Pitões das Júnias - Fraga do Paul - Pitões das Júnias (com neve)
near Pitões das Júnias, Vila Real (Portugal)
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Trail photos
Itinerary description
ATENÇÃO: Parte deste percurso é feito fora de trilhos, sem marcações.
Cruza linhas de água, cujo caudal pode impedir a travessia nos locais assinalados, obrigando à procura de pontos alternativos.
Atravessa encostas onde a carqueja e a giesta imperam, obrigando a um esforço redobrado para vencer o caminho.
Na data, foi feito com neve e visibilidade reduzida, com recurso a GPS (navegação offline).
Se for realizado sob temperaturas elevadas, torna-se imperativa a devida proteção, já que o território é bastante exposto.
O grau de dificuldade atribuído está relacionada com as condições em que foi feito.
Enfim, tratou-se de uma aventura pessoal, onde o objetivo foi mesmo o de procurar o desafio da adversidade.
O percurso começou na aldeia de Pitões das Júnias, atravessando-a de lés a lés, antes de descer a longa calçada que termina na linha de água que escorre do alto das Gralleiras - a Ribeira das Aveleiras.
Aqui, uma história incrível, de uma amizade espontânea e improvável, tornaram o "passeio" inesquecível.
Vindo da aldeia, numa correria desenfreada, um "perrito" resolve acompanhar-me. O cachorro simpático (que surge nas fotos) demonstrava uma alegria que me pôs a falar espontaneamente com ele, como de um humano se tratasse. "Então, vais fazer-me companhia?! Olha que te arrependes. Vou para sítios inóspitos!".
Permitam-me contar-vos a história, pois foi algo de impensável, quase surreal.
O bicho parecia entender-me, anuindo com a cauda, como se a decisão estivesse tomada e não dependesse de mim. E lá foi, alegre e saltitante, ora adiante, ora a meu lado, parando e olhando-me interrogativamente, quando era necessário tomar decisões sobre o caminho a tomar.
Um pouco adiante, as poldras do Ribeiro de Peredo, toucadas de neve, o que implicou alguma perícia para as usar como "ponte", para cruzar a ribeira sem molhar os pés.
Daí por diante, aos poucos, fomos (o cachorro, a quem batizei de Neca, também conta) penetrando numa região mais agreste, coberta de uma brancura serena e tranquila. Apesar de a visibilidade ser reduzida, a beleza era esmagadora.
Os trilhos começava a ser raros e em várias ocasiões avançamos pelo giestal adentro, com a neve a transformar-se em água e a encharcar-nos completamente. Sabia para o que ia. A determinada altura, numa vertente íngreme com vegetação alta e densa, reparei que o Neca não conseguiria progredir. "E agora, Neca? Como vamos fazer?" O cachorro olhou-me com uma expressão humana. Os seus olhos diziam tudo. "Colinho, Neca? Anda cá...". Enquanto o segurava com um braço e subia montanha acima, ele olhou-me agradecido e lambeu-me o rosto. Que genuíno que um pequeno animal pode ser!
Ao longo do percurso, quer perante a vegetação densa, quer na travessia das ribeiras, o Neca teve "colinho" e o gratificante que foi receber o seu reconhecimento, valeu amplamente o esforço redobrado, empregue na caminhada.
A passagem próximo da Fraga do Paul foi o ponto de viragem no percurso circular. Com a conjuntura do momento, a subida a este magnífico pico, a mais de 1300 metros de altitude, ficou adiada. Por essa altura a névoa envolvia a montanha, a neve derretia-se e tornava as rochas escorregadias e perigosas e para o cãozito seria um sacrifício enorme.
Descemos encosta abaixo, para voltar a subir do lado oposto, onde para mos para almoçar. Obviamente reparti as minhas provisões com o Neca, que foi contido, talvez pensando que eu não teria contado com mais uma para o almoço. Mas chegou e sobrou.
Daí por diante, pouco mudou. A passagem prevista pela Capela de São João da Fraga também não se fez, pois a progressão estava a ser demasiado lenta e não queria correr riscos desnecessários. O acesso à capela é mais fácil a partir da primeira metade do percurso, na encruzilhada a seguir à Ribeira da Tulha. Trata-se inclusive de um percurso assinalado.
Remato com a despedida do Neca. A cerca de 5 km do final, o percurso torna-se mais fácil, apanhando-se um PR assinalada. O Neca, como se conhecesse o caminho, tomou a dianteira. Quando, ao vira de uma curva, deixava de me sentir, parava e ficava a olhar para trás, até me ver surgir. Retomava então o caminho.
Na interminável subida, de quase 3 km, até à aldeia, repetiu este gesto simpático umas três ou quatro vezes. Só visto. Por fim, entramos no povoado. Aí parou num portão aberto (talvez a casa dos seus donos). Esperou, sentado até que eu passasse. Depois de um simples "adeus Neca!", o bicho entrou e nunca mais voltei a vê-lo. Para quem caminha muitas vezes sozinho por opção, esta foi uma lição de que, quando a companhia é genuína, pode ser muito boa!
Gostaste deste trilho?
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Podes também “aplaudir” e “seguir” o “Mochila e uma Cabana”. Isso faz com que possamos também apreciar os trilhos por onde tens andado.
Saudações!
Cruza linhas de água, cujo caudal pode impedir a travessia nos locais assinalados, obrigando à procura de pontos alternativos.
Atravessa encostas onde a carqueja e a giesta imperam, obrigando a um esforço redobrado para vencer o caminho.
Na data, foi feito com neve e visibilidade reduzida, com recurso a GPS (navegação offline).
Se for realizado sob temperaturas elevadas, torna-se imperativa a devida proteção, já que o território é bastante exposto.
O grau de dificuldade atribuído está relacionada com as condições em que foi feito.
Enfim, tratou-se de uma aventura pessoal, onde o objetivo foi mesmo o de procurar o desafio da adversidade.
O percurso começou na aldeia de Pitões das Júnias, atravessando-a de lés a lés, antes de descer a longa calçada que termina na linha de água que escorre do alto das Gralleiras - a Ribeira das Aveleiras.
Aqui, uma história incrível, de uma amizade espontânea e improvável, tornaram o "passeio" inesquecível.
Vindo da aldeia, numa correria desenfreada, um "perrito" resolve acompanhar-me. O cachorro simpático (que surge nas fotos) demonstrava uma alegria que me pôs a falar espontaneamente com ele, como de um humano se tratasse. "Então, vais fazer-me companhia?! Olha que te arrependes. Vou para sítios inóspitos!".
Permitam-me contar-vos a história, pois foi algo de impensável, quase surreal.
O bicho parecia entender-me, anuindo com a cauda, como se a decisão estivesse tomada e não dependesse de mim. E lá foi, alegre e saltitante, ora adiante, ora a meu lado, parando e olhando-me interrogativamente, quando era necessário tomar decisões sobre o caminho a tomar.
Um pouco adiante, as poldras do Ribeiro de Peredo, toucadas de neve, o que implicou alguma perícia para as usar como "ponte", para cruzar a ribeira sem molhar os pés.
Daí por diante, aos poucos, fomos (o cachorro, a quem batizei de Neca, também conta) penetrando numa região mais agreste, coberta de uma brancura serena e tranquila. Apesar de a visibilidade ser reduzida, a beleza era esmagadora.
Os trilhos começava a ser raros e em várias ocasiões avançamos pelo giestal adentro, com a neve a transformar-se em água e a encharcar-nos completamente. Sabia para o que ia. A determinada altura, numa vertente íngreme com vegetação alta e densa, reparei que o Neca não conseguiria progredir. "E agora, Neca? Como vamos fazer?" O cachorro olhou-me com uma expressão humana. Os seus olhos diziam tudo. "Colinho, Neca? Anda cá...". Enquanto o segurava com um braço e subia montanha acima, ele olhou-me agradecido e lambeu-me o rosto. Que genuíno que um pequeno animal pode ser!
Ao longo do percurso, quer perante a vegetação densa, quer na travessia das ribeiras, o Neca teve "colinho" e o gratificante que foi receber o seu reconhecimento, valeu amplamente o esforço redobrado, empregue na caminhada.
A passagem próximo da Fraga do Paul foi o ponto de viragem no percurso circular. Com a conjuntura do momento, a subida a este magnífico pico, a mais de 1300 metros de altitude, ficou adiada. Por essa altura a névoa envolvia a montanha, a neve derretia-se e tornava as rochas escorregadias e perigosas e para o cãozito seria um sacrifício enorme.
Descemos encosta abaixo, para voltar a subir do lado oposto, onde para mos para almoçar. Obviamente reparti as minhas provisões com o Neca, que foi contido, talvez pensando que eu não teria contado com mais uma para o almoço. Mas chegou e sobrou.
Daí por diante, pouco mudou. A passagem prevista pela Capela de São João da Fraga também não se fez, pois a progressão estava a ser demasiado lenta e não queria correr riscos desnecessários. O acesso à capela é mais fácil a partir da primeira metade do percurso, na encruzilhada a seguir à Ribeira da Tulha. Trata-se inclusive de um percurso assinalado.
Remato com a despedida do Neca. A cerca de 5 km do final, o percurso torna-se mais fácil, apanhando-se um PR assinalada. O Neca, como se conhecesse o caminho, tomou a dianteira. Quando, ao vira de uma curva, deixava de me sentir, parava e ficava a olhar para trás, até me ver surgir. Retomava então o caminho.
Na interminável subida, de quase 3 km, até à aldeia, repetiu este gesto simpático umas três ou quatro vezes. Só visto. Por fim, entramos no povoado. Aí parou num portão aberto (talvez a casa dos seus donos). Esperou, sentado até que eu passasse. Depois de um simples "adeus Neca!", o bicho entrou e nunca mais voltei a vê-lo. Para quem caminha muitas vezes sozinho por opção, esta foi uma lição de que, quando a companhia é genuína, pode ser muito boa!
Gostaste deste trilho?
Esperamos que sim! Dá-nos a tua avaliação.
Ao interagires com as nossas publicações, ajudas a que esta mensagem chegue a mais amantes dos trilhos.
Podes também “aplaudir” e “seguir” o “Mochila e uma Cabana”. Isso faz com que possamos também apreciar os trilhos por onde tens andado.
Saudações!
Waypoints
Intersection
3,131 ft
Segui pela direita
Percurso fora do trilho. Seguindo pela esquerda, encontra-se a Capela de São João da Fraga
River
3,358 ft
Rio
Este ribeiro atravessa um bosque de carvalhos, onde o silêncio é absolutamente sobrenatural.
Waypoint
3,933 ft
Percurso difícil
A ausência de pontos de referência tornam, aqui, com neve, a progressão muito lenta. O Neca tenta ver o caminho mais seguro.
Tree
3,415 ft
Bosque de carvalhos
Lugar impressionante, pelo silêncio absoluto, pela calma, tranquilidade e paz que transmite.
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