Caminho Português do Interior Etapa 07 Santa Marta de Penaguião- Vila Real *CPI*
near Santa Marta de Penaguião, Vila Real (Portugal)
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Itinerary description
O café da nossa residencial estava a servir pequenos almoços com pão e croissants frescos a partir das 6:00! Aliás não tem sido difícil encontrar quem nos sirva às 7:00, ou antecipar para essa hora, ao longo deste Caminho.
Acordados por um bom café, partimos para um dia de carrossel. O sobe e desce é constante, mas a paisagem é uma delícia, as vinhas, as pequenas aldeias encavalitadas nas colinas de vertentes talhadas em socalcos, por todo o lado começando a surgir as cores de fogo da videira outonal. Subimos até Santa Comba e pouco depois estávamos a serpentear por entre as vinhas. Um bonito caminho, temperatura amena, e a luz suave da manhã deste final de Setembro.
Pouco depois, num ângulo brusco para trás, deixamos o caminho e entramos num trilho, o Caminho dos Torneiros, uma beleza fresca e arborizada empoleirada ao longo de uma vertente sempre com vista para as vinhas à nossa esquerda. lá em baixo, depois de atravessar o rio Aguilhão junto da ETAR de Sever-Fontes, entramos no asfalto, que nos leva de volta à EN. 2.
Fazemos uma ou duas centenas de metros e logo depois da ponte construída sobre um belo arco de pedra que transpõe o rio em outro dos seus meandros, junto à arruinada Casa de Cantoneiros, paramos para comer umas nozes recolectadas e rebuçados da Régua.
Nada tardou a que estivésssemos de novo a percorrer caminhos agrícolas, por entre vinhas verdes e douradas. Pouco depois o trilho desce e entra numa zona verdejante, fresca, luxuriante. Um local paradisíaco, onde acabamos por atravessar novamente o Aguilhão, virando então quase 180 graus à esquerda para caminhar sobre uma velha levada coberta, que nos transporta ao longo de um muro, a percorrer com o devido cuidado, até entrar em nova e empinada subida. Vamos acabar numa estrada rural que segue à esquerda, em direcção ao Albergue de Bertelo que já conhecíamos de outras andanças.
Mais uma vez a carrinha da mercearia apareceu no nosso caminho... compramos dois pães, e avançamos até ao sossego da capelinha de N. Sra. do Carmo em Bertelo onde à boa maneira peregrina, o pão e o que sobrou das feveras do jantar nos aconchegaram os estômagos.
Retomamos então as subidas e descidas já sob sol inclemente, até chegarmos lá acima, à Cumieira. Pelo caminho fomos observando a transição que se observa à nossa esquerda: os pinheiros progressivamente substituem a vinha na paisagem, à medida que a vista se alarga até à formidável parede natural do Marão. Chegados à Cumieira, deixamos o Caminho de Santiago para ir visitar a igreja, ali a 100 metros, e depois seguimos ainda fora do caminho até à EN2 onde no café Cruzeiro (desvio registado no track) uma bebida fresca e um expresso nos habiliataram a novos desafios.
Descemos pelo Caminho da Vargela, atulhado de lixo e vegetação bravia, e subimos os vinhedos em frente, até atingir o Povo de Cima, por trilhos indefenidos, as estreitas veredas muito derruídas, sinalização idem...
Depois voltamos a descer do outro lado, desta vez sobre muita poeira e sob um sol impiedoso e uns 29 graus de temperatura... trajecto bom para o pino do Verão! Atravessamos a ponte do Rio Sordo e subimos a Relvas, onde no pequeno café Austrália uns gelados e água das pedras frescas nos arrefeceram os motores. Mais uma interessante estória recolhida junto do senhor de idade que nesse dia estava a tomar conta do café, e subimos, atingindo a estrada de asflato que haveríamos de pisar durante 4,3km até Vila Real.
Pouco despois de passar sob o esbelto viaduto da A4, ao cimo da lomba, acontece de novo o espanto: tal como na transição do Montemuro para o Douro, este pequeno país oferece-nos outra surpesa imprevista: repentinamente, perante o nosso olhar e até ao horizonte longinquo, a paisagem espraia-se num lento vale, delimitado lá ao fundo por uma linha de relevo. Em meia dúzia de passos deixamos de ver as vinhas, o relevo contorcido, montes bordados a socalcos por todo o lado. Espera-nos agora uma terra mais seca, mais rude e menos declivosa.
Entramos em Vila Real pelo velho recanto da ponte da Almodena, que ali vence o rio Cabril, e seguimos pela Rua das Botelhas, zona em tempos cheia de movimento, era onde a EN.2 verdadeiramente entrava na cidade. O café Fraga foi o local escolhido para uns finos e tostas mistas, que o dia tinha sido duro! E uns passos depois estávamos na Residencial Encontro (reservas via booking ou 259322532), onde por menos de 40 euros (casal) dormimos e tomamos pequeno almoço. Uma casa antiga, mesmo na avenida central da cidade, a Carvalho Araújo. Não se podia ficar mais bem situado. E o descanso foi perfeito, depois de uma Posta à Mirandesa no Terras de Montanha, para celebrar a nossa entrada no Nordeste!
O CPI
O Caminho Português do Interior é um dos trajectos utilizados pelos peregrinos Portugueses para chegar a Santiago de Compostela. Por ele seguiam os que partiam da zona Centro, em redor de Viseu, e, claro, todos aqueles que viviam no eixo Viseu > Chaves. Também de Coimbra alguns seguiam por esta via, quando queriam evitar o Caminho Central que seguia via Porto > Valença, ou pretendiam juntar-se a outros grupos que partiam do interior.
Os peregrinos da Via da Prata, que segue de Sevilha até Astorga, onde se junta ao grande Caminho Francês, na maior parte das vezes deixavam a via da Prata em Granja de Moreruela onde tomavam a Via Sanabresa; outros saiam antes, em Zamora, entravam em Portugal por Quintanilha e saiam por Vinhais, atingindo depois Verin. Em qualquer caso todos acabavam por se juntar e nomeadamente a partir de Ourense todos seguem o mesmo trajecto até ao Campo de Estrelas - os do Caminho Interior Português e os da Via da Prata.
Foi um dos mais bonitos dos muitos caminhos que já fiz até Santiago, sobretudo na metade portuguesa do percurso. O Outono é mesmo a altura ideal para o fazer, com os dias mais curtos, as temperaturas amenas, os céus calmos. E a paisagem é espectacular, começando logo com os marmeleiros carregados, salpicando de amarelo toda a paisagem em torno de Viseu, o colorido feérico das vinhas que nos acompanha desde Reconcos, próximo de Lamego, até Vila Real, ou a beleza dos castanheiros e carvalhos vestindo-se de tons outonais até Chaves. E a abundância não tem limites: comemos toneladas de marmelos, maçãs, nozes (muitas nozes!), castanhas, amoras (serôdias!), pêras, uvas, medronhos...
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Aqui ficam os links para os registos de cada uma das etapas:
Track Integral 457 km agregador das 21 etapas
Etapa 01 15.82 km Farminhão - Fontelo
Etapa 02 17.79 Km Fontelo - Almargem
Etapa 03 24.56 Km Almargem - Ribolhos
Etapa 04 23.90 Km Ribolhos - Aldeia do Codeçal
Etapa 05 21.02 Km Aldeia do Codeçal - Lamego
Etapa 06 21.06 Km Lamego - Santa Marta de Penaguião
Etapa 07 19.68 Km Santa Marta de Penaguião - Vila Real
Etapa 08 27.50 Km Vila Real - Parada de Aguiar
Etapa 09 23.76 Km Parada de Aguiar - Vidago
Etapa 10 18.99 Km Vidago - Chaves
Etapa 11 29.93 Km Chaves - Verín
Etapa 12 21.39 Km Verín - Viladerrei
Etapa 13 24.48 Km Viladerrei - Sandiás
Etapa 14 14.01 Km Sandiás - Allariz
Etapa 15 24.05 Km Allariz - Ourense
Etapa 16 23.98 Km Ourense - Cea
Etapa 17 21.40 Km Cea - Castro Dozón por Oseira
Etapa 18 25.38 Km Castro Dozón - Lalín - A Laxe
Etapa 19 18.04 Km A Laxe - Bandeira
Etapa 20 25.19 Km Bandeira - Pico Sacro - Lestedo
Etapa 21 14.21 Km Lestedo - Santiago de Compostela
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Mapa geral da Peregrinação:
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Acordados por um bom café, partimos para um dia de carrossel. O sobe e desce é constante, mas a paisagem é uma delícia, as vinhas, as pequenas aldeias encavalitadas nas colinas de vertentes talhadas em socalcos, por todo o lado começando a surgir as cores de fogo da videira outonal. Subimos até Santa Comba e pouco depois estávamos a serpentear por entre as vinhas. Um bonito caminho, temperatura amena, e a luz suave da manhã deste final de Setembro.
Pouco depois, num ângulo brusco para trás, deixamos o caminho e entramos num trilho, o Caminho dos Torneiros, uma beleza fresca e arborizada empoleirada ao longo de uma vertente sempre com vista para as vinhas à nossa esquerda. lá em baixo, depois de atravessar o rio Aguilhão junto da ETAR de Sever-Fontes, entramos no asfalto, que nos leva de volta à EN. 2.
Fazemos uma ou duas centenas de metros e logo depois da ponte construída sobre um belo arco de pedra que transpõe o rio em outro dos seus meandros, junto à arruinada Casa de Cantoneiros, paramos para comer umas nozes recolectadas e rebuçados da Régua.
Nada tardou a que estivésssemos de novo a percorrer caminhos agrícolas, por entre vinhas verdes e douradas. Pouco depois o trilho desce e entra numa zona verdejante, fresca, luxuriante. Um local paradisíaco, onde acabamos por atravessar novamente o Aguilhão, virando então quase 180 graus à esquerda para caminhar sobre uma velha levada coberta, que nos transporta ao longo de um muro, a percorrer com o devido cuidado, até entrar em nova e empinada subida. Vamos acabar numa estrada rural que segue à esquerda, em direcção ao Albergue de Bertelo que já conhecíamos de outras andanças.
Mais uma vez a carrinha da mercearia apareceu no nosso caminho... compramos dois pães, e avançamos até ao sossego da capelinha de N. Sra. do Carmo em Bertelo onde à boa maneira peregrina, o pão e o que sobrou das feveras do jantar nos aconchegaram os estômagos.
Retomamos então as subidas e descidas já sob sol inclemente, até chegarmos lá acima, à Cumieira. Pelo caminho fomos observando a transição que se observa à nossa esquerda: os pinheiros progressivamente substituem a vinha na paisagem, à medida que a vista se alarga até à formidável parede natural do Marão. Chegados à Cumieira, deixamos o Caminho de Santiago para ir visitar a igreja, ali a 100 metros, e depois seguimos ainda fora do caminho até à EN2 onde no café Cruzeiro (desvio registado no track) uma bebida fresca e um expresso nos habiliataram a novos desafios.
Descemos pelo Caminho da Vargela, atulhado de lixo e vegetação bravia, e subimos os vinhedos em frente, até atingir o Povo de Cima, por trilhos indefenidos, as estreitas veredas muito derruídas, sinalização idem...
Depois voltamos a descer do outro lado, desta vez sobre muita poeira e sob um sol impiedoso e uns 29 graus de temperatura... trajecto bom para o pino do Verão! Atravessamos a ponte do Rio Sordo e subimos a Relvas, onde no pequeno café Austrália uns gelados e água das pedras frescas nos arrefeceram os motores. Mais uma interessante estória recolhida junto do senhor de idade que nesse dia estava a tomar conta do café, e subimos, atingindo a estrada de asflato que haveríamos de pisar durante 4,3km até Vila Real.
Pouco despois de passar sob o esbelto viaduto da A4, ao cimo da lomba, acontece de novo o espanto: tal como na transição do Montemuro para o Douro, este pequeno país oferece-nos outra surpesa imprevista: repentinamente, perante o nosso olhar e até ao horizonte longinquo, a paisagem espraia-se num lento vale, delimitado lá ao fundo por uma linha de relevo. Em meia dúzia de passos deixamos de ver as vinhas, o relevo contorcido, montes bordados a socalcos por todo o lado. Espera-nos agora uma terra mais seca, mais rude e menos declivosa.
Entramos em Vila Real pelo velho recanto da ponte da Almodena, que ali vence o rio Cabril, e seguimos pela Rua das Botelhas, zona em tempos cheia de movimento, era onde a EN.2 verdadeiramente entrava na cidade. O café Fraga foi o local escolhido para uns finos e tostas mistas, que o dia tinha sido duro! E uns passos depois estávamos na Residencial Encontro (reservas via booking ou 259322532), onde por menos de 40 euros (casal) dormimos e tomamos pequeno almoço. Uma casa antiga, mesmo na avenida central da cidade, a Carvalho Araújo. Não se podia ficar mais bem situado. E o descanso foi perfeito, depois de uma Posta à Mirandesa no Terras de Montanha, para celebrar a nossa entrada no Nordeste!
O CPI
O Caminho Português do Interior é um dos trajectos utilizados pelos peregrinos Portugueses para chegar a Santiago de Compostela. Por ele seguiam os que partiam da zona Centro, em redor de Viseu, e, claro, todos aqueles que viviam no eixo Viseu > Chaves. Também de Coimbra alguns seguiam por esta via, quando queriam evitar o Caminho Central que seguia via Porto > Valença, ou pretendiam juntar-se a outros grupos que partiam do interior.
Os peregrinos da Via da Prata, que segue de Sevilha até Astorga, onde se junta ao grande Caminho Francês, na maior parte das vezes deixavam a via da Prata em Granja de Moreruela onde tomavam a Via Sanabresa; outros saiam antes, em Zamora, entravam em Portugal por Quintanilha e saiam por Vinhais, atingindo depois Verin. Em qualquer caso todos acabavam por se juntar e nomeadamente a partir de Ourense todos seguem o mesmo trajecto até ao Campo de Estrelas - os do Caminho Interior Português e os da Via da Prata.
Foi um dos mais bonitos dos muitos caminhos que já fiz até Santiago, sobretudo na metade portuguesa do percurso. O Outono é mesmo a altura ideal para o fazer, com os dias mais curtos, as temperaturas amenas, os céus calmos. E a paisagem é espectacular, começando logo com os marmeleiros carregados, salpicando de amarelo toda a paisagem em torno de Viseu, o colorido feérico das vinhas que nos acompanha desde Reconcos, próximo de Lamego, até Vila Real, ou a beleza dos castanheiros e carvalhos vestindo-se de tons outonais até Chaves. E a abundância não tem limites: comemos toneladas de marmelos, maçãs, nozes (muitas nozes!), castanhas, amoras (serôdias!), pêras, uvas, medronhos...
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Aqui ficam os links para os registos de cada uma das etapas:
Track Integral 457 km agregador das 21 etapas
Etapa 01 15.82 km Farminhão - Fontelo
Etapa 02 17.79 Km Fontelo - Almargem
Etapa 03 24.56 Km Almargem - Ribolhos
Etapa 04 23.90 Km Ribolhos - Aldeia do Codeçal
Etapa 05 21.02 Km Aldeia do Codeçal - Lamego
Etapa 06 21.06 Km Lamego - Santa Marta de Penaguião
Etapa 07 19.68 Km Santa Marta de Penaguião - Vila Real
Etapa 08 27.50 Km Vila Real - Parada de Aguiar
Etapa 09 23.76 Km Parada de Aguiar - Vidago
Etapa 10 18.99 Km Vidago - Chaves
Etapa 11 29.93 Km Chaves - Verín
Etapa 12 21.39 Km Verín - Viladerrei
Etapa 13 24.48 Km Viladerrei - Sandiás
Etapa 14 14.01 Km Sandiás - Allariz
Etapa 15 24.05 Km Allariz - Ourense
Etapa 16 23.98 Km Ourense - Cea
Etapa 17 21.40 Km Cea - Castro Dozón por Oseira
Etapa 18 25.38 Km Castro Dozón - Lalín - A Laxe
Etapa 19 18.04 Km A Laxe - Bandeira
Etapa 20 25.19 Km Bandeira - Pico Sacro - Lestedo
Etapa 21 14.21 Km Lestedo - Santiago de Compostela
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Mapa geral da Peregrinação:
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Waypoints
Provisioning
1,102 ft
Café Austrália
Provisioning
1,509 ft
Café Cruzeiro
Provisioning
1,375 ft
Café Residencial Restaurante O Montanhês
Provisioning
1,572 ft
Cervejaria Fraga
Waypoint
1,524 ft
Posto BP café e loja de conveniência
Mountain hut
0 ft
Residencial Encontro
Avenida Carvalho Araújo 72
Mountain hut
892 ft
Residencial Restaurante Café Oásis
Provisioning
896 ft
Supermercado Coviran
Comments (5)
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Information
Easy to follow
Scenery
Moderate
Alguns caminhos,com dificuldades de achar as setas!A aplicação,foi uma mais valia!👣➡️
É verdade, bujico, este era ( e eplos vistos ainda é) um dos troços com sinalização pouco clara.
Bom Caminho!
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Information
Easy to follow
Scenery
Difficult
Fiz este caminho hoje desde a Régua até Vila Real. Foi difícil sobretudo na zona da Cumeeira. Falta sinalização. Alguns dos troços são perigosos sobretudo junto à ponte do rio Aguilhão, outras partes do caminho completamente dominadas por vegetação e silvas, fora o calor nesta altura do ano e os desníveis. De qualquer das formas se não fosse o track tenho a impressão que ficaria lá numa vinha às voltas.
Conheço essa vinha... Também eu sobrevivi graças ao track que levava. Mas este é assim mesmo: um Caminho a Santiago exigente e que apela à nossa resistência e atenção. A boa notícia é a de que, se bem me lembro, de V Real em diante já há menos "aventura".
Continuação de Bom Caminho!!
Muito obrigado. Fiquei vosso fã! Um abraço!