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Passeio pelo Vale do Lizandro

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Trail stats

Distance
9.32 mi
Elevation gain
243 ft
Technical difficulty
Moderate
Elevation loss
909 ft
Max elevation
816 ft
TrailRank 
72 4.9
Min elevation
816 ft
Trail type
One Way
Moving time
4 hours 8 minutes
Time
5 hours 7 minutes
Coordinates
2657
Uploaded
September 11, 2018
Recorded
September 2018
  • Rating

  •   4.9 3 Reviews

near Mafra, Lisboa (Portugal)

Viewed 4640 times, downloaded 87 times

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Itinerary description

Há muito que era meu desejo fazer uma caminhada pelos trilhos do Lizandro até à sua foz.
Hoje, a convite de amigos, surgiu a oportunidade. Bom,... não foi bem uma caminhada, foi antes um "passeio" numa tarde pachorrenta de fim de verão.
Levámos os carros para o parque de estacionamento na zona norte da praia de S. Julião e chamámos dois táxis que, quase uma hora depois, nos levaram a Mafra.
Quase quatro da tarde seriam quando iniciámos este belo passeio partindo do largo fronteiriço ao extraordinário monumento, custeado por El Rei D. João V que, esperançado que tal empreendimento lhe trouxesse, por graça de Deus, a tão desejada descendência real (lícita) por fertilidade da sua consorte, D. Ana Maria de Áustria, abriu os cordões à bem recheada bolsa que o ouro do Brasil fazia transbordar. Os pormenores ficcionais desta tão significativa obra, que começam com a visita do rei à alcova da rainha, conta-no-los Saramago na sua obra prima. Outros pormenores sapienciais foram-nos transmitidos pelo nosso guia, impressionado por um carrilhão de seis oitavas, que teria sido o maior do mundo à época, e não muito além disso se aventurou transmitir a uma plateia recheada de grandes e fartos conhecedores de tais pormenores. Fiquei eu a perder que continuei na, pouco abonatória diga-se, ignorância das caraterísticas deste grandioso monumento.
Vamos lá que se faz tarde e muito atrasados, à custa do táxis e não só, já nós estamos.
A Praça da República defronte ao monumento ficou para trás bem rapidamente, a rua Serpa Pinto, antiga Calçada das Reais Obras, também e de caminhada ter-se-ia apanhado o ritmo não fora as cobiçosas amoras que enfeitavam as silvas logo à entrada do "Trilho do Senhor Heitor" terem atraído a atenção de um número significativo dos caminhantes. É que nem o palácio dos Marqueses de Ponte de Lima, onde pernoitaria El Rei, quando de visita às Reais Obras, nem a Igreja de Santo André, que, por acaso, é não só o templo mais antigo da freguesia como terá também sido sede paroquial de que Pedro Hispano (Papa João XXI), o único Papa português, foi pároco e que, também por acaso, apresenta um portal gótico interessantíssimo supostamente do século XIII ou XIV, talvez por serem demasiado conhecidos, tanta atenção atraíram. De facto, havendo amoras que coisas mais interessam?...
O Senhor Heitor, cuja quinta que se estende pelo vale e apresenta ainda um velho e condenado portal com o nome em azulejo pintado à mão, emprestou, sem que lho pedissem, seu nome a um bonito trilho que desce vale abaixo por entre silvados e reboredos até bem perto da capela de Nossa Senhora do Arquiteto. Esta singela capela, reza a lenda, foi construída por um arquiteto, amante da pescaria, que, vendo-se em apuros no meio das altas vagas (imagine-se, o mar da Ericeira com vagas grandes?...) com extrema fé, à Senhora do Socorro recorreu, prometendo que seu santo nome haveria de venerar enquanto vivesse e mandaria construir duas capelas, uma no mais alto ponto da freguesia, que a todos lembrasse que o "Socorro" só da muita fé se obtém, e outro no ponto mais baixo da mesma, em sítio que nem chaminé se visse, para que, resguardado do mundo, pudesse venerar a Senhora que o socorreu, na paz e silêncio que só a natureza, deserta de gentes, propícia.
Ainda só eram andados pouco mais de três quilómetros e porque a muitas amoras peniscadas não aconchegaram suficientemente a barriga dos passeantes, houve que proceder a uma paragem técnica para saciar a fome e libertar o que, estando dentro, só peza e bem não faz. Vinte minutos passados e eis-nos num bonito caminho que, por encostado à ribeira, nos trás o cantar da água e ouvir-se-ia também o chilreio dos pássaros não fora o cacarejar ruidoso de outras aves pernaltas. Continuemos...alto lá que toda a gente parou e, por vir atrás não estava a compreender a razão de tanta gargalhada. Chegado, confrontei-me com a travessia da ribeira que tinha que ser feita sobre as pedras semeadas no leito. Claro, as gargalhadas tinham por razão o escorreganço de alguém menos habilidoso, ou mais afoito e menos previdente, que fora com as botas, e não só, à água. Mais duas travessias e peripécias a quadruplicar: desde travessias às cavalitas, chapinhanços que nem crianças da pré, pés descalços e calças molhadas, de tudo um pouco houve.
Entramos finalmente no vale do Lizandro e, numa bem cuidada horta, teve pouca sorte a hortelã que foi cravada por dois ou três que menos vergonha tinham. Assim, desde uma mochilada de belos tomates, onde nem os coração-de-boi faltaram, até uma melancia, passando pelos belos alhos-pôrro e a abóbora-manteiga, de quase todos os produtos da horta a senhora ofertou um pouco, isto é: um muito. Se alguém ler isto, encontrar a generosa senhora hortelã e tiver a mesma ideia, peço que seja um pouco menos desavergonhado porque senão a senhora vai à falência, é que a horta é o seu ganha-pão!...
À frente, junto da Capela da Nossa Senhora do Ó, aliviámos as mochilas comendo a bucha que tinha sobrado da paragem na anterior capela. Mais meia hora de paragem e lá fomos passeando pela Rua da Fonte até à ETAR e depois por um trilho na encosta que mostrava algumas das características cársicas deste vale onde o Lizandro se deita, numa quase tão lenta marcha quanto a nossa, deslizando suavemente até à foz.
Chegados à N247, atravessámos a ponte sobre o rio e continuámos à direita pela Rua das Amoreiras até apanharmos o belo trilho da arriba sobre a Foz do Lizandro. A beleza deste trilho, onde era suposto chegarmos ao Sol pôr, ficou com um encanto noturno indiscritível que seria diferente, quiçá menos belo ou de beleza diferente, não fora a tentação das amoras, os chapinhanços na ribeira e a solicitude de uma hortelã que tudo quis oferecer.
Passeio inolvidável que recomendo para ser feito com um grupo de gente animada, bem disposta e muito…muito… muito paciente.

Waypoints

PictographPhoto Altitude 978 ft
Photo ofConvento de Mafra Photo ofConvento de Mafra Photo ofConvento de Mafra

Convento de Mafra

PictographPhoto Altitude 821 ft
Photo ofNesta esquina iniciámos o passeio

Nesta esquina iniciámos o passeio

PictographPhoto Altitude 709 ft
Photo ofTalvez um monumento importante ... ou não. Photo ofTalvez um monumento importante ... ou não.

Talvez um monumento importante ... ou não.

Como fui incumbido de cerra-filas falhou-me a explicação do guia

PictographPhoto Altitude 700 ft
Photo ofOlhando para trás na que já foi a Calçada das Reais Obras Photo ofOlhando para trás na que já foi a Calçada das Reais Obras

Olhando para trás na que já foi a Calçada das Reais Obras

PictographPhoto Altitude 700 ft
Photo ofJunto do palácio dos Marqueses de Pontee de Lima a Igreja de Santo André Photo ofJunto do palácio dos Marqueses de Pontee de Lima a Igreja de Santo André Photo ofJunto do palácio dos Marqueses de Pontee de Lima a Igreja de Santo André

Junto do palácio dos Marqueses de Pontee de Lima a Igreja de Santo André

PictographPhoto Altitude 633 ft
Photo ofEntrada da Quinta de Baixo Photo ofEntrada da Quinta de Baixo Photo ofEntrada da Quinta de Baixo

Entrada da Quinta de Baixo

PictographPhoto Altitude 584 ft
Photo ofInício do Trilho do Senhor Heitor Photo ofInício do Trilho do Senhor Heitor

Início do Trilho do Senhor Heitor

PictographPhoto Altitude 560 ft
Photo ofA quinta e as amoras Photo ofA quinta e as amoras

A quinta e as amoras

PictographPhoto Altitude 532 ft
Photo ofOs azulejos que identificam o dono da quinta e o lindo trilho junto ao muro Photo ofOs azulejos que identificam o dono da quinta e o lindo trilho junto ao muro

Os azulejos que identificam o dono da quinta e o lindo trilho junto ao muro

PictographPhoto Altitude 471 ft
Photo ofPor entre reboredos Photo ofPor entre reboredos

Por entre reboredos

PictographPhoto Altitude 342 ft
Photo ofLá por cima 'caminha-se' mais depressa mas não se usufrui

Lá por cima 'caminha-se' mais depressa mas não se usufrui

PictographPhoto Altitude 256 ft
Photo ofainda o trilho do Senhor Heitor

ainda o trilho do Senhor Heitor

PictographPhoto Altitude 245 ft
Photo offlora repícola abundante nas margens da ribeira que vamos seguindo

flora repícola abundante nas margens da ribeira que vamos seguindo

PictographPhoto Altitude 243 ft
Photo ofFlora em galeria

Flora em galeria

PictographPhoto Altitude 250 ft
Photo ofFinal do trilho do Senhor Heitor

Final do trilho do Senhor Heitor

PictographPhoto Altitude 217 ft
Photo ofCapela de Nossa Senhora do Arquiteto (que por sorte dele é do Socorro) Photo ofCapela de Nossa Senhora do Arquiteto (que por sorte dele é do Socorro) Photo ofCapela de Nossa Senhora do Arquiteto (que por sorte dele é do Socorro)

Capela de Nossa Senhora do Arquiteto (que por sorte dele é do Socorro)

PictographPhoto Altitude 151 ft
Photo ofOutros trilhos convidando a futuros passeios

Outros trilhos convidando a futuros passeios

PictographPhoto Altitude 149 ft
Photo ofJunto ao ribeiro, usufruindo da sombra dos carvalhos, freixos e salgueiros

Junto ao ribeiro, usufruindo da sombra dos carvalhos, freixos e salgueiros

PictographPhoto Altitude 133 ft
Photo ofPrimeira travessia facilitada pela duvidosa ponte de paletes Photo ofPrimeira travessia facilitada pela duvidosa ponte de paletes Photo ofPrimeira travessia facilitada pela duvidosa ponte de paletes

Primeira travessia facilitada pela duvidosa ponte de paletes

PictographPhoto Altitude 109 ft
Photo ofA segunda travessia já com algumas botas molhadas Photo ofA segunda travessia já com algumas botas molhadas Photo ofA segunda travessia já com algumas botas molhadas

A segunda travessia já com algumas botas molhadas

PictographPhoto Altitude 128 ft
Photo ofO melhor é atravessar assim Photo ofO melhor é atravessar assim

O melhor é atravessar assim

PictographPhoto Altitude 122 ft
Photo ofou assim Photo ofou assim Photo ofou assim

ou assim

PictographPhoto Altitude 87 ft
Photo ofBelas abóboras Photo ofBelas abóboras

Belas abóboras

PictographPhoto Altitude 87 ft
Photo ofo Lizandro, para nós, começou aqui

o Lizandro, para nós, começou aqui

PictographPhoto Altitude 86 ft
Photo ofMais uma Ponte de paletes

Mais uma Ponte de paletes

PictographPhoto Altitude 104 ft
Photo ofO cereal cortado e colhido. Resta a paveia de fardos da palha

O cereal cortado e colhido. Resta a paveia de fardos da palha

PictographPhoto Altitude 117 ft
Photo ofGostava de saber como se chama esta planta

Gostava de saber como se chama esta planta

O fruto é parecido com o da Figueira do Inferno (datura Stramonium) mas as folhas são muito diferentes e a flor não a vi porque já só tinham fruto.

PictographPhoto Altitude 114 ft
Photo ofPlantas invasoras cobrem partes do rio Photo ofPlantas invasoras cobrem partes do rio

Plantas invasoras cobrem partes do rio

PictographPhoto Altitude 31 ft
Photo ofUma bonita flor numa planta que o não é tanto

Uma bonita flor numa planta que o não é tanto

PictographPhoto Altitude 54 ft
Photo ofàguas calmas refletindo o céu

àguas calmas refletindo o céu

PictographPhoto Altitude 66 ft
Photo ofPonte perto da capela de N.ª Sr.ª do Ó

Ponte perto da capela de N.ª Sr.ª do Ó

PictographPhoto Altitude 73 ft
Photo ofCapela de Nossa Senhora do Ó Photo ofCapela de Nossa Senhora do Ó Photo ofCapela de Nossa Senhora do Ó

Capela de Nossa Senhora do Ó

PictographPhoto Altitude 108 ft
Photo ofFalha Cársica

Falha Cársica

PictographPhoto Altitude 103 ft
Photo ofUma pequena lapa na falha

Uma pequena lapa na falha

PictographPhoto Altitude 312 ft
Photo ofLizandro ao entardecer Photo ofLizandro ao entardecer

Lizandro ao entardecer

PictographPhoto Altitude 314 ft
Photo ofJá quase noite

Já quase noite

PictographPhoto Altitude 321 ft
Photo ofA foz do Lizandro mesmo pertinho da noite Photo ofA foz do Lizandro mesmo pertinho da noite Photo ofA foz do Lizandro mesmo pertinho da noite

A foz do Lizandro mesmo pertinho da noite

PictographPhoto Altitude 305 ft
Photo offoz do Lizandro

foz do Lizandro

PictographPhoto Altitude 329 ft
Photo ofFoz do Lizandro

Foz do Lizandro

PictographPhoto Altitude 304 ft
Photo ofJá era noite quando chegámos

Já era noite quando chegámos

PictographPhoto Altitude 309 ft
Photo ofChegados Photo ofChegados

Chegados

Comments  (6)

  • Photo of Delfim Nobre
    Delfim Nobre Sep 11, 2018

    Como habitual, uma descrição de excelência, amigo Joaquim! Um abraço

  • Photo of Carlos Serra 7
    Carlos Serra 7 Jul 4, 2021

    I have followed this trail  verified  View more

    Não desfralda a expectativa..muito bom

  • Photo of j.jesus
    j.jesus Jul 5, 2021

    Bem haja pelo comentário e avaliação. Boas caminhadas!

  • Photo of sluning
    sluning Oct 2, 2021

    I have followed this trail  View more

    Extremely nice walk, highly recommendable. After Mafra, it hardly touches any settlements, leads through remote valleys, super!

  • Photo of milesleggett
    milesleggett Oct 2, 2021

    I have followed this trail  View more

    A wonderful trail that is mostly immersed in nature and agriculture, through trees and open ground, ending at the amazing Atlantic coast. Well worth doing, with lunch stop at Praia do Foz de Lizandro.

    Really enjoyed this walk!

  • Photo of j.jesus
    j.jesus Oct 2, 2021

    Thanks, sluning and milesleggett, for yours kind comments.

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