Dolomiti - Alta Via 1

Trilha de Oberhaus a Forno di Zoldo, com passagem por:
- Rifugio Biella
- Rifugio Sennes
- Rifugio Fodara Vedla
- Rifugio Pederu
- Rifugio Fanes
- Ju dal'Ega
- Lago Lagazuoi
- Rifugio Lagazuoi
- Forcella Col dei Bos
- Rifugio Averau
- Passo Giau
- Forcella Giau
- Forcella Ambrizzola
- Rifugio Città di Fiume
- Rifugio Aquileia
- Rifugio Passo Staulanza
- Rifugio Palafavera
- Rifugio Coldai
- Rifugio Vazzoler
- Forcella del Camp
- Rifugio Carestiato
- Rifugio Passo Duran
- Forcella Dagarei
- Rifugio Sommariva al Pramperet

Percorrer os 120 km da Alta Via 1 no mês de agosto envolveu um planejamento que teve início no mês de fevereiro com a escolha dos refúgios e as reservas. Descobrimos logo que o trabalho seria grande, alguns refúgios já não tinham vagas disponíveis, outros demoravam para responder, gastamos 15 dias para conseguir fechar as 9 reservas, após algumas mudanças de planos, por fim com tudo reservado ficamos mais tranquilos.
Alta Via 1 – 10 a 19/08/2023

Primeiro dia: Lago di Braies - Rifugio Sennes
Fomos da estação ferroviária Villa Bassa para o Lago de Braies com ônibus 442 (comprar o ticket on line no site https://www.prags.bz/en#tickets-nav).
O lago é show! Com sua cor azul turquesa e cercado por montanhas atrai um monte de turistas. Fomos seguindo as indicações da trilha margeando o lago e tirando fotos.
Entramos na trilha da Alta Via 1 e já começa subindo, e sobe muito, fomos subindo e fotografando o lago cada vez mais distante. A subida é intensa 500 metros de desnível, e não vemos mais o lago, mas a subida não acaba tem mais 400 metros de desnível, no final da subida tem um trecho mais íngreme assistido por um cabo de aço (via ferrata). Após a ferrata vem mais uma subida e chegamos ao ponto mais alto, 2380 m.
Mais 300 metros numa pequena descida e chegamos no Rifugio Biella. Do rifugio Biella ao rifugio Sennes são 3 km só descida.
Dada as características da trilha que apresenta pouca dificuldade técnica, assistida por ferrata, mas fisicamente é muito exigente devido ao desnível positivo total de 1165 metros. Consideramos o grau de dificuldade como moderado, porém, pessoas sem preparo físico terão grande dificuldade para fazer.
O Rifugio Sennes é excelente.

Segundo dia: Rifugio Sennes - Rifugio Lavarella
Saindo do refúgio Senes caminhamos 1 km por um campo de relva bem plano. Após esse campo tem duas opções seguir por uma estradinha ou por trilha, optamos pelas trilhas. Pela estrada dá pra ir do Senes ao Lavarella, mas não é o percurso da Alta Via. E já se inicia uma longa descida que só termina no refúgio Pederü que está a 1500 metros de altitude. Pela frente uma longa subida até voltar para os 2.000 metros de altitude.
Passamos pelo restaurante Fanes e chegamos à bifurcação para o refúgio Lavarella, faltavam apenas 500 metros.
Este trecho foi tão rápido que nem paramos para fazer um lanche, apenas comemos uma maçã, chegamos no refúgio 12:15 h após 5 horas de caminhada. O Lavarella é outro refúgio muito bom, ficamos num quarto coletivo (7 pessoas) com banheiro.
As trilhas das Dolomitas são muito bem cuidadas e muito fácil de caminhar, sem dificuldade técnica, apenas esforço físico nas subidas por isso consideramos esse trecho como grau de dificuldade moderado.

Terceiro dia: Rifugio Lavarella – Rifugio Lagazuoi
Seguimos por uma estradinha até chegar ao Rifugio Fanes, e pegamos uma trilha que mais à frente voltou para a estradinha e fomos seguindo nessa estradinha, um passeio pelo campo cercado por montanhas num lindo vale verde com um riozinho ao lado da estrada. Fomos seguindo e passamos por um pasto com jumentos, vaquinhas, cavalos e montanhas dos lados aquela paisagem de calendário.
Estava muito fácil, parando para fotos e tudo mais, andamos 6 km em menos de 2 horas, um passeio no parque.
A moleza não demorava para acabar, uma plaquinha indicava o lago Lagazuoi para a esquerda, e se iniciou uma longa subida em zig-zag para chegar ao ponto mais alto do passo de montanha. A vista do outro lado é muito linda o verde lago Lagazuoi lá em baixo e à frente na montanha Lagazuoi o Refúgio Lagazuoi.
A descida não apresentou grandes dificuldades, a trilha toda manejada desce ziguezagueando, sem o trabalho de manejo seria muito complicado passar por esse trecho.
A subida para o Rifugio Lagazuoi parece que não ter fim. Avistávamos o refúgio o tempo todo, mas não chegava.
Perto do final da subida encontramos as grutas escavadas na rocha na primeira guerra mundial. Logo à frente chegamos à estação do teleférico em seguida o refúgio.
Esta trilha apesar de não ter dificuldade técnica, possui alguns trechos com trilha estreita e abismo ao lado e o desnível positivo acumulado passou dos 1000 metros, por isso consideramos este trecho como difícil.

Quarto dia: Rifugio Lagazuoi - Rifugio Nuvolau
No Lagazuoi a água da torneira não é potável, compramos 1 litro de água (€3,50) e coletamos 1,5 litro de água pelo caminho, utilizamos filtro.
Iniciamos a trilha as 7:30 h, o Lagazuoi é o Rifugio mais alto da Alta Via 1 está no cume da montanha Lagazuoi. A trilha saindo de lá é só descida, e assim fomos descendo e descendo. Descemos toda a encosta do vale, nos confundimos com as placas e andamos 500 m em direção errada, retornamos e pegamos uma trilha discreta à esquerda. Foi o primeiro trecho de sombra no percurso, mais abaixo chegamos num estacionamento e andamos 300 metros ao lado de uma estrada asfaltada até pegar a trilha 440.
Agora a trilha é só subida, o início é dentro de um bosque de pinheiros. Continuando a subida os pinheiros foram ficando escassos e avistamos as Cinque Torri e o teleférico e já dava para ver que tinha muita gente por ali. Continuamos a subida não demorou nossa trilha estava paralela a trilha do teleférico Averau. Chegamos no Rifugio Averau, estava lotado de gente. Pegamos a trilha para o Rifugio Nuvolau e fomos subindo por um trecho rochoso sem trilha bem definida e finalmente chegamos ao nosso objetivo do dia.
A trilha foi tranquila apesar do desnível não apresentou nenhuma dificuldade técnica por isso classificamos como moderada, mas se não tiver preparo físico será difícil.

Quinto dia: Rifugio Nuvolau - Rifugio Aquileia
Iniciamos a trilha descendo para o Rifugio Averau e pegamos a trilha à esquerda do Rifugio passando embaixo do teleférico. Tem outro caminho que vai em direção à Cinque Torri mas sai da Altavia 1.
Descemos um pouco pela estradinha e logo entramos numa trilha, a trilha tem um trecho de maior dificuldade, mas nada impossível.
Fomos contornando a encosta da montanha Nuvolau até que nos afastamos dela e chegamos ao refúgio Passo Giau, o local que avistávamos lá de cima no dia anterior com centenas de carros estacionados. Continuamos nosso percurso e pegamos o Sentiero 467 sentido Rifugio Citta de Fiume. A parte difícil já ficou para trás e a trilha vai num perfil de descida sem dificuldades até começar uma longa subida para chegar na Forcella Giau. Seguimos até chegar no Rifugio Citta di Fiume e ali seguimos mais um pouco pela estradinha até a placa que indicava o Rifugio Aquileia para a direita e fomos descendo até chegar no Rifugio Aquileia. No planejamento a intenção era ficar no Citta de Fiume mas não conseguimos vaga.
A trilha foi mais fácil que do dia anterior. Por isso consideramos moderada.

Sexto dia: Rifugio Aquileia - Rifugio Palafavera
Tínhamos duas opções para chegar ao próximo Rifugio ir pela estrada, caminho mais curto ou retornar na trilha até o Rifugio Citta de Fiume e seguir pela trilha da Alta Via até o Rifugio Palafavera. Claro que não pegamos asfalto e retornamos até o Citta de Fiume, uma subida de 2,5 km com 300 m de desnível. No Citta de Fiume pegamos o Sentiero 472 sentido Passo Staulanza, a trilha segue na encosta da montanha sem muita perda de altitude, alternando trecho por bosque de pinheiros e trecho de pedras. Pudemos ver o Rifugio Aquileia distante e a rodovia de asfalto, felizes por estar na trilha. Andamos mais um tanto e iniciou uma pequena descida até chegar no Rifugio Passo Staulanza na rodovia asfaltada. Ali seguimos pelo sentiero 472 direção Rifugio Venezia por bosque de pinheiros que cobre toda a encosta da montanha. Andamos 1.300 metros e encontramos uma placa indicando o Rifugio Palafavera. Descemos por uma trilha mais discreta e logo chegamos num campo, fomos descendo até entrar novamente num bosque e assim foi até chegar à rodovia e avistar o Palafavera.
Apesar da subida do Rif Aquileia até o Citta di Fiume a trilha não apresentou nenhuma dificuldade técnica nem de esforço físico, por isso consideramos de nível fácil.
Hoje foi o dia que mais vimos papel higiênico e fezes ao lado da trilha, inclusive próximos a cursos d’água, não recomendo coletar água para beber nessa trilha, este trecho é muito visitado devido a facilidade de estacionar o carro no Rif Staulanza ou no Rif Palafavera.

Sétimo dia: Rifugio Palafavera - Rifugio Vazzoler
No Palafavera o café inicia as 8 horas, não dava nem para reclamar, foi o melhor refúgio que ficamos, e tem um mercadinho com preços razoáveis onde reabastecemos os lanchinhos de trilha.
Saindo do Rifugio tem uma trilha que sobe em linha reta até encontrar a estradinha que é a trilha oficial. Fomos subindo e tomando as trilhas de atalho pra fugir do zig-zag da estradinha até que não tinha mais atalhos e seguimos até o Rifugio Malga Pioda onde pegamos a trilha para o Lago Coldai. A subida continua sem trégua, trilha em zig-zag, atalhos cheios de pedras soltas. Era o carrinho do Rifugio Coldai, já dava pra ver o Rifugio, posicionado num excelente local, o Coldai não tinha vaga quando fizemos as reservas. Ao chegar no ponto mais alto temos a linda vista do lago Coldai, e haja fotos, e nenhuma consegue captar tanta beleza.
Tivemos mais um pouco de subidas e passamos pelo ponto mais alto do dia 2.178 metros. Caminhamos mais 1,5 km e iniciamos o trecho em descida, passamos pela bifurcação do Rifugio Tissi e continuamos nossa trilha rumo ao Rifugio Vazzoler.
O monte Civetta sempre ao nosso lado, subimos e passamos por um passo dele no início da trilha e agora caminhamos por sua encosta e não sabemos onde ele termina. Entramos num vale e fomos descendo e descendo, passamos pela Torre Venezia e logo abaixo chegamos ao Rifugio Vazzoler.
A trilha tem uma subida forte logo no início e sua extensão de 14 km, não tem trechos com dificuldade técnica mas o desnível positivo acumulado de 1.100 metros coloca esse trecho entre os mais difíceis da Altavia 1.

Oitavo dia: Rifugio Vazzoler - Rifugio Carestiato
O café da manhã oferecido no Vazzoler deixou a desejar.
O trecho inicial de hoje foi em descida pelo Sentiero 555, no início uma estradinha, após 2 km pegamos uma trilha à esquerda, Sentiero 554 e começou uma longa subida passando por trechos com vegetação e trechos de pedras, até chegar no ponto mais alto onde passamos para o outro lado da montanha, esse ponto nos proporcionou uma linda vista das montanhas ao redor. Agora a trilha vai pela encosta da montanha sem muita variação de altitude, mas alternando trechos de vegetação e trechos de pedras.
Pela distância percorrida parecia que o refúgio estava próximo, mas não víamos nem sinal dele, pouco mais à frente avistamos o Carestiato entre as árvores. Chegamos no refúgio as 11:30 após 4 horas de caminhada.
A trilha não apresenta grandes dificuldades, física ou técnica, mas possui alguns pontos de trilha estreita ao lado de abismo, um desses pontos assistido por cabo de aço. Para quem não tem medo de altura é uma trilha de dificuldade moderada.

Nono dia: Rifugio Carestiato - Rifugio Pramperet
Iniciamos a trilha as 7:30 horas com a expectativa de um dia difícil pela distância a percorrer e o desnível acumulado.
Iniciamos a trilha pela estradinha que dá acesso ao refúgio Carestiato que estava esburacada depois da tempestade do dia anterior, essa estrada estava em ótimas condições antes da chuva. Mais abaixo um trecho da estrada foi levado pela água. Continuamos na estrada até encontrar uma indicação do Sentiero 543 à direita, passando por um bosque de pinheiros chegamos a um campo, a trilha aqui estava muito encharcada e escorregadia, chegamos ao Rifugio Passo Duran e caminhamos 2 km por uma rodovia asfaltada e pegamos a trilha número 543 a esquerda da rodovia. Subimos a trilha encharcada, seguindo um longo trecho por um bosque, e não demora chega na pedreira, onde temos uma linda vista das montanhas ao redor e o piso vai alternando entre pedrisco e rochas maiores, alternando trechos com vegetação e trechos mais rochosos. Fomos ganhando altitude até que chegamos ao ponto que passamos para o outro lado da montanha. Logo depois de iniciar a descida tem um trecho de 3 metros da trilha que é muito perigoso e necessita atenção. Na descida para o Rifugio precisa prestar atenção nas placas indicativas para não sair do Sentiero 543.
A descida até chegar ao refúgio passa por um pequeno trecho de terreno erodido e pedras expostas e chega a um campo de onde se vê o refúgio.
Nossa preocupação com o caminho não tinha fundamento, foi muito mais fácil que pensávamos.
A trilha apresenta pouca dificuldade, nenhuma dificuldade técnica por isso consideramos de nível moderado.

Décimo dia: Rifugio Pramperet - Forno di Zoldo
No último dia de nossa jornada na Altavia 1 tínhamos a intenção de seguir do Rifugio Pramperet a La Pissa (parada de ônibus para Belluno) passando pelo Rifugio Pian di Fontana numa trilha de 20 km com desnível positivo de 800 metros e negativo de 2200 metros numa caminhada de 9 a 11 horas, loucura depois de 9 dias na montanha. Outra alternativa seguir do Pramperet para La Muda num percurso de 15 km com desnível positivo de 600 m e negativo de 1980 m e um trecho perigoso assistido por cabo de aço, o último registro que vi dessa trilha era de 2018.
Conversando com o pessoal do Pramperet eles sugeriram seguir para Forno di Zoldo, trilha de 3 horas. Analisamos as alternativas e decidimos por sair do percurso oficial da Alta Via 1 e seguir para Forno de Zoldo. Partimos para a trilha com perfil de descida, altimetria negativa de 1070 m em 10 km.
De início a trilha segue por um campo plano e logo começa a descida com trechos com pedras. Seguíamos as placas para Malga Pramper, fomos descendo e logo chegamos ao Agriturismo Malga Pramper, ali o casal que nos acompanhava decidiu pegar um ônibus. Nós continuamos pela trilha que por várias vezes cruzava a estrada. Fomos descendo e começamos a encontrar obras de arte feitas com árvores mortas e galhos pela trilha, estávamos no Percorso d’Arte. Mais abaixo chegamos ao segundo bivaco “Il casel del Pian dei Auniz in Val Pramper”, muito bonito e arrumado é um patrimônio cultural da montanha.
Continuamos descendo e evitando a estradinha e chegamos a um estacionamento depois de 4 km do Agriturismo. A trilha continuou no outro lado do estacionamento e seguiu até que pegou um pouquinho de asfalto, para nossa surpresa encontramos nossos companheiros de trilha que pagaram 8 euros por pessoa para descer até o estacionamento. Eles nos acompanharam pela estrada até que a trilha bifurcou para a direita e eles seguiram pelo asfalto, caminho mais fácil. Cruzamos um rio e a trilha segue pela margem direita acompanhando o curso do rio até que encontramos as primeiras casas de Forno di Zoldo. Chegamos na Gelateria Central onde compramos gelato e a passagem do ônibus para Belluno.

A trilha de hoje além de não apresentar qualquer dificuldade técnica é uma trilha com 10 km de descida suave com 1070 metros de desnível negativo e nenhum desnível positivo. Trilha muito fácil para quem desce. Para quem sobe não é nada fácil.

No total o percurso da Alta Via 1 pode ser considerado como Difícil, são dez dias e o cansaço se acumula.