Patagônia Chilena: Circuito Dientes de Navarino
near Puerto Williams, Magallanes (Chile)
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Trail photos
Itinerary description
Relato Circuito Dientes de Navarino (17/02 a 22/02/2015)
Cheguei em Ushuaia na terça-feira (17/02) e reservei meu barco com o Pablo da Ushuaia Boating. Seu whatsapp é +54 2901 55‑1007. Custou US$ 115,00. Dormi no hostel Refugio del Mochileiro, o qual já havia reservado antes. Um bom hostel.
No dia seguinte (18/02) houve um problema com o barco e o Pablo me avisou que só sairíamos as 13 (inicialmente sairia as 9 h). Após cruzar o Beagle, passei na aduana chilena e cheguei em Puerto Williams após cerca de 1:20 h de carro. Comprei comida para o trekking e fui procurar hospedagem. Paguei 20 US$ por um quarto no hostal Cabo de Hornos e fui fazer o registro nos carabineros. Dia seguinte acordei e após desayunar parti com a mochila nas costas.
Fiz o circuito solo e em 4 dias. Se você não for uma pessoa que pára muito para tirar fotos, diferentemente de mim, podes até fazer em 3 dias, considerando as mesmas condições climáticas, obviamente. Creio que valha a pena pegar 1 ou 2 dias para subir o Monte Betinelli, de onde se tem visão de 360 graus da ilha de Navarino, ou até ir o Lago Windhond, no qual existe um refúgio de apoio, onde inclusive podes pescar. Depois que alcançar o Lago Windhond, podes regressar ao circuito de dientes pelo mesmo caminho do Betinelli. Me arrependi de não ter subido ao menos o Monte, que é o ponto caminhável mais alto da ilha (883 msnm). Mas só fiquei sabendo destas informações com detalhe após finalizar o trekking.
É interessante observar o enorme impacto causado em toda ilha devido aos cerca de 40.000 castores que foram introduzidos na decada de 1940 por norte-americanos. Uma devastacao de florestas e muitas barragens construidas. Hoje a possibilidade de se ver algum é rara, visto que a caça deste animal é liberada na ilha por serem uma praga.
Segue detalhamento de meus dias de caminhada:
Primeiro dia (19/02):
De Puerto Williams, percorre-se 3 km de estrada, sobe-se o Cerro Bandera e se anda na sua encosta, onde só tem um ponto de água, até alcançar a Laguna del Salto. No primeiro dia encontrei 5 grupos no caminho e haviam 6 barracas na Laguna del Salto.
Segundo dia (20/02):
Saí da Laguna del Salto as 8 h da manhã e todas as barracas ainda estavam montadas quando comecei a caminhar. Passei o dia sozinho. Este dia amanheceu bem nublado e chuvoso. Sorte que minhas roupas bem modestas deram conta do recado.
Depois de passar a Laguna del Paso enfrentei o trecho com os ventos mais fortes, com bastante dificuldade para andar. Os ventos, inclusive, removeram a capa de chuva da minha mochila. Parei 5 para comer um lanche e minhas mãos quase congelaram. Fiquei uns 30 minutos abrindo e fechando as mãos sem parar para que elas se aquecessem.
Pouco depois da entrada da trilha para o Lago Windhond, me deparei com o belíssimo Cerro Gabriel e com a Laguna de Los Dientes, onde resolvi tomar um banho de lagoa com água congelante.
Ao entrar na água parecia que não sabia nadar de tao fria! Ainda bem que era raso. Fiquei aproximadamente 2 segundos na água e saí para me secar, o que não demorou visto os fortes ventos. Valeu a experiência de provável mergulho mais austral de todo o resto da minha vida.
Saindo da Laguna de Los Dientes logo cheguei na Laguna Escondida, acampamento do 2º dia para quem faz o trekking em 5 dias. Porém ainda eram 15 h, muito cedo para me instalar, isso porque paro muito para comer e tirar fotos e também parei para nadar. Segui então em direção à Laguna Hermosa.
Mais adiante bateu uma fome e cozinhei no meio da trilha, foi quando passou por mim um grupo com 4 norte-americanos, as únicas pessoas que encontrei este dia. Coincidentemente, um deles encontrou minha capa de mochila e me devolveu.
Prosseguindo, passei pelo Paso Ventarron, que não estava com muito vento, o qual possui uma vista incrível. Desci o vale e me instalei as 19:30 sozinho na ultima lagoa antes do Paso Guerrico.
Terceiro dia (21/02):
Saí mais cedo, às 07:30 h, passei pelas lagunas Hermosa e Martillo e segui no mesmo vale até a subida com muita lama rumo ao Paso Virgínia. No topo do morro vi uma lagoa congelada e desviei do caminho para tirar fotos da mesma. Foi quando os 4 americanos me passaram novamente.
Chegando ao Paso Virgínia se tem uma vista estonteante da Laguna Guanacos. Neste momento fiquei esperando os americanos descerem pois uma mulher estava receosa de passar. Não é difícil, mas pode complicar pra quem tem medo de altura.
Após descer por este caminho perigoso acampei com os americanos após a Laguna Guanacos, que mais tarde me ofereceram uma legítima cachaça. Quando já estava com a barraca montada chegou mais um grupo. Não vi mais pessoas neste 4 dias.
Eu e dois americanos ficamos até as 23 h trocando experiências viajantes. Eles me contaram que no segundo dia saíram as 11 da manhã, 3 horas depois de mim, e ainda assim me alcançaram. Também disseram que quando saíram as 11, todas as outras barracas continuavam montadas. Os aventureiros por lá são preguiçosos haha
Quarto dia (22/02):
Só restavam 3 km para finalizar todo o circuito. Por isso também creio que seja possível fazê-lo completo em 3 dias, a não ser que prefira andar somente 8 horas por dia (o que também é uma boa opção), sendo que o sol estava se pondo as 21:30 nesta época do ano. Talvez por isso o pessoal durma até mais tarde.
Esse dia não possuiu paisagens fantásticas, aliás o caminho ate a estrada é bem confuso e cansativo, por causa da mata fechada que insiste em prender em sua mochila e te fazer questionar se você está realmente no caminho certo (este dia acabei saindo totalmente do caminho oficial, mas existem outras trilhas).
Chegando na estrada já estava comemorando que havia terminado este grande sendero, mas ainda estava a 8 km de Puerto Williams. Andei 2 km na estrada pedindo carona até que um rapaz caridoso aceitou colocar em seu coche um mochileiro imundo. Fiquei o resto do dia em Puerto Williams.
Ao término deste magnífico passeio tentei adiantar meu barco de volta a Ushuaia (havia reservado para dia 24/02, pois achei que iria fazer o circuito em 5 dias), mas não consegui. O contato para barco de Puerto Williams a Ushuaia é da Maria Luisa Will, whatsapp +56 9 7558 1055.
Segunda e terca-feira o barco nao saiu porque o tempo estava ruim, lembre-se da possibilidade disto acontecer ao programar sua viagem.
É isso. Ao fazer este trekking não esqueça de olhar pra trás a todo instante, principalmente na subida do Paso Ventarron, onde o ponto mais alto da ilha aparece bem proeminente. Novas paisagens se revelam.
Abraços
Cheguei em Ushuaia na terça-feira (17/02) e reservei meu barco com o Pablo da Ushuaia Boating. Seu whatsapp é +54 2901 55‑1007. Custou US$ 115,00. Dormi no hostel Refugio del Mochileiro, o qual já havia reservado antes. Um bom hostel.
No dia seguinte (18/02) houve um problema com o barco e o Pablo me avisou que só sairíamos as 13 (inicialmente sairia as 9 h). Após cruzar o Beagle, passei na aduana chilena e cheguei em Puerto Williams após cerca de 1:20 h de carro. Comprei comida para o trekking e fui procurar hospedagem. Paguei 20 US$ por um quarto no hostal Cabo de Hornos e fui fazer o registro nos carabineros. Dia seguinte acordei e após desayunar parti com a mochila nas costas.
Fiz o circuito solo e em 4 dias. Se você não for uma pessoa que pára muito para tirar fotos, diferentemente de mim, podes até fazer em 3 dias, considerando as mesmas condições climáticas, obviamente. Creio que valha a pena pegar 1 ou 2 dias para subir o Monte Betinelli, de onde se tem visão de 360 graus da ilha de Navarino, ou até ir o Lago Windhond, no qual existe um refúgio de apoio, onde inclusive podes pescar. Depois que alcançar o Lago Windhond, podes regressar ao circuito de dientes pelo mesmo caminho do Betinelli. Me arrependi de não ter subido ao menos o Monte, que é o ponto caminhável mais alto da ilha (883 msnm). Mas só fiquei sabendo destas informações com detalhe após finalizar o trekking.
É interessante observar o enorme impacto causado em toda ilha devido aos cerca de 40.000 castores que foram introduzidos na decada de 1940 por norte-americanos. Uma devastacao de florestas e muitas barragens construidas. Hoje a possibilidade de se ver algum é rara, visto que a caça deste animal é liberada na ilha por serem uma praga.
Segue detalhamento de meus dias de caminhada:
Primeiro dia (19/02):
De Puerto Williams, percorre-se 3 km de estrada, sobe-se o Cerro Bandera e se anda na sua encosta, onde só tem um ponto de água, até alcançar a Laguna del Salto. No primeiro dia encontrei 5 grupos no caminho e haviam 6 barracas na Laguna del Salto.
Segundo dia (20/02):
Saí da Laguna del Salto as 8 h da manhã e todas as barracas ainda estavam montadas quando comecei a caminhar. Passei o dia sozinho. Este dia amanheceu bem nublado e chuvoso. Sorte que minhas roupas bem modestas deram conta do recado.
Depois de passar a Laguna del Paso enfrentei o trecho com os ventos mais fortes, com bastante dificuldade para andar. Os ventos, inclusive, removeram a capa de chuva da minha mochila. Parei 5 para comer um lanche e minhas mãos quase congelaram. Fiquei uns 30 minutos abrindo e fechando as mãos sem parar para que elas se aquecessem.
Pouco depois da entrada da trilha para o Lago Windhond, me deparei com o belíssimo Cerro Gabriel e com a Laguna de Los Dientes, onde resolvi tomar um banho de lagoa com água congelante.
Ao entrar na água parecia que não sabia nadar de tao fria! Ainda bem que era raso. Fiquei aproximadamente 2 segundos na água e saí para me secar, o que não demorou visto os fortes ventos. Valeu a experiência de provável mergulho mais austral de todo o resto da minha vida.
Saindo da Laguna de Los Dientes logo cheguei na Laguna Escondida, acampamento do 2º dia para quem faz o trekking em 5 dias. Porém ainda eram 15 h, muito cedo para me instalar, isso porque paro muito para comer e tirar fotos e também parei para nadar. Segui então em direção à Laguna Hermosa.
Mais adiante bateu uma fome e cozinhei no meio da trilha, foi quando passou por mim um grupo com 4 norte-americanos, as únicas pessoas que encontrei este dia. Coincidentemente, um deles encontrou minha capa de mochila e me devolveu.
Prosseguindo, passei pelo Paso Ventarron, que não estava com muito vento, o qual possui uma vista incrível. Desci o vale e me instalei as 19:30 sozinho na ultima lagoa antes do Paso Guerrico.
Terceiro dia (21/02):
Saí mais cedo, às 07:30 h, passei pelas lagunas Hermosa e Martillo e segui no mesmo vale até a subida com muita lama rumo ao Paso Virgínia. No topo do morro vi uma lagoa congelada e desviei do caminho para tirar fotos da mesma. Foi quando os 4 americanos me passaram novamente.
Chegando ao Paso Virgínia se tem uma vista estonteante da Laguna Guanacos. Neste momento fiquei esperando os americanos descerem pois uma mulher estava receosa de passar. Não é difícil, mas pode complicar pra quem tem medo de altura.
Após descer por este caminho perigoso acampei com os americanos após a Laguna Guanacos, que mais tarde me ofereceram uma legítima cachaça. Quando já estava com a barraca montada chegou mais um grupo. Não vi mais pessoas neste 4 dias.
Eu e dois americanos ficamos até as 23 h trocando experiências viajantes. Eles me contaram que no segundo dia saíram as 11 da manhã, 3 horas depois de mim, e ainda assim me alcançaram. Também disseram que quando saíram as 11, todas as outras barracas continuavam montadas. Os aventureiros por lá são preguiçosos haha
Quarto dia (22/02):
Só restavam 3 km para finalizar todo o circuito. Por isso também creio que seja possível fazê-lo completo em 3 dias, a não ser que prefira andar somente 8 horas por dia (o que também é uma boa opção), sendo que o sol estava se pondo as 21:30 nesta época do ano. Talvez por isso o pessoal durma até mais tarde.
Esse dia não possuiu paisagens fantásticas, aliás o caminho ate a estrada é bem confuso e cansativo, por causa da mata fechada que insiste em prender em sua mochila e te fazer questionar se você está realmente no caminho certo (este dia acabei saindo totalmente do caminho oficial, mas existem outras trilhas).
Chegando na estrada já estava comemorando que havia terminado este grande sendero, mas ainda estava a 8 km de Puerto Williams. Andei 2 km na estrada pedindo carona até que um rapaz caridoso aceitou colocar em seu coche um mochileiro imundo. Fiquei o resto do dia em Puerto Williams.
Ao término deste magnífico passeio tentei adiantar meu barco de volta a Ushuaia (havia reservado para dia 24/02, pois achei que iria fazer o circuito em 5 dias), mas não consegui. O contato para barco de Puerto Williams a Ushuaia é da Maria Luisa Will, whatsapp +56 9 7558 1055.
Segunda e terca-feira o barco nao saiu porque o tempo estava ruim, lembre-se da possibilidade disto acontecer ao programar sua viagem.
É isso. Ao fazer este trekking não esqueça de olhar pra trás a todo instante, principalmente na subida do Paso Ventarron, onde o ponto mais alto da ilha aparece bem proeminente. Novas paisagens se revelam.
Abraços
Waypoints
Campsite
1,742 ft
Area para Camping
Area para Camping
Campsite
1,529 ft
Campamento Dia 3
Campamento Dia 3
Waypoint
121 ft
Carretera para Pto. Williams
Carretera para Pto. Williams
Intersection
0 ft
Hacia Lago Windhond
Hacia Lago Windhond
Mountain pass
1,821 ft
Paso Guerrico
Paso Guerrico
Comments (14)
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Information
Easy to follow
Scenery
Difficult
Not an easy trail, but highly recommended.
Unbelivable views!
Sensacional!! Parabéns pela travessia, ótimas dicas!!
Obrigado Mitosam!!! O lugar é fantástico. Não deixe de visitar!
Wow. Belíssimo local.
Parabéns pelo trackloc.
Valeu Johnny. O lugar é surreal mesmo!
Quero muito fazer esse trekking. Quais as dificuldades que encontrou?
Gracias por tu detallada descripcion!
Trek Mundi, gostaria de realizar essa travessia em solo!!! Alguma recomendação?
uuuuul pessoas! Desculpa a longa demora erikakim e Mitosam!
Erika, a maior dificuldade é o tempo, porque conheci pessoas que tiveram que desistir em algumas passagens em que havia muita neve. Por sorte, comigo o tempo estava excelente, mas ainda assim o frio era surreal. Se eu parava pra comer por 10 minutos eu sentia meus dedos congelando. Então, é necessário trazer bastante coisa para esquentar durante a noite. Existe algumas passagens de escalaminhada por porções barrentas que dão trabalho, mas acredito que o frio seja o maior desafio
Mitosam, recomendo que tome muito cuidado com cada passo que você der, porque se você machucar a chance de alguém te resgatar é muito baixa. Não sei como está hoje, mas em 2015 quase não havia grupos realizando esta travessia. Recomendo que leve comida para 5 dias. Eu fiz a conta errado e o que levei só deu para 3. No último dia eu passei fome mesmo!
Buena ruta y bonitas fotos. Enhorabuena.
Obrigado pelas dicas. Nos planos para janeiro 2022. Abraço!
Obrigada pelas informações, eu e meu namorado faremos em janeiro/22. Se Deus quiser!