Montejunto, Veredas da Serra [MARIOLAS]
near Arieiro, Lisboa (Portugal)
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Trail photos
Itinerary description
Nota: Aconselha-se uma visita guiada ao Complexo da Fábrica do Gelo, pode-se consultar o horário junto à entrada.
Sobre a Serra:
Ergue-se a 666 metros de altura, apresentando 15 Km de extensão e 7 Km de largura, é predominantemente de natureza calcária, ainda que em certas zonas apresente vestígios vulcânicos.
A ação corrosiva das águas no calcário ao longo de milhões de anos deu origem a inúmeras grutas e algares.
Num passado distante, apresentava forte densidade de cobertura vegetal e arbórea, dominando espécies como pinheiro manso, pinheiro bravo, castanheiro, carvalho português (cerquinho), azinheira, carrasco, murta, esteva, aroeira, alfazema e alecrim. A cobertura vegetal arbórea foi substituída por espécies arbustivas e herbáceas, formando o garrigue (charneca rasteira). Atualmente encontram-se ainda algumas manchas de pinheiro manso e pinheiro bravo, muito carrasco, alecrim, carvalhos, castanheiros, cedros.
A fauna é constituída por raposas, ainda abundantes, geneta malhada, manguço, texugo, gato bravo, coelhos, lebres, morcegos, ouriços e aves como o abutre-do-Egipto, abibe, garça boieira... aves de rapina como o peneireiro-de-dorso-doirado (milhafre), falcão-peregrino, águia-de-asa-redonda, águia-de-Bonelli, falcão-tagarote, bufo-real, mocho-galego, coruja-das-torres, coruja-do-mato, corvídeos como a gralha-de-bico-vermelho, a gralha-preta e o corvo e grande variedade de pássaros tais como o estorninho-vulgar, o gaio-comum, a ferreirinha-comum, a carricinha-do-inverno, o chapim-azul, o chapim-grande, o melro-azul, o tordo-cantor-europeu e o cuco-europeu.
Waypoints
Real Fábrica do Gelo
A sua construção está associada ao forte aumento do consumo de gelo em Portugal durante o séc. XVIII, vulgarizado que foi na Corte durante o período de dominação filipina. O consumo de gelo era tão importante nos costumes alimentares da Casa Real, que D. Pedro II instituiu o cargo de "Neveiro de Sua Majestade", com a responsabilidade de abastecer a Corte, tarefa difícil, já que era transportado desde a Serra da Estrela. Data de 1619 o primeiro contrato conhecido, efetuado pela Câmara de Lisboa, prevenindo o fornecimento de gelo à capital. Tendo aumentado muito o consumo de gelo pela nobreza e burguesia, tornou-se necessário encontrar uma solução que possibilitasse a sua produção e armazenamento mais próximo de Lisboa. D. João V ordenou em 1732 a construção de poços profundos na encosta do monte onde se situa o Castelo de S. Jorge para conservação do gelo no verão, solução que não resultou. Assim, optou-se pelo Montejunto, próximo de Lisboa, que apresentava condições para congelação natural da água no inverno. Há indícios de que tenha sido por volta de 1741 que foi edificada a Real Fábrica do Gelo. É composta por um reservatório/poço, atualmente coberto, para abastecimento de água, por 44 tanques de pouca profundidade, para congelação e três poços para armazenagem e conservação do gelo. As finas camadas de gelo produzidas nos tanques eram retiradas para três poços, onde, envoltas em palha, se conservavam. Andavam habitualmente três homens no fundo do poço a calcar com maços as camadas de gelo aí depositadas. O local de implantação da Real Fábrica reunia as condições necessárias: local sombrio, húmido e virado ao norte, características reforçadas por arborização. Próximo, encontram-se as ruínas de um antigo forno de cal, cuja construção terá estado ligada à atividade do fabrico e conservação do gelo. Podem ver-se vestígios de cal nas paredes dos poços: a cal foi sempre utilizada como desinfetante de açoteias e depósitos de água. O revestimento das paredes dos poços com uma camada de cal facilitava ainda a obtenção de temperatura mais fresca no seu interior. Para o transporte, os blocos de gelo eram envolvidos em palha e serapilheira para proteção do calor e levados até ao sopé da Serra no dorso de animais, geralmente burros. Do sopé da Serra até à Vala do Carregado, eram transportados em carros de bois, prosseguindo viagem até Lisboa, pelo Tejo a bordo dos "barcos da neve".
Forno de Cal
Situado a Oeste deste complexo, terá sido construído para fornecer a cal com que eram feitas as argamassas que permitiram a construção do complexo, bem como para a caiação do interior dos silos, como medida de higiene.
Convento Dominicano (Ruínas)
Junto da ermida de Nossa Senhora das Neves encontram-se as ruínas do primeiro convento da Ordem Dominicana fundado em Portugal por Frei Soeiro Gomes à volta de 1218. Quando Frei Soeiro chegou a Portugal, o Rei havia sido excomungado pelo Papa e vivia-se grande crise social e política. Apenas Alenquer, domínio da infanta D. Sancha, estava livre da interdição, motivo que o levou a procurar aquela região da ordem, vindo a escolha a recair nas inóspitas paragens do Montejunto para construção de um convento. Segundo Frei Luís de Sousa, teria sido escolhido aquele local pela sua aspereza, isolamento e condições difíceis. Mais tarde, ainda na década de 1220, precisamente por esse isolamento e dificuldades no contacto com as populações a evangelizar, os monges abandonaram aquele convento, vindo a construir outro na região de Santarém. O convento ficou a funcionar como casa disciplinar ou de recolhimento e pouco habitado. No séc. XVII, Frei Luís de Sousa testemunhou já a sua ruína. Entretanto, no início do séc. XVIII, Frei Manuel de Assunção pretendeu fazer uma reforma da Ordem, voltando aos preceitos de vida ascética iniciais. Foi atribuído a este ramo da Ordem a posse das ruínas do convento antigo. Optaram no entanto por local próximo para construção do novo convento (Convento da Reforma do Montejunto), perto da ermida de S. João Baptista. Acusados pelo Marquês de Pombal de conspirarem contra a segurança do Reino, as obras foram interrompidas, ficando-se pelas paredes.
Capela de N. Sra. das Neves
De origem antiquíssima, talvez anterior ao Convento dos Dominicanos, é palco de uma romaria muito concorrida. Na entrada de uma das portas há uma pia aberta ao picão na lágea e chão natural da ermida, que é simultaneamente pia e fonte, onde corre água com fama de milagrosa (segundo Frei Luís de Sousa). Esta ermida foi atribuída no séc. XIII aos monges da Ordem Dominicana. Foi restaurada após os danos do terramoto de 1755.
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