La Senda de Camille (Pirenéus Ocidentais) - ETAPA 5/7: Lauzart a Linza

O percurso aqui partilhado pode conter erros de GPS ou eventualmente passar por propriedades privadas, ou mesmo através de corta mato e ter passagens por locais que podem ser perigosos para os menos experientes. A descrição do percurso é efetuada à data da sua realização, pelo que se deve ter em atenção que as condições do trilho podem facilmente vir a alterar-se, quer pelas condições meteorológicas, quer por mudança da vegetação, quer por outros fatores inimputáveis à minha vontade. O grau de dificuldade e as condições técnicas atribuídas é baseado na minha experiência pessoal e apenas serve de referência, pelo que não me responsabilizo por qualquer acidente que possa ocorrer por influência ou utilização do percurso aqui disponibilizado.






A Senda de Camille é uma excecional travessia pelas paisagens mais deslumbrantes do Parque Natural de los Valles Occidentales, Parc National des Pyrénées, Pirineo Aragonés e Vallée d'Aspe. Seguindo os passos de Camille, o último urso nativo (fêmea) que teve o seu habitat natural nesta região, parte-se à descoberta de uma zona única da cordilheira dos Pirenéus.
É um percurso com uma média de seis horas de caminhada por etapa, que exige boa condição física, um nível técnico mínimo, capacidades de orientação (interpretação de mapas, manejo de bússola...) e conta com uma rede de refúgios devidamente equipados para que o descanso em cada etapa seja substancial.
A rota desenvolve-se por caminhos transitáveis e existem troços que coincidem com a GR-11 e a Haute Route Pyrénénne (HRP). Embora não existam etapas técnicas, nas zonas altas é possível encontrar neve, terrenos pedregosos e ravinas, pelo que o esforço necessário torna-se constante. Além disso, como as etapas são longas e os desníveis são pronunciados, é necessário estar-se em boa forma e habituado a caminhar em montanha.
Esta travessia não possui marcações específicas. Encontram-se placas típicas do Parque Natural de los Valles Occidentales (verdes) ou do Parc National des Pyrénées (amarelas), que indicam alguns dos pontos por onde se caminha em cada etapa ou para onde nos dirigimos. Também existem marcos de pedra e antigas marcações da GR, vermelhas e brancas.
Nesta aventura pode-se escolher o ponto de partida, a direcção a tomar, a possível subida a qualquer um dos magníficos picos, tais como Petrechema, Castillo d'Acher, Bisaurín ou Acué e visitar locais como os lagos de Estanés e Arlet, o Valle de los Sarrios, o Bosque de las Hayas, a Garganta del Aspe ou o Circo de Lescun.
Em suma, é uma excelente oportunidade para se desfrutar em pleno da riqueza natural destes vales.
Toda a informação necessária acerca deste tour pode ser consultada na sua PÁGINA OFICIAL.


PANORÂMICA DOS PICOS ACHERITO, PETRECHEMA E D'ANSABÈRE


PANORÂMICA DO SOBRANTE DE LINZA E PICO TXAMANTXOIA (VALLE DE ANSÓ)

- ETAPA 5/7: DO CAMPING - GÎTE DE LAUZART AO REFÚGIO DE LINZA
- A Senda de Camille é um tour dividido em 7 etapas (pode ser realizado em 6), com algumas variantes e algumas ascensões a picos relevantes desta região. É um trilho circular, sem marcações específicas mas com informações de distâncias (essencialmente nas muitas interseções que se encontra) e também com marcas da GR11, sempre que coincide com esta (e coincide bastantes vezes). Pode ter início em qualquer um dos refúgios por onde passa, exceto no refúgio de Arlet (é o único que não tem acesso por estrada ou estradão de terra), pelo que a logística deste tour será sempre opcional em função da direção de onde se vem, do tempo disponível para o percorrer e outras escolhas que se façam. Além disso, na sua PÁGINA OFICIAL, é possível recorrer a uma central de reservas que trata de toda a logística inerente, mediante o pagamento de um valor suplementar. Foi o que fizemos, com a opção SEM GUIA, e realmente compensou pois facilitou-nos imenso trabalho, uma vez que éramos um grupo de amigos (11 pessoas), com todos os imprevistos e dúvidas que nestas situações surgem. A nossa experiência foi muito positiva, tudo correu bem e não tivemos nenhum contratempo logístico, quer com as reservas nos refúgios, quer com toda a informação e documentação que nos disponibilizaram;
- Este percurso teve como orientação o desenho percorrido pelo Kminante del Sur (a quem desde já agradeço a partilha e excelente informação publicada), testado no terreno em agosto de 2019. Seguimos praticamente o mesmo traçado e na mesma direção (sentido contrário aos ponteiros do relógio), excetuando uma ou outra alteração, nomeadamente entre os refúgios de Oza e Gabardito (optamos seguir pela Calçada Romana);
- A 5ª etapa volta a apresentar um grau de dificuldade considerável e pode ser dividida em 2 partes: uma longa subida até ao "Col de Pétragème" e consecutiva descida até ao refúgio de Linza. Numa primeira parte, começa-se por percorrer a "Route d'Ansanbère" até à "Pont de Lamareich", numa gradual subida de cerca de 4 kms, quase sempre em piso alcatroado. Entre esta ponte e a seguinte, a "Pont de Lamary", o percurso passa a fazer-se por estradão de terra através do "Bois de Landrosque", com o arvoredo a emoldurar este trajeto, proporcionando muita sombra. Após a "Pont de Lamary", continuando a subir, atravessam-se vários prados, sempre rodeados por bosque, até se chegar aos pastos do "Plateau d'Ansabère", local com uma paisagem deslumbrante onde pastam manadas de vacas e cavalos, rodeados por imponentes picos sobranceiros aos bosques das suas encostas. É mais um local maravilhoso, amplo e de imensa tranquilidade. O troço seguinte volta a envolver-nos nos bosques, agora em trilho ascendente mais pronunciado, até que se chega à "Cabane d'Ansabére", outro pequeno "oásis" na montanha onde existe uma providencial fonte de água fresca e onde também se pode comprar queijo artesanal a um pastor e produtor local. É o sítio ideal para se fazer uma pausa antes do último troço da subida que será, fisicamente, o mais exigente e o mais duro, pois o desnível acentua-se consideravelmente. Assim, por caminho de pé posto e cascalheira, o trilho serpenteia a encosta em direção ao "Col de Pétragème", o ponto mais elevado do percurso, ladeado pelos imponentes picos "d'Acherito", "Petrechema" e "d'Ansabère". Esta passagem de montanha é simultaneamente fronteira entre os dois países, França e Espanha e também o início da segunda parte desta etapa;
- A partir do "Col de Pétragème", tem início uma longa descida até ao refúgio de Linza, de onde se obtêm uma excecional vista panorâmica sobre as "Foyas del Ingeniero", um vale encaixado com encostas de cascalheira e arvoredo disperso, sempre com o "Pico Txamantxoia" no horizonte. Neste trajeto que agora se atravessa, o trilho segue a meia encosta, ao longo de sensivelmente 3 kms em sentido descendente, por estreito carreiro de pé posto e cascalheira, até se chegar a uma passagem que requer especial cuidado devido à sua muito acentuada inclinação, o que a torna escorregadia e mais perigosa caso se facilite ou se esteja desatento. Após esta passagem, reentra-se em caminho de bosque num desnível já muito suave, rumo ao "Sobrante de Linza", um conjunto de prados no sopé do "Pico Txamantxoia", no "Valle de Ansó" e por onde corre o "Barranco de Petrechema" (quase sem água nesta altura do ano), o qual acompanhamos em largo caminho de terra pela sua margem esquerda até se chegar ao refúgio de Linza, local de pernoita e término desta 5ª etapa;
- Este percurso, conforme já referi, não apresenta marcações "oficiais". Por conseguinte, de forma a evitar enganos ou acrescentar kms desnecessários, aconselha-se o uso de mapas e bússola, GPS (foi a minha opção) ou as aplicações de telemóvel (estas não são muito fiáveis, pois em grande parte deste tour não se consegue obter rede de telecomunicações);
- Misto de trilhos de pé posto (montanha), caminhos de terra e algum piso alcatroado;
- Esta é mais uma etapa com paisagens soberbas, sobretudo na transição entre França e Espanha. A imponência desta cordilheira montanhosa "esmaga-nos", é impossível ficarmos indiferentes perante paisagens de uma beleza avassaladora que nos arrebatam e fazem-nos repensar qual o nosso lugar e papel no meio desta natureza superlativa. Destaco, nesta etapa, a longa ascensão até ao "Col de Pétragème", com os vários maciços que se impõe no nosso campo de visão, os imponentes picos "d'Acherito", "Petrechema" e "d'Ansabère". Além destes, os majestosos e tranquilos pastos do "Plateau d'Ansabère", o frondoso "Bois de Landrosque" e, já em território espanhol, o vale das "Foyas del Ingeniero", com o "Pico Txamantxoia" no horizonte, compõem mais um conjunto de enormes belezas naturais. Em resumo, a quinta etapa deste tour de sete dias voltou a encantar-nos com a grandiosidade e dureza destas montanhas. E, perante esta aliança, só nos restou mostrar respeito e deslumbramento pelo sorte de aqui podermos caminhar...


PASTOS DO PLATEAU D'ANSABÈRE


FOYAS DEL INGENIERO E PANORÂMICA DO PICO TXAMANTXOIA

- REFÚGIO DE LINZA
- Este refúgio encontra-se num vasto prado e, à semelhança dos demais (exceto Arlet), tem acesso por estrada. Embora antigo (1989), é um refúgio grande, com amplos espaços interiores e no exterior tem várias mesas e cadeiras. Tem capacidade para 76 pessoas, divididas por seis quartos de diferentes capacidades. Ficamos no andar superior numa camarata com 14 camas (beliches e colchões em estrado) e que estava razoavelmente limpa. Todas as camas tem manta e almofada;
- Existem duas instalações sanitárias: uma no piso térreo, com 4 chuveiros (água quente), 4 w.c. e bancadas com lavatórios e outra no piso superior, apenas com 1 w.c. e lavatório. No geral, as instalações deste albergue são bastante razoáveis.
- Para além da sala de refeições existe ainda uma cozinha livre;
- O serviço de bar e cafeteria é bom, com preços aceitáveis e atendimento simpático;
- JANTAR: foi servido um menu excelente / PEQUENO-ALMOÇO: muito bom e diversificado / PICNIC: com muita qualidade e preço acessível
PÁGINA OFICIAL


QUEIJO ARTESANAL NA CABANE D'ANSABÉRE (PORMENOR DO PERCURSO)


CAMINHO POR BOSQUE NO SOBRANTE DE LINZA (VALLE DE ANSÓ)

ETAPAS:
ETAPA 1/7: Gabardito a Lizara (via pico Bisaurín)
ETAPA 2/7: Lizara a Somport
ETAPA 3/7: Somport a Arlet
ETAPA 4/7: Arlet a Lauzart (com desvio a Lescun)
ETAPA 5/7: Lauzart a Linza
ETAPA 6/7: Linza a Oza
ETAPA 7/7: Oza a Gabardito (via Calçada Romana)
LA SENDA DE CAMILLE (integral em 7 etapas, via Bisaurín e Calçada Romana por Selva de Oza)


PANORÂMICA DO CIRQUE DE LESCUN


PANORÂMICA DAS AIGUILLES D'ANSANBÈRE

- GRAU DE DIFICULDADE DA ETAPA 5/7
- Depois de uma etapa fácil, do ponto de vista físico, a quinta etapa recorda-nos que este tour desenvolve-se também em alta montanha... daí que, depois de deixar o vale de Lescun nos seus 850 m de altitude, o percurso faz-nos ascender aos 2070 m, de forma a testar a nossa capacidade física e resiliência. Os primeiros 10 kms são sempre a subir, primeiro numa ascensão gradual pelo "Vallée d'Aspe" até à "Pont de Lamareich" e a seguir, até à "Pont de Lamary", atravessando o denso e belíssimo "Bois de Landrosque". O troço seguinte percorre os amplos prados do "Plateau d'Ansabère" e, após mais um pouco de bosque, chega-se à "Cabane d'Ansabére", onde é fundamental fazer uma pausa e abastecer de água na fonte que aí existe. Embora até aqui o percurso tenha sido sempre a subir, a partir desta cabana a subida ganha uma inclinação mais acentuada por caminho de pé posto e cascalheira, tornando este troço o mais exigente desta etapa, pois desenvolve-se por uma longa encosta até ao "Col de Pétragème", o ponto mais elevado da jornada. É um troço que requer bastante atenção e prudência, pois o trilho assim o exige. Depois de se cruzar a passagem de montanha, e até ao refúgio de Linza, o percurso faz-se em modo descendente, primeiro atravessando as "Foyas del Ingeniero", outro troço cujo trilho se faz por caminho de pé posto e cascalheira (atenção também aqui) e, após uma curta mas perigosa passagem, devido à grande inclinação que apresenta, entra-se nos bosques em torno dos prados do "Sobrante de Linza", com a inclinação do terreno a manifestar-se cada vez mais suave. Em resumo, esta etapa volta a exigir boa capacidade física para se enfrentar uma longa subida, onde tudo o que se leva às costas parece "inexplicavelmente" aumentar de peso, vá-se lá saber porquê!!!





- 114 - MÉDIA

ANÁLISE DETALHADA. (Em função da preparação física de cada pessoa, este gráfico indicará o grau de dificuldade do percurso. No meu caso, considerei a minha preparação física como sendo ALTA)
IBP INDEX


PANORÂMICA DO COL DE PÉTRAGÈME


PANORÂMICA DO VALE DO GAVE D'ANSANBÈRE E PIC POURE DE LAMARY

- OBSERVAÇÕES
- Pelo facto de termos realizado este tour no mês de agosto, e devido às temperaturas mais elevadas que normalmente se fazem sentir nesta altura do ano, grande parte das pequenas fontes que existem na montanha (assim como algumas linhas de água) estão secas. Por conseguinte, nesta etapa apenas encontramos uma fonte, na "Cabane d'Ansabére". Volto a frisar que é fundamental partir-se de Lauzart prevenidos com provisão de água suficiente para se enfrentar esta etapa, que volta a ser longa.
- Pelo facto de nos encontrarmos em zona montanhosa, onde existem pastagens para gado (vacas e ovelhas), é normal encontrarmos pequenos produtores de queijo, sobretudo de ovelha. É o caso da acima referida "Cabane d'Ansabére", onde um produtor local (pastor) produz e vende o seu queijo a quem lá se dirigir ou passar. O preço é acessível e a qualidade, à semelhança de outras que encontramos antes, continua a ser soberba. E para quem aprecia, esta é uma oportunidade imperdível, mesmo que tal acrescente mais algum peso para carregar na mochila (e a subida que se segue é bem dura...). Porém, ao chegar ao refúgio seguinte, acompanhado por um pouco de pão e uma cerveja bem gelada, este queijo fará a delicia do palato e constituirá, seguramente, mais uma memorável recordação deste tour;
- Uma questão muito importante que obrigatoriamente tem que ser equacionada é a METEOROLOGIA. Nesta região montanhosa, em agosto (sobretudo no início) é usual ao final da tarde formarem-se nuvens de trovoada, com precipitação durante a noite e, algumas vezes, as neblinas matinais também se fazem sentir. Por conseguinte, se chover, com vento e neblina, as dificuldades serão muito acrescidas, pelo que percorrer esta etapa nessas condições climatéricas deve ser muito bem analisado e ponderado. Botas e bastões são essenciais em todos os percursos.


PANORÂMICA DO PLATEAU E PIC D'ANSABÈRE


PANORÂMICA DO PIC E COL DE PÉTRAGÈME