Lagoa de Pincães, Silha de Muro,Fojo do Sobreiro e de Alcantara,Corga Funda, Alto da Palma,Cabana Penedão Lagoas do Marinho,

Trilho circular com início e fim em Pincães, sem marcações.
Percurso feito: Lagoa de Pincães, Silha de Jarela, Silha do Muro, Fojo de Pincães ou do Sobreiro, Curral de Palma, Fojo de Alcantara, Cabana do Penedão, Lagoas do Marinho, Curral Couçadouro, Taboucinhas, Alto do Cachadoiro, Bosque de Vidoeiros de Pereira, Pincães.
Quisémos fazer o percurso no sentido dos ponteiros do relógio para começar primeiro pela cascata de Pincães para a ver com a luz da manhã e com tempo. Tínhamos receio que o trilho nos levasse tempo e que quando chegássemos, ao fim, á cascata já a víssemos de noite ou com pouca luz. Pudemos apreciar bem o esplendor daquela cascata. Todo o entorno é muito agradável, a altura que cai a água assim como a piscina que se forma. Muitas fotos após, lá prosseguimos. Antes de chegar à silha mais pequena (de Jarela) já víamos a mancha preta resultado de um pequeno (grande!) incêndio pela encosta acima. Tivemos que nos esforçar para não desanimar ao ver aquela paisagem tão desoladora á nossa frente. Conseguimos relacionar aquele incêndio a um que tínhamos visto ao longe, já de noite, 4 semanas antes naquela zona quando viémos caminhar para o Fafião. Ao preparar esta caminhada tínhamos lido em alguns comentários noutros perfis que em alguns trechos, o trilho tinha desaparecido, nomeadamente antes do Fojo de Pincães, pelo crescimento descontrolado da vegetação. De certa forma acabámos por ter sorte porque dificilmente conseguiríamos passar senão fosse a limpeza feita pelo fogo, a ver pelos troços que ficaram naquela subida até ao Fojo de Pincães. Achamos que foi controlado porque poupou o interior das silhas, parecia muito circunspecto a uma área. E é uma realidade as limpezas que se fazem nesta altura do ano nos montes. De qualquer forma, foi necessário abstrair daquele negrum e encontrar a beleza na paisagem.
Passámos pela Silha do Muro, maior e com as abelhas mais próximas. O trilho contorna a parede da silha. Sempre a subir chegamos ao Fojo de Picães ou do Sobreiro. E depois ao Fojo de Alcantara. Existem carreiros de pé posto, antigos caminhos dos pastores mas a lembrança que tenho é que grande parte do caminho é feito por cima dos penedos, em trepadas. Esta subida até ao Alto da Palma é feita tendo á esquerda os grandes picos e vales do Gerês: Roca Negra, Rocalva, BorrageiroII, Assombrosas (Porta Roibas), Corga Funda, Vale do Rio do Laço, Sesta da Amarela, Corga Mão de Cavalo,..., e á direita a paisagem mais rural das várias aldeias embaixo (Ermida, Fafião, Cabril, São Lourenço, e outros lugares). Tanto é que uma colega, nesta subida, chegou a dizer que parecia que nem estávamos tão isolados assim, pela visão das povoações ao lado direito. Tivemos a sorte de encontrar 2 caminheiros de Fafião, conhecedores daquela terra que nos indicaram o nome de alguns picos e vales.
Demoramos algum tempo a admirar o trabalho de construção dos fojos. É admirável o trabalho que os antigos tiveram a construir nestes lugares tão íngremes e remotos. Outros tempos.
Este início do trilho é sempre a subir até ao Alto da Palma. Contornar o Alto da Palma pela direita com o prado da Palma mais embaixo.
E assim chegamos á mais rasa das lagoas e mais á frente á Cabana do Penedão. Ficamos encantados com a beleza do entorno e das condições da cabana (desde os louceiros até á sanita!!!) para pernoitar e cozinhar. Naquele dia estava um grupo a passar o fim de semana e nada faltava. Prometemos a nós próprios fazer igual um dia destes. Subimos ligeiramente por um caminho á frente da cabana até á Lagoa maior do Marinho.
Das Lagoas do Marinho empreendemos a volta, descendo primeiro por umas lages largas impressionantes depois por um carreirinho muito bonito até ao curral Couçadouro onde comiam umas vacas. Passamos pelas Taboucinhas e por ali abaixo encontramos um rebanho de 150 cabritos. E foi aí que recebemos o bónus daquela caminhada, que tornou aquele dia perfeito. Passamos por uma cabra que tinha acabado de dar á luz 2 cabritinhos. Ainda se estavam a pôr a pé depois de nascer. A tentarem equilibrar-se naquelas perninhas tão magras e periclitantes. Foi um momento e tanto! Ver a natureza acontecer defronte dos nossos olhos.
Acompanhamos a descida dos animais por ali abaixo, com os recém nascidos ao colo do jovem pastor de Fafião sob o olhar atento de 5 cães. Disse o jovem que de manhã para irem comer lá para cima, é uma pressinha para chegarem ao pasto mas ao fim do dia não têm pressa para regressar a casa. Mas desengane-se quem pensa que é uma paz de trabalho porque os lobos não dão sossego ao rebanho e aos cães, sempre á espreita de uma brecha para atacarem o animal mais desprevenido. Vale o trabalho incansável dos cães. As cabras e o pastor foram para Fafião e nós continuámos o nosso caminho, ainda passamos pelo Alto do Cachadoiro e pelo Bosque de vidoeiros em Pereira e depois novamente a aldeia de Pincães.
Bem sei que não me canso de repetir. Foi uma caminhada no Gerês. E voltamos felizes.
Alertar que o trilho não está marcado, é preciso o uso de GPS para seguir este traçado. Alertar para a dureza do caminho, de transpor muita pedra e caminho que nem sempre está definido. E para a extensão do trilho, no Gerês os kilómetros rendem, facilmente passa uma hora e poucos kilómetros percorridos. É necessária alguma preparação física.