Travessia da Serra Fina

Travessia da Serra Fina, um pedaço da Serra da Mantiqueira. A travessia passa pela Pedra da Mina, o quarto ponto mais alto do Brasil a quase 2800 metros de altura. Segue pela fronteira entre os estados de Minas Gerais e São Paulo até o Pico dos Três Estados, na tríplice fronteira com o estado do Rio de Janeiro, décimo ponto mais alto do Brasil, a 2665 metros de altura. Se caracteriza por seguir por cristas, a mais famosa sendo o Passo dos Anjos

A travessia começou às 11h30 na estrada que liga Cruzeiro a Passa Quatro, na localidade de Pinheirinhos. São 10 km de estrada de terra até a chamada Toca do Lobo, primeiro ponto de água, onde começa a trilha de fato. De lá a trilha segue íngreme até um segundo ponto de água, o último do dia, um pouco antes da subida final para o Morro do Quartzito. Do alto vê-se o Passo dos Anjos. Logo após o Passo dos Anjos, com a noite chegando, montamos acampamento.

No segundo dia subimos até o Alto do Capim Amarelo, onde há várias áreas de acampamento, tradicionalmente onde se acampa na primeira noite. Este é um ponto onde se tem que ter muito cuidado para descobrir a continuação da travessia. Tem-se que atravessar várias pequenas clareiras no meio do capim alto, caminhando bem para a esquerda até encontrar a descida por onde continua a travessia. Aqui cometemos um erro, descendo um pouco antes. O que parecia uma trilha nos deixou à beira de um precipício. Por sorte, achamos um atalho à esquerda que nos levou a trilha de fato, e não tivemos que retornar até o Alto do Capim Amarelo. Este foi o único erro significativo que cometemos.

A descida do Capim Amarelo nos leva a algumas áreas de acampamento, a maior chamada de Maracanãzinho, por ser uma área relativamente grande. Não é uma área plana, no entanto. Após o Maracanãzinho, antes da subida mais íngreme para a crista do Melano, há uma trilha à esquerda que leva a um ponto de água. Não nos pareceu ser um ponto que tenha água o ano inteiro. Em julho, quando fomos, havia apenas um filete de água. Em seguida, sobe-se até a crista do Melano, de onde a vista para todas as direções é muito bonita. Caminha-se um pouco mais até encontrar um rio, o Rio Claro, por onde passa-se por uma ponte. Este é o último ponto de água antes da Pedra da Mina. Montamos acampamento logo após, na base da Pedra da Mina.

No terceiro dia subimos a Pedra da Mina, ponto mais alto da travessia, com vista para todos os lados e para o impressionante Vale do Ruah, próximo destino. O Vale do Ruah possui muitas áreas encharcadas e com capim por vezes de altura acima de 2 metros. Chega-se ao Vale do Ruah pela direita, de quem o vê da Pedra da Mina, e deve-se cruzá-lo inteiro. O objetivo é chegar ao Rio Verde. Não é necessário nem desejável contudo buscar o caminho mais direto. Pode-se caminhar na diagonal, tentando chegar ao rio mas ao mesmo tempo se afastando da Pedra da Mina, buscando portanto o melhor caminho para evitar os charcos. Ao se chegar ao rio, deve-se evitar a tentação de cruzá-lo, não é necessário. Por vezes é na verdade desejável se afastar um pouco, mas não muito, do rio para buscar o melhor caminho. Em um determinado ponto a trilha se afasta definitivamente do rio. Este é o último ponto de água até um pouco antes do final de toda a travessia!

A trilha segue por subidas e descidas até o impressionante Cupim de Boi. A trilha segue pela crista do Cupim de Boi, que possui um paredão negativo no seu ponto mais alto. Ou seja, caminha-se sobre o vazio! À esquerda desse cume se vê o Pico dos Três Estados, alcançado após uma longa descida seguida de uma longa subida. A subida dos Três Estados é bastante íngreme, sem cordas para auxiliar, é necessário cuidado. Em alguns trechos havia gelo! Acampamos no topo do Pico dos Três Estados, não muito longe de uma armação em aço com os nomes dos três estados que se encontram no pico: Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

No quarto e último dia empreendemos a descida do Pico dos Três Estados até o Sítio do Pierre, e a estrada que nos levaria à civilização. A descida contudo tem bastante subidas! A maior de todas, mas longe de ser a única, é a que leva até o Alto dos Ivos, onde conseguimos sinal de celular, utilizável apesar de intermitente. E o vento mal nos deixava ouvir o que nos era dito por telefone! Um pouco após o Alto dos Ivos a trilha desce finalmente até o nível da floresta, e à vários trechos com uma profusão incrivelmente bela de bromélias. E finalmente, se chega ao primeiro ponto de água do dia. Infelizmente, chegamos também ao fim da bateria do GPS! Após este ponto de água se segue por uma estrada de terra com pouca manutenção, se alguma, seguida por trechos calçados até o final da travessia, onde em um ponto de venda nos deliciamos com algumas latas de cerveja gelada. Um pouco mais a frente se chega na estrada, que liga Engenheiro Passos a Itamonte, onde combinamos um resgate com um motorista de táxi de Itanhandu.