Percurso Pedestre- Sintra por Azulejos
near Monte Santos, Lisboa (Portugal)
Viewed 151 times, downloaded 1 times
Trail photos
Itinerary description
Waypoints
Estação de Caminhos-de-Ferro de Sintra
A azulejaria presente na Estação de Sintra encontra-se em bom estado de conservação. É da autoria de João Alves de Sá e é de 1921. Estes azulejos foram renovados e a intervenção deveu-se à Delegação da Comissão de Propaganda de Portugal, em conjunto com a administração da empresa ferroviária, e contou com ofertas dos industriais de cantarias de Montelavar. O programa decorativo da azulejaria traduz-se numa mistura de cânones de períodos anteriores, como sejam putti renascentistas, concheados rocaille e ornamentos barrocos, reinterpretados numa composição revivalista. Na policromia, realçam-se as figuras infantis e os elementos florais, motivos esses que se repetem nas paredes do átrio. Assente num rodapé alto, em mármore, os painéis preenchem as paredes até metade da sua altura. Além dos painéis de interior, constam no edifico da Estação outros exemplares decorativos: os painéis de estilo padrão que figuram na fachada do mesmo. Num módulo 2x2/2 policromo, expressa-se um motivo geométrico sobre fundo azul, em forma de estrela de oito pontas em tons de cor-de-rosa e amarelo, sendo quatro dessas, de forma curva. Um elemento meio-oval interceta o motivo nas pontas superior e inferior, conferindo algum dinamismo ao conjunto. Os intervalos da interceção são preenchidos por cor vermelha, os quais inscrevem ainda um motivo em cor-de-rosa. Elementos de estilo semelhante ocupam os restantes espaços intervalados da composição, variando na cor. Este padrão é inspirado em motivos mouriscos.
Paços do Concelho
O edifício dos Paços do Concelho data do início do século XX, tendo sido construído entre 1906 e 1909 e é de autoria do arquiteto Adães Bermudes. De inspiração neomanuelina, sobressaem no conjunto a riqueza dos elementos escultóricos, bastante semelhantes a outros existentes no Palácio Nacional. Pelo facto de integrar influências estilísticas de épocas precedentes, constitui-se como um conjunto marcadamente revivalista, pelo que se enquadra perfeitamente na paisagem sintrense. No que respeita à azulejaria, somos orientados para a torre ameada presente no lado oposto à entrada do edifício. Nela inclui-se um enorme coruchéu de geometria piramidal oitavada. O revestimento contempla azulejos de cores branca e verde-azulada, esta última utilizada na decoração de elementos geométricos em forma de laçarias, que se orientam desde o topo até à base. Neles são inscritos, em volta da pirâmide e de forma alternada, os símbolos da Cruz de Cristo e do Escudo de Portugal. O mesmo efeito geométrico é replicado nos outros quatro coruchéus de menores dimensões, os quais encimam as guaritas que fecham os ângulos da base. Esta tradição de se revestir coruchéus e chaminés remonta ao seculo XVI e, como tal, a decoração azulejar constitui-se como mais um exemplo de integração de modelos antigos.
Fonte Mourisca
Esta fonte trata-se de uma remontagem efetuada no local em 1960 depois de ter sido retirada do seu sítio inicial, na Rua Visconde de Monserrate, em virtude das obras de alargamento do local. É conhecida pelo revivalismo mourisco e pelos azulejos da mesma inspiração que ostenta. A retirada do monumento do seu lugar inicial originou que se perdesse parte do revestimento azulejar original, tendo sido substituído por outro, 22 anos depois. Apesar das diferenças a beleza da peça não ficou afetada. O edifício que contém o fontanário é composto por um grande arco em ferradura denteado, no qual se observam três outros arcos em ferradura, também denteados e emoldurados por azulejos neo-mudéjares, impondo-se ao centro a pedra d’armas do Município. As colunas assentam em socos elevados que as projetam nos capitéis de decoração geométrica. Esta composição desenvolve-se por entre azulejos ao estilo mudéjar e de intensa policromia. No interior as paredes permanecem revestidas por azulejos também de inspiração mudéjar, cujo padrão foi modificado na restauração de 1982. O revestimento azulejar atual contempla três modelos de decoração, dois nos arcos mouriscos da frontaria e o outro no interior, expressos nas cores e formas geométricas, mas todos ao estilo da técnica de aresta.
Palácio de Valenças
Na fachada deste edíficio sobressai um enorme painel azulejar, com as dimensões de 7,40mX6,20m , da autoria de Carlos Vizeu. Este painel foi concebido em 2002 e resulta de um projeto encomendado pelo Executivo camarário, no sentido de substituir um outro conjunto ali existente, também de autoria do mesmo artista, colocado em 1959. Na composição, sobressai o brasão de armas do Município, policromo, sobre um fundo castanho-claro, de motivos geométricos arabescos. Todos os azulejos, com a medida de 20 centímetros de lado, foram concebidos no atelier do artista, na localidade de Almoçageme, e das 1147 unidades que compõem o painel, 567 estão presentes no plano central da composição. As restantes, formalizam a moldura de 5 azulejos de largura, que integra motivos vegetalistas e de aves, policromos, sobre fundo castanho-escuro. A base do conjunto é ornamentada por uma franja, de cor castanha, que percorre toda a largura do mesmo.
Palácio Nacional de Sintra
Em toda a Península Ibérica, este Palácio é o mais genuíno e valioso museu de azulejaria dos finais do século XVI. Este possui exemplares de todas as técnicas conhecidas, nomeadamente alicatados, corda seca, corda seca sobre aresta, relevados com corda seca, e também possui os únicos exemplares da técnica de esgrafitado que restam na Península. Os azulejos que revestem as paredes das salas, corredores e pátios variam quanto ao padrão, composição cromática, cercadura e altura dos silhares, sem se repetirem, o que faz com que o interior do palácio contenha uma grande beleza e originalidade surpreendente. No decurso da sua história, o Palácio sofreu algumas alterações, mas, apesar disso, as principais características de inspiração mourisca datam do tempo de D. Manuel. De notar que a decoração com azulejo se destinava apenas ao interior, o revestimento de pátios e de algumas varandas são de épocas posteriores. Na decoração azulejar do Palácio Nacional de Sintra, manifesta-se a tendência para a abstração, originária da decoração oriental, mas acrescentando motivos autónomos, criando algo verdadeiramente original.
Casa Piriquita
Na Casa Piriquita podemos encontrar o padrão bicha. Este padrão é bastante vulgar na produção contemporânea e possui diversas variantes. É concebido por estampilhagem, em tons de azul, e a unidade de repetição pode descrever-se da seguinte forma: em todos os vértices do azulejo consta uma quarta parte de uma estrela de oito pontas e dois deles são unidos em diagonal por uma linha ondulada. Da composição do módulo resulta um quadrado sobre vértice em que os ângulos são uma estrela de oito pontas e no centro apresenta o mesmo motivo. Neste caso a estrela é conseguida pela justaposição de uma cruz de gomos sobre um quadrado com os lados ligeiramente arqueados e a linha diagonal é descrita em motivos vegetalistas.
Fonte da Pipa
Subindo a Rua das Padarias, chegamos à Rua da Fonte da Pipa. Situada num recanto encontramos a fonte que dá o nome à rua. A sua data de construção exata é desconhecida. Sabe-se da sua existência através de um documento do século XIV, tornando-a numa das mais antigas fontes da Vila de Sintra. Também com base em documentos, é conhecida a sua reconstrução em 1787, mantendo ainda o aspeto que lhe foi dado na altura. Os painéis azulejares da Fonte da Pipa são os exemplares mais antigos que existem, datam do século XVIII. O conjunto divide-se em três secções. O painel central, que representa fragmentos de paisagem natural e envolve a parte frontal da fonte, em pedra de lioz, que ostenta as armas portuguesas, uma pequena pipa de onde jorra a água e uma lápide gravada que relata a história da reconstrução da fonte, ordenada no ano anterior pela rainha Dona Maria I. E os dois painéis laterais que contêm a representação de Diana, do lado esquerdo, e da Justiça, do lado direito. A inscrição da lápide homenageia a rainha, agradecendo-lhe a intervenção naquela antiga fonte, bem como a restituição da água ao povo, que estava a ser desviada, supostamente, para uma propriedade do Marquês de Pombal. Os painéis são policromos, embora predominem os tons de azul na figuração principal. Diana está assente num plinto duplo, policromo, no qual se apresenta uma cartela com uma legenda em latim que significa: «Eis a terceira Cinthia, a pluvial, já em pleno crescente – Lucano». Por sua vez, a Justiça assenta em semelhante objeto, que difere na inscrição da cartela, traduzida como: «Não atendes na aparência do pobre, nem atendas à importância do poderoso. Julga em estrita justiça o teu concidadão – Levítico».
Fonte dos Pisões
Esta fonte é de autoria do mestre José da Fonseca e foi encomendada pela Comissão de Iniciativa de Turismo de Sintra. A construção substituiu um tanque ali existente desde XVI. Possui uma forma semi-circular, ornamentada por um grande círculo de inspiração renascentista, decorado com um painel de azulejos. Neste painel podemos obeservar um grande círculo gravado na parede, este é policromo e predominam os tons de azul e rosa, e um baixo-relevo de inspiração renascentista, no qual se animam sete putti, em alegoria ao valor da água. Sobre os motivos circulares, que acompanham o desenho da circunferência, e o fundo azul da composição, sobrepõe-se um quadrado de fundo branco, onde consta a peça escultórica, de onde brota a água. No topo do corpo central, sobre o grande círculo, figura um par de painéis quadrados, medindo 7x7. Uma vez mais predominam os motivos circulares, desta vez num círculo de fundo azul constam cinco elementos florais em tons de rosa, expostos em forma de quinas, que sugerem camélias, flores tradicionais de Sintra.
You can add a comment or review this trail
Comments