Caminho Português - Rates - Vitorino dos Piães

Etapa 2
São Pedro de Rates a Vitorino dos Piães 35,88km
Acumulado 85,88km
A noite no albergue, da parte de quem lá dormia foi silenciosa, já o mesmo não se pode dizer dos carros que passavam na rua em frente do Albergue. Realmente já me tinham avisado para não ficar muito perto das janelas por causa do barulho. Então escolhi a cama mais afastada possível. Mas mesmo assim sempre que um carro passava nos paralelos quase todos davam um salto.
De manhã, por volta das 6:30 muito silenciosamente, peguei nas minhas coisas que já tinha deixado arrumadas de véspera e vim para fora do quarto. Fui fazer a higiene matinal numa zona afastada para não incomodar e depois calmamente tomei o pequeno almoço. Mas agora o dia nasce tarde, saí para a rua às 7:00 e ainda era completamente de noite, com a agravante que haviam nuvens, não ajudava a clarear.
Iniciei o caminho rua acima e ao chegar ao cruzamento percebi que não se conseguia ver as setas. A sorte foi o GPS que lá me indicou o caminho, rapidamente entrei no campo. Achei engraçado, tanta estrada e agora que era de noite ali ia eu a caminhar pelo campo, bem pelo menos é mais seguro. O céu começava a clarear no lado nascente e a luz já era suficiente para ver onde punha os pés sem necessidade de tirar o frontal. Ao fim de 1,8km cheguei ao parque de Santiago, uma zona com mesas excelente para a merenda, só que ainda era muito cedo. Lembrei do Caminho Primitivo, onde as mesas só apareciam quando não faziam falta. O caminho continuou pelo campo até clarear completamente e lá voltei à estrada, agora já a visibilidade era boa, embora sem sol, esse nunca havia de aparecer ao longo de todo o dia.
Ao chegar à igreja paroquial de Santa Leocádia da Pedra Furada, a seta aponta em direcção a ela saindo da estrada, mas era mesmo só para poder passar perto da igreja, depois voltou novamente ao alcatrão. As nuvens embora altas por vezes deixavam soltar alguns pingos, mas o andamento era bom e com sorte ia chegar antes da chuva. Perto dos 10km, já com duas horas de caminho os pingos ficaram mais persistentes e por segurança resolvi parar para pôr a capa de chuva.
Posso dizer que resultou muito bem, não sei se foi do amarelo da capa mas a chuva desapareceu e assim se manteve até Barcelos.
Barcelos foi o local onde almocei quando fiz este caminho de bike, já nessa altura recordo de ter feito várias fotos. Como é sábado havia muita gente nas ruas. Aproveitei para carimbar a credencial e como já levava 16km de marcha, achei por bem comer qualquer coisa. Uma sandes das que preparei na véspera e uma barrita foi a minha refeição, eram ainda apenas 11:00. O caminho continuou, já tinha encontrado dois peregrinos à entrada de Barcelos, agora à saída encontrei dois peregrinos espanhóis, mas eu levava uma passada mais rápida, pouco falamos. Estava confortável com aquele andamento e como não havia garantias de não voltar a chover, quanto mais caminho andado menos possibilidade de apanhar chuva.
Aos 23km começou o que posso considerar a única verdadeira subida do dia, foram 3km a subir, nada de complicado se tivermos em conta a subidas do Caminho Primitivo, mas para este caminho foi significativo. Já perto do cume a humidade começa a aumentar e pouco depois de começar a descida recomeçou a chover. Primeiro timidamente e eu continuei a caminhar como se nada fosse comigo, podia ser que desse para passar nos intervalos da chuva, mas a coisa começou a engrossar e como não havia nenhuma paragem de autocarro por perto para fazer a manobra, foi mesmo no chão que voltei a colocar a capa da mochila, porque em Barcelos já a tinha arrumado. Desta vez levou algum tempo a fazer efeito, mas a chuva acabou por parar, não há chuva que resista a uma capa amarela.
Aos 27km já a chuva tinha ido à vida dela, cheguei a um parque de lazer, que tinha como acesso uma enorme escadaria. As dores nos pés começaram a ser muitas, então foi requisitado o Jorge massagista para tratar dos pés do Jorge Peregrino. A massagem foi mesmo com vaselina, mas resultou em cheio, com pés novos lá estava eu novamente a Caminho.
30 km e chego à ponte das Tábuas, recordo perfeitamente de ter feito fotos naquela lugar quando passei de bike. A chuva resolveu voltar, faltava apenas 6km e o caminho é predominante a descer, toca a aproveitar. Mais três quilómetros se passaram e as dores nos joelhos começaram a rondar o nível do insuportável, mas não queria parar porque a chuva estava a querer engrossar. Então usei uma técnica que já tinha feito no caminho Primitivo, enviar Reiki para os joelhos em andamento, passados uns 5 minutos já não tinha dor, continuei por mais algum tempo e terminei. Depois foi continuar até ao albergue, a Casa da Fernanda. Já me tinham recomendado este albergue por ser muito familiar. E realmente é, assim que cheguei deram-me almoço, realmente eu devia vir com cara de fome.
O jantar vai ser feijoada, vamos ver depois como corre a noite. Está cá um grupo de portugueses que iniciou há dois dias em Rates, esta noite ficaram em Barcelos. Mesmo assim cheguei primeiro que eles e nem os vi pelo caminho. Já percebemos que devo ter passado enquanto estavam a almoçar, porque foram a um restaurante.
Amanhã quero ir até Rubiães, espero que o dia ajude, é uma etapa mais curta, 29km nas na fase final tenho a serra da Labruja. Começo a pensar se foi boa ideia deixar a serra no final da etapa... Mas como diz a minha companheira dos caminhos, a pessoinha afasta o braços e lá vai serra a cima todo contente. Espero que amanhã esse truque funcione, porque vou precisar.