Travessia Mucugê x Andaraí via Cânions dos rios Paraguaçu e Pati (Chapada Diamantina)

ATENÇÃO Leia as observações no final

Travessia saindo de Mucugê com destino à Andaraí em 6 dias passando por dentro dos cânions do rio Paraguaçu e rio Pati. Trilha muito pesada e difícil, cercada pelos paredões dos cânions, caminhando por sobre as pedras e passando ao lado de rochas gigantes. Algumas vezes passando por passagens estreitas entre as pedras. Dentro dos cânions, caminhando uma média de apenas 5 km durante todo o dia.

As passagens nem sempre são aparentes sendo preciso procurar o lugar para transpor os obstáculos, o que levava mais tempo na trilha. Muita dificuldade para transpor os grandes blocos de rocha principalmente quando o cânion se afunila. Em alguns momentos é necessário passar por trechos íngremes de mata.

Não faça em época de muita chuva pelo risco de cabeça d’água e também certifique-se de que não vai chover no período, pois as pedras, quando molhadas, ficam muito escorregadias, aumentando mais ainda a dificuldade.

INFORMAÇÕES

Tipo: Trekking autônomo e autossuficiente com planejamento do percurso e navegação realizados por conta própria;
Local: Cânions dos rios Paraguaçu e Pati no Parque Nacional da Chapada Diamantina;
Guia: Opcional;
Dias: 6 dias com acampamentos selvagens;
Distância total: 46 Km;
Ganho de elevação: 1600 m;
Melhor época: Meses de seca de maio a setembro. Trilha feita em março, mas com boa brecha no tempo;
Data: 10 à 15 de março de 2023;
Início: Saída às 12h da manhã de Mucugê;

COMO CHEGAR

A trilha começa no centro da cidade de Mucugê. De carro, você pode chegar até Mucugê através da BR-242 e depois acessar a estadual BA-142, a mesma que leva até a cidade de Andaraí.

Caso esteja a pé, primeiramente você deverá chegar até o povoado de Tanquinho de Lençóis (povoado de Lençóis situado às margens da BR-242) e depois pegar um outro ônibus até Mucugê. Saindo de Salvador chega-se até Tanquinho pela empresa de ônibus Real Expresso. Ela possui diversas linhas que passam por Tanquinho em vários horários. No site da empresa, compre a passagem com destino para “ENT LENCOIS - BA” (entrada de Lençóis). Dessa forma, você terá a opção de usar outras linhas e não somente a comumente utilizada Salvador x Seabra que passa por Lençóis e costuma ficar lotada.

Estando em Tanquinho, o ônibus da empresa Novo Horizonte faz o trajeto até Mucugê às 7:00 da manhã. Ele sai da Matos Churrascaria (localizada às margens da rodovia). As passagens são vendidas na própria churrascaria. Quando fui, cheguei no povoado já no final do dia e fiquei hospedado no Hotel São José e peguei o ônibus só no dia seguinte.

TRAVESSIA

A travessia começa dentro da cidade de Mucugê e tem três pernoites dormindo no cânion do rio Paraguaçu, uma noite no cânion do rio Pati e uma última noite na casa de Seu Jóia.

O primeiro dia (DIA 1 - MUCUGÊ À CACHOEIRA DA SIBÉRIA) com 11,9 km começa no centro da cidade e segue para a Cachoeira da Sibéria passando pela trilha do Museu Vivo do Garimpo. Também é visitado o Mar de Espanha, um grande lago formado pelo rio Paraguaçu.

No segundo dia (DIA 2 - CACHOEIRA DA SIBÉRIA À QUEDA D’ÁGUA NO PARAGUAÇU), a trilha começa de fato a adentrar o cânion Paraguaçu e tem no total apenas 5 km caminhados. Dia de maior dificuldade para ultrapassar o cânion e tem pernoite em uma laje de rocha ao lado de uma queda d’água do rio.

O terceiro dia (DIA 3 - QUEDA D’ÁGUA NO PARAGUAÇU À PRAINHA DO PARAGUAÇU) tem 6 km de caminhada e ainda continua atravessando o cânion do rio Paraguaçu. Pernoite num setor conhecido como prainha do rio Paraguaçu.

O quarto dia (DIA 4 - PRAINHA DO PARAGUAÇU AO CÂNION DO RIO PATI) termina a travessia do cânion Paraguaçu e adentra no cânion do rio Pati. Passa pela Cachoeira das Três Irmãs, Toca do Nestor e pernoite no cânion do rio Pati numa mata ao lado do rio e tem no total 8.,8 km.

O quinto dia (DIA 5 - CÂNION DO RIO PATI À CASA DE SEU JÓIA) continua por mais um trecho do cânion do rio Pati e posteriormente sai do cânion próximo à Toca Guariba. Na toca, a trilha segue por uma mata pelo lado esquerdo do cânion e termina na casa de Seu Jóia. Total de 6,7 km caminhados.

O sexto e último dia (DIA 6 - CASA DE SEU JÓIA À ANDARAÍ) tem 12,3 km de percurso e termina a travessia em Andaraí pela Ladeira do Império.

DIA 1 - MUCUGÊ À CACHOEIRA DA SIBÉRIA

Do centro de Mucugê, a trilha segue pelo lado esquerdo da rodovia e logo mais a frente atravessa a pista para pegar a trilha do Museu do Garimpo Vivo. Após passar pelo museu, a trilha segue pela pista para mais a frente pegar a estrada que leva até Cachoeira da Sibéria.

A trilha segue por uma estrada margeando o lado direito do rio Paraguaçu e após 5 km chega na bifurcação para descer até o Mar de Espanha. Desse ponto em diante são 3 km até a Cachoeira da Sibéria.

Ao chegar próximo à cachoeira, o percurso volta mais um pouco no rio Paraguaçu para o ponto de acampamento. Esse local possui mais áreas planas, onde formam-se alguns poços para banho.

DIA 2 - CACHOEIRA DA SIBÉRIA À QUEDA D’ÁGUA NO PARAGUAÇU

A caminhada começou às 8:00hs e adentra o cânion do rio Paraguaçu. Depois do acampamento, o percurso segue voltando pelo caminho do dia anterior até chegar a Cachoeira da Sibéria. Antes do grande poço, a trilha segue pelo lado esquerdo do cânion. Logo mais à frente chega-se no mirante da Cachoeira da Sibéria.

Por dentro do cânion, a trilha segue procurando passagens para transpor os grandes blocos de rochas. Esse dia tem apenas uns 5 km andados. Dia de maior dificuldade com enormes blocos de rochas contornando o leito do rio. Perde-se muito tempo procurando as passagens e para transpor as rochas.

Em determinados momentos, o cânion chega em regiões que afunilam e que não se consegue subir ou descer as pedras devido à sua altura. Chegamos na primeira área desse tipo do dia e a trilha segue pela área de vegetação do lado direito do cânion. Em seguida, mais à frente, desce novamente para o leito do rio. Nesse momento surgem diversas tocas de pedra da época do garimpo.

Após a grande árvore, seguimos pelo lado esquerdo do cânion e atravessamos o rio pelo canto esquerdo com água batendo na cintura. Paramos para descansar e almoço numa parte mais plana à esquerda de um dos poços que se formam pelo caminho.

Continuamos o trepa pedra até chegar numa segunda área intransponível. Novamente pegamos uma trilha que segue na vegetação pelo lado direito do cânion.

Seguimos novamente o trepa pedra até chegarmos numa terceira área intransponível do lado esquerdo do cânion que possuía uma queda d'água. Contornamos pelo lado direito pegando a área de pedras e vegetação.

Após contornamos, chegamos novamente ao leito do rio e era possível ouvir mais forte o barulho da queda d'água. Atravessamos para o lado esquerdo do rio e dormimos ao lado da queda d'água no paredão do lado esquerdo do cânion numa laje de rocha.

DIA 3 - QUEDA D’ÁGUA NO PARAGUAÇU À PRAINHA DO PARAGUAÇU

A trilha segue voltando para o lado direito do cânion por onde chega-se no dia anterior. Ainda no leito do rio mais à frente entra por uma abertura entre as pedras para atravessar pro outro lado.

Nesse dia a transposição deve seguir sempre transpondo os blocos grandes pelo lado direito do cânion. Em alguns momentos passa por trechos de mata. Apenas algumas vezes em que é possível caminhar mais a esquerda pelas pedras do leito do rio, mas logo volta-se para o lado direito.

Apenas cerca de 6 km andados. Novamente, dia muito puxado subindo e descendo pedra com muita dificuldade para passar pelos grandes blocos de rocha. Nesse dia, foi preciso usar corda para descer uma pedra. Antes de chegar nesse local, foi feita uma passagem para a margem esquerda do cânion. Caso não leve corda, continue ainda pelo lado direito e tentar encontrar passagem.

Logo após o lance de descida de corda, o cânion fica mais largo com pedras menores e a trilha começa a fluir mais. Ponto de acampamento ao lado do rio num lugar conhecido como prainha. Ótimo lugar para passar a noite.

DIA 4 - PRAINHA DO PARAGUAÇU AO CÂNION DO RIO PATI

Nesse dia a trilha sai do cânion do rio Paraguaçu e entra no cânion do Rio Pati. Esse trecho é onde o cânion Paraguaçu fica mais largo e a caminhada começa a ficar bem aberta por entre as pedras. A trilha continua assim até se encontrar com o rio Pati. Dentro do rio Pati até o ponto acampamento, possui algumas dificuldades para transpor as pedras no seu leito.

Saindo do acampamento, segue por entre as pedras margeando o lado direito do rio. Há poucos metros a frente, já é possível avistar a Cachoeira das Três Irmãs. Três grandes quedas d’água uma do lado da outra no lado esquerdo do paredão do cânion.

Ainda pelo lado direito do rio mais a frente, há uma trilha dentro da mata que chega até a Toca do Nestor. Um grande espaço para acampar e que possui uma trilha que sai em Igatu (povoado de Andaraí) e no mirante da Rampa do Caim. No dia, o Nestor estava lá e nos recebeu super bem, além de dar umas dicas sobre as passagens no cânion do rio Pati. Nestor também é guia e conhece muito bem a região dos cânions (75 9 8113-7621).

Da Toca Nestor, a trilha segue ainda pelo lado direito e mais a frente é feito um cruzamento para a esquerda e segue até passar lateralmente em um paredão. Mais a frente é feito um cruzamento para a margem direita e depois à esquerda. E por último, é feito um cruzamento para a direita. Observe as marcações no percurso.

Após mais um longa pula pedra, a trilha chega no cânion do rio Pati. Do seu início até o acampamento possui algumas dificuldades para transpor os obstáculos, principalmente nas partes mais afuniladas. Observe as marcações no tracklog de passagem pelo rio.

Acampamento montado ao lado direito do rio numa área de mata.

DIA 5 - CÂNION DO RIO PATI À CASA DE SEU JÓIA

Esse dia segue novamente pelo cânion do Rio Pati até a casa de Seu Jóia, morador do Vale do Pati. Saindo do acampamento a trilha começa seguindo pela direita por entre as pedras até mais a frente cruzar para a margem esquerda.

Pouco tempo depois o cânion enlarguece e a caminhada fica mais fácil. Continuando pelo lado esquerdo, faça uma passagem mais a frente para a margem direita e logo depois do encontro com o cânion do Rio Guariba, faça uma passagem para a esquerda.

Logo à frente é possível passar pela Toca Guariba que fica embaixo de um paredão à direita do rio Guariba. Seguindo mais a frente a trilha continua por um trilha bem batida e desmarcada dentro da mata até a casa de Seu Jóia.

DIA 6 - CASA DE SEU JÓIA À ANDARAÍ

Essa última pernada tem 12 km e termina a travessia na cidade de Andaraí. A trilha começa logo de início na subida da ladeira do Império, depois numa parte plana e por último uma descida até a cidade.

A Ladeira do Império é uma longa subida, calçada de pedras em grande parte do seu percurso. Durante muito tempo, foi utilizada por seus moradores para escoar para Andaraí, no lombo de animais, os alimentos produzidos no vale, como couve, café, bananas, laranja, alface etc.

À medida que se sobe é possível ir avistando os vales ao fundo. Um pouco antes da subida acabar existem dois mirantes: um para o vale do cachoeirão e outro para o Morro do Castelo e seus dois vales. Também é possível encontrar os nativos guiando os burros levando mantimentos para o Vale do Pati.

Caminhar usando 1 litro de água é suficiente. Em cima do chapadão existem três pontos de água sendo um deles uma boa queda d’água para se refrescar. Duas bifurcações já no final.

CONTATOS

- Guia para fazer os cânions
Nestor: (75) 9 8113-7621

- Casas de apoio:
Seu Jóia e Lêu: 0 75 98204-5904 (Acampamento R$ 50 por pessoa)

OBSERVAÇÕES

- Trilha de grande nível de dificuldade em esforço físico e de navegação;

- Não faça em época de muita chuva pelo risco de cabeça d’água;

- Certifique-se de que não vai chover no período, pedras ficam muito escorregadias, aumentando mais ainda a dificuldade;

- LEVE SEU LIXO DE VOLTA e NÃO FAÇA FOGUEIRAS;

- Lembre-se, você é inteiramente responsável ao decidir e realizar a trilha. Use por sua conta em risco. As informações presentes aqui visam apenas serem informativas e auxiliares;

- Faça suas necessidades fisiológicas distante pelo menos 90 m dos cursos de água;

- É uma trilha de longa distância que passa por locais remotos, sem sinal de celular, onde qualquer tipo de resgate é complexo e demorado; esteja preparado;

- A progressão da trilha depende do terreno, estado da trilha, da sua condição física, da navegação, etc.

- Travessia com grande parte exposta ao tempo, protetor solar e chapéu são itens obrigatórios;

- Percurso dentro de uma unidade de conservação no Parque Nacional da Chapada Diamantina;