Por picos e aldeias da verte este do Marão

1. A serra do Marão, motivo de inspiração de escritores (Miguel Torga e Teixeira de Pascoais) e de atração de pedestrianistas, ciclistas, caçadores e pescadores, constitui um todo impressionante: as escarpas e fragas agressivas nas vertentes viradas para Vila Real (para lá do Marão); os montes mais arredondados nas vertentes viradas para Amarante e Baião; as vistas arrebatadoras sobre as Serras do Alvão, da Aboboreira e Montemuro; a Ermida de Nossa Senhora da Serra no ponto mais alto da serra; a grande diversidade florestal (giesta, urze, carqueja e tojo nas partes mais altas e árvores de grande porte como carvalhos, castanheiros, bétulas, freixos, pinheiros e ciprestes nas partes mais baixas dos vales das ribeiras e dos rios); as antigas minas de volfrâmio (Maria Isabel, Teixo e Ramalhoso); a água que corre nos leitos de rios e ribeiras; os corsos, as perdizes e as raposas; o ar puro que se respira; o silêncio que convida ao relaxamento, à contemplação e à descoberta.
Devido a este contexto rico e diversificado, são muitas as atividades a que a serra convida: caminhada, escalada, BTT e muitos outros desportos de aventura.
2. O presente percurso, circular e não marcado na maior parte da sua extensão, desenvolve-se na vertente nascente da serra - isto é, "do lado de lá do Marão", por trilhos e caminhos florestais, a maior parte deles espetaculares, abertos entre bosques de carvalhos, castanheiros, bétulas e várias espécies de coníferas e enormes formações rochosas na proximidade dos 3 picos: Ermida (1397 m), Marão/Srª. Da Serra (1416 m) e Portal da Freita (1344 m)
Teve, por razões logísticas, início e fim na aldeia de Cotorinho e foi executado no sentido do movimento dos ponteiros do relogio: Cotorinho -- > Soutelo -- > Póvoa da Serra -- > Fraga da Ermida -- > refúgio e marco geodésico da Fraga da Ermida --> Marão/Senhora da Serra -- > Portal da Freita -- > Montes -- > Cotorinho.
A ligação entre as aldeias é feita por caminhos e trilhos fáceis e muito aprazíveis. Em Soutelo “apanhamos“ o “PR3 SMP” (trilho da Senhora da Serra) que nos conduziu até à sua confluência com o “PR8 SMP” (trilho das Cabras). Nesse ponto, transitamos para o PR8 SMP por cujo traçado seguimos até à Fraga da Ermida e à Senhora da Serra. A ascensão até à Fraga da Ermida (cerca de 1000 m), com panorâmicas brutais, é muito exigente física e tecnicamente.
3. Pontos de maior interesse:
• As vistas panorâmicas alcançáveis a partir dos múltiplos miradouros assinalados no traçado do percurso: umas brutais (a partir dos picos do Marão, da Fraga da Ermida e do Portal da Freita; outras simplesmente belas (sobre o vale da Campeã e as aldeias de Montes, Cotorinho e Soutelo)
• A Senhora da Serra pelo simbolismo religioso do local (ir à serra do Marão e não ir à Senhora da Serra é como ir a Roma e não ver o papa), mas também (ou sobretudo) pelas vistas panorâmicas deslumbrantes de 360 graus que é possível fruir do ponto mais alto da serra (particularmente interessantes são as vistas sobre as aldeias espalhadas pela vertente nascente da serra e sobre o vale da Campeã).
• A magia de alguns troços do percurso, nomeadamente: Soutelo <-- > Póvoa da Serra; Montes <- -> Cotorinho.
4. Ponto negativo.
• Este é um percurso ao qual atribuiríamos, sem hesitar, a nota máxima em todos os parâmetros de avaliação se duas pequenas zonas atravessadas pelo percurso não tivessem ardido há cerca de 2 anos: parte da encosta nascente da Fraga da Ermida e uma estreita faixa de terreno entre a Senhora da Serra e o Portal da Freita. As agrestes escarpas, os fragaredos e os miradouros não arderam. As fabulosas e abrangentes vistas panorâmicas em nada foram afetadas. Todavia é sempre desolador ver e caminhar em terreno ardido. Particularmente afetados foram cerca 1500 metros de um trilho (espetacular antes da queimada) entre a Senhora da Serra e o Portal da Freita.

Alertas:
1. O percurso não está marcado em grande parte da sua extensão pelo que a utilização do GPS pode ser imprescindível.
2. É um percurso difícil devido: à extensão, aos desníveis e à existência de um troço quase “radical” (cerca de 1000 metros – subida até à Fraga da Ermida)
3. O troço de trilho (20/30 metros) junto a P1 nem sempre está limpo. Já o encontramos bastante tapado com silvas. A alternativa é a estrada

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