Travessia Currais Novos x Acari via Serra do Chapéu

ATENÇÃO Leia as observações no final

Travessia por trilha a pé saindo de Currais Novos com destino a Acari passando pela Serra do Chapéu com distância de 80 km. Trilha totalmente autônoma em 4 dias com pernoites em acampamentos selvagens. Os atrativos em Currais Novos são a Pedra do Cruzeiro, Cânion dos Apertados e a Serra do Chapéu, em Carnaúba dos Dantas as pinturas rupestres da Santa e em Acari o Bico da Arara.

O percurso passa por locais remotos relativamente distantes da cidade, principalmente no segundo e terceiro dias. Trilha de grande esforço físico devido às várias subidas e descidas no setor da Serra do Chapéu, bem como por carregar muita água devido aos poucos pontos de água no caminho. Passagem feita por dentro do Cânion dos Apertados exige cautela pelo risco de cabeça d’água durante os períodos de chuva.

A maior parte da água para beber foi conseguida nas casas de moradores e em um ponto de água dentro do cânion. A subida da Serra do Chapéu foi feita usando 6 litros de água que foram utilizados no restante do segundo dia e no começo do terceiro dia. Confira a seguir os detalhes de como fazê-la.

INFORMAÇÕES

Tipo: Trekking independente e autossuficiente com planejamento do percurso e navegação realizados por conta própria;
Guia: Opcional;
Distância: 80 Km;
Ganho de elevação: 1700 m;
Dias: 4 dias (primeiro dia começando pela manhã e o último dia terminando no final da tarde);
Melhor época: No período do ano com temperaturas mais amenas entre maio e agosto. A trilha passa por dentro de um cânion com risco de cabeça d’água. Antes de adentrá-lo, observe o volume de água em que se encontra o rio Picuí e a previsão do tempo;
Data e hora de início: 18 de fevereiro de 2023 às 9h;

COMO CHEGAR

A cidade de Currais Novos fica a 190 km de Natal e possui acesso através da BR-226. Tanto Acari como Currais Novos possuem boas opções de pousadas e hotéis. Se estiver a pé existe ônibus que faz o trajeto de Natal para Currais Novos. Para chegar na cabeça da trilha (Pedra do Cruzeiro) você pode usar moto-táxi facilmente encontrado no centro da cidade. Esse trajeto custa R$ 5 reais.

Caso esteja de carro, você poderá deixá-lo na cidade de Acari já que o final da travessia é dentro da cidade. Para ir até o começo da trilha na cidade de Currais Novos, você pode pegar um moto-táxi em Acari. Esse trajeto custou R$ 50 reais. Se estiver com mais de um carro, um carro pode ser deixado em Acari e o outro em Currais Novos.

TRAVESSIA

O primeiro dia (DIA 1 - PEDRA DO CRUZEIRO AO CÂNION DOS APERTADOS) tem cerca de 20 km e começa na Pedra do Cruzeiro em Currais Novos e segue com destino ao Cânion dos Apertados. Dia moderado com apenas uma longa subida da Serra da Umburana em direção à estrada estadual PB-177 que liga Currais Novos à Frei Martinho. Maior parte do percurso caminhando por estradas de fazendas bem demarcadas e abertas.

O segundo dia (DIA 2 - CÂNION DOS APERTADOS À SERRA DO CHAPÉU) tem 15 km e atravessa todo o Cânion dos Apertados caminhando por dentro dele até posteriormente subir a Serra do Chapéu. A trilha passa no mirante no topo da serra que tem vista para a cidade de Currais Novos, para o cânion bem como para o local de início da travessia (Pedra do Cruzeiro). Local de acampamento em cima da Serra do Chapéu.

O terceiro dia com 25 km (DIA 3 - SERRA DO CHAPÉU AO SÍTIO CAJUEIRO) a trilha continua por cima da cumeeira da Serra do Chapéu (chã da serra) e faz a descida até chegar na estrada rural que vai para a cidade de Frei Martinho já em Carnaúba dos Dantas. Nesse dia, pegamos trechos alternados de subida e descida longa por cima da serra. O acampamento foi na casa de um morador no sítio cajueiro em Carnaúba dos Dantas. Quando chegamos deixamos nossas mochilas e fomos ver as pinturas rupestres no sítio arqueológico da Santa.

No quarto dia (DIA 4 - SÍTIO CAJUEIRO À ACARI) com 19 km continua na estrada rural em direção à Acari. Chega-se na casa de seu Raimundinho e em seguida sobe até o Bico da Arara. A trilha continua por cima da serra e termina dentro da cidade de Acari usando a trilha da Serra do Major ou Serra Cabeça de Meia Lua (Pedra do Mapa do RN).

DIA 1 - PEDRA DO CRUZEIRO AO CÂNION DOS APERTADOS

Esse dia parte da Pedra do Cruzeiro em direção ao acampamento no começo do Cânion dos Apertados. Caminhada moderada de 20 km com apenas uma subida longa da Serra da Umburana por uma estrada de fazenda. A trilha é bem demarcada e aberta por entre estradas rurais e de fazenda. São 11 km até o sítio Trapiá, primeira parada na casa de um morador às margens da estadual PB-177 que liga Currais Novos à Frei Martinho.

O percurso segue pelo lado direito do cruzeiro sendo possível avistar ao longe a Serra do Chapéu. Seguindo por um caminho bem aberto, são 3 km até a estrada rural que leva a subida da Serra da Umburana. Desse ponto até o começo da subida da serra ainda são mais 4 km.

Continuando nesse caminho, um pouco mais à frente, em uma casa por onde a estrada passa, existiam muitos cachorros latindo. Resolvemos desviar da casa seguiu e seguir contornando pelo lado direito a casa até encontrar uma vereda a uns 700 m dali. O caminho mais rápido e fácil é pela estrada. Depois da vereda, a trilha cai novamente na estrada. Esse contorno foi feito para livrar a casa dos cachorros.

Desse ponto, até a casa do morador no sítio Trapiá, são 3 km pegando a subida e a descida da Serra da Umburana. Essa é a mesma serra que se estende até terminar no Cânion dos Apertados. A casa é o primeiro ponto de parada e abastecimento de água do dia. Apesar de ter encontrado mais duas casas com moradores à frente, preferiu-se não arriscar ficar sem água e esse foi o único ponto de água do dia. Levamos 5 litros de água até o acampamento.

Da casa até o ponto de acampamento são aproximadamente 9 km. O caminho continua pela PB-177 por 4 km até entrar novamente em estradas de fazendas. Logo a frente, é feita a travessia do rio Picuí e depois do riacho que vem de Frei Martinho. Esses são os principais afluentes que jogam água dentro do Cânion dos Apertados. Antes de entrar é recomendado verificar o nível deles, pois a trilha atravessa por dentro do Cânion dos Apertados. A passagem exige cautela por apresentar risco de cabeça d’água durante o período de chuvas.

Depois de atravessar o riacho de Frei Martinho, a trilha continua à esquerda do rio Picuí até cruzar o rio adiante para o ponto de acampamento na margem direita.

DIA 2 - CÂNION DOS APERTADOS À SERRA DO CHAPÉU

Esse dia continua a travessia do Cânion dos Apertados e em seguida sobe a Serra do Chapéu para o ponto de acampamento da segunda noite. Quando a trilha foi feita não havia água no cânion e o percurso foi feito interinamente por dentro dele. Do acampamento até o final do cânion são 5 km.

Há um ponto de água no cânion utilizado para beber. Esse ponto parece ser uma nascente de água com pedras ao redor da água. Havia alguns peixes e uma grande traíra. Um grande achado, pois até então não sabia desse ponto de água. Desse ponto de água, a trilha continua por 1 km até o final do cânion de onde já começa a subida da Serra do Chapéu.

Como até então não sabia se esse setor teria água, foi elaborada uma estratégia de deixar água com antecedência no final do cânion. Um dia antes de começar a travessia, deixamos água escondida na mata para ser utilizada quando passasse por lá. Foi deixado, em garrafas plásticas, 6 litros de água por pessoa para ser usada no final desse dia e começo do próximo dia.

Essa logística de água foi montada apenas para esse dia. Em cima da Serra do Chapéu existem dois açudes, mas estava no começo do inverno e não sabia da qualidade das águas. Também não sabia do ponto de água dentro do cânion que foi descoberto durante a trilha.

Depois do abastecimento da água, a trilha segue para a cumeeira da Serra do Chapéu. A subida fica na margem esquerda do rio. Do início da subida até a bifurcação para ir ao topo da serra são 3 km e meio. A subida começa bem íngreme, mas a trilha é bastante aberta e batida com várias pedras soltas pelo caminho que dificultam um pouco a caminhada. Um pouco mais a frente atente para três bifurcações, as duas primeiras vão para os açudes e a terceira é usada para descer a serra.

Chegando na bifurcação do topo da serra, escondemos as mochilas no mato e fomos de mochila de ataque. No caminho há dois mirantes sendo o primeiro deles com vista para o final do cânion e do rio Picuí e o segundo tem visão para a cidade de Currais Novos. Também é possível ver a Pedra do Cruzeiro, local onde a travessia começou. Seguindo um pouco mais à frente é possível chegar no topo da serra que possui duas cruzes.

Do local das mochilas até o ponto de acampamento são 4 km e meio que alterna subida e descida moderadas pela serra. O ponto de acampamento fica ao lado de outra trilha que desce a serra.

DIA 3 - SERRA DO CHAPÉU AO SÍTIO CAJUEIRO

Dia pesado com duas longas subidas no começo do dia, mas posteriormente caminhando na parte plana da serra até descer a serra. Há um mirante com vista para o vale e as serras de Acari (Serra do Pai Pedro). Do acampamento até lá são quase 5 km. Depois do mirante, são 2 km e meio na parte mais plana da serra para começar a descida e chegar na estrada rural que vai para Frei Martinho.

Na estrada rural são 2 km e meio até o ponto de água do dia na casa de um morador. Ponto de água providencial, pois a água já estava acabando. Além desse ponto, água somente mais a frente na casa do morador onde foi feito o acampamento. A pernoite é na área externa da casa de Seu Gentil no sítio Cajueiro na cidade de Carnaúba dos Dantas. No dia o caseiro Dequinha estava por lá e permitiu dormir no alpendre da casa além de ceder água para beber.

Chegamos por volta das 2 horas da tarde e resolvemos fazer um bate volta até as pinturas rupestres de um local conhecido como Santa. Deixamos as mochilas na casa e fomos de mochila de ataque até as pinturas. A ida e volta até lá são 10 km. Apesar da distância, vale a pena visitar este sítio arqueológico que possui várias pinturas bem vivas.

DIA 4 - SÍTIO CAJUEIRO À ACARI

Esse dia vai até o Bico da Arara em Acari e termina a travessia dentro da cidade. Do ponto de acampamento até a casa de Seu Raimundinho são 6 km e meio andando por uma estrada rural. Seu Raimundinho mora embaixo da Serra Bico da Arara e foi a quem pedimos permissão para subir. A subida por esse lado é proibida pelos proprietários e deve ser pedido autorização.

Da casa até o Bico da Arara são 1 km e meio de subida bastante íngreme e pesada. A trilha é bem demarcada e aberta, mas possui algumas partes expostas. Durante a subida é possível ir vendo todo o vale, as serras ao redor e as casas.

Chegando no Bico da Arara o visual compensa, formação rochosa bastante interessante em que em alguns pontos se assemelha ao bico de uma arara. Há um mirante no lado esquerdo que é acessado pelo lado direito de uma toca utilizada para acampamento.

A trilha continua por cima da serra e 4 km depois chega na descida para Acari. Esse setor possui uma mata de caatinga bastante verde com vparias espécies altas, além de umbuzeiros pelo caminho. Ela também passa por um tanque de água em um lajedo chamado de Tanque do Mulungu. A travessia finaliza descendo a serra e entrando na cidade.

OBSERVAÇÔES

- Leve seu lixo de volta;

- Propriedades privadas no caminho, seja gentil e peça permissão para passagem;

- Lembre-se, você é inteiramente responsável ao decidir e realizar a trilha. Use por sua conta em risco. As informações presentes aqui visam apenas serem informativas e auxiliares;

- Sempre feche os colchetes, as porteiras/tronqueiras e evite danificá-los;

- A progressão da trilha depende do terreno, estado da trilha, da sua condição física, da navegação, etc. Se conheça primeiramente para poder chegar com segurança antes do final do dia no acampamento. Alguns pontos de acampamento intermediários podem ser encontrados no caminho;

- A maior parte da trilha é exposta ao tempo, protetor solar e chapéu são itens obrigatórios;