LINDOSO, MOINHOS DE PARADA E PENEDO DO ENCANTO

FOTOS DESTA E DE OUTRAS TRILHAS EM ”CAMINHANTES"


LINDOSO, MOINHOS DE PARADA E PENEDO DO ENCANTO

O trilho realizado resulta da junção do PR1-Trillho dos Moinhos de Parada, PR-Trilho do Penedo do Encanto e traçado da GR50- Grande Rota Peneda-Gerês, entre Lindoso e Parada do Lindoso.

Inicialmente, o trilho visita o conjunto histórico de Lindoso composto pelo seu cruzeiro, castelo medieval, espigueiros e eira comunitária para depois se encaminhar para a povoação de Parada de Lindoso. Nas margens do rio Lima encontramos velhos moinhos, hoje, na sua maioria, abandonados, símbolos da arquitetura tradicional e engenhosas obras de engenharia hidráulica. No interior da floresta e rodeado por muros de pedra solta, dirigimo-nos a um conjunto de gravuras rupestres da Idade do Bronze, trabalhadas em oito rochas, das quais se destaca a mais importante, apelidada de “Penedo do Encanto”.


Cruzeiro e Castelo Medieval de Lindoso


Não são apenas os moinhos os pontos de interesse deste percurso, mas toda a paisagem envolvente, transformada pelas populações humanas, através da pastorícia e agricultura, e que, sabiamente, utilizaram os recursos naturais disponíveis.

O trilho tem inicio na Porta PNPG de Lindoso, trata-se de um centro de excelência vocacionado para a promoção do conhecimento e divulgação dos valores naturais e culturais do território do Parque Nacional, onde foram criadas condições específicas para proporcionar uma adequada receção e informação aos visitantes e restante público.

Existem 5 Portas, localizadas nas principais entradas do Parque Nacional (considerando a rede viária), uma em cada um dos municípios que integram esta área protegida: Porta de Lamas de Mouro, no concelho de Melgaço; Porta do Mezio, no concelho de Arcos de Valdevez; Porta de Lindoso, no concelho de Ponte da Barca; Porta de Campo do Gerês, no concelho de Terras de Bouro e Porta de Montalegre, no concelho de Montalegre. Cada Porta tem uma temática própria, pelo que se encontrará informações específicas e atividades alternativas nos diferentes espaços.

O tema da Porta de Lindoso é a Água e a Geologia. Outrora um ponto de defesa, o Castelo do Lindoso é hoje uma porta de boas-vindas ao Parque Nacional. Por cima da muralha apreciamos os espigueiros do Lindoso. Olhamos para a Serra Amarela, que os matos de tojo e urze pintam de amarelo e roxo durante o Verão, procurando o carvalhal da Mata do Cabril. Mais abaixo, o vale do Lima está marcado pelas barragens hidroeléctricas que, apesar de essenciais para a produção energética nacional, deixam saudades de um rio selvagem e livre. Mesmo assim, ainda podemos encontrar uma lontra à procura de peixe no Rio Lima ou um tritão-marmorado num dos afluentes.



DESCRIÇÃO DO TRILHO

Iniciamos o trilho na Porta de Lindoso, freguesia de Lindoso, concelho de Ponte da Barca. Seguimos em direção ao seu cruzeiro, passamos pelo conjunto de espigueiros e eira comunitária em direção ao castelo medieval para uma visita ao longo das suas muralhas. Voltamos ao conjunto de 67 espigueiros e atravessamos a eira comunitária para deixar a localidade por caminhos agrícolas em direção a oeste, atravessando essencialmente zonas de pastagem, matos e pequenos bosquetes de folhosas, bem como algumas linhas de água até intersetar a GR50.

Ao longo de todo o percurso passamos por algumas cancelas, que servem para controlar o movimento do gado bovino e equino que pastoreiam livremente na montanha. Não esquecer de deixar sempre as cancelas conforme as encontramos (fechada, se a encontramos fechada, ou aberta, se a tivermos encontrado aberta).

O traçado da GR50 leva-nos à localidade de Parada, por agora só visitamos a Eira da Portela da Leija e seguimos pela direita em direção ao Rio Lima. O caminho descendente leva-nos a sair do povoado para atravessar um frondoso bosque até voltar a subir bordeando pelo alto do escarpado o serpenteante Rio Lima. Passado algum tempo o caminho de terra dá lugar a um caminho empedrado que começa a descer até ao açude do Rio. Aqui podemo-nos refrescar nas cristalinas e frescas águas e aproveitar para descobrir entre a densa vegetação os velhos e abandonados moinhos de água.

O trilho segue pela ponte da cancela que atravessa o rio e nos conduz a um estradão ascendente que nos conduziu à estrada N104-1. Seguimos a estrada em direção a Parada, passados 600 metros seguimos pela esquerda por um caminho descendente que atravessa uma área arborizada e cruza o rio por uma ponte de um arco sob o viaduto da N104-1. Depois da ponte fomos visitar um moinho à nossa esquerda. O caminho leva-nos novamente à estrada N104-1, que atravessamos e seguimos pela direita em direção ao Poço da Gola, espaço único e paradisíaco que nos convida a ir a banhos.


Poço da Gola

Continuando o trilho seguimos pela margem do Rio da Ponte, passamos por mais um moinho, atravessamos o Rio da Ponte através de um pontilhão de lajes graníticas. Pouco a pouco vamos deixando para trás a povoação para entrarmos num ambiente de montanha, por caminhos empedrados e trilhos de pastores. A sobranceira e majestosa Serra Amarela, o corte aguçado dos montes que nos rodeiam, as chãs e as fantásticas formações geológicas constituem os elementos de adorno desta bela paisagem em Terras de Lindoso.

As sombras, junto ao Ribeiro do Porto do Inferno, acolheram-nos neste dia solarengo para o almoço da jornada. Depois de uma boa pausa retomamos o caminho que continua ascendente até Codeceira. Aqui, descemos por alguns metros, agora o caminho é lajeado entre muros de pedra solta e manchas de carvalhos até intersetar o PR-Penedo do Encanto.

Voltamos a subir por caminho empedrado ao longo de 500 metros, para descer outros tantos até ao Penedo do Encanto. No interior da floresta e rodeado por muros de pedra solta, dirigimo-nos a um conjunto de gravuras rupestres da Idade do Bronze, trabalhadas em oito rochas, das quais se destaca a mais importante, apelidada de “Penedo do Encanto”.


Penedo do Encanto

Depois de visitarmos este belíssimo monumento que testemunha a remota presença do homem nestas terras do Vale do Lima, seguimos caminho e após cerca de um quilometro intersetamos o PR1-Trillho dos Moinhos de Parada e a GR50-Grande Rota Peneda-Gerês. Retomamos o percurso, que nos levará novamente até Parada. Agora vamos conhecer esta encantadora e típica aldeia do Alto Minho serrano. A entrada no lugar faz-se pela Eira do Tapado, uma antiga eira comunitária, onde se ergue um magnífico conjunto de vinte e um espigueiros, datados dos séculos XVIII e XIX. Dispõem-se em torno da eira central, localizados numa zona arejada e soalheira. A arquitetura e a forma construtiva destes espigueiros são semelhantes aos espigueiros de Lindoso, de granito, planta retangular e paredes aprumadas. Encontram-se muito bem conservados.

Atravessamos o casario da aldeia, de arruamentos estreitos e labirínticos, herdados da época medieval, de recantos peculiares e casas robustas de granito, o lugar de Parada mostra-se vivo e convida à visita. Ao longo do percurso pelo interior da aldeia temos oportunidade de apreciar a arquitetura tradicional, calçadas medievais, o Pelourinho, os Paços do Concelho, a Prisão e o Tribunal do Antigo Concelho de Lindoso. Seguimos por mais um conjunto de espigueiros em torno da eira comunitária, a Eira das Leijas, para chegar à já nossa conhecida, durante a manhã, Eira da Portela da Leija. Aproveitamos para fazer uma breve pausa e visitar o moinho de rodizio.

Depois, seguimos o trilho por caminho empedrado, sobreponível em alguns metros ao traçado da manhã, desviando-se deste à direita para continuar em caminho ascendente até sensivelmente meia encosta e ao ponto mais alto deste percurso aos 536 metros. Deixamos o caminho de terra e seguimos por caminho de pé posto até intersetar novamente a GR50 que seguimos agora por caminho entre muros. Ao longo deste caminho, onde a topografia o permite, conseguimos apreciar a panorâmica que se abre na direção de Lindoso (lugar do Castelo). É realmente um cenário único, que merece ser registado. Na aldeia destaca-se o Castelo Medieval, o núcleo de espigueiros e a área agrícola que se dispõe em torno do lugar. O cenário é marcado pelo grande plano de água da albufeira do Alto Lindoso, sendo daqui possível identificar o sítio onde o rio de Castro Laboreiro (que corre na direção N-S) se junta às águas do Lima (orientação NE-SW). Percebemos daqui também melhor a individualização dos sistemas montanhosos da serra Amarela e da serra do Soajo, separados pelo rio Lima. Na vertente oposta à nossa posição (serra do Soajo), conseguimos identificar os lugares de Paradela (a maior altitude) e de Campo Grande. Sensivelmente na mesma direção, nas cotas mais altas que conseguimos visualizar, é possível identificar os picos de Penameda (1268 metros) e de Outeiro Alvo (1314 m), próximos do Santuário da Senhora da Peneda.


Panorama de Lindoso (Lugar do Castelo)

Por fim, caminhamos novamente sobre calçada e chegamos ao lugar do Castelo, em Lindoso, onde finalizamos este trilho, precisamente no local onde teve inicio.




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A equipa Caminhantes