Odeceixe - Praia da Arrifana
near São Miguel, Beja (Portugal)
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Itinerary description
Etapa 4
Odeceixe à Arrifana 41,02km
Acumulado 124,04km
Manhã cedo, porque a etapa era longa, saí do parque de campismo para dar início a mais um passeio pela Costa Vicentina. Hoje com a particularidade que ia deixar o Alentejo e entrar no Algarve. Mas não podia deixar o Alentejo sem sentir o cheiro do famoso pão alentejano acabado de fazer. Ao passar em Baiona, um delicioso aroma a pão quente pairava no ar. Mas eu já tinha tomado um bom pequeno almoço, comer não apetecia, mas o aroma, esse gostei de sentir.
Passo a ribeira de Seixe (também conhecida como ribeira de Odeceixe) e entro no Algarve. Pronto, estava transposta a fronteira, hoje ia caminhar por terras dos Algarves.
Passo por dentro de Odeceixe que apesar de ainda ser bastante cedo, já se trabalhava na preparação de uma feira que vai haver este fim de semana. Volto à estrada, mas para logo desviar para os campos agriculas que ficam praticamente no leito da ribeira. Muito provavelmente eram as enchentes da ribeira que fertilizavam estes campos desde tempos imemoriais. O gado está habituado à passagem das pessoas, nem sai do sítio, ficam simplesmente a olhar estes seres estranhos de duas pernas que em vez de ruminar quietos não sabem estar parados.
Volto à estrada e aí não há volta a dar, o único espaço disponível para passar está ocupado por ela, mas permite uma bela visão da ribeira. Aos poucos vou subindo de cota na aproximação à praia de Odeceixe. Quando inicia a descida resolvi atalhar, porque era ir lá a baixo e voltar a subir e isso eu já tinha feito ontem à tarde. Virei à esquerda e apanhei o caminho uns cem metros ao lado já na zona do final da subida.
Entro nos trilhos das falésias e a paisagem é como se fosse sempre nova, não me canso de a admirar. Eram umas 8:00 o que permitiu ver algumas tendas de caminhantes que por ali decidiram passar a noite. Que inveja, eu dormi numa cama confortável, mas trocava tudo isso para poder dormir num local como aquele. Logo ali ficou decidido que tenho de voltar a fazer este caminho, mas em autonomia, mochila a sério às costas com tenda e sempre que oportuno é mesmo nas falésias que vou passar a noite. Este fica como reconhecimento.
O percurso continua apresentando as paisagens mais belas do planeta, aqui no nosso belo Portugal à beira mar plantado, até que uma ravina profunda obriga a um desvio para o interior para a poder transpor. Perto da ravina um casal tomava o seu pequeno almoço, sortudos...
Transposta a ravina o caminho volta novamente às falésias que não me canso de admirar e por volta dos 10km o trilho toma o caminho do interior, mas sempre por caminhos rurais. Tão entretido estava a observar a natureza em plena primavera, animada pelas recentes chuvas, tudo é cor e aromas que não se pode explicar, apenas sentir. Em menos de nada, mas deve de ter passado uma hora estava numa localidade na estrada principal. Perguntei a uma senhora que estava num quintal que localidade era aquele, ao que ela responde, Rogil. Incrível como o tempo passa quando se caminha por prazer.
O Rogil trás-me várias recordações, há mais de uma década participei durante três anos na mítica travessia em bicicleta de montanha, entre Tróia e Sagres. O famoso Tróia-Sagres que se realiza sempre no mês de Dezembro. O Rogil era um marco importante, porque quem chegava bem até ali, conseguia completar a travessia. Dentro da localidade havia um estabelecimento que era praticamente ponto de paragem obrigatório, o mítico Pão do Rogil. Então para comemorar o meu regresso aqui, agora a pé, lá fui à procura do estabelecimento. Está mais moderno, tem esplanada ao lado e desta vez não comi o pão com chouriço, mas sim um bolo de batata doce.
Barriga aconchegada lá parti novamente em busca do trilho. Nesta zona o trilho dos pescadores não está marcado, temos de seguir o GR da Costa Vicentina. Um longo estradão de terra batida leva-nos até junto da costa e depois ao longo dela até ao vale da Ribeira de Aljezur. Como a ribeira é
intransponível o caminho leva-nos até Aljezur onde há uma ponte que a transpõe.
A etapa original termina aqui, mas eu ia continuar para a seguinte, então resolvi subir até ao castelo porque sempre é um lugar mítico, embora não passe de umas moralhas. Aproveite o local para tratar do estômago e dos pés. A areia solta acaba sempre por entrar e pode causar estrago, então é importante limpar e lubrificar bem. Fotos da ordem e voltei a descer ao encontro do trilho e lá sigo por caminhos campestres até uma urbanização que parece que a construção está parada, mas não está abandonada. A subida íngreme começa aí e vai até ao fim dessa urbanização. Encontro vários caminhantes na subida, carregados com as suas mochilas que facilmente passo, porque vou leve e entro numa longa estrada que leva até à Urbanização Espartal, junto à foz da ribeira de Aljezur. Aí entro na areia solta que continua a descida até junto da praia. Uma zona muito bonita, com a praia da Amoreira do outro lado da ribeira, do lado de cá um restaurante com um cheirinho a grelhados que quase fiquei a levitar. Aqui já estamos novamente no trilho dos pescadores e faz jus ao nome, porque nos leva pelas rochas mesmo junto ao local onde vários pescadores estão entretidos a alimentar os peixes com a minhocas. Ultrapassada essa zona segue-se para a praia de Monte Clérico. Uma vista deslumbrante cá de cima e uma descida íngreme até lá abaixo. Na descida o músculo da perna esquerda, junto à tíbia não gostou do esforço e começou a reclamar na sua linguagem natural, dor. Não liguei, porque depois de uma descida vem sempre uma subida e logo passa. Ao chegar lá abaixo já queimava, afinal não é só os travões dos carros que aquecem nas descidas. Estava com 34km era a fatura da velocidade elevada que tinha imposto nesta etapa, devido ao tamanho que ela tinha. Ia com uns média de 5,5km/h.
Fiz a subida até ao planalto e o caminho segue por trilhos perto das falésias, a paisagem rapidamente fez esquecer a dor, estava novamente deslumbrado com o que via. Um cabo que está identificado no mapa como Ribat da Arrifana estava agora bem perto. Há três dias que venho a observar, lá muito longe e agora aqui estava bem pertinho. Mas antes de o alcançar passo ao lado, bem cá no cimo da falésia pela praia do Medo da Fonte Santa. Não sei se há descida para lá, eu não a encontrei. Já no final da falésia por cima da praia há uma zona de charcos mas com pontes estrategicamente colocadas que permitem a passagem a pé enxuto. Finalmente chego ao cabo junto de umas ruínas que se percebe ter sido uma casa mas não sei a sua finalidade e o caminho continua primeiro para o interior para depois voltar a virar para junto da costa. Mais uma vez a paisagem faz esquecer o cansaço e tão entretido estava a gravar que desviei do caminho. Nada de grave, o GPS avisou, como o mato é rastreio rapidamente voltei ao trilho, agora já só se perde quem quer, não é como dantes que tinha de se saber orientação.
A dor volta, mas também já faltam poucos quilómetros, a areia solta não ajuda porque obriga a mais esforço. Reduzi um pouco a velocidade para não estragar, porque amanhã também é dia. Calmamente caminho em direção ao local onde ia passar a noite. Quando eu digo calmamente, ainda deu para ultrapassar uma pessoa que caminhava à minha frente, eu realmente não tenho emenda.
Cheguei ao local onde vou pernoitar dentro da distância prevista, 41km. Feliz por ter feito mais uma etapa que tanto prazer me deu e que belas imagens levo na memória e em fotografia.
Amanhã será o meu último dia neste caminho, o objetivo é chegar ao Cabo de São Vicente, dão uns 48km. Na verdade é a junção de três etapas para pessoas com juízo, mas é o meu último dia aqui por estas paragens, lá tem de ser. Vou cuidar da perna para ela poder recuperar de noite e amanhã estar em forma para o desafio.
Então, fica encontro marcado para amanhã, para a conclusão desta minha versão do Trilho dos Pescadores, entre São Torpes e o Cabo de São Vicente.
Odeceixe à Arrifana 41,02km
Acumulado 124,04km
Manhã cedo, porque a etapa era longa, saí do parque de campismo para dar início a mais um passeio pela Costa Vicentina. Hoje com a particularidade que ia deixar o Alentejo e entrar no Algarve. Mas não podia deixar o Alentejo sem sentir o cheiro do famoso pão alentejano acabado de fazer. Ao passar em Baiona, um delicioso aroma a pão quente pairava no ar. Mas eu já tinha tomado um bom pequeno almoço, comer não apetecia, mas o aroma, esse gostei de sentir.
Passo a ribeira de Seixe (também conhecida como ribeira de Odeceixe) e entro no Algarve. Pronto, estava transposta a fronteira, hoje ia caminhar por terras dos Algarves.
Passo por dentro de Odeceixe que apesar de ainda ser bastante cedo, já se trabalhava na preparação de uma feira que vai haver este fim de semana. Volto à estrada, mas para logo desviar para os campos agriculas que ficam praticamente no leito da ribeira. Muito provavelmente eram as enchentes da ribeira que fertilizavam estes campos desde tempos imemoriais. O gado está habituado à passagem das pessoas, nem sai do sítio, ficam simplesmente a olhar estes seres estranhos de duas pernas que em vez de ruminar quietos não sabem estar parados.
Volto à estrada e aí não há volta a dar, o único espaço disponível para passar está ocupado por ela, mas permite uma bela visão da ribeira. Aos poucos vou subindo de cota na aproximação à praia de Odeceixe. Quando inicia a descida resolvi atalhar, porque era ir lá a baixo e voltar a subir e isso eu já tinha feito ontem à tarde. Virei à esquerda e apanhei o caminho uns cem metros ao lado já na zona do final da subida.
Entro nos trilhos das falésias e a paisagem é como se fosse sempre nova, não me canso de a admirar. Eram umas 8:00 o que permitiu ver algumas tendas de caminhantes que por ali decidiram passar a noite. Que inveja, eu dormi numa cama confortável, mas trocava tudo isso para poder dormir num local como aquele. Logo ali ficou decidido que tenho de voltar a fazer este caminho, mas em autonomia, mochila a sério às costas com tenda e sempre que oportuno é mesmo nas falésias que vou passar a noite. Este fica como reconhecimento.
O percurso continua apresentando as paisagens mais belas do planeta, aqui no nosso belo Portugal à beira mar plantado, até que uma ravina profunda obriga a um desvio para o interior para a poder transpor. Perto da ravina um casal tomava o seu pequeno almoço, sortudos...
Transposta a ravina o caminho volta novamente às falésias que não me canso de admirar e por volta dos 10km o trilho toma o caminho do interior, mas sempre por caminhos rurais. Tão entretido estava a observar a natureza em plena primavera, animada pelas recentes chuvas, tudo é cor e aromas que não se pode explicar, apenas sentir. Em menos de nada, mas deve de ter passado uma hora estava numa localidade na estrada principal. Perguntei a uma senhora que estava num quintal que localidade era aquele, ao que ela responde, Rogil. Incrível como o tempo passa quando se caminha por prazer.
O Rogil trás-me várias recordações, há mais de uma década participei durante três anos na mítica travessia em bicicleta de montanha, entre Tróia e Sagres. O famoso Tróia-Sagres que se realiza sempre no mês de Dezembro. O Rogil era um marco importante, porque quem chegava bem até ali, conseguia completar a travessia. Dentro da localidade havia um estabelecimento que era praticamente ponto de paragem obrigatório, o mítico Pão do Rogil. Então para comemorar o meu regresso aqui, agora a pé, lá fui à procura do estabelecimento. Está mais moderno, tem esplanada ao lado e desta vez não comi o pão com chouriço, mas sim um bolo de batata doce.
Barriga aconchegada lá parti novamente em busca do trilho. Nesta zona o trilho dos pescadores não está marcado, temos de seguir o GR da Costa Vicentina. Um longo estradão de terra batida leva-nos até junto da costa e depois ao longo dela até ao vale da Ribeira de Aljezur. Como a ribeira é
intransponível o caminho leva-nos até Aljezur onde há uma ponte que a transpõe.
A etapa original termina aqui, mas eu ia continuar para a seguinte, então resolvi subir até ao castelo porque sempre é um lugar mítico, embora não passe de umas moralhas. Aproveite o local para tratar do estômago e dos pés. A areia solta acaba sempre por entrar e pode causar estrago, então é importante limpar e lubrificar bem. Fotos da ordem e voltei a descer ao encontro do trilho e lá sigo por caminhos campestres até uma urbanização que parece que a construção está parada, mas não está abandonada. A subida íngreme começa aí e vai até ao fim dessa urbanização. Encontro vários caminhantes na subida, carregados com as suas mochilas que facilmente passo, porque vou leve e entro numa longa estrada que leva até à Urbanização Espartal, junto à foz da ribeira de Aljezur. Aí entro na areia solta que continua a descida até junto da praia. Uma zona muito bonita, com a praia da Amoreira do outro lado da ribeira, do lado de cá um restaurante com um cheirinho a grelhados que quase fiquei a levitar. Aqui já estamos novamente no trilho dos pescadores e faz jus ao nome, porque nos leva pelas rochas mesmo junto ao local onde vários pescadores estão entretidos a alimentar os peixes com a minhocas. Ultrapassada essa zona segue-se para a praia de Monte Clérico. Uma vista deslumbrante cá de cima e uma descida íngreme até lá abaixo. Na descida o músculo da perna esquerda, junto à tíbia não gostou do esforço e começou a reclamar na sua linguagem natural, dor. Não liguei, porque depois de uma descida vem sempre uma subida e logo passa. Ao chegar lá abaixo já queimava, afinal não é só os travões dos carros que aquecem nas descidas. Estava com 34km era a fatura da velocidade elevada que tinha imposto nesta etapa, devido ao tamanho que ela tinha. Ia com uns média de 5,5km/h.
Fiz a subida até ao planalto e o caminho segue por trilhos perto das falésias, a paisagem rapidamente fez esquecer a dor, estava novamente deslumbrado com o que via. Um cabo que está identificado no mapa como Ribat da Arrifana estava agora bem perto. Há três dias que venho a observar, lá muito longe e agora aqui estava bem pertinho. Mas antes de o alcançar passo ao lado, bem cá no cimo da falésia pela praia do Medo da Fonte Santa. Não sei se há descida para lá, eu não a encontrei. Já no final da falésia por cima da praia há uma zona de charcos mas com pontes estrategicamente colocadas que permitem a passagem a pé enxuto. Finalmente chego ao cabo junto de umas ruínas que se percebe ter sido uma casa mas não sei a sua finalidade e o caminho continua primeiro para o interior para depois voltar a virar para junto da costa. Mais uma vez a paisagem faz esquecer o cansaço e tão entretido estava a gravar que desviei do caminho. Nada de grave, o GPS avisou, como o mato é rastreio rapidamente voltei ao trilho, agora já só se perde quem quer, não é como dantes que tinha de se saber orientação.
A dor volta, mas também já faltam poucos quilómetros, a areia solta não ajuda porque obriga a mais esforço. Reduzi um pouco a velocidade para não estragar, porque amanhã também é dia. Calmamente caminho em direção ao local onde ia passar a noite. Quando eu digo calmamente, ainda deu para ultrapassar uma pessoa que caminhava à minha frente, eu realmente não tenho emenda.
Cheguei ao local onde vou pernoitar dentro da distância prevista, 41km. Feliz por ter feito mais uma etapa que tanto prazer me deu e que belas imagens levo na memória e em fotografia.
Amanhã será o meu último dia neste caminho, o objetivo é chegar ao Cabo de São Vicente, dão uns 48km. Na verdade é a junção de três etapas para pessoas com juízo, mas é o meu último dia aqui por estas paragens, lá tem de ser. Vou cuidar da perna para ela poder recuperar de noite e amanhã estar em forma para o desafio.
Então, fica encontro marcado para amanhã, para a conclusão desta minha versão do Trilho dos Pescadores, entre São Torpes e o Cabo de São Vicente.
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