Rota dos Santuários de Braga
near Nogueiro, Braga (Portugal)
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Trail photos
Itinerary description
Damos-lhe o nome de “Rota dos Santuários”, precisamente por passar em vários destes locais sagrados, incluindo o Bom Jesus e o Sameiro, ex-libris da cidade e de todo o Minho.
Uma rota circular, inteiramente feita em percurso bem definido, fácil e muito agradável, que, como não podia deixar de ser, tem como ponto de referência o famoso escadório do Bom Jesus, com os seus 573 degraus. Aqui começa e aqui termina, numa espécie de tributo que se presta ao monumento, quiçá o mais famoso desta urbe minhota.
De um amplo parque de estacionamento, frondosamente arborizado, sobe-se ao santuário Património da Humanidade, segundo a classificação da UNESCO em 2019. Daqui, contempla-se a cidade, longe do seu ruído quotidiano, sem precisar do “canudo”. É conhecida a expressão “ver Braga por um canudo” e este lá está, no miradouro, quase indiscreto.
O belo espaço que enquadra o santuário, cujo templo é uma joia do Barroco, apresenta pormenores de uma beleza irrefutável. São jardins, grutas, fontes rumorejantes, capelas, pontes românticas e lagos serenos, onde os barcos coloridos dão vida ao cenário bucólico. Aqui, passamos apenas por alguns, já que o conjunto merece, só ele, uma visita bem mais demorada.
Seguindo um caminho ascendente, ruma-se a outra das preciosidades minhotas – o santuário mariano de Nossa Senhora do Sameiro, ponto de peregrinação anual, em junho, mas com um fluxo de visitantes constante ao longo de todo o ano.
E que soberba é a vista deste lugar sagrado, um dos pontos mais elevados da cidade, a 572 metros de altitude! Vê-se, em dia limpo de neblinas, o santuário de Santa Luzia, em Viana do Castelo, e o Oceano Atlântico, a mais de 35 km em linha reta.
Todo o recinto se reveste de uma solenidade própria dos grandes espaços religiosos, o que transmite aquela tranquilidade que tanto agrada aos peregrinos. Avancemos.
A rota direciona-se agora para o topo de Santa Marta, um local de culto com mais de 1000 anos, rodeado de uma exuberância típica, muito própria deste “Alto” (nome que também lhe é atribuído).
Antes disso, haverá que descer ao mais fundo do vale. O percurso afasta-se da zona urbanizada, penetrando na floresta que é, sem dúvida, o pulmão da cidade. Ao longo do caminho deparamo-nos com pormenores de interesse, como os grandes blocos de granito, que aparecem aqui e ali, às vezes onde menos os esperamos, o arvoredo autóctone, a bela vista, sempre a acompanhar a jornada, os trilhos tortuosos ou planos e macios, dando o toque de aventura que é sempre do agrado neste tipo de atividade… sobretudo a calma e o silêncio, a paz e a tranquilidade espiritual.
Na Falperra, voltamos à civilização. Um grande parque oferece os detalhes de uma passagem de montanha, ponto de travessia de peregrinos. Podemos observar, em frente a um hotel de luxo, os fornos caiados onde os romeiros preparavam as suas refeições, que tomavam nas mesas de merendas do parque. A capela de Santa Maria Madalena da Falperra é ponto obrigatório de passagem. Posicionada de modo a observar silenciosamente a cidade, muito lá em baixo, esta igreja é classificada como Monumento Nacional desde janeiro de 2017. É de estilo rococó e tem uma particularidade curiosa: é atravessada pela fronteira administrativa dos concelhos de Braga e de Guimarães.
Mais adiante, a Fonte do Leão, que continua a brotar o inesgotável fio de água. Segundo a lenda, este “leão” foi ali colocado para afoguentar os muitos ursos que assolavam a zona; a sua figura de predador e o ruído produzido pela água, terão resultado no seu propósito. Quem sabe?!
A capela de Santa Marta, esguia, algo sombria e misteriosa, encabeça uma alameda em forma de escadório que serve de via aos visitantes, devotos e não devotos. Depois, inicia-se o trilho, íngreme e sinuoso, que leva ao topo de Santa Marta das Cortiças.
Apesar do seu grau de dificuldade, consideramos este como um dos troços mais interessantes do caminho. Tem a beleza, a dureza e a aventura que apimentam a jornada. Os bastões são uma boa companhia, neste bocado do caminho.
Lá no alto, a torre de vigia domina o cenário. Um recinto com a capela (o último dos santuários desta rota). Ao lado, o marco geodésico define o pico, a 562 metros de altitude. Ao redor, horizontes bem largos, a perder de vista. Este é um bom local para retemperar forças, antes da descida.
Para descer, uma advertência: optamos por fazer o caminho que atravessa grandes lajes graníticas. Se estiverem molhadas, torna-se um pouco perigoso, dada a sua inclinação e alguns desníveis. Será preferível contornar (sobre a esquerda), pois, mais adiante, volta-se a encontrar a linha agora traçada.
Embora este não seja o mesmo trilho da subida, voltamos ao parque de merendas junto à Fonte do Leão e ao Hotel da Falperra. A partir daí, teremos um trilho paralelo à Rampa da Falperra (a da famosa prova automobilística, que não deixa de ser um atrativo da região), panorâmico e deveras agradável. Caso seja feito ao final da tarde, o pôr-do-sol será magnífico e os registos fotográficos vão tornar-se obrigatórios.
À chegada à entrada da Quinta da Santa Cruz – Klooster Braga (morada dos Cónegos Regrantes e das Irmãs de Santa Cruz) atravessa-se a estrada e desce-se uns metros, até reencontrar o caminho de regresso ao escadório do Bom Jesus. Apanhá-lo-emos a meio, onde se vê a linha do funicular (único em Portugal) a atravessar a estrada. descemos e chegamos ao final de uma jornada enriquecedora.
Muitos bracarenses, infelizmente, não conhecem os trilhos das suas montanhas. Espera-se que este possa ser um incentivo à descoberta. Os forasteiros vão gostar. Apesar das muitas lixeiras que, ilegalmente, são deixadas ao longo do caminho por gente malformada, como pústulas putrefactas, estes trilhos são bonitos, de uma beleza relaxante. A sua descoberta é uma experiência enriquecedora e, por nós, damos por bem ganho o tempo que levamos a percorrê-los.
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Waypoints
Início
Uma pequena alameda com plátanos e muito espaço para estacionamento. Ao fundo, o início do monumental escadório do Bom Jesus de Braga.
Monumento
O lanço final do escadório, com o santuário no topo. Esta é uma imagem icónica da Cidade dos Arcebispos.
Árvore
Pormenor da flora local. Uma das bonitas árvores do frondoso bosque do Bom Jesus.
Panorama
Ao que parece, a famosa expressão "ver Braga por um canudo" pode ter tido aqui a sua origem. Na realidade, com ou sem "canudo", a vista é soberba.
Gruta artificial
Pormenor pitoresco e de grande atração, nomeadamente para as "selfies". É neste pequeno lago que se lança a moeda (de costas voltadas) e se pede o desejo.
Pequeno lago artificial
Todo o espaço coleciona recantos de muita beleza e romantismo.
Lago
Bem lá no alto, um bucólico lago esverdeado e sereno. Os passeios de barco são um atrativo e o lugar é mágico.
Local religioso
O mosteiro do Sameiro, local de romagem, de fieis devotos, turistas e "nativos", devido à sua mística e à deslumbrante beleza que o rodeia. O panorama que a vista alcança é impressionante.
Interseção - seguir pela esquerda
Embora os trilhos se unam mais adiante, optamos pelo da esquerda.
Panorama
Na próxima encosta, a pouco menos de uma hora de caminhada, Santa Marta das Cortiças. Há que descer, para subir depois.
Interseção - seguir pela esquerda
Uma descida com detalhes "técnicos", para tornar o passeio mais interessante.
Queda d'água
Não lhe podemos chamar cascata, mas, em tempo de caudal abundante, faz-se ouvir. Pena é a quantidade de lixo que aqui vem parar, arrastado pela corrente, depois de ter sido clandestinamente despejado em qualquer local, naquele que é o pulmão da cidade de Braga. Civismo é um termo pouco praticado.
Capela de Santa Maria Madalena da Falperra
Situado em plena fronteira administrativa dos concelhos de Braga e de Guimarães, este monumento barroco tem origem no Séc. XVI, embora o atual aspeto lhe tenha sido dado no Séc. XVIII.
Panorama
Mais um local onde se pode desfrutar das vistas fantásticas, à sombra da capela.
Fonte do Leão
Reza a lenda que este “leão” foi ali colocado para afoguentar os muitos ursos que assolavam a zona; a sua figura de predador e o ruído produzido pela água, terão resultado no seu propósito. Quem sabe?!
Capela de Santa Marta
Este local é repleto de um misticismo que não passa despercebido ao caminhante.
Aspeto do percurso
A partir daqui, o trilho torna-se íngreme, mas muito interessante.
Baloiço de Esporões
Mais um miradouro com um alcance extraordinário, a 642 metro de altitude.
Ruínas
Quintas em ruínas. O palacete mais distante (a seguir à casa branca) é assombroso!
Ponte do funicular
Sobre esta ponte circula o famoso e único do género funicular do Bom Jesus.
Comments (1)
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Este percurso foi "desenhado" especialmente para dois tipos de caminhantes:
- forasteiros, que têm uma excelente oportunidade de conhecer Braga vista de cima e alguns dos seus lugares de excelência.
- locais, muitos dos quais desconhecem a rede de trilhos que as montanhas de Braga oferecem.
Esperamos que gostem!