← Part of Travessia Marins Itaguaré ⛺

Activity

Travessia Marins Itaguaré (1° dia) ⛺

Download

Trail photos

Photo ofTravessia Marins Itaguaré (1° dia) ⛺

Author

Trail stats

Distance
5.02 mi
Elevation gain
3,107 ft
Technical difficulty
Very difficult
Elevation loss
1,047 ft
Max elevation
7,843 ft
TrailRank 
62 3.7
Min elevation
5,094 ft
Trail type
One Way
Moving time
3 hours 35 minutes
Time
11 hours
Coordinates
1462
Uploaded
April 4, 2021
Recorded
April 2021
  • Rating

  •   3.7 1 review

near Queimada, Minas Gerais (Brazil)

Viewed 342 times, downloaded 23 times

Trail photos

Photo ofTravessia Marins Itaguaré (1° dia) ⛺

Itinerary description

Travessia Marins Itaguaré
Pascoa/2021

*** Contextualização ***
No carnaval 2021 havíamos tentado a famosa travessia Marins - Itaguaré, considerado o trekking mais técnico do Brasil. Naquela ocasião, piso muito molhado na subida do Marins e fortes chuvas no fim de tarde até a madrugada nos forçaram a abortar a travessia. De coração partido, mas certos de que era a decisão mais correta e segura, retornamos.
O relato dessa primeira tentativa pode ser lido aqui:

*** A TRILHA ***

PRIMEIRO DIA:
Dessa vez, em virtude da pandemia (Páscoa/2021), não foi permitido estacionar o carro no Refúgio Marins. Então sugiro confirmar as condições/restrições com o Dito (telefone: 012 99799-7524) antes de iniciar a empreitada.
Com a proibição do uso do estacionamento, acertamos com o Sr. Clovis (012 99773-4889), famoso por realizar os resgates dos montanhistas nesta travessia, para deixar o carro em Marmelópolis na sexta-feira santa. Ele, então, nos levaria até a porteira de entrada, para o início da trilha. Como já havíamos contratado o resgate no domingo de páscoa às 14:00 no fim da trilha do Itaguaré, acertamos esta primeira etapa diretamente com ele. O carro ficou guardado em um de seus estacionamentos.

Iniciamos a trilha no Refúgio as 7h15min, carregados com bastante água (4L cada), mas com a ideia de pegar um pouco mais de água no Morro do Careca para cozinhar e depois só no Itaguaré, pois há relatos que a água do Marins é contaminada.
A trilha inicia-se por mata fechada, alternando com trechos da antiga estrada de terra que passa por ali. A vegetação exuberante, durante a subida, vai logo dando lugar à típica vegetação da Serra da Mantiqueira, com campos de altitude e afloramentos rochosos.

A trilha do morro do careca pode ser considerada fácil-moderada, exigindo um pouco do montanhista, especialmente carregando cargueiras. Neste dia estávamos: eu com 18kg e Carol com 15kg. A vista neste trecho já é magnífica, tanto do Vale do Paraíba abaixo, quanto dos cumes e da trilha que segue. Chegando no Careca, uma parada rápida para fotos e já na sequência, abastecer a água em um excelente ponto, que fica em uma trilha escondida (vide waypoint).

A partir do Careca, a quantidade de rochas e, consequente de "trepa pedras", aumenta substancialmente, transformando a trilha de moderada, para "difícil' até pouco depois do Portal (também chamada de Pedra Partida). Esse é outro ponto com belas imagens do vale e dos cumes, antecipando a pirambeira que nos aguarda.

Logo depois desse ponto, a trilha dá uma guinada para a esquerda acompanhando o paredão. É um ponto aonde o capim cresce e, apesar de bastante alto, as trilhas acabam ficando bem marcadas pelo passar dos montanhistas. As pegadas de botas sempre auxiliam na navegação.

A partir daí temos a primeira escalaminhada. Trecho muito difícil, aonde pode se tentar por aderência ou ir contornando o paredão se agarrando nas rochas. Na sequência, mais um trecho de pedras e a segunda escalaminhada. Nesta, existe uma fenda no início que deixa o trajeto menos penoso. Esse trecho pode ser vencido por aderência se estiver seco.
A partir daí, mais pedras surgem até a terceira escalaminhada: uma parede com 9m de altura com uma grande fenda. Dessa vez, diferente da primeira, conseguimos vencer sem tirar as cargueiras. O trajeto estava congestionado quando chegamos neste trecho. Muita gente içando mochilas e dando auxílio uns aos outros. Mas dessa vez foi possível fazer o trecho sem tirar as cargueiras, pois estava bastante seco e passava mais segurança.
Logo adiante já se avista o primeiro camping (menor) na base do Marins. Ficamos nele novamente, junto com o grupo do Silas, Denis e Teleco, que encontramos diversas vezes ao longo da trilha. Fomos “vizinhos” de camping e a partir dali não nos separamos mais (o que foi ótimo)!
Há mais campings pela frente após o pequeno vale, mas avistamos muitas barracas e decidimos ficar por ali mesmo. O tempo gasto para chegar até este ponto de camping foi de pouco mais de 4h. Acampamento montado, decidimos, pelo tempo que tínhamos, almoçar para então fazer o ataque ao cume. E assim foi. Depois do almoço, descemos o pequeno vale, passamos pelos outros campings e iniciamos a subida.
A subida ao Marins é quase toda por aderência e sem muitos trechos expostos. Mas não é fácil. Pouco mais de 1h de subida mesmo com pequenas mochilas de ataque leve. No caminho, passa-se por um ponto d’água que não tem boa fama e outros acampamentos menores mais perto do cume, até lá chegar. Ao chegar no cume do Marins, diferente do Itaguaré, há uma área de camping de tamanho médio, que segundo disseram alguns guias, cabem até 30 barracas! Neste dia a ocupação estava em 7 ou 8 barracas que pudemos contar.
Foi extremamente gratificante chegar ao cume! Finalmente após 40 dias de uma tentativa frustrada, pudemos retornar e alcançar o primeiro objetivo da travessia: apreciar a vista maravilhosa, assinar o livro, curtir o momento! Não ficamos para o por do sol pela distância a ser percorrida na volta. Decidimos descer e observar de um ponto mais próximo ao nosso camping, para então voltar ao nosso abrigo.
Jantar servido, louça e asseio feito, com um vento forte e bastante frio (na casa dos 8°C imagino), decidimos dormir cedo para iniciar a segunda etapa, no alvorecer. Logo viria o segundo e mais pesado dia dessa travessia.

SEGUNDO DIA:
Acordamos cedo (nós dois e nosso novo grupo) para tentar alcançar o camping da base do Itaguaré, antes do anoitecer. Saímos do Camping às 7h50min. Nesse dia, o amanhecer foi com bastante névoa, impedindo a visualização do majestoso pico do Marinzinho, que precisaria ser vencido para continuar a travessia. Há quem diga que é a condição ideal, para que a gente não veja o que nos aguarda... 😊
Logo aos pés do Marinzinho, outro ponto de água. Na verdade, a nascente daquele ponto de água que vimos no dia anterior. Apesar da água amarelada, coletamos um pouco (para alguma eventualidade) e tratamos com clorin. A partir daí, uma subida moderada logo dá espaço a uma parede de escalaminhadas íngremes e com muita exposição. Trecho muito difícil de ser feito com as cargueiras pesadas. Depois de muito trepa pedra, finalmente o cume. Mas aí nos demos conta de que era o “Cume Falso do Marinzinho”. Há que se descer um pouco e subir outro paredão para finalmente o cume verdadeiro! Dessa vez a névoa não permitiu apreciar a vista, mas o esforço teve sua recompensa com o livro do cume. Livro assinado, seguimos em frente.
Chegamos ao primeiro túnel (passamos sem necessidade de tirar as mochilas) e logo depois, chegamos ao trecho que requer atenção com o lance de corda. Com um pouquinho de destreza, dá para descer tranquilamente. Muita atenção no posicionamento dos pés, pois assim a utilização da corda se torna apenas um apoio e segurança.
Após este lance, uma descida forte pelo vale e novamente uma subida muito forte, cujos trepas pedra vão drenando nossas forças, mas não a determinação e empolgação. Nesse ponto temos outro ponto de atenção com uma passagem estreita ao lado de um precipício. Com atenção, é possível atravessar tranquilamente. Os vídeos do Youtube fazem parecer pior do que é... 😊
Mais um trecho de caminhada combinado com trepa pedras atingirmos a Pedra Redonda. Aqui uma parada para descanso e lanche. Vale ressaltar que a Pedra só é redonda de vista de longe 😊
Após a Pedra Redonda há áreas de Camping, muito usadas por quem faz a travessia em 2 ou também em 4 dias. Não são áreas grandes, mas quebram o galho. Aqui também há um ponto de água de boa qualidade para coletar, junto aos bambuzais. Basta sair na trilha a direita perto de uma parede rochosa e seguir pelo “brejo”. Água de uma nascente boa, de cor transparente e muito fria. Então recarregamos todas as garrafas e tratamos com clorin. Continuamos seguindo a crista do morro com uma bela vista do Itaguaré. Vale apontar que aqui a vegetação é diferente, ao invés do Capim Elefante, uma espécie de bambu cresce na região.
De volta a trilha, temos que vencer um vale à direita. A descida é íngreme e por mata fechada. A subida é de detonar qualquer um. Corpo cansado, muito trepa pedra e pequenas escalaminhada tornam o trecho extremamente desgastante. Ao chegar acima, mais um pequeno vale, com suas subidas e descidas igualmente cansativas. Nesse ponto já se passava das 16h, ambos bem cansados e optamos por parar no camping sinalizado com Placa que informava capacidade para 10 barracas. Silas, Denis e Teleco também decidiram pernoitar no camping e então iniciamos a montagem dos abrigos. Logo, outros grupos nos alcançaram: 2 seguiram em frente (mesmo com o avançado da hora) e outros 2 pernoitaram conosco. O acampamento ficou cheio e animado.
Jantar, papo, muita “mentira contada” em frente aos fogareiros até que finalmente a chuva veio. Nos recolhemos aos nossos “aposentos”, um grupo esticou o papo debaixo de uma lona, mas para gente já era hora de recarregar as baterias para encarar o terceiro dia.

TERCEIRO DIA.

Mais uma vez acordamos cedo. O café da manhã com a vista do belíssimo nascer do sol atrás do Itaguaré foi um belo presente. Já era possível visualizar o “Pulo do Gato” e alguns montanhistas que subiram para assistir ao nascer do sol. Partimos do acampamento por volta das 7h40min. Muito trepa pedra e vegetação com Capim Elefante. Um pouco à frente do camping que pernoitamos, identificamos uma última opção de camping antes dabase do Itaguaré. Pequeno, é o ultimo refúgio antes do último e penoso vale até a base do Itaguaré. O vale, assim como os demais, é muito acidentado e com vegetação fechada. Recomendo fortemente não fazer esse trecho no 2° dia, se a noite já estiver se aproximando. Há enormes valetas, pontos com alguma exposição, muito trepa pedra e escalaminhada. É nesse trecho que se tem o último e mais apertado túnel. Nesse, há necessidade de tirar as cargueiras e passar engatinhando.
Finalmente, depois de muita subida, chega-se na base do Itaguaré, após 1h30min de caminhada desde o acampamento. Aqui avista-se campings e o majestoso pico. Aqui deixamos as mochilas e subimos para o ataque ao cume apenas com os kits de emergência em mochilas de ataque. Diferente do Marins a subida é por escalaminhadas e com trechos com exposição. É possível em um ponto de panorama visualizar quase todo o trecho percorrido, desde o Cume do Marins (com Maria e Marina ao lado), o Marinzinho e seus 2 cumes, a Pedra Redonda e a crista dos morros. É nesse ponto que se “vê” toda a dificuldade da empreitada que é essa travessia.
Acima, um ponto de muita cautela: O Pulo do Gato. A pedra entalada em uma fenda, dá acesso ao cume. Aqui, apenas eu, Denis e Teleco seguimos em frente. Carol e Silas optaram por ficar. Este ponto é extremamente perigoso, pois qualquer erro é fatal. Requer muita tranquilidade e segurança no que se faz. Portanto recomendo prosseguir, somente se realmente se sentir seguro para vencer o lance. Como a pedra estava bastante seca e minha bota tinha excelente agarro, me senti seguro para prosseguir.
Livro assinado, bastante comemoração e a certeza que o penúltimo desafio da travessia estava completo. Ouvi uma vez que o objetivo de todo montanhista, não é alcançar o cume, mas sim “voltar para casa”. O cume é apenas metade do percurso.
Assim sendo, começamos a descida. Pegamos nossas cargueiras deixadas no pé do morro e passamos pelo ponto de água no Itaguaré e pelos campings. Uma parada para almoço e seguimos descendo. Ainda degustamos o rango do Teleco, o cozinheiro do outro grupo. Um mexidão incrível! Que coisa maravilhosa! 😊
Um pouco mais descansados, continuamos a descida, que tem um forte trecho por aderências e desescaladas. Logo a mata vem frondosa, mas com piso bastante irregular, muitas valas e pedras. A trilha vai ficando cada vez menos íngreme e mais regular, o que é um alento para quem está atravessando há 3 dias. Logo, o primeiro ponto do riozinho que vale a pena parar para se refrescar. A trilha vai ficando cada vez mais fácil e tranquila. Atravessamos o rio mais duas vezes, para então chegar a estrada onde termina a travessia.
Nesse ponto, às 14h30min, lá estava a equipe do Sr. Clovis com suas vans, cerveja, refrigerante e uma marmita de respeito a um preço justo!
Hidratados e alimentados, nos despedimos do Silas, Denis e Teleco, não sem antes trocar contatos e já combinar escaladas juntos (e quem sabe a Serra Fina). Claro que mais uma vez eles terão que ter essa IMENSA paciência que tiveram conosco no momento que passamos a formar um grupo de travessia. Se o grupo se desfez ali, cada um em seu transporte, a amizade pode ter certeza que ficou!
Hora de voltar para casa cansados, suados, mas extremamente felizes com mais essa conquista.

⚠️observações⚠️:


- Vários pontos com sinalização (setas) indicando o caminho até o Marins. Totens em quase todo o percurso. Mas não vá sem GPS se não conhece o local! É muito fácil se perder nas trilhas. Não se arrisque.

- Recomendação de temporada: temporada de seca (maio a agosto). Mas vá preparado com sacos de dormir de 0°C ou menos, isolante térmico, etc.
- Na Mantiqueira, dado o solo raso, é necessário levar um "Shit Tube". Traga de volta e não deixe nada na montanha! É decepcionante encontrar rastro de dejetos no meio da trilha. Seja consciente.

Comments  (4)

  • Photo of Carolina Coelho Varella
    Carolina Coelho Varella Apr 17, 2021

    Sem dúvidas uma das travessias mais incríveis do Brasil. Fiquei super orgulhosa de ter conseguido. O primeiro trecho é extremamente lindo e acho que foi o menos desafiador dos 3 trechos.

  • Photo of Carolina Coelho Varella
    Carolina Coelho Varella Apr 17, 2021

    I have followed this trail  View more

    Necessária boa capacidade de navegação e equipamentos adequados.

  • Photo of aacoelho
    aacoelho Oct 27, 2021

    Olá Mao
    Bacana o seu relato da travessia Marins-Itaguaré, está bem detalhado.
    Eu fiz essa travessia em dois dias com minha esposa em outubro, iniciamos numa segunda feira não cruzamos com ninguém na travessia. Optamos por fazer em dois dias pela escassez de água devido ao longo período de estiagem. Levamos 9 litros de água para dois dias, foi suficiente, minha mochila estava com 22 kg, não foi fácil levar a casa e a caixa d'água pra cima da montanha.
    Lendo seu relato revi toda a dificuldade dessa travessia, a mais difícil que já fiz. Nem Monte Roraima é tão difícil.
    Vale reforçar que é loucura fazer essa travessia sem levar equipamento de navegação (com baterias extras, banco de carga etc), existem muitas bifurcações e caso baixe nevoeiro fica muito fácil se perder.
    Parabéns pelo relato.

  • Photo of VaTrilhar (mv_mao)
    VaTrilhar (mv_mao) Oct 27, 2021

    Obrigado aacoelho! Realmente até agora foi a mais difícil que fizemos também!!!

You can or this trail