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Fafião, Sombrosas à Messe, que Rocalva!

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Trail stats

Distance
19.9 mi
Elevation gain
5,121 ft
Technical difficulty
Very difficult
Elevation loss
5,121 ft
Max elevation
4,478 ft
TrailRank 
38
Min elevation
1,581 ft
Trail type
Loop
Time
11 hours one minute
Coordinates
4515
Uploaded
April 16, 2021
Recorded
April 2021

near Fafião, Vila Real (Portugal)

Viewed 683 times, downloaded 14 times

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Itinerary description

Num dia de liberdade pela montanha, longa e solitária caminhada com início em Fafião, passagens por Porto da Laje, Porta Ruivas, Prados da Messe, Rocalva, Bicos Altos, Ponte da Matança e regresso a Fafião, num total de 32 km. Para além do habitual fascínio geresiano, gostei de terminar bem e num bom ritmo. Cada regresso à Serra do Gerês é uma oportunidade de reencontro com uma essência secular de resiliência e equilíbrio natural. Nos dias que correm, para quem se aventura à sua descoberta, podem também ajudar na busca de uma certa harmonia pessoal.

Manhã cedo, cheguei a Fafião e estacionei junto à estrada principal. Com tudo preparado, iniciei a caminhada pelas ruas intrincadas em direção ao famoso Fojo do Lobo, que aproveitei para revisitar. Subi depois em direção ao Miradouro de Fafião. Desconhecia a sua existência, pelo que foi uma excelente surpresa quando encarei os dois enormes penedos no topo da encosta com uma ponte entre eles. A travessia faz-se sem problemas e, embora as vistas sejam semelhantes, é mais reconfortante para o sentido de aventura pisar o topo do rochedo que se ergue na paisagem do outro lado do desafio.
O percurso subiu depois a encosta, alternando entre caminhos largos e trilhos. À medida que a altitude aumentou, a paisagem foi-se tornando mais despida de arvoredo. O caminho acessível a veículos terminou num parque de merendas no planalto serrano, com boas vistas para o vale. O abrigo assemelha-se a uma casa dos Flintstones, ideal para um dia com sabor a montanha e a benesse da acessibilidade. A partir dali o percurso prosseguiu pelo trilho de pastoreio que deambula a meia-encosta sobre o rio Fafião. Pouco depois, tive a primeira visão inteira do desafio da subida das Sombrosas. Tinha passado ali há cerca de oito anos, vindo de uma pernoita memorável na Rocalva. Apanhei a promessa de um regresso que ali tinha deixado e continuei em modo acelerado pelo trilho, que em algumas partes fica um pouco mais vertiginoso e desafiante. Um pouco mais à frente considerei uma descida às lagoas cristalinas, mas acabei por desistir da ideia pela longa caminhada que tinha pela frente.

Na chegada ao Porto da Lage, junto à represa, passei por uma manada de vacas e prossegui para o encantador Prado da Touça, onde reencontrei o típico abrigo. O local parece reduzir-nos ainda mais à nossa pequenez, assoberbados pelos grandes vales da Touça e do Laço. Passando pelas cascatas e lagoas idílicas, iniciei a exigente subida para o topo das Sombrosas. Leve e ligeiro, acabei por ter menos dificuldades do que a memória afiançava. Os patamares sucederam-se naturalmente e a visão sobre os vales limítrofes ganhou mais amplitude. Alcançado o primeiro pico, tentei aproximar o percurso ao lado mais exposto, sobreposto ao Vale da Touça, mas a irregularidade do terreno dificulta a progressão. Após vários atalhos e experiências, consegui aceder à vertente que me levaria ao topo da Porta Ruivas (ou Roibas, como assinalado da placa do abrigo do prado homónimo). Lá em cima, aproveitei para fazer a paragem de almoço, abrigado do vento.

Ao descer do maciço rochoso passei pelo prado e acelerei depois em modo corrida pelo planalto. Apanhei posteriormente o trilho que vem desde a zona das Minas dos Carris e prossegui em direção aos Prados da Messe. O prado principal parecia ter sido recentemente alvo de um incêndio controlado para renovação das pastagens. Após uma breve vistoria às boas condições do abrigo, aproveitei para abastecer de água e continuei em ritmo de corrida pelo planalto serrado. Após a passagem pelo Prado do Conho, pontuado pelo enorme penedo vertical, decidi fazer um pequeno desvio, seguindo no trilho do Prado do Vidoal e até à Lomba de Pau, de onde tive uma visão alargada dos dois lados da serra. Um vento frio seguia de cume em cume, assobiando conselhos por trilhos mais protegidos.

Contrariando a vontade de seguir em linha reta até ao próximo objetivo, desci até à encruzilhada e prossegui em direção ao Prado da Rocalva. Não existirá monólito nesta serra mais caraterístico e emblemático, pelo que é sempre um prazer ver surgir este gigante granítico. Ficou, mais uma vez, a promessa de subir ao seu topo, após uma tentativa insípida há alguns anos. Este prado, tal como os outros, ainda estava bastante verdinho, criando contrastes interessantes nas fotos. À chegada ao abrigo encontrei as únicas pessoas que vi nesta caminhada (não contando com a aldeia), que iriam pernoitar na montanha. Após uma breve e agradável conversa de partilha de interesses, retomei a corrida em direção ao Prado Vidoeirinho. O Estreito do Laço apareceu logo depois, abençoado com as mesmas visões de quase sempre para o profundo Vale do Laço e a parte superior do Vale do Conho.

Continuando pelo planalto, deixei os acessos aos vales para trás, e prossegui pelo trilho em frente. Aproveitei depois um desvio para aceder a um pico com boa vista para as duas rocas e fiz mais uma paragem no abrigo Pradolã. Na descida posterior aproximei-me da encosta sobreposta ao prado e abrigos dos Bicos Altos e não consegui resistir a mais um desvio, por onde nunca tinha passado. Retomando a corrida, fui apanhar o trilho mais à frente e iniciei a descida para a Ponte da Matança. Como o trilho parece ser pouco usado e as encruzilhadas são muitas, foi necessário validar com frequência o percurso desenhado no plano para garantir que estava no caminho certo.

Várias decisões e curvas depois, consegui chegar à Ponte da Matança, atravessei o rio e iniciei a subida para Fafião. Junto ao rio, tudo ganhou ainda mais grandiosidade, desde a vegetação e a diversidade até às paredes graníticas verticais. O trilho furou pelos túneis do arvoredo, circundando os penedos da encosta ingrime. Não demorei muito tempo a chegar à bifurcação por onde tinha passado de manhã e prossegui em corrida para a aldeia, fazendo mais duas breves paragens no miradouro e no fojo. Para trás tinham ficado cerca de 32 km, já reduzidos de alguns desvios, e 11 horas de silêncio e solitude na montanha.

Comments  (3)

  • Photo of Joao Mirante
    Joao Mirante Jun 7, 2021

    Bonita descrição de uma aventura solitária pelo Gerês! A fazer um dia ;)

  • Photo of Pablo Victor Costa
    Pablo Victor Costa Apr 30, 2023

    Parabéns pela aventura. Belos kms feitos em poucas horas. Recentemente fiz o trajeto inverso, Pradolã, Rocalva, Fichinas, Touça, Rio Porto da Laje.
    Foi bastante difícil do Rocalva até Porto da Laje. Mato alto, trilhos fechados, provavelmente por ter sido antes da Vezeira. Ao menos não apanhei carrapatos. Recomenda o pernoite em algum desses abrigos? Foi bastante esticado pelos atrasos com mato alto e falta de definição nesses troços citados. Ideal teria sido pernoitar e não se arriscar a caminhar a noite. Afinal qualquer deslize não há socorro por perto.

  • Photo of Valente Cruz
    Valente Cruz May 1, 2023

    Obrigado. Sobre os abrigos, diria que os meus preferidos e os que têm melhores condições são os da Messe e da Rocalva (mais espaçosos e têm água em boa parte do ano). Sobre o percurso, a ideia era esticar um pouco o desafio. Há sempre um risco associado, mais ou menos controlável, em andar por lá, por isso os abrigos são muito importantes, em particular quando as condições mudam (trilho, lesão, meteorologia, etc). No meu caso já aconteceu devido a meteorologia.

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