Pico Itapiroca - Pico Paraná - Caratuva (trilha da conquista)

A montanha mais alta e mais icônica da região Sul do Brasil é o Pico Paraná e apesar de sua altitude (1877 metros) é muito menor que os picos da Mantiqueira. A trilha para chegar ao cume é tão difícil quanto as trilhas de montanhas mais altas como Agulhas Negras, Marins, Pedra da Mina, entre outras.
Localizado no conjunto de serra chamado Ibitiraquire, que na língua tupi significa "serra Verde", ele é uma formação rochosa de granito e gnaisse que está posicionada no município de Antonina. O conjunto principal do maciço rochoso que compõe o pico Paraná é formado por cinco cumes: pelo próprio pico Paraná (o PP), União, Ibitirati, Camelos e Tupipiá. O Ibitirati possui o mais alto paredão de granito do Brasil, com 1050m de altura, com inclinações que variam dos 70° aos 90°.
Há muito tempo planejo fazer essa trilha e olhando os tracklog do wikiloc encontrei o do RodrigoAGC, muito detalhado e confiável. Meu planejamento inicial era acampar na Fazenda Pico Paraná e sair bem cedo no dia seguinte, mas estudando melhor o percurso decidi chegar na Fazenda PP por volta de meio dia e acampar no pico Itapiroca, foi a melhor opção. Para concretizar meus planos aguardei uma boa janela com previsão de tempo sem chuvas o que é raro por lá.
Chegamos na Fazenda PP por volta de 11 horas, preenchemos a ficha de controle, trocamos uma ideia com o Dilson, pegamos as cargueiras e pé na trilha.
A parte inicial da trilha é muito fácil, cria uma falsa ilusão de que será uma caminhada tranquila. Rapidinho chegamos no Morro do Getúlio, após caminhar 3 km com 500 metros de desnível, muito fácil, e assim continuou até mais a frente onde encontramos as famosas placas de indicação na bifurcação das trilhas: Caratuva, Taipabuçu e Ferraria para esquerda, Paraná e Itapiroca para direita. Tomamos a direção Paraná-Itapiroca e a trilha mudou, virou outra, primeiro os trechos com lama e logo vieram os trechos com pedras, raízes e lama, muita lama. Depois de um trepa pedras e trepa raízes por 1,5 km chegamos à bifurcação para o Itapiroca, mais 700 metros de trilha e chegamos à área de camping do Itapiroca por volta das 16h. Escolhemos um bom lugar para armar nossa barraca, não tinha ninguém por lá, mais tarde surgiu um rapaz de Curitiba que fez a trilha só pra passar uma noite no cume. Fomos em busca do cume e assinar o seu livro, aproveitamos para fazer muitas fotos das montanhas ao redor e do majestoso Pico Paraná, o Caratuva imponente como um vulcão cônico estava bem a nossa frente e o Ciririca com suas antenas chapadas chamava nossa atenção e nossa curiosidade, dizem que é a trilha mais difícil da região. Para o primeiro dia levamos comida pronta facilitou muito e pouco depois do por do sol fomos dormir para acordar cedo e partir para o PP.
Antes do nascer do sol fizemos nosso café, iniciamos o desmonte do acampamento e por volta das 7 horas já estávamos descendo o Itapiroca. Chegar à trilha do PP foi rápido, progredir na trilha do PP com as cargueiras foi lento, duas horas para percorrer dois km. Deixamos as cargueiras na área de camping A1 e partimos para o PP com mochilas de ataque. Aqui a trilha muda, não tem barro nem raízes, descemos a encosta do vale e subimos os 400 metros de desnível para chegar ao cume. Esse trecho de subida é assistido por cordas, ferratas e corrente, sem essa ajuda seria muito difícil chegar ao cume sem equipamentos de escalada, obrigado a quem instalou. Quase chegando ao cume minha esposa pisou no coco que algum fdp fez na trilha, foi uma merda, ainda tínhamos algumas ferratas pela frente e foi muito desagradável, não dá pra acreditar que pessoas tão sem noção façam essa trilha, quem gosta de montanha leva shit tube e não deixa nada na montanha, quanto mais no meio da trilha. Deixando de lado esse incidente, chegamos com certa facilidade ao Cume do PP, confesso que o visual de lá não é tão bonito como do Itapiroca. Fotos tiradas, livro assinado, fizemos um lanche e descemos para o A1. Nesse dia decidimos acampar no A1 e subir o Caratuva de manhã, voltei 200 m em direção ao Itapiroca para abastecer de água no riacho. Era véspera de feriado e a 1:30 h da madruga começou a passar gente e foi assim a noite inteira, umas 30 pessoas subiram o PP na madrugada.
De manhã desmontamos acampamento e fomos procurar o início da trilha da conquista, não demorou e encontramos uma trilha muito discreta perpendicular à trilha do PP. O início da trilha está escondido por caratuvas e outros arbustos, alguns metros a frente a trilha se mostra bem visível entre a vegetação e inicia a subida do morro, a lama preta surge com gosto, muita lama, mas a trilha é tranquila pra subir, não tem pedras nem obstáculos. Fomos subindo e logo alcançamos o topo do Caratuva onde um grupo estava reunido para apreciar o nascer do sol e a beleza do PP com seus paredões rochosos. Paramos um pouco ali para curtir também e seguimos para o livro de cume, pra nossa surpresa o “livro” estava todo detonado e não tinha uma página em branco, tirei um livro novinho da mochila assinei e deixei lá na caixa junto com o detonado. Adotei como prática levar um livro novo para repor sempre que encontrar uma caixa vazia. Iniciamos a descida por volta das 10 horas e foi muito rápido, apesar de alguns locais com erosão e algumas rochas altas pra descer, foi bem tranquilo pra chegar na bifurcação e ao morro do Getúlio e dali até o estacionamento é um passeio no parque. Subir a Trilha da Conquista e descer o Caratuva com certeza foi mais fácil que retornar pela trilha das pedras raízes e lama que pegamos na ida.
Chegamos no estacionamento ao meio dia, e fomos para o Hotel Mahle pernoitar para no dia seguinte fazer a trilha do Pico Tucum. O Hotel concede R$ 10,00 de desconto por pessoa que pagou a entrada na Fazenda PP. Descansamos e comemos muito bem (almoço e jantar a vontade por R$ 30,00). No dia seguinte acordamos prontos pra outra.

Obs. Não se iluda a trilha do Pico Paraná é de nível Difícil e é uma trilha que apresenta pontos perigosos para pessoas que não possuem experiência em trilhas.