La Senda de Camille (Pirenéus Ocidentais) - ETAPA 4/7: Arlet a Lauzart (com desvio a Lescun)

O percurso aqui partilhado pode conter erros de GPS ou eventualmente passar por propriedades privadas, ou mesmo através de corta mato e ter passagens por locais que podem ser perigosos para os menos experientes. A descrição do percurso é efetuada à data da sua realização, pelo que se deve ter em atenção que as condições do trilho podem facilmente vir a alterar-se, quer pelas condições meteorológicas, quer por mudança da vegetação, quer por outros fatores inimputáveis à minha vontade. O grau de dificuldade e as condições técnicas atribuídas é baseado na minha experiência pessoal e apenas serve de referência, pelo que não me responsabilizo por qualquer acidente que possa ocorrer por influência ou utilização do percurso aqui disponibilizado.






A Senda de Camille é uma excecional travessia pelas paisagens mais deslumbrantes do Parque Natural de los Valles Occidentales, Parc National des Pyrénées, Pirineo Aragonés e Vallée d'Aspe. Seguindo os passos de Camille, o último urso nativo (fêmea) que teve o seu habitat natural nesta região, parte-se à descoberta de uma zona única da cordilheira dos Pirenéus.
É um percurso com uma média de seis horas de caminhada por etapa, que exige boa condição física, um nível técnico mínimo, capacidades de orientação (interpretação de mapas, manejo de bússola...) e conta com uma rede de refúgios devidamente equipados para que o descanso em cada etapa seja substancial.
A rota desenvolve-se por caminhos transitáveis e existem troços que coincidem com a GR-11 e a Haute Route Pyrénénne (HRP). Embora não existam etapas técnicas, nas zonas altas é possível encontrar neve, terrenos pedregosos e ravinas, pelo que o esforço necessário torna-se constante. Além disso, como as etapas são longas e os desníveis são pronunciados, é necessário estar-se em boa forma e habituado a caminhar em montanha.
Esta travessia não possui marcações específicas. Encontram-se placas típicas do Parque Natural de los Valles Occidentales (verdes) ou do Parc National des Pyrénées (amarelas), que indicam alguns dos pontos por onde se caminha em cada etapa ou para onde nos dirigimos. Também existem marcos de pedra e antigas marcações da GR, vermelhas e brancas.
Nesta aventura pode-se escolher o ponto de partida, a direcção a tomar, a possível subida a qualquer um dos magníficos picos, tais como Petrechema, Castillo d'Acher, Bisaurín ou Acué e visitar locais como os lagos de Estanés e Arlet, o Valle de los Sarrios, o Bosque de las Hayas, a Garganta del Aspe ou o Circo de Lescun.
Em suma, é uma excelente oportunidade para se desfrutar em pleno da riqueza natural destes vales.
Toda a informação necessária acerca deste tour pode ser consultada na sua PÁGINA OFICIAL.


PANORÂMICA DE LA CUARDE


PANORÂMICA DO PIC OELHARISSE

- ETAPA 4/7: DO REFÚGIO DE ARLET AO GÎTE DU LAUZART - CAMPING (LESCUN)
- A Senda de Camille é um tour dividido em 7 etapas (pode ser realizado em 6), com algumas variantes e algumas ascensões a picos relevantes desta região. É um trilho circular, sem marcações específicas mas com informações de distâncias (essencialmente nas muitas interseções que se encontra) e também com marcas da GR11, sempre que coincide com esta (e coincide bastantes vezes). Pode ter início em qualquer um dos refúgios por onde passa, exceto no refúgio de Arlet (é o único que não tem acesso por estrada ou estradão de terra), pelo que a logística deste tour será sempre opcional em função da direção de onde se vem, do tempo disponível para o percorrer e outras escolhas que se façam. Além disso, na sua PÁGINA OFICIAL, é possível recorrer a uma central de reservas que trata de toda a logística inerente, mediante o pagamento de um valor suplementar. Foi o que fizemos, com a opção SEM GUIA, e realmente compensou pois facilitou-nos imenso trabalho, uma vez que éramos um grupo de amigos (11 pessoas), com todos os imprevistos e dúvidas que nestas situações surgem. A nossa experiência foi muito positiva, tudo correu bem e não tivemos nenhum contratempo logístico, quer com as reservas nos refúgios, quer com toda a informação e documentação que nos disponibilizaram;
- Este percurso teve como orientação o desenho percorrido pelo Kminante del Sur (a quem desde já agradeço a partilha e excelente informação publicada), testado no terreno em agosto de 2019. Seguimos praticamente o mesmo traçado e na mesma direção (sentido contrário aos ponteiros do relógio), excetuando uma ou outra alteração, nomeadamente entre os refúgios de Oza e Gabardito (optamos seguir pela Calçada Romana);
- A 4ª etapa foi, de todas, fisicamente a mais acessível e também pode ser dividida em 2 partes: numa primeira parte, saindo de Arlet, percorrem-se caminhos de montanha com suaves desníveis e ao longo deste trajeto passa-se por várias bifurcações, pela "Cabane de Lapassa" (um curral de montanha e abrigo de um enorme rebanho de ovelhas) e pelo cénico "Col de Saoubathou" que nos abre caminho para os belíssimos pastos de "Cambouet". Este troço é, aliás, o mais deslumbrante de toda a etapa, pois permite-nos desfrutar das grandiosas paisagens quer do "Vallée d'Aspe" (à direita), quer do "Col de la Cuarde" e os imponentes "Cerro de Lenito" e "Peña Forca"(à esquerda), até se chegar ao "Col de Burcq";
- A partir desta passagem de montanha tem início a segunda parte, que consiste numa longa descida até aos verdes pastos do "Vallée d'Aspe" em torno de Lescun, uma aldeia e comuna no departamento dos Pirenéus atlânticos. Após passar pelo "Col de Paü", o percurso continua a descer até à "Cabane de Bonaris" no sopé do "Pic Lariste", outro abrigo de pastores onde existe uma fonte com água bem fresca, sendo fundamental abastecer os cantis pois a longa descida continua por mais 8 kms. Continuando entre pastos e manadas de gado, passa-se ao lado do "Sommet de Cudères" e mais algumas cabanas ("Cabane Du Penot" e "Cabanes d'Itchaxe"), antes de fazermos uma aproximação ao rio "Labrénère" num local que nos pareceu ideal para uma paragem de almoço: uma zona com arvoredo nas margens do rio que proporcionou sombra fresca e a possibilidade de nos refrescarmos nas águas correntes deste pequeno ribeiro de montanha. Após esta pausa de descanso, cruzamos o rio sobre a "Pont d'Itchaxe" e, um pouco mais à frente, passamos por mais uma fonte, "Fontaine de Lamatché". Com o declive do terreno a ficar cada vez mais suave, passa-se pela "Gué de Labrénère" (na margem direita) e logo a seguir volta-se a cruzar o ribeiro na "Pont de Labrénère", antes do "Parking de Labrénère". Daqui até ao fim da etapa, caminha-se por amplo estradão de terra e, já mais próximo do nosso destino, entra-se em zona agrícola, percorrendo estrada asfaltada. Toda esta envolvente rural é de uma enorme beleza, tal o contraste provocado entre os verdes campos cultivados e as íngremes encostas dos picos montanhosos que emolduram esta paisagem (destaque par o "Pic Oelharisse"). E assim, num cenário belíssimo, chegamos ao "Camping - Gîte du Lauzart", local de pernoita e término desta 4ª etapa;
- Por opção, após o excecional jantar (de forma a ativar a digestão!) decidimos fazer um desvio até à aldeia de Lescun (ida e volta), de forma a conhecer a povoação. Valeu a pena, pois é uma pequena aldeia com casario típico da região, alguma história associada e uma igreja muito bonita, "Église Sainte-Eulalie". Em Lescun também existem alguns albergues e cafés com esplanada, para além de uma mercearia;
- Este percurso, conforme já referi, não apresenta marcações "oficiais". Por conseguinte, de forma a evitar enganos ou acrescentar kms desnecessários, aconselha-se o uso de mapas e bússola, GPS (foi a minha opção) ou as aplicações de telemóvel (estas não são muito fiáveis, pois em grande parte deste tour não se consegue obter rede de telecomunicações);
- Misto de trilhos de pé posto (montanha), caminhos e estradões de terra e algum piso alcatroado;
- A quarta etapa, não sendo das mais espetaculares, tem vários troços de enorme beleza paisagística, pelo que as paisagens que nos rodeiam continuam a ser maravilhosas e de difícil escolha no momento de as fotografar. O "Parc National des Pyrénées" (uma vez que continuamos em território francês), é imponente, avassalador e deslumbrante. Destaco, nesta etapa, os impressionantes pastos de "Cambouet" e as vastas panorâmicas sobre o "Vallée d'Aspe" e os imponentes maciços do "Cerro de Lenito" e "Peña Forca". Em jeito de conclusão, a quarta etapa deste tour de sete dias continuou a levar-nos por paragens francesas de enorme beleza, por trilhos que se percorrem num constante deslumbre dos nossos sentidos a cada nova paisagem que nos "assalta" o olhar...


PANORÂMICA DO PIC CAMBOUET (ESQ.) E TABLE DE SOUPERRET (CENTRO)


PANORÂMICA DO PIC LARISTE (CENTRO) E SOMMET DE CUDÈRES (DIR.)

- CAMPING - GÎTE DU LAUZART
- O Refúgio de Lauzart pertence ao Parque de Campismo homónimo e dista cerca de 1 km da pequena povoação de Lescun. Embora este não seja um parque de campismo de grandes dimensões, apresenta uma área considerável, com bons equipamentos de apoio e algum movimento. O refúgio (Gîte) encontra-se no centro do parque e dele fazem parte os serviços de gestão do mesmo. As suas instalações são amplas, com a zona de quartos no andar superior e capacidade para 27 pessoas, divididas por 3 dormitórios (12 px, 10 px e 5 px). Nós ficamos num quarto que tinha capacidade para 12px (em beliches), muito limpo e todas as camas tem manta e almofada. No exterior existe uma pequena esplanada com mesas e cadeiras mas sem serviço de bar;
- As instalações sanitárias são bastante razoáveis, com 3 w.c., 3 chuveiros e 2 bancadas com lavatórios. No andar inferior, junto à sala de refeições, existe ainda um w.c. com lavatório, acessível a pessoas com deficiência motora;
- A sala de refeições é muito espaçosa mas não tem serviço de bar e cafeteria. Para se adquirirem bebidas frescas é necessário ir à receção onde existe uma arca frigorifica com várias bebidas expostas (self service) e onde também se pode comprar pão e queijo. Os preços são algo elevados mas o atendimento é simpático. O senão é que este serviço está dependente do horário de funcionamento da receção e os artigos tem que ser consumidos noutro local, já que aí não existe balcão nem mesas e cadeiras. Existe ainda, no exterior, uma cozinha livre que faz parte das instalações do parque de campismo mas que também pode ser usada por quem pernoita no refúgio;
- JANTAR: foi servido um excelente jantar, muito bem confecionado e muito saboroso / PEQUENO-ALMOÇO: muito bom e diversificado / PICNIC: com muita qualidade e preço acessível
PÁGINA OFICIAL


ARCO DE ENTRADA PARA A ÉGLISE SAINTE-EULALIE (LESCUN)


PANORÂMICA DO BOIS DE LABRÉNÈRE

ETAPAS:
ETAPA 1/7: Gabardito a Lizara (via pico Bisaurín)
ETAPA 2/7: Lizara a Somport
ETAPA 3/7: Somport a Arlet
ETAPA 4/7: Arlet a Lauzart (com desvio a Lescun)
ETAPA 5/7: Lauzart a Linza
ETAPA 6/7: Linza a Oza
ETAPA 7/7: Oza a Gabardito (via Calçada Romana)
LA SENDA DE CAMILLE (integral em 7 etapas, via Bisaurín e Calçada Romana por Selva de Oza)


PANORÂMICA DOS PASTOS DE CAMBOUET


PANORÂMICA DO COTDOGUY (COL DE PAÜ)

- GRAU DE DIFICULDADE DA ETAPA 4/7
- A quarta etapa, embora também apresente uma distância considerável para se percorrer, é sem dúvida a mais tranquila de todas. Até ao "Col de Burcq" percorrem-se os primeiros 7 kms, entre suaves descidas e pequenas subidas, sem nenhum desafio físico. A partir daí e até se chegar ao destino, o "Gîte du Lauzart", o percurso faz-se sempre a descer, no inicio com uma inclinação um pouco mais acentuada (mas nada de complicado) e a partir dos 14 kms, na "Pont de Labrénère", em modo ainda mais suave, primeiro por estradão de terra e depois por piso alcatroado. No geral é uma etapa perfeitamente acessível, que se percorre tranquilamente, o que permite dar algum descanso ao corpo, sobretudo depois das etapas anteriores que exigiram uma preparação física média/alta. No entanto, tendo em consideração a distância percorrida e o facto de se estar em alta montanha, classifiquei a etapa como moderada (embora pelo gráfico abaixo considere esta etapa como sendo fácil).





- 95 - FÁCIL

ANÁLISE DETALHADA. (Em função da preparação física de cada pessoa, este gráfico indicará o grau de dificuldade do percurso. No meu caso, considerei a minha preparação física como sendo ALTA)
IBP INDEX


PANORÂMICA DO CERRO DE LENITO E PEÑA FORCA


PANORÂMICA DO COL DE SAOUBATHOU E PIC CAMBOUET (CENTRO)

- OBSERVAÇÕES
- Pelo facto de termos realizado este tour no mês de agosto, e devido às temperaturas mais elevadas que normalmente se fazem sentir nesta altura do ano, grande parte das pequenas fontes que existem na montanha (assim como algumas linhas de água) estão secas. Por conseguinte, nesta etapa apenas encontramos uma fonte, na "Cabane de Bonaris". Daí nunca ser demais voltar a lembrar que é fundamental partir-se de Arlet prevenidos com provisão de água suficiente para se enfrentar esta etapa que, embora mais tranquila, também é longa.
- Aos 11,8 kms encontramos uma zona com arvoredo junto ao "Rio Labrénère", a qual aproveitamos para descansar, refrescar-nos e fazer o reforço alimentar (almoço), uma vez que estava um dia muito quente, com temperaturas a rondar os 31º (o que não é nada normal nesta região montanhosa);
- Como o refúgio fica antes de Lescun, depois de instalados no nosso dormitório decidimos fazer um desvio para conhecer a povoação de Lescun, desvio esse que valeu a pena pois é uma pequena vila com casario típico de montanha e alguma história associada. Além disso tem uma igreja muito bonita, vários bares e albergues e uma mercearia onde nos podemos abastecer de produtos que sejam necessários;
- Uma questão muito importante que obrigatoriamente tem que ser equacionada é a METEOROLOGIA. Nesta região montanhosa, em agosto (sobretudo no início) é usual ao final da tarde formarem-se nuvens de trovoada, com precipitação durante a noite e, algumas vezes, as neblinas matinais também se fazem sentir. Por conseguinte, se chover, com vento e neblina, as dificuldades serão muito acrescidas, pelo que percorrer esta etapa nessas condições climatéricas deve ser muito bem analisado e ponderado. Botas e bastões são essenciais em todos os percursos.


PANORÂMICA DOS PASTOS DE CAMBOUET


GADO NOS PASTOS NO SOPÉ DO SOMMET DE CUDÈRES