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Rota Vicentina - 3ª Etapa (Almograve - Zambujeira do Mar)

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Trail stats

Distance
15.17 mi
Elevation gain
1,299 ft
Technical difficulty
Moderate
Elevation loss
1,214 ft
Max elevation
386 ft
TrailRank 
61
Min elevation
-56 ft
Trail type
One Way
Moving time
6 hours 19 minutes
Time
7 hours 59 minutes
Coordinates
4218
Uploaded
April 13, 2019
Recorded
April 2019
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near Almograve, Beja (Portugal)

Viewed 710 times, downloaded 41 times

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Itinerary description

Saímos não tão cedo como gostaríamos porque o pequeno almoço incluído no preço da pernoita nos fez aguardar a hora mínima de o poder tomar. Vá lá, vamos de barriguinha consolada. Cinquenta metros andados mercamos o pão que haveria de acompanhar, ao almoço, as pataniscas sobradas do jantar que, de tão boas, não se podiam estragar e levamos também alguma fruta.
Como é meu costume ponho-me a pensar no lugar que vou abandonar. Almograve é um topónimo curioso. Diz-se que é uma variante de almogávar que deriva de "al-mugáwir" e que significa "o que faz incursões". Sei que o corso magrevino, que assolou estas costas depois da reconquista, fez com que aparecesse outro tipo de "piratas": os guerrilheiros, conhecidos por almogávares, que faziam da rapina modo de vida e que, corajosamente, acometiam contra os mouros do Magrebe cujos navios fustigavam os povoados costeiros. Algum se terá por aqui fixado?...
Pouco andámos e meditámos e já estamos frente à Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes. Um templo singelo como singela é a povoação. Pintado de branco e azul, perto da escola e do que parece ser um mercadinho. À frente há um belo recanto ajardinado com um muro e uns sanitários de curiosa arquitetura de influência árabe que tem um poço recuperado ao lado.
Continuamos pela rua dos Moinhos que nos leva até à entrada da ETAR. Um carreirinho à esquerda tem a sinalética do "Trilho dos Pescadores" e é por aí que seguimos junto a uma ribeira de água lamacenta pela chuva que caiu durante a noite. A ribeira vai desaguar na Foz dos Ouriços e nós aí 'desaguamos' também.
O carreiro que subimos agora é íngreme e leva-nos ao cimo da falésia. Os sargaços de albas flores, os halimium lasianthum cor de sol, o rosmaninho roxo e o tojo gatunho embelezam este belo jardim literalmente à beira mar plantado. Assim a subida nem custa tanto. Marejando o olhar pelo requebro das falésias chegamos à Praia de Nossa Senhora. Na estrada nova, larga e em terra batida, que nos há-de levar até ao pontão da Praia da Barca Grande, há uma pista de manutenção. Claro que a mochila não me permite que faça os exercícios sugeridos e tirá-la a cada estação está fora de causa. Ralado e amuado passo a olhar para o "deserto" que se estende à minha esquerda. São dunas de areia nua, com tons ocre, pontilhada de tufos de teimosa vegetação, tão diferentes da profusão vegetativa que nos tem acompanhado. Chegamos ao pontão que antecede o Porto de Pesca da Lapa da Pombas. O letreiro de informação diz coisas interessantíssimas sobre o modo como os pescadores estão familiarizados com o "caminho das pedras" que os orienta na entrada do porto mas também diz que a presença humana por ali é tão antiga que antecede a própria humanidade. Pois, provavelmente eu é que não sei o que são «povos pré-humanos».
Já caminhamos de novo em carreiro de areia sobre as dunas da falésia. Esta areia é tão vermelha que temos dúvida se não estamos caminhando em Marte, mas os muitos tons de azul do mar à nossa direita e estas rochas de tal beleza, dizem-nos seguramente que temos a sorte de estar no mais belo país do mundo. A geodiversidade que vamos apreciando diz-se que teve origem no Paleozóico, no Mesozóico e no Cenozóico e que estas falésias são da idade em que o mundo se partiu e formou o Atlântico. Imagino os meus dedos polegares apoiados no pão puxando para cada lado uma metade, talvez tenha sido assim. Mastigo devagarinho esta metade com os olhos e encho o espírito de beleza.
ATENÇÃO - A nossa fome da beleza destas falésias levou-nos a desviarmo-nos algumas vezes do caminho assinalado. Nunca o fizemos que não fosse por trilhos existentes e bem definidos; procurámos respeitar ao máximo a natureza e nunca a prejudicar; Calculámos sempre os perigos subjacentes a esta nossa rebeldia e não fomos além do que se pode considerar racional. Decerto que vimos coisas que não teríamos vistos seguindo o caminho marcado. Achamos que valeu a pena. Esta etapa é de uma beleza excecional e nós procurámos usufruir ao máximo. Felizmente o tempo também ajudou.
Postas as considerações, continuemos...
Desviamo-nos agora para o interior seguindo o trilho marcado, que se afasta um pouco da costa, com a desculpa de que poderíamos cansar-nos de estar sempre a olhar para o mar e os precipícios da costa, mas a verdade foi porque a imagem de GPS não nos dava garantia de haver caminho junto à falésia. Em boa hora o fizemos pois entrámos num belo e agradável caminho de pinhal. Caminhamos agora sobre um tapete de caruma. Tornámo-nos mais leves porque os pés já memorizaram o "peso" da areia. Ainda que agradável foi curto o tapete. De novo arrastando areia aproximamo-nos da falésia. Absorvendo a beleza do mar e destes precipícios passamos a praia da Laginha e chegamos à do Cavaleiro. Aqui o caminho deixa descansar as arribas e entra em rota rural até ao Cavaleiro. Paragem obrigatória: o café da Adélia. Bebemos e comemos e voltámos ao caminho meia hora depois. Fazemos um pequeno troço de asfalto para, de seguida, voltar aos carreiros e às falésias a caminho do Cabo Sardão. O topónimo desperta o viciado cogitador que há em mim e venho a recordar que um dia li qualquer coisa sobre um cabo de apelido Sardão que, tendo na guerra ensandecido, passeava à noite sobre estas falésias, cantando para a lua, até que uma noite caiu ao mar. O povo que lhe queria bem, em sua memória, ao promontório deu o nome de Cabo Sardão. Olhando distraído ia, mas rapidamente fui despertado pelo voo da cegonha que perto passou e foi pousar no ninho sobre o espinhaçado rochedo, ali bem à minha frente. Será, cegonha, que é em memória do mal afortunado cabo que aqui fazes o ninho?...
Continuando pelos recortes da costa vamos sonhando, azul embalados hoje pelo murmúrio do mar que vai musicando rochedos para nos encantar. Enquanto o mar musica vão as flores pintando nosso caminho e os arbustos inebriando-nos com seu cheiro. Com tanta beleza assim, decerto estamos no paraíso.
A seguir à praia da Lavagueira os sinais do caminho abrem-nos uma pista reta ladeada de mimosas. Desembocamos na praia do Tonel de areia fina e convidativa lá em baixo. Outras cegonhas, outros ninhos, outros espinhaços, outras falésias, mais azul, mais verde e eis-nos a chegar ao porto da Entrada da Barca. Damos uma voltinha desnecessária por desconhecimento do precipício que tínhamos à nossa frente e acabamos seguindo obedientemente o caminho para descermos por uma escada de madeira que nos leva lá abaixo. Subimos ao Porto das Barcas e já não paramos no Sacas nem no Traquitanas. Que pena!... fica prá próxima. Fazemos a pista ciclável entre mais mimosas (o país está cheio delas) e a seguir à Praia da Bica entramos num passadiço de madeira que nos leva de novo às falésias.
É mais um bocado do azul do Oceano para atestar a alma e entramos na Zambujeira do Mar. Demoramos um pouco no largo da Igreja de Nossa Senhora do Mar e um quilómetro e pouco depois estamos numa casinha para 4 no Camping Villa Park da Zambujeira.
Excecionalmente recebidos e muito agradados com as instalações foi assim que terminou esta jornada.

Waypoints

PictographPhoto Altitude 75 ft
Photo ofIgreja de Nossa Senhora dos Navegantes Photo ofIgreja de Nossa Senhora dos Navegantes Photo ofIgreja de Nossa Senhora dos Navegantes

Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes

PictographPhoto Altitude -56 ft
Photo ofPor um belo carreiro ao lado da ribeira

Por um belo carreiro ao lado da ribeira

PictographPhoto Altitude -6 ft
Photo ofSubida da Foz dos Ouriços para o jardim das falésias Photo ofSubida da Foz dos Ouriços para o jardim das falésias Photo ofSubida da Foz dos Ouriços para o jardim das falésias

Subida da Foz dos Ouriços para o jardim das falésias

PictographPhoto Altitude 25 ft
Photo ofO carreiro de areia à beira da falésia Photo ofO carreiro de areia à beira da falésia

O carreiro de areia à beira da falésia

PictographPhoto Altitude 47 ft
Photo ofMiradouro e acesso à Praia do Almograve

Miradouro e acesso à Praia do Almograve

PictographPhoto Altitude 49 ft
Photo ofCaminhando pelo deserto Photo ofCaminhando pelo deserto

Caminhando pelo deserto

PictographPhoto Altitude 56 ft
Photo ofA guarda avançada na luta entre terra e mar

A guarda avançada na luta entre terra e mar

PictographPhoto Altitude 80 ft
Photo ofA praia da Barca Grande

A praia da Barca Grande

PictographPhoto Altitude 78 ft
Photo ofSobre o Porto de Pesca da Lapa das Pombas

Sobre o Porto de Pesca da Lapa das Pombas

PictographPhoto Altitude 90 ft
Photo ofAs duas faces de uma enseada Photo ofAs duas faces de uma enseada

As duas faces de uma enseada

PictographPhoto Altitude 105 ft
Photo ofem trilho marcado sobre areia 'rossa' Photo ofem trilho marcado sobre areia 'rossa'

em trilho marcado sobre areia 'rossa'

PictographPhoto Altitude 117 ft
Photo ofO mundo colorido Photo ofO mundo colorido

O mundo colorido

PictographPhoto Altitude 88 ft
Photo ofRochas estratificadas na diagonal ao longo da costa

Rochas estratificadas na diagonal ao longo da costa

PictographPhoto Altitude 137 ft
Photo ofDe novo atravessando o deserto Photo ofDe novo atravessando o deserto

De novo atravessando o deserto

PictographPhoto Altitude 155 ft
Photo ofBranco, negro, verde e azul

Branco, negro, verde e azul

PictographPhoto Altitude 160 ft
Photo ofCrosta silicatada e recortada de imensa beleza no cimo da falésia

Crosta silicatada e recortada de imensa beleza no cimo da falésia

PictographPhoto Altitude 186 ft
Photo ofRocha sobre areia na falésia Photo ofRocha sobre areia na falésia

Rocha sobre areia na falésia

PictographPhoto Altitude 173 ft
Photo ofAreia vermelha e doirada escorrendo pela falésia

Areia vermelha e doirada escorrendo pela falésia

PictographPhoto Altitude 182 ft
Photo ofPasseando pelo pinhal

Passeando pelo pinhal

PictographPhoto Altitude 148 ft
Photo ofSobre a Praia do Cão Photo ofSobre a Praia do Cão

Sobre a Praia do Cão

PictographPhoto Altitude 123 ft
Photo ofCores quentes sobre a Praia da Laginha Photo ofCores quentes sobre a Praia da Laginha Photo ofCores quentes sobre a Praia da Laginha

Cores quentes sobre a Praia da Laginha

PictographPhoto Altitude 150 ft
Photo ofAreia ocre

Areia ocre

PictographPhoto Altitude 76 ft
Photo ofO Cabo Sardão ao longe

O Cabo Sardão ao longe

PictographPhoto Altitude 106 ft
Photo ofAs flores invadiram a campina.

As flores invadiram a campina.

PictographPhoto Altitude 117 ft
Photo ofCasas assim só além Tejo

Casas assim só além Tejo

PictographProvisioning Altitude 169 ft
Photo ofAprovisionamento

Aprovisionamento

PictographPhoto Altitude 72 ft
Photo ofDe volta às falésias

De volta às falésias

PictographPhoto Altitude 138 ft
Photo ofA ponta do Cabo Sardão

A ponta do Cabo Sardão

PictographPhoto Altitude 143 ft
Photo ofO Cabo Sardão e as Cegonhas do mar Photo ofO Cabo Sardão e as Cegonhas do mar Photo ofO Cabo Sardão e as Cegonhas do mar

O Cabo Sardão e as Cegonhas do mar

PictographPhoto Altitude 132 ft
Photo ofFarol do Cabo Sardão

Farol do Cabo Sardão

PictographPhoto Altitude 158 ft
Photo ofO mar penetrando a terra

O mar penetrando a terra

PictographPhoto Altitude 149 ft
Photo ofRochas salpicando o mar depois da Praia do Creleizão

Rochas salpicando o mar depois da Praia do Creleizão

PictographPhoto Altitude 180 ft
Photo ofÁgua mole em pedra dura...

Água mole em pedra dura...

PictographPhoto Altitude 357 ft
Photo ofO mar para lá do jardim Photo ofO mar para lá do jardim

O mar para lá do jardim

PictographPhoto Altitude 343 ft
Photo ofAbriu-se uma brecha e pintou-se um quadro Photo ofAbriu-se uma brecha e pintou-se um quadro

Abriu-se uma brecha e pintou-se um quadro

PictographPhoto Altitude 335 ft
Photo ofa delicada Hyacinthoides Paivae entre chorões

a delicada Hyacinthoides Paivae entre chorões

PictographPhoto Altitude 345 ft
Photo ofUma casa numa imensa herdade descultivada Photo ofUma casa numa imensa herdade descultivada

Uma casa numa imensa herdade descultivada

PictographPhoto Altitude 301 ft
Photo ofRochas do oceano e 'fel da terra' (centaurium erythraea) Photo ofRochas do oceano e 'fel da terra' (centaurium erythraea)

Rochas do oceano e 'fel da terra' (centaurium erythraea)

PictographPhoto Altitude 355 ft
Photo ofArenitos e xistos formam as paredes desta bela enseada

Arenitos e xistos formam as paredes desta bela enseada

PictographPhoto Altitude 312 ft
Photo ofA Praia do Tonel Photo ofA Praia do Tonel

A Praia do Tonel

PictographPhoto Altitude 306 ft
Photo ofOutro ninho de cegonha na falésia Photo ofOutro ninho de cegonha na falésia

Outro ninho de cegonha na falésia

PictographPhoto Altitude 211 ft
Photo ofEscadaria para o Porto das Barcas

Escadaria para o Porto das Barcas

PictographPhoto Altitude 331 ft
Photo ofDepois da Pedra da Bica a Praia de Nossa Senhora e quase na Zambujeira Photo ofDepois da Pedra da Bica a Praia de Nossa Senhora e quase na Zambujeira Photo ofDepois da Pedra da Bica a Praia de Nossa Senhora e quase na Zambujeira

Depois da Pedra da Bica a Praia de Nossa Senhora e quase na Zambujeira

PictographPhoto Altitude 312 ft
Photo ofUma Fonte perto do mar Photo ofUma Fonte perto do mar

Uma Fonte perto do mar

PictographPhoto Altitude 258 ft
Photo ofMar revolto antes da Zambujeira Photo ofMar revolto antes da Zambujeira

Mar revolto antes da Zambujeira

PictographPhoto Altitude 317 ft
Photo ofIgreja de Nossa Senhora do Mar

Igreja de Nossa Senhora do Mar

PictographPhoto Altitude 312 ft
Photo ofIgreja de Nossa Senhora do Mar e praia da Zambujeira do Mar Photo ofIgreja de Nossa Senhora do Mar e praia da Zambujeira do Mar

Igreja de Nossa Senhora do Mar e praia da Zambujeira do Mar

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