PR7 CNF / RSD - Caminho do Colmo
near Gralheira, Viseu (Portugal)
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Trail photos
Itinerary description
NOTA IMPORTANTE: infelizmente, tem sido constante a falta de informação associada à rede de percursos pedestres sob a responsabilidade dos municípios de Cinfães e Resende. Nas páginas web oficiais, quando estas existem, a informação disponível sobre os percursos pedestres é escassa e, na maioria dos casos, omissa. Existem alguns links que nos remetem para a Rota do Românico, mas mesmo aí já foram encontradas algumas incongruências entre os ficheiros GPX disponibilizados e as marcações no terreno (os PR8 CNF - Caminho do Paço e GR47 - Grande Rota de Montemuro são exemplos já confirmados no terreno de um conjunto de erros e falhas de informação). Além disso, a Rota do Românico não foi nem é responsável pela marcação, manutenção e divulgação destes percursos pedestres. Por conseguinte, deixo aqui o alerta para este triste facto, perfeitamente evitável e de fácil correção. Basta, para isso, que haja vontade por parte das entidades a quem tal compete. Fiquemos atentos!
- Trilho circular com marcações, com início e fim na aldeia da Gralheira (por opção);
- Decorre entre o planalto de Montemuro e, parcialmente, pela meia encosta do vale do rio Bestança, com passagem pelas aldeias de Gralheira, Panchorra, Vale de Papas e Bustelo da Laje;
- Misto de caminhos rurais murados, caminhos de pé posto, calçadas e estradões de terra;
- Trilho acessível a pedestrianistas com pouca ou alguma prática;
- Na generalidade, não apresenta declives muito acentuados, à exceção de uma passagem mais íngreme a meio da ligação entre as aldeias de Panchorra e Vale de Papas. Na ligação entre Bustelo e Gralheira, a subida para o planalto exige também algum esforço físico, não sendo de especial relevância;
- Embora sem grande dificuldade, este trilho é um percurso que requer alguma prática, pois percorrem-se antigos caminhos abandonados, na sua generalidade entre muros, muito pouco usados e com algum corta mato. A vegetação tem vindo a tapar os carreiros, dificultando assim a passagem. Se não forem limpos nos próximos tempos (escrevo isto em agosto de 2020), num futuro próximo estes caminhos ficarão completamente tapados por silvado, giestas e mato rasteiro. As marcações existem, mas tendem a ficar ocultas pela vegetação;
- AVISO: na ligação entre as aldeias de Panchorra e Vale de Papas, ao chegar a uma zona com muito arvoredo junto a uma linha de água, deveria aí existir uma placa informativa, fundamental para indicar que o trilho segue por um caminho de pé posto à esquerda, praticamente invisível, e não pelo óbvio caminho para a direita. Ainda por cima, a primeira marcação que se encontra nesse local está no tronco de uma árvore, uns bons metros acima do local referido, completamente mimetizada entre o arvoredo do pequeno bosque. É uma falha complicada que induzirá em erro quem por aqui possa passar sem GPS;
- No período estival devem ser tomadas medidas de protecção solar, assim como precaver-se com bastante água, embora se possam fazer reabastecimentos nas aldeias por onde se passa. Nos meses mais frios, a neve pode ser um impedimento para a progressão e, se chover, estes terrenos ficam demasiado lamacentos. Botas, polainas e bastões são essenciais;
- No seu todo, é um percurso fisicamente acessível e muito bonito. As aldeias que atravessa são um testemunho vivo da vida serrana, com especial destaque para a aldeia de Vale de Papas, com o seu casario de pedra e telhados de colmo, onde o tempo parece que aí parou... A ponte de Panchorra é outro ex-libris desta serra, imponente na sua longevidade histórica, um local de passagem absolutamente obrigatória. Em Bustelo da Laje, as Eiras são outro local de passagem recomendada, pelo seu significado etnográfico e histórico desta região. E a Gralheira, também conhecida por "princesa da serra", continua igual a si própria, hospitaleira, com bons serviços de alojamento e restauração, felizmente ainda com muita vida! Uma experiência muito recomendável para quem procura ruralidade e natureza em perfeita harmonia!
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- PR7 CNF / RSD - CAMINHO DO COLMO
Esta Pequena Rota tem início e fim na aldeia de Bustelo, percorre uma zona planáltica da Serra de Montemu- ro atravessando as aldeia de Bustelo, Vale de Papas e Gralheira. A paisagem é diversificada, atravessando zonas agrícolas onde predominam os lameiros e explora também zonas de pastagens com matos baixos e muitos afloramentos rochosos.
Tipologia - Circular
Distância - 15,5Km
Duração aproximada - 4:55h
Tipo de piso - Caminhos rurais e naturais
Grau de dificuldade - Baixo
Local de Partida e de Chegada - Bustelo da Laje
- SERRA DE MONTEMURO
Com um relevo íngreme praticamente de todos os lados, a serra é povoada até cerca dos 1.100 metros de altitude e as aldeias encontram-se distribuídas por toda a serra, mas quase sempre perto de cursos de água, como o rio Bestança que a divide na direção sul-norte. Sítio de Importância Comunitária (SIC) da Rede Natura 2000, a serra do Montemuro possui uma biodiversidade de elevada importância, resultado do bom estado de conservação dos seus habitats (alguns de considerável valor conservacionista como é o caso das turfeiras) e da vasta comunidade de vertebrados, da qual fazem parte inúmeras espécies com estatuto de ameaça como, por exemplo, o lobo-ibérico (Canis lupus). Na Serra do Montemuro nascem os rios Ardena, Balsemão, Cabrum, Bestança e Ribeiro de Corvo.
Waypoints
Ponte de Panchorra
Implantada a cerca de 1000 metros de altitude, unindo as margens do rio Cabrum, a Ponte da Panchorra é um belíssimo exemplo de arquitetura vernacular [tradicional]. Ponte de dois arcos, apresenta aparelho regular nas aduelas [pedras que formam o arco] e irregular na silharia [pedras] da restante estrutura, o que pode indicar um trabalho de mestres locais ou regionais, destinado a suprir as necessidades de acesso da comunidade às suas propriedades agrícolas e silvícolas. Nesse sentido, distancia-se em importância e técnica às suas congéneres, edificadas a jusante, nomeadamente as pontes de Ovadas, Lagariça e Nova, quase na foz do Cabrum. Não deixa, porém, de ser um exemplo de infraestrutura comunitária. A travessia aproveita os afloramentos das margens do rio para apoiar os seus pilares, sobre os quais assenta o tabuleiro horizontal com guardas, conferindo-lhe a robustez necessária à passagem de carros agrícolas e à circulação de gado. Embora a Panchorra seja referida já nas Inquirições [inquérito administrativo] de 1258, só no século XVI se separou do termo de Ovadas, onde se situava o antigo centro religioso da freguesia medieval. Tornou-se, então, curato [paróquia], sendo a Ermida de São Lourenço o novo polo religioso.
IMPORTANTE: desvio à esquerda
Neste ponto, junto à linha de água, deveria existir uma placa informativa, fundamental para indicar que o trilho segue pela esquerda, atravessando por pedras o riacho, e não pelo óbvio caminho para a direita. Ainda por cima, a primeira marcação que se encontra nesse local está no tronco de uma árvore, uns bons metros acima do local referido, completamente mimetizada entre o arvoredo do pequeno bosque. É uma falha complicada que induzirá em erro quem por aqui possa passar sem GPS.
Vale de Papas
Localizada na vertente norte da serra do Montemuro, a cerca de 1.000m de altitude, Vale de Papas é uma aldeia ancestral que ainda preserva grande parte da sua arquitetura vernacular. Classificada como Aldeia de Portugal®, possui as características próprias de uma aldeia de montanha, com fortes tradições agrícolas e pastoris. Ao longo dos seus irregulares caminhos de pedra podem observar-se casas de granito cobertas de colmo; eiras e espigueiros denunciando o espírito comunitário de outros tempos; fontanários de água pura e abundante e hortas meticulosamente trabalhadas. Algumas tradições associadas à aldeia de Vale de Papas incluem a desfolhada, a chapelaria com tranças de palha, a descasca do cereal e a malha do centeio. Os cereais servem para confecionar o delicioso pão que acompanha o famoso fumeiro - chouriças, salpicões e presuntos, marcos da gastronomia local.
Bustelo da Laje
A aldeia de Bustelo, situa-se em plena serra do Montemuro, na encosta Este do vale de fratura do Bestança. Nesta aldeia existe uma curiosa eira formada por uma única laje de granito, de grandes dimensões, razão pela qual a aldeia é, também, conhecida por Bustelo da Laje. Aqui as tradições rurais e comunitárias mantêm-se fiéis ao passado e a comprová-lo está o uso comunitário da Eira da Laje, onde os habitantes partilham tarefas agrícolas como a desfolhada do milho e a secagem dos cereais. Em Bustelo da Laje podem, ainda, visitar-se várias sepulturas medievais – duas das quais, no adro da Igreja Matriz, e um conjunto de calçadas empedradas oriundas do período romano. A aldeia, que é um dos pontos centrais da serra e do rio, é atravessada por um conjunto de percursos pedestres ligados ao vale do Bestança. Pode iniciar, na Eira da Lage, o PR4 - Encostas da Serra; ou encontrar um dos que a circundam, o PR5 - Caminho das Portas, ou o PR2 - Rota do Vale. Na envolvente de Bustelo podemos contemplar as belas paisagens do vale do Bestança. Os fartos lameiros esculpidos pelo homem nas encostas do vale, característicos pela abundância de água e pelas estruturas tradicionais existentes, como as levadas e os tanques, permitem a presença de várias espécies de anfíbios, como a salamandra-de-pintas-amarelas, o tritão-marmoreado e os sapos-comum e corredor. Daqui também se podem contemplar as paisagens da serra do Montemuro, com as grandes rochas graníticas de inúmeras formas a comporem a paisagem. Por aqui são frequentes diversas espécies de aves de rapina, como o açor ou a águia-de-asa-redonda, bem como várias espécies de répteis, como a cobra-rateira ou o sardão.
Eiras da Laje (Bustelo)
A aldeia de Bustelo, também conhecida por Bustelo da Lage, ganhou esta designação pela impressionante laje de granito presente na aldeia, que há séculos é aproveitada pelas gentes de Bustelo como eira. Este espaço, como muitos outros ao longo da serra, é um local comunitário, onde ainda hoje se realizam diversas atividades relacionadas com a agricultura, como a desfolhada do milho ou a secagem dos cereais. Aqui ainda é possível observar as medas de milho espalhadas pela grande laje, cones quase perfeitos construídos com as canas de milho. Neste local de boa exposição solar podemos também encontrar bons exemplos da arquitetura tradicional, como os tradicionais canastros ou os característicos palheiros do vale do Bestança. Na aldeia de Bustelo, marcada pela construção em granito, podemos observar diversas estruturas de grande valor arquitetónico, como canastros, casas de traça tradicional, destacando-se a Igreja Matriz de Bustelo, virada para o vale do Bestança. Junto a esta estão presentes duas sepulturas do período medieval, tendo uma delas várias inscrições esculpidas.
Gralheira
A aldeia da Gralheira é uma das mais altas de Portugal, encontrando-se a uma altitude de 1105 metros. Esta também é conhecida como “princesa da serra” por, desde tempos longínquos, ser a aldeia mais desenvolvida das redondezas. Integrada na paisagem granítica da serra do Montemuro, a Gralheira apresenta uma arquitetura tradicional serrana, dominada por granito, sendo ainda possível encontrar os tradicionais telhados de colmo. A Gralheira, para além do seu valioso património arquitetónico, apresenta um património natural imenso. A envolvente da Gralheira apresenta uma paisagem única. Os lameiros, os carvalhais, o rio Cabrum, bem como os habitats rupícolas que por aqui são abundantes contribuem para uma grande diversidade de fauna e flora. A cila-dos-lameiros, o peneireiro, a víbora-cornuda, a rela ou a salamandra-de-pintas-amarelas são algumas das espécies que por aqui podemos observar. As populações da Gralheira sempre tiveram uma estreita ligação com a natureza. Exemplo disso é a relação desta com o penedo da Saúde, sobre o qual se dizia, em tempos antigos, que tinha influência na cura de doenças. Principalmente benéfico para doentes de tuberculose, as pessoas com esta moléstia deveriam andar em seu redor de forma a melhorar a sua saúde. Nestas paisagens serranas do Montemuro existem outras aldeias com grande interesse, como é o caso de Vale de Papas. Esta aldeia, integrada na rede de Aldeias de Portugal®, é dominada por granito, e apresenta uma grande beleza, já que nela se podem observar diversos exemplos da arquitetura tradicional, como as eiras comunitárias, os canastros ou as casas em colmo.
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Moderate
Percurso muito bonito, paisagens serranas muito belas, onde se podem ver diversas aldeias e seus modos tradicionais de vida.
Obrigado, Jorge Amorim Santos, pelo comentário e avaliação do trilho.
Este percurso é muito interessante. Apenas peca pela escassa informação.
Continuação de boas caminhadas!
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Moderate
Percurso excelente. Apenas de salientar a falta de informação oficial e de marcação no terreno (há zonas muito confusas e outras sem qualquer indicação). As aldeias são lindas e a ponte de Panchorra é um ex-libris da região. Mas, repito, convém estar atento em alguns locais para evitar enganos (um GPS será fundamental). Grande abraço!
Obrigado, Aiguille du Midi, pelo comentário e avaliação do trilho.
Os trilhos de Cinfães e Resende pecam pela falta de informação... é estranho e algo incompreensível. Tal como diz, o uso do GPS é essencial neste trilho, de forma a evitar enganos desagradáveis. Mas no geral, é um trilho muito agradável. Grande abraço!
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Moderate
Região muito bonita, com excelentes percursos. Este é um deles, pena as marcações estarem muito apagadas ou inexistentes em alguns locais fundamentais. O uso do GPS, aqui, dá mesmo muito jeito. Abraço e boas caminhadas!
Obrigado, _BIO_RAIA_, pelo comentário e avaliação do trilho.
Esta região é de facto muito bonita e este trilho dá-nos uma boa mostra disso.
Pena algumas passagens estarem mal marcadas ou mesmo sem marcação Tal como diz, o uso de um GPS facilita imenso nessas situações. Abraço!
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Moderate
Olá, boa noite João. Hoje a escolha foi este PR 7,um pouco duro,principalmente pela água em kms do troço, pedra em cima de pedra e não evitei molhar os pés. O trilho está com marcações frescas,muito bem marcado, a tua exposição foi ouvida. Quanto a limpeza, nos troços que coincidem com GR ,estão super limpos, nos restantes troços do PR 7,a passagem é razoável, embora a dificuldade seja a água, mas vai precisar de manutenção. O resto é um percurso excelente, Vale de Papas ,a ponte de Panchorra, e as eiras de Bustelo da Lage, um verdadeiro exilibris. Abraço, boas caminhadas.
Viva, Fernando! Excelente notícia que me dás. Ainda bem que estes municípios resolveram intervir na sua rede de percursos pedestres, já era hora. Não sei se o meu desabafo lhes chegou aos ouvidos, mas provavelmente mais pessoas também se queixaram e assim várias vozes sempre têm algum efeito. Quanto a limpeza de vegetação, esse será sempre um tema recorrente, pois a manutenção dos trilhos necessita ser constante e é uma tarefa que fica cara às entidades responsáveis. Quanto ao trilho, é como dizes, passa por locais muito bonitos que valem mesmo a pena ser conhecidos. Obrigado pela avaliação e pelo teu comentário sempre pertinente. Abraço!
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Moderate
É gratificante fazer um caminho assim. Se pudesse, fazia ao contrário.
Muito bom.
Levei GPS.
Viva, Manuel Alves! Obrigado pelo comentário e avaliação do trilho. Continuação de ótimas caminhadas!!