é dividida em três povos. O povoado do norte (Challapampa) é o mais interessante. Já o do sul (Yumani) é o que tem a maior infraestrutura. O do meio/centro-oeste (Challa) é o que proporciona grandes visuais do caminho.
Comecei a minha caminhada e logo fui me batizar no lago Titicaca: apenas molhei o rosto e a cabeça. Dali comecei a subida.
Passei pela rocha sagrada, a mesa de sacrifício, o labirinto... e comecei ir caminhando sentido ao sul da ilha do sol.
Essa ilha é muito especial pois, diz as crenças, que foi ali o berço da civilização inca. Inti, o Deus sol, enviou seus filhos Manco Capac e Mama Ocllo para a terra para ensinar os homens a caçar, plantar e cultivar a lã. Eles surgiram das águas do lago Titicaca e ali começaram uma pequena civilização. Marcharam em rumo ao norte e, onde o cajado de ouro afundasse, ali seria erguido o templo de adoração ao Deus Sol e também seria a capital do império Inca. O cajado afundou justamente em Cusco, no Peru.
Enquanto eu caminha por essa ilha rica em histórias e lendas, ia admirando suas paisagens inesquecíveis. É como caminhar na crista de uma montanha, só rodeada por água. Muito lindo! Era um sonho realizado.
Durante o caminho neste primeiro dia, tive que pagar apenas para entrar no povoado do norte. O resto, não tinha pedágios.
Depois de caminhar aproximadamente onze quilômetros, cheguei no povoado do sul. Aproveitei que tinha um restaurante aberto e almocei de frente para o lago Titicaca. Foi inesquecível. Caminhada praticamente realizada. Depois, de barrigão cheio, fui para a minha pousada. Descansei um pouco e fui tirar fotos do pôr do sol. Um frio!!!! Mas valeu a pena, mesmo com o tempo não tão aberto na hora do anoitecer.
Um fato curioso: Olhei o céu e vi duas estrelas alinhadas no céu. Cheguei a tirar foto, mas vou deixar só no site. Ao chegar na pousada fui ver o que era, e descobri que, justamente naquele dia tão especial pra mim, era um dia mágico no céu também: era o alinhamento entre os planetas Júpiter e Vênus. Mais uma vez, Inesquecível.
Agora era só descansar e me preparar para descer toda a ilha.

Já no dia seguinte, acordei cedo para ver se tirava umas fotos do nascer do sol. Tentei ver da janela do quarto mas não estava ajudando muito, então peguei o casaco e fui pro frio lá fora tentar tirar umas fotos legais. Acabou que na hora que o sol estava nascendo eu acabei deixando a máquina no modo automático e as fotos nem saíram tão legais assim. Não como eu gostaria. Mas enfim... aos poucos vou aprendendo.
Voltei para a pousada, tomei o meu café da manhã e comecei a minha caminhada.
Assim que comecei a dar os primeiros passos, achei um lugar onde vendiam pizzas vegetarianas. Interessante isso. Bem ali no meio do nada.
Muito próximo dali, também tinha um campinho de futebol com um ótimo mirante. Bem isolado também o que poderia gerar ótimos fotos do céu a noite.
Continuei a caminha passando por vários mirantes, cruzes e mesas de sacrifício.
Depois de conversar com um casal de ingleses frente a um mirante, a caminhada foi só descendo. Fui descendo até que cheguei no Templo do Sol. Lembra muito algumas estruturas e o próprio Templo do Sol que existe lá em Cusco, no Peru (que hoje é um museu).
Depois de conhecer as rochas do templo, fui andando até o povoado sentido as escadas inca. No meio do caminho vi uma lojinha e resolvi comprar uma lembrança desta viagem: um chapéu. Como perdi o meu lá no Cerro Calvário, era hora de comprar um novo. Porque não logo neste lugar que eu sonhei em conhecer por anos? Era a hora certa. Fiquei triste de ter perdido o meu chapéu que comprei na travessia do descobrimento, mas a hora dele dar lugar a uma nova recordação: A Isla del Sol.
Já com meu chapéu novo, fui descendo as escadas inca até que cheguei na fonte inca. Ou seria a fonte de juventude? Na dúvida, enchi minha garrafinha e claro que tomei um bom gole daquela água.
Já no final da escadas inca, um rapaz me falou que não havia mais barcos até Copacabana naquele horário. Só mais tarde: umas quatro horas da tarde.
Como cheguei no porto por volta de meio dia, hora do almoço, fiquei por ali esperando dar o horário. Como ofereciam refeição, já almocei por ali mesmo de frente para as estátuas de Manco Cápac e Mama Ocllo.
Enquanto esperava meu horário para ir até Copacabana, acabei conhecendo um americano, uma Indiana e reencontrei uma Espanhola que tinha visto lá no Cerro Calvário. Acabamos voltando todos juntos até La Paz.

Sonho realizado!