Serra de Montejunto
near Arieiro, Lisboa (Portugal)
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Itinerary description
Percurso circular pela Serra de Montejunto.
A Serra de Montejunto, parte integrante do Maciço Calcário Estremenho, está localizada nos concelhos do Cadaval, a norte, e de Alenquer, a sul. O seu ponto mais alto alcança os 666 metros de altitude e apesar de a Serra ser relativamente pequena possui muitos pontos de interesse, não apenas na paisagem que se avista - miradouro de excelência da Região do Oeste, incluindo o mar e o Tejo - mas também nos testemunhos de natureza e cultura que representa.
Este percurso segue por diferentes vertentes da Serra, indo ao encontro dos seus diversos interesses. Com início junto ao Centro de Interpretação Ambiental da Serra de Montejunto, instalado na antiga Casa do Guarda Florestal, aqui encontramos um bom enquadramento do lugar a visitar. Um breve desvio para lá do Parque de Merendas que lhe é vizinho dá-nos a ver - sem entrar para lá dos seus portões, encerrados - a Real Fábrica do Gelo.
Classificada como Monumento Nacional, a Real Fábrica do Gelo foi pioneira no implementar de técnicas de refrigeração no nosso país. A dinastia Filipina havia introduzido em Portugal um costume que Espanha já possuía, o hábito dos gelados e de beber bebidas frescas no Verão. Mas seria mais tarde, em 1741, que se iniciaria a construção desta fábrica. Aqui se passou a fabricar, armazenar e conservar gelo. Depois de cortado e embalado, o gelo era transportado no lombo dos burros serra abaixo até ao Carregado, daí seguindo de barco pelo rio Tejo até Lisboa. O gelo ia para a corte, mas era também vendido a particulares. A Fábrica laborou até finais do século XIX e hoje resta a fachada do edifício principal e os tanques.
Daqui voltámos ao Centro de Interpretação e tomámos o sentido norte. Por um caminho fácil, a dado momento vamos vendo a envolvente da Serra, com vinhas e vegetação lá em baixo. As encostas da Serra foram em tempos terrenos férteis onde se cultivavam cereais, batata, frutos e vinha, esta última a principal cultura da região nos nossos dias. Havia também espaço para o pastoreio. Um mundo absolutamente rural.
Passámos por uma pequena mas bem bonita álea de árvores e por alguns muros (“currais”) de pedra. E passámos, ainda, por alguns painéis correspondentes à Estação da Biodiversidade de Montejunto, um percurso pedestre circular de 1,8 km que nos guia por matos e floresta de castanheiros, assinalando as plantas e animais que podem aqui ser observados. Na época desta caminhada (Março), destaque para o alecrim - sua cor e aroma - e para algumas orquídeas já a romper.
Seguimos até à Penha do Meio Dia, um afloramento calcário onde está instalada uma torre de vigia para detecção de incêndios florestais. E um marco geodésico. Deve tomar-se algum cuidado ao pisar estes relevos calcários, muito irregulares e propícios a quedas. Mas o grande atractivo é a forma desta falha escarpada, moldada pela erosão, acompanhada de belas paisagens (distingue-se Peniche e até a Lagoa de Óbidos).
Contornando-a percebemos a aldeia de Pragança aninhada na encosta, formando um belo anfiteatro natural.
Passámos por um primeiro moinho e tomando o asfalto seguimos em direcção ao Miradouro Salvé Rainha, com uma cruz a assinalar o lugar. Antes, porém, uma espreitada na gruta de mesmo nome. A Serra de Montejunto possui várias grutas, as quais foram utilizadas pelos povos pré-históricos como necrópoles, lugares de enterramento dos seus mortos. Nesta gruta, e em outras vizinhas, foram encontrados não apenas ossadas como também objectos cerâmicos e metálicos, testemunhos do povoamento da Serra desde o Paleolítico Superior (20000 a.C).
Até alcançarmos a outra vertente da Serra pudemos testemunhar outros curiosos afloramentos rochosos e belos mantos verdes. Depois, avistámos uma série de moinhos de vento, testemunhos da tradição de moagem de cereais, hoje já desactivados. E relevos e mais relevos na paisagem, talvez a mais bonita de toda a caminhada.
Depois de uma subida por alguma cascalheira, alcançámos o ponto mais alto do percurso. Por aqui ficam o Convento Dominicano de Montejunto e, mais acima ainda, a Ermida de São João Baptista, a 661 metros de altitude, marcando o limite dos concelhos do Cadaval e Alenquer.
O Convento Dominicano de Montejunto foi construído no cimo da Serra, no século XIII, junto à mais antiga Capela da Senhora das Neves, local de culto desde a Idade Média e que ainda hoje leva o título de maior romaria de Montejunto. Os monges viveram aqui em contemplação e também por isso Montejunto era conhecido como o Monte Sacro. Ao seu Convento - hoje uma ruína cheia de ambiente, donde desde as suas esventradas janelas se podem obter belos enquadramentos das vizinhas Estação de Radar e antenas do Emissor de televisão - acedia-se pela Calçada dos Frades, ainda bem conservada no seu piso de pedra.
No final deste percurso, já junto ao Quartel, momento de apreciar a água espelhada da Lagoa de Montejunto, conhecida como o “ouvido do mar”. Diz a lenda que o mar e a terra se unem aqui, uma vez que a montanha estará rota por dentro e um braço de mar entrará por ela. E que a Serra da Neve nunca ficará seca, mesmo nos verões mais rigorosos. A Lagoa aí está para o provar.
A Serra de Montejunto, parte integrante do Maciço Calcário Estremenho, está localizada nos concelhos do Cadaval, a norte, e de Alenquer, a sul. O seu ponto mais alto alcança os 666 metros de altitude e apesar de a Serra ser relativamente pequena possui muitos pontos de interesse, não apenas na paisagem que se avista - miradouro de excelência da Região do Oeste, incluindo o mar e o Tejo - mas também nos testemunhos de natureza e cultura que representa.
Este percurso segue por diferentes vertentes da Serra, indo ao encontro dos seus diversos interesses. Com início junto ao Centro de Interpretação Ambiental da Serra de Montejunto, instalado na antiga Casa do Guarda Florestal, aqui encontramos um bom enquadramento do lugar a visitar. Um breve desvio para lá do Parque de Merendas que lhe é vizinho dá-nos a ver - sem entrar para lá dos seus portões, encerrados - a Real Fábrica do Gelo.
Classificada como Monumento Nacional, a Real Fábrica do Gelo foi pioneira no implementar de técnicas de refrigeração no nosso país. A dinastia Filipina havia introduzido em Portugal um costume que Espanha já possuía, o hábito dos gelados e de beber bebidas frescas no Verão. Mas seria mais tarde, em 1741, que se iniciaria a construção desta fábrica. Aqui se passou a fabricar, armazenar e conservar gelo. Depois de cortado e embalado, o gelo era transportado no lombo dos burros serra abaixo até ao Carregado, daí seguindo de barco pelo rio Tejo até Lisboa. O gelo ia para a corte, mas era também vendido a particulares. A Fábrica laborou até finais do século XIX e hoje resta a fachada do edifício principal e os tanques.
Daqui voltámos ao Centro de Interpretação e tomámos o sentido norte. Por um caminho fácil, a dado momento vamos vendo a envolvente da Serra, com vinhas e vegetação lá em baixo. As encostas da Serra foram em tempos terrenos férteis onde se cultivavam cereais, batata, frutos e vinha, esta última a principal cultura da região nos nossos dias. Havia também espaço para o pastoreio. Um mundo absolutamente rural.
Passámos por uma pequena mas bem bonita álea de árvores e por alguns muros (“currais”) de pedra. E passámos, ainda, por alguns painéis correspondentes à Estação da Biodiversidade de Montejunto, um percurso pedestre circular de 1,8 km que nos guia por matos e floresta de castanheiros, assinalando as plantas e animais que podem aqui ser observados. Na época desta caminhada (Março), destaque para o alecrim - sua cor e aroma - e para algumas orquídeas já a romper.
Seguimos até à Penha do Meio Dia, um afloramento calcário onde está instalada uma torre de vigia para detecção de incêndios florestais. E um marco geodésico. Deve tomar-se algum cuidado ao pisar estes relevos calcários, muito irregulares e propícios a quedas. Mas o grande atractivo é a forma desta falha escarpada, moldada pela erosão, acompanhada de belas paisagens (distingue-se Peniche e até a Lagoa de Óbidos).
Contornando-a percebemos a aldeia de Pragança aninhada na encosta, formando um belo anfiteatro natural.
Passámos por um primeiro moinho e tomando o asfalto seguimos em direcção ao Miradouro Salvé Rainha, com uma cruz a assinalar o lugar. Antes, porém, uma espreitada na gruta de mesmo nome. A Serra de Montejunto possui várias grutas, as quais foram utilizadas pelos povos pré-históricos como necrópoles, lugares de enterramento dos seus mortos. Nesta gruta, e em outras vizinhas, foram encontrados não apenas ossadas como também objectos cerâmicos e metálicos, testemunhos do povoamento da Serra desde o Paleolítico Superior (20000 a.C).
Até alcançarmos a outra vertente da Serra pudemos testemunhar outros curiosos afloramentos rochosos e belos mantos verdes. Depois, avistámos uma série de moinhos de vento, testemunhos da tradição de moagem de cereais, hoje já desactivados. E relevos e mais relevos na paisagem, talvez a mais bonita de toda a caminhada.
Depois de uma subida por alguma cascalheira, alcançámos o ponto mais alto do percurso. Por aqui ficam o Convento Dominicano de Montejunto e, mais acima ainda, a Ermida de São João Baptista, a 661 metros de altitude, marcando o limite dos concelhos do Cadaval e Alenquer.
O Convento Dominicano de Montejunto foi construído no cimo da Serra, no século XIII, junto à mais antiga Capela da Senhora das Neves, local de culto desde a Idade Média e que ainda hoje leva o título de maior romaria de Montejunto. Os monges viveram aqui em contemplação e também por isso Montejunto era conhecido como o Monte Sacro. Ao seu Convento - hoje uma ruína cheia de ambiente, donde desde as suas esventradas janelas se podem obter belos enquadramentos das vizinhas Estação de Radar e antenas do Emissor de televisão - acedia-se pela Calçada dos Frades, ainda bem conservada no seu piso de pedra.
No final deste percurso, já junto ao Quartel, momento de apreciar a água espelhada da Lagoa de Montejunto, conhecida como o “ouvido do mar”. Diz a lenda que o mar e a terra se unem aqui, uma vez que a montanha estará rota por dentro e um braço de mar entrará por ela. E que a Serra da Neve nunca ficará seca, mesmo nos verões mais rigorosos. A Lagoa aí está para o provar.
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