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PR5 ALQ Rota de Sta. Quitéria

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Trail stats

Distance
8.4 mi
Elevation gain
1,417 ft
Technical difficulty
Moderate
Elevation loss
1,417 ft
Max elevation
867 ft
TrailRank 
34
Min elevation
867 ft
Trail type
Loop
Moving time
3 hours 31 minutes
Time
4 hours 26 minutes
Coordinates
2412
Uploaded
April 15, 2022
Recorded
April 2022
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near Meca, Lisboa (Portugal)

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Trail photos

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Itinerary description

Transcrevo na integra a pesquisa feita pelo 'Companheiro' Papaleguas que trilhou este PR em 2020, e que o apresenta na sua página de forma brilhante! Embora extenso, é um excelente complemento a este trilho fantástico.
Aqui vai:

"O Percurso

Nota: convém fazer o percurso seguindo o track gps, pois nem sempre as marcações estão bem visíveis.

O percurso faz-se pelas localidades de Meca - Catém - Bogarréus - São Brás - Casal Monteiro, evoluindo por território marcadamente agrícola, sobretudo com zonas de vinha e pomar - sendo que ao longo do trajecto, mesmo na borda do caminho, passamos por pereiras, figueiras, abrunheiros, limoeiros, cerejeiras... estamos numa zona onde a vinha não impera de forma insistente na paisagem que nos rodeia, como aconteceu em anteriores PRs que fizemos em Alenquer.
O ponto de partida e chegada é em Meca, no Largo do Pelourinho. Ali perto, cem metros antes para quem vem de Alenquer, há muito onde estacionar. Tal como em outros percursos pedestres desta região, a Primavera será uma das melhores estações para o conhecer, se bem que o final do Verão e Outono também poderão apresentar encantos muito especiais, já que há algumas árvores de fruto em todo o trajecto.

É uma caminhada fácil, de modesta extensão, apresentando apenas a dificuldade das longas subidas até Bogarréus e ao Cabeço de Santa Quitéria (o vulcão), mas que se fazem bem.

E o que há para ver, quais as estórias do caminho?


Basílica de Santa Quitéria

Diz Matos Sequeira, citado a propósito no Guia de Portugal: "desde a distribuição da luz, abundantíssima no interior do templo, até à sábia e discreta distribuição da pedra, que varia do negro ao branco, com toda a gama exuberante dos marmoreados, tudo é proporcionado, ajustado, e belo"

A igreja é um belo exemplo de arquitectura neo-clássica e considerada uma das mais belas do concelho de Alenquer, devido à sua unidade arquitectónica, apresentado inspirações na arquitetura do Convento de Mafra e uma grande aproximação estilística à Basílica da Estrela e também à igreja dos Agostinhos em Vila Viçosa. A construção foi concluída em 1799.
No seu interior merecem destaque as duas grandes telas dos altares do cruzeiro, representando, do lado do Envangelho " A Última Ceia" e do lado da Epístola a " Pregação de São João Batista" .
O teto em berço, é de madeira forrada de tela, pintada com grisalhas, usando diversos tons de cores que se fundem numa bela harmonia criando uma perfeita ilusão de relevos, que envolvem vários medalhões retratando a vida e o martírio de Santa Quitéria (tecto e Ceia de Pedro Alexandrino)

Como se diz no site do Património Cultural,
"... em Santa Quitéria de Meca parece sobrevir o entendimento do barroco de Mateus Vicente, numa via que prolonga a tradição arquitectónica nacional em detrimento de um maior eclectismo. O "congelamento do barroco", expressão utilizada por Paulo Varela Gomes para caracterizar a obra deste arquitecto, encontra-se, aqui, muito vincado."


Santa Quitéria - história e lendas do fundo dos tempos...

Quitéria foi uma das nove filhas nascidas de parto único de Cálsia Lúcia, mulher de Lúcio Caio Otílio, governador de Portugal e Galiza sob o Império Romano, no século II da nossa era. Quitéria nasceu no ano de 120, em Bracara Augusta, quando o seu pai acompanhava o imperador romano Adriano em viagem pela Península Ibérica.
Nove filhas num só parto?? Superstições vergonha e medos logo levaram a que a parteira Cília recebesse ordem de as afogar.
Mas ela, piedosa e Cristã, entregou as meninas ao arcebispo de Braga, Santo Ovídio, que as baptizou e encomendou o seu cuidado e educação a diversas famílias cristãs, tudo a suas expensas.
Anos mais tarde, o pai, tomando conhecimento da existência delas e estando comprometido com um cortesão de nome Germano, decidiu que com ele a filha se casaria. Mas ela recusou, e recusou abandonar o Cristianismo, e fugiu.
Foi encontrada em Aire-sur-l'Adour e Otílio condenou-a à morte, aí executada pelo ofendido Germano no dia 22 de Maio do ano de 135, tinha ela 15 aninhos apenas.
Os soldados que a prenderam ficaram cegos; e Quitéria após ter a cabeça decepada, tomou-a nas suas mãos e caminhou até a cidade vizinha onde caiu e foi sepultada.


Meca

A toponimica não está muito explicada, embora pareça ter origem Árabe. Não tendo encontrado opinião de especialistas, considero no entanto muito interessantes o texto que encontrei no blog "cascalenses":
"Seguindo as orientações de alguns especialistas em fonética que se dedicaram ao estudo do nome de Alenquer, que terá derivado de uma palavra árabe, a ligação à cidade sagrada do Islão resultará da sacralidade da própria envolvência. Apesar de existirem poucos vestígios arqueológicos desse período no território em questão, a proximidade ao cone vulcânico de Alenquer, parte integrante do património geológico da Serra de Montejunto, terá determinado o desenvolvimento ancestral de sistemas complexos de ritualidade religiosa que perpetuaram no tempo as crenças mais antigas que dão forma aos arquétipos da humanidade.
O certo é que a aldeia de Meca, em Alenquer, carrega consigo a marca perene das festividades da Primavera que durante o período calcolítico foram peça angular na regulação das sociedades humanas que vieram a desenvolver-se no actual território de Portugal. Cultuada em Maio, em festivais de base religiosa marcados, até épocas muito recentes, pela presença das flores e do viço próprio que marca o final do Inverno, Santa Quitéria de Meca insere-se assim num conjunto de práticas religiosas que corporizam o principal alicerce cultural da Portugalidade."

A verdade é que reza a tradição que em 1238 terá ali aparecido, num palheiro da Quinta de São Brás, uma imagem da Santa, surpresa total naqueles tempos em que a presença muçulmana ainda estava bem viva na memória das gentes, que a reconquista não tinha ainda feito nem um século. A surpresa deu lugar ao culto e em plena idade média é erigida uma ermida no local do achado - e que mais tarde dá lugar à basílica.
Terra próxima da serra do Montejunto, por certo que era ponto de passagem dos pastores com os gados em busca de terrenos verdejantes nas encostas mais frescas da serra, nos meses do Verão. A vida não era fácil para eles, as perdas podiam deixá-los à fome, e as doenças do gado eram temidas. A invocação da protecção da santa surge naturalmente neste ponto de passagem, e Santa Quitéria ganha fama de os proteger da raiva.
Pasores, agricultores, uma vez por ano juntam-se em Meca para a benção do gado. Frente à basílica está um cruzeiro implantado num redondel, o gado tem de dar três voltas em torno dele para obter a protecção.


Romaria de Santa Quitéria de Meca

De uma página do município de Alenquer:

A romaria de Santa Quitéria de Meca é, para a população do Alto Concelho, o acontecimento mais importante do ciclo anual dos festejos das terras de Montejunto.

Pálida sombra da grande festa que foi noutros tempos, a afluência de pessoas, o colorido e animação e as características populares da romaria de Meca, surpreendem o visitante ocasional.

A procissão, a bênção do gado e o grande arraial são os componentes obrigatórios e constantes desta antiga festividade. A festa começa com as cerimónias do “dia da Santa”, o primeiro domingo depois de 22 de maio, dia assinalado no calendário cristão com a invocação de Santa Quitéria mártir.

Velha romaria de montanha - o vizinho Cabeço de Meca é, com a Serra da Neve, um dos pontos mais elevados de toda a região - aqui acorrem, vindos de perto e longe, romeiros com os seus rebanhos e manadas, para a tradicional “bênção do gado”, o momento mais característico e pitoresco da festa.

Para isso, os animais enfeitados com o nastro cor-de-rosa e os seus condutores ou pastores, dão três voltas em redor do cruzeiro situado no largo da igreja. Aí se encontra o padre com a caldeira de água benta e o hissope com que asperge os animais que circulam lentamente à sua volta.

Antigamente, e devido à grande afluência de animais, utilizava-se neste cerimónia uma caldeira de grandes dimensões que era colocada num aro de ferro que ainda hoje podemos ver chumbado na coluna central do cruzeiro - construção circular com degraus, erigida propositadamente para esta cerimónia, em frente da porta principal da igreja.

A crença popular admite que esta bênção tradicional preserva as pessoas e os animais presentes dos malefícios da raiva. A tradição liga também à bênção outros atos rituais, hoje já caídos em desuso: o costume de dar a comer aos animais pão molhado no azeite da lâmpada da igreja e depois benzido, ou a prática de levar pedaços de nastro bento para proteger os animais que ficaram em casa. Um outro costume ainda hoje bem vivo é o comprar do bolo tradicional da romaria, as argolas, e das rocas de cerejas.


O vulcão de Santa Quitéria de Meca

Um ponto notável muito desfigurado no século XX. No meu Guia de Portugal, fundado por Raul Proença e continuado por Sant' Anna Dionísio, fui encontrar esta referência:
Do cabeço da Santa Quitéria, muito agudo, com terrenos de tons vermelhos e alaranjados, que dá ao local uma nota assaz pitoresca de forma e cor, interessante panorama sobre a região de Alenquer

E actualmente? Agudo já não é de forma alguma.
Fui buscar esta linhas a um estudo de Claudia Correia (editado):

O Cabeço de Santa Quitéria está integrado no Complexo Vulcânico de Lisboa, sob a designação de chaminé
vulcânica. Este complexo, também designado como Rede de Vulcões da Península de Lisboa, foi raramente tema de estudo o que contribuiu para o seu desconhecimento por parte da população em geral.
Esta estrutura com cerca de 72 milhões de anos, surgiu entre os períodos do Cretáceo e do Eocénico e ocupa “uma extensão de 200km2 entre Lisboa, Sintra, Mafra e Runa (...)”
O Complexo Vulcânico de Lisboa, compreende distintos tipos de estruturas como chaminés, escoadas, soleiras e diques e diversas rochas como basaltos, piroclastos, brechas, traquitos, com destaque para os “maciços sub-vulcânicos de Sintra, e Montachique (…)”.

No entanto, os “grandes centros eruptivos estão situados na zona de Cheleiros-Malveira: contam-se aí pelo menos doze chaminés importantes, de que se destacam: Raimonda, Igreja Nova, Funchal, Quinta do Paço, Penedo de Lexim, Cartaxos e Montachique”.
O interesse por este aparelho vulcânico remonta há pelo menos 200 anos. As primeiras referências surgiram pela mão de Dolomieu (1750-1801), que contribuiu para que esta estrutura geológica passasse a integrar as Cartas Geológicas de Portugal, em que o primeiro levantamento foi realizado em 1924 por P. Choffat (1849-1919).

A Chaminé Vulcânica de Santa Quitéria por encontrar-se na extremidade nordeste do Complexo Vulcânico de Lisboa,
possui dimensões reduzidas o que contribuiu para a sua pouca relevância perante os restantes pontos eruptivos.

O que hoje vemos neste nosso percurso é pois o resultado de profundas alterações resultantes da exploração dos basaltos vulcânicos, desde os anos 60 até 2004, tendo mesmo ultrapassado as cotas atribuídas atingindo assim o lençol freático.

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