CASTRO DO MONTE MÓZINHO: POR MOINHOS, LEVADAS, PENEDOS E LENDAS DE FIGUEIRA
near Cerrado, Porto (Portugal)
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FOTOS DESTA E DE OUTRAS TRILHAS EM ”CAMINHANTES"
Percurso ao CASTRO DO MONTE MOZINHO ou CIDADE MORTA DE PENAFIEL, com início e fim na freguesia de Figueira, concelho de Penafiel, passando pelo museu da broa e seus moinhos, levadas e penedos do Monte Mózinho.
Começamos o trilho na Igreja de Santa Marinha, na aldeia de Figueira. A aldeia, de construção granítica, é bem representativa do património rural edificado no norte de Portugal, ao longo dos séculos, sempre que uma povoação se erguia sobre a superfície do Maciço Galaico-Duriense a que pertencem estas serranias. Daqui seguimos para o Museu da Broa e os seus moinhos, inseridos numa paisagem rural deslumbrante da freguesia da Capela. O Museu da Broa constitui um espaço cultural, pedagógico, patrimonial e de lazer preservado para memória da nossa história coletiva. Composto por seis moinhos recuperados e funcionais, o visitante é transportado até ao tempo em que estes constituíam um importante fator de sobrevivência. As mós trabalhavam noite e dia sem parar, produzindo a farinha que dava o sustento aos nossos antepassados: a broa.
Daqui seguimos ao longo de caminhos agrícolas, levadas e regadios, penedos e carreiros de pastorícia para o monte mózinho. O Castro do Monte Mozinho, constitui um dos castros de maior renome do Noroeste Peninsular, terá sido fundado nos finais do século I antes de Cristo, já num ambiente de progressiva romanização. O sítio seria depois ocupado, com diferentes ritmos construtivos, durante todo o período do domínio romano, até aos finais do século IV. Povoado de grandes dimensões, com cerca de 20 hectares, a fundação e organização urbana do Mozinho obedeceram a um planeamento prévio, visível no traçado ortogonal dos arruamentos, se bem que a arquitetura de planta redonda, de tradição indígena, seja claramente dominante na primeira fase do castro.
Depois da visita ao Castro do Monte Mozinho, é hora de regressar ao ponto de partida. Seguindo os estradões florestais chegamos às Eiras, também designadas por “calçada dos gigantes”. A lenda dos Gigantes e a sua calçada conta a história dos dois gigantes que vieram do Norte, num confronto épico que esculpiu a orografia no norte da Península Ibérica e que, no ocaso de uma batalha devastadora, encontraram o seu repouso eterno nesta encosta do Mózinho, sendo este o local onde floram, petrificados, os crânios daqueles gigantes gaélicos, que hoje nos servem de calçada monumental. Entretanto em tempos menos remotos este local foi utilizado pelas gentes de Figueira para secar os cereais, daí ser o local conhecido como “Eiras”.
O trilho leva-nos por uma série de penedos do Mózinho: “De Lagides”, “O Mira Leste”; “A Proa”; “O Mastro” e “Esplanada do Castelo”, neste último destaca-se a vista deslumbrante de onde se pode, nas diferentes estações do ano, contemplar sobre as Serras o pôr-do-sol, num horizonte de mar sobre a cidade do Porto e Gaia.
A entrada na aldeia faz-se pelo parque de merendas, e continua pela levada que nos leva a um conjunto de vários moinhos em cascata que é sem dúvida um ex-libris de Figueira. As águas, servidas pelo Ribeiro de Pisão, são conduzidas pelas levadas aos moinhos, onde a a sua força motriz move a mó que transforma o cereal em farinha que por sua vez alimenta a população em forma de pão ou broa. Alguns dos moinhos estão abertos e como tal será possível observar o seu interior. O percurso continua pelo meio da aldeia até ao ponto de partida, à igreja de Santa Marinha, em honra de quem é celebrada uma festa por volta do seu dia (18 de Julho). Ainda no âmbito das celebrações religiosas, mas de cariz também etográfico e cultural, tem já projecção nacional o Auto dos Reis Magos, que tem lugar por volta do dia 6 de Janeiro e com periodicidade bienal. As origens deste Auto remontam provavelmente à idade média e ao seu teatro religioso e terá sido representado de forma mais ou menos continua até aos nossos dias (interrupções durante a 1ª república e na década de 70 do séc. XX). Até 1967, ano em que foi coligida a letra do auto, a mesma foi transmitida, de geração em geração, de forma verbal. A aldeia de Figueira, tem origens ancestrais, existindo referências documentais a Villa Ficaria (Vila de Figueira) de 1085, anteriores portanto à fundação da Nacionalidade.
LENDAS
LENDA DA FIGUEIRA
A Lenda de Figueira Conta a história dum velho sábio que aqui vivia com as suas filhas, um dia enquanto brincavam no alto do Monte Mózinho, uma das crianças foi aprisionada por uma serpente medonha que vivia numa enorme Figueira que em tempos aí existiria. A outra menina que presenciara a cena correu a chamar ajuda. Assim que soube da notícia, o velho sábio correu monte acima mas como não havia força que pudesse derrotar a serpente teve de recorrer às suas porções mágicas para resolver o problema. Por isso, o velho propôs o seguinte acordo à serpente, a criatura deveria libertar a filha em troca da sua liberdade daquele local em que a própria serpente estava aprisionada. A serpente aceitou e o velho fez uma poção mágica com as Figueiras da terra que a libertaram do seu cárcere no alto do monte. Assim que se viu livre, a serpente tentou comer o velho sábio, mas logo aí percebeu que havia sido enganada e que a poção que tomara, além de a libertar da sua maldição, também a encolhera, impedindo-a à condição de predadora de ratazanas. Desde essa época longínqua que os habitantes daqui perderam o medo das cobras, pois estas apenas caçam os ratos que devoram as suas culturas e desde essa altura também, que surgiram nos nossos céus águias que patrulham a região para que nenhuma cobra cresça demasiado. É por isso: “Enquanto a Águia pairar por Figueira não haverá Cobra para assustar a Mondadeira, nem Rato para esvaziar a Eira”.
LENDA DOS OLHOS DE ÁGUA
A Lenda dos Olhos de Água Conta a história de menina Vera, seus primos Abraão e António a (quem chamavam Brão e Tono), sua ama Gaia e, respectivo marido, Bereno (mais conhecido por Berno) quando Gaia casou com Berno, as crianças passavam muito tempo a brincar sozinhas e a rivalidade e ciúmes entre Abraão Tono ganhou muita importância a ponto do Brão ter engendrado um estratagema para nunca mais o Tono pudesse juntar-se à sua prima Vera. Quando Vera percebeu que nunca mais voltaria a brincar com o Tono desatou num pranto enorme que criou a lagoa de lagrimas, mais conhecida por olhos de água … O Brão conseguiu também que o Berno tentasse acabar com Tono, o que só não aconteceu por intervenção de Bento, pai do Tono. Mas Berno continuou a perseguir Tono pelos tempos que seguiram e por isso se dizia noutras eras que exuberância rival de Brão ao Tono, só depois da ira em Berno é que a prima Vera volta a Gaia! Entretanto também esta história perdeu a memória e agora apenas consta por aqui que da fartura de Verão-Outono, só depois o Inverno é que a Primavera volta à Terra.
LENDA DOS GIGANTES E SUA CALÇADA
A Lenda dos Gigantes e a sua calçada conta a história dos dois gigantes que vieram do Norte, num confronto épico que esculpiu a orografia no norte da Península Ibérica e que, no ocaso de uma batalha devastadora, encontraram o seu repouso eterno nesta encosta do Mózinho, sendo este o local onde floram, petrificados, os crânios daqueles gigantes gaélicos, que hoje nos servem de calçada monumental. Entretanto em tempos menos remotos este local foi utilizado pelas gentes de Figueira para secar os cereais, daí ser o local conhecido como “Eiras”.
Fonte: Folheto da Junta de Lagares - Penafiel
Percurso ao CASTRO DO MONTE MOZINHO ou CIDADE MORTA DE PENAFIEL, com início e fim na freguesia de Figueira, concelho de Penafiel, passando pelo museu da broa e seus moinhos, levadas e penedos do Monte Mózinho.
Começamos o trilho na Igreja de Santa Marinha, na aldeia de Figueira. A aldeia, de construção granítica, é bem representativa do património rural edificado no norte de Portugal, ao longo dos séculos, sempre que uma povoação se erguia sobre a superfície do Maciço Galaico-Duriense a que pertencem estas serranias. Daqui seguimos para o Museu da Broa e os seus moinhos, inseridos numa paisagem rural deslumbrante da freguesia da Capela. O Museu da Broa constitui um espaço cultural, pedagógico, patrimonial e de lazer preservado para memória da nossa história coletiva. Composto por seis moinhos recuperados e funcionais, o visitante é transportado até ao tempo em que estes constituíam um importante fator de sobrevivência. As mós trabalhavam noite e dia sem parar, produzindo a farinha que dava o sustento aos nossos antepassados: a broa.
Daqui seguimos ao longo de caminhos agrícolas, levadas e regadios, penedos e carreiros de pastorícia para o monte mózinho. O Castro do Monte Mozinho, constitui um dos castros de maior renome do Noroeste Peninsular, terá sido fundado nos finais do século I antes de Cristo, já num ambiente de progressiva romanização. O sítio seria depois ocupado, com diferentes ritmos construtivos, durante todo o período do domínio romano, até aos finais do século IV. Povoado de grandes dimensões, com cerca de 20 hectares, a fundação e organização urbana do Mozinho obedeceram a um planeamento prévio, visível no traçado ortogonal dos arruamentos, se bem que a arquitetura de planta redonda, de tradição indígena, seja claramente dominante na primeira fase do castro.
Depois da visita ao Castro do Monte Mozinho, é hora de regressar ao ponto de partida. Seguindo os estradões florestais chegamos às Eiras, também designadas por “calçada dos gigantes”. A lenda dos Gigantes e a sua calçada conta a história dos dois gigantes que vieram do Norte, num confronto épico que esculpiu a orografia no norte da Península Ibérica e que, no ocaso de uma batalha devastadora, encontraram o seu repouso eterno nesta encosta do Mózinho, sendo este o local onde floram, petrificados, os crânios daqueles gigantes gaélicos, que hoje nos servem de calçada monumental. Entretanto em tempos menos remotos este local foi utilizado pelas gentes de Figueira para secar os cereais, daí ser o local conhecido como “Eiras”.
O trilho leva-nos por uma série de penedos do Mózinho: “De Lagides”, “O Mira Leste”; “A Proa”; “O Mastro” e “Esplanada do Castelo”, neste último destaca-se a vista deslumbrante de onde se pode, nas diferentes estações do ano, contemplar sobre as Serras o pôr-do-sol, num horizonte de mar sobre a cidade do Porto e Gaia.
A entrada na aldeia faz-se pelo parque de merendas, e continua pela levada que nos leva a um conjunto de vários moinhos em cascata que é sem dúvida um ex-libris de Figueira. As águas, servidas pelo Ribeiro de Pisão, são conduzidas pelas levadas aos moinhos, onde a a sua força motriz move a mó que transforma o cereal em farinha que por sua vez alimenta a população em forma de pão ou broa. Alguns dos moinhos estão abertos e como tal será possível observar o seu interior. O percurso continua pelo meio da aldeia até ao ponto de partida, à igreja de Santa Marinha, em honra de quem é celebrada uma festa por volta do seu dia (18 de Julho). Ainda no âmbito das celebrações religiosas, mas de cariz também etográfico e cultural, tem já projecção nacional o Auto dos Reis Magos, que tem lugar por volta do dia 6 de Janeiro e com periodicidade bienal. As origens deste Auto remontam provavelmente à idade média e ao seu teatro religioso e terá sido representado de forma mais ou menos continua até aos nossos dias (interrupções durante a 1ª república e na década de 70 do séc. XX). Até 1967, ano em que foi coligida a letra do auto, a mesma foi transmitida, de geração em geração, de forma verbal. A aldeia de Figueira, tem origens ancestrais, existindo referências documentais a Villa Ficaria (Vila de Figueira) de 1085, anteriores portanto à fundação da Nacionalidade.
LENDAS
LENDA DA FIGUEIRA
A Lenda de Figueira Conta a história dum velho sábio que aqui vivia com as suas filhas, um dia enquanto brincavam no alto do Monte Mózinho, uma das crianças foi aprisionada por uma serpente medonha que vivia numa enorme Figueira que em tempos aí existiria. A outra menina que presenciara a cena correu a chamar ajuda. Assim que soube da notícia, o velho sábio correu monte acima mas como não havia força que pudesse derrotar a serpente teve de recorrer às suas porções mágicas para resolver o problema. Por isso, o velho propôs o seguinte acordo à serpente, a criatura deveria libertar a filha em troca da sua liberdade daquele local em que a própria serpente estava aprisionada. A serpente aceitou e o velho fez uma poção mágica com as Figueiras da terra que a libertaram do seu cárcere no alto do monte. Assim que se viu livre, a serpente tentou comer o velho sábio, mas logo aí percebeu que havia sido enganada e que a poção que tomara, além de a libertar da sua maldição, também a encolhera, impedindo-a à condição de predadora de ratazanas. Desde essa época longínqua que os habitantes daqui perderam o medo das cobras, pois estas apenas caçam os ratos que devoram as suas culturas e desde essa altura também, que surgiram nos nossos céus águias que patrulham a região para que nenhuma cobra cresça demasiado. É por isso: “Enquanto a Águia pairar por Figueira não haverá Cobra para assustar a Mondadeira, nem Rato para esvaziar a Eira”.
LENDA DOS OLHOS DE ÁGUA
A Lenda dos Olhos de Água Conta a história de menina Vera, seus primos Abraão e António a (quem chamavam Brão e Tono), sua ama Gaia e, respectivo marido, Bereno (mais conhecido por Berno) quando Gaia casou com Berno, as crianças passavam muito tempo a brincar sozinhas e a rivalidade e ciúmes entre Abraão Tono ganhou muita importância a ponto do Brão ter engendrado um estratagema para nunca mais o Tono pudesse juntar-se à sua prima Vera. Quando Vera percebeu que nunca mais voltaria a brincar com o Tono desatou num pranto enorme que criou a lagoa de lagrimas, mais conhecida por olhos de água … O Brão conseguiu também que o Berno tentasse acabar com Tono, o que só não aconteceu por intervenção de Bento, pai do Tono. Mas Berno continuou a perseguir Tono pelos tempos que seguiram e por isso se dizia noutras eras que exuberância rival de Brão ao Tono, só depois da ira em Berno é que a prima Vera volta a Gaia! Entretanto também esta história perdeu a memória e agora apenas consta por aqui que da fartura de Verão-Outono, só depois o Inverno é que a Primavera volta à Terra.
LENDA DOS GIGANTES E SUA CALÇADA
A Lenda dos Gigantes e a sua calçada conta a história dos dois gigantes que vieram do Norte, num confronto épico que esculpiu a orografia no norte da Península Ibérica e que, no ocaso de uma batalha devastadora, encontraram o seu repouso eterno nesta encosta do Mózinho, sendo este o local onde floram, petrificados, os crânios daqueles gigantes gaélicos, que hoje nos servem de calçada monumental. Entretanto em tempos menos remotos este local foi utilizado pelas gentes de Figueira para secar os cereais, daí ser o local conhecido como “Eiras”.
Fonte: Folheto da Junta de Lagares - Penafiel
Waypoints
Comments (6)
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Sou um seguidor assíduo das vossas aventuras.
Uma vez mais parabéns pela trilha e pela magnifica discrição.
Obrigado pela vossa partilha.
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Information
Easy to follow
Scenery
Moderate
Muita vegetação. Trilho muito mal sinalizado
O museu da Broa fica na freguesia de Capela e não na de Figueira.
Induz em erro.
Olá The Traveller 2020!
Estamos de acordo, aliás é essa a descrição feita na trilha..."Daqui seguimos para o Museu da Broa e os seus moinhos, inseridos numa paisagem rural deslumbrante da freguesia da Capela.".
Provavelmente passou despercebido na leitura da descrição.
Obrigado pelo comentário e avaliação da trilha. Boas trilhas!
Boa noite. Têm razão. Foi erro meu. As minhas desculpas.
Foi uma excelente escolha da vossa parte esta caminhada, como outras que fizeram.
Continuação de boas caminhadas
Olá The Traveller 2020!
Estamos de acordo, aliás é essa a descrição feita na trilha..."Daqui seguimos para o Museu da Broa e os seus moinhos, inseridos numa paisagem rural deslumbrante da freguesia da Capela.".
Provavelmente passou despercebido na leitura da descrição.
Obrigado pelo comentário e avaliação da trilha. Boas trilhas!