Cabril - Poço da Dola - Pico da Nevosa - Carris - Lamalonga - Cabril
near Sela, Vila Real (Portugal)
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Trail photos
Itinerary description
Este é uma jornada longa pelo Gerês profundo, natural, selvagem, impiedoso e belo. De uma beleza que enleva e nos coloca a alma o mais próximo do Criador.
O efeito desta jornada supera o de qualquer terapia oriental, mas o "paciente" tem que estar preparado... ou socumbe.
O trilho começa a cerca de 30 km depois da aldeia de Cabril, tomando como referência a EM 308 e chegando a Cabril vindo de Ruivães. Depois do pequenino cemitério da Lapinha, são apenas uns minutos. Antes de chegar ao local, passa-se pela placa que indica a famosa cascata Cela Cavalos. Mas essa fica para outro dia.
O ponto de pardida é desértico (não há habitações próximo), dispondo de um pequeno largo para estacionar, mesmo junto à estrada.
Logo no início, passa-se por debaixo de um ribeiro (não me enganei!) que corre numa ponte de betão. A primeira hora (aproximadamente 3,5 km) é feita com o coração na boca, sempre a subir, até à "encruzilhada dos quatro caminhos" (Portela de Entre Caminhos). À frente, o precipício e em baixo, o Poço da Dola.
Trata-se do primeiro grande ponto de interesse do percurso e merece uma paragem para apreciar. Águas verdes cristalinas, frias, como o são as águas de todas as ribeiras do Gerês, mas permitem uns bons mergulhos.
Neste ponto, a ribeira de Biduiças é pródiga em oferecer beleza e encanto a quem passa, ainda que por ali poucos se aventurem (esperemos que ninguém se lembre de construir um passadiço!). São várias as cascatas e poças (ou piocas) que ali se formam, todas com a sua espetacularidade. A lagoa nais funda é o Poço da Dola, com um bom par de metros. No cimo, o miradouro permite apreciá-lo em todo o seu esplendor.
Seguindo, há que subir um pouco, até ao curral verdejante de Biduiças, com a sua cabana ou refúgio, a 997 metros de altitude. Olha-se ao redor e sente-se a "brutalidade" da montanha! À frente, para poente, o paredão da represa da aldeia fantasma de Carris (Minas dos Carris), lá bem no cimo. A norte, o enorme bloco granítico que constitui o segundo ponto mais alto de Portugal continental - o Pico da Nevosa, com 1548 metros de altitude. É para lá que vamos e muito há para subir!
Subir ao Pico da Nevosa não deve ser uma decisão apaixonada, um impulso. Pondere-se o risco racionalmente. A derradeira parte do bloco granítico é perigosa, principalmente na descida. Lá no topo, os ventos são fortes, com rajadas inesperadas, que facilmente criam o desequilíbrio. Uns metros abaixo, a plataforma é ampla e permite igualmente a mesma vista, com muito menos exposição ao risco.
Almoçamos em Espanha, com as mochilas pousadas em solo português. Ali é uma zona de fronteira, não apenas entre Portugal e Espanha, mas também entre os distritos de Braga. Vila Real e Viana do Castelo.
Entre o Pico da Nevosa e a aldeia abandonada de Minas dos Carris é um saltinho, mas conte-se com a descida difícil desde o pico e com uma subida da encosta em frente, onde a vegetação dificulta o ritmo.
Vale a pena apreciar e imaginar a aldeia. Outrora viveram ali homens e mulheres "duros", num dos locais mais inóspitos do país.
A aldeia estava agora "habitada". Uma bela manada de vacas nutridas fez-nos as honras, ainda que o seu olhar demonstrasse alguma inquietação. "Deixem-se estar! Só queremos registar o momento em fotografia".
Descemos em direção ao impressionante vale de Lamalonga, passando por Salto do Lobo. Esta descida tem os seus pontos difíceis e até perigosos. Termina, inclusive, numa escadaria para... o abismo!
Em baixo, no curral, o refúgio de Lamalonga, a 1223 metros de cota (quando se diz "em baixo", usa-se aqui uma força de expressão).
Dali sobe-se, à esquerda, em direção ao miradouro da Abelheira, observam-se as aldeias de Parada e Outeiro e a albufeira de Paradela, para depois descer à Portela de Entre Caminhos, onde se retoma o percurso de início, à direita.
Embora o relato vá longo, uma nota de relevo e um "bem-haja" enorme a quem sinalizou o percurso com mariolas. Apesar de não ser um trilho "oficial", esta vasta extensão de montanha selvagem encontra-se perfeitamente mariolada. Os trilhos são, por vezes, difíceis de reconhecer e o recurso às mariolas é de enorme ajuda. Muito obrigado!
*****
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Podes também “aplaudir” e “seguir” o “Mochila e uma Cabana”. Isso faz com que possamos também apreciar os trilhos por onde tens andado.
Saudações!
O efeito desta jornada supera o de qualquer terapia oriental, mas o "paciente" tem que estar preparado... ou socumbe.
O trilho começa a cerca de 30 km depois da aldeia de Cabril, tomando como referência a EM 308 e chegando a Cabril vindo de Ruivães. Depois do pequenino cemitério da Lapinha, são apenas uns minutos. Antes de chegar ao local, passa-se pela placa que indica a famosa cascata Cela Cavalos. Mas essa fica para outro dia.
O ponto de pardida é desértico (não há habitações próximo), dispondo de um pequeno largo para estacionar, mesmo junto à estrada.
Logo no início, passa-se por debaixo de um ribeiro (não me enganei!) que corre numa ponte de betão. A primeira hora (aproximadamente 3,5 km) é feita com o coração na boca, sempre a subir, até à "encruzilhada dos quatro caminhos" (Portela de Entre Caminhos). À frente, o precipício e em baixo, o Poço da Dola.
Trata-se do primeiro grande ponto de interesse do percurso e merece uma paragem para apreciar. Águas verdes cristalinas, frias, como o são as águas de todas as ribeiras do Gerês, mas permitem uns bons mergulhos.
Neste ponto, a ribeira de Biduiças é pródiga em oferecer beleza e encanto a quem passa, ainda que por ali poucos se aventurem (esperemos que ninguém se lembre de construir um passadiço!). São várias as cascatas e poças (ou piocas) que ali se formam, todas com a sua espetacularidade. A lagoa nais funda é o Poço da Dola, com um bom par de metros. No cimo, o miradouro permite apreciá-lo em todo o seu esplendor.
Seguindo, há que subir um pouco, até ao curral verdejante de Biduiças, com a sua cabana ou refúgio, a 997 metros de altitude. Olha-se ao redor e sente-se a "brutalidade" da montanha! À frente, para poente, o paredão da represa da aldeia fantasma de Carris (Minas dos Carris), lá bem no cimo. A norte, o enorme bloco granítico que constitui o segundo ponto mais alto de Portugal continental - o Pico da Nevosa, com 1548 metros de altitude. É para lá que vamos e muito há para subir!
Subir ao Pico da Nevosa não deve ser uma decisão apaixonada, um impulso. Pondere-se o risco racionalmente. A derradeira parte do bloco granítico é perigosa, principalmente na descida. Lá no topo, os ventos são fortes, com rajadas inesperadas, que facilmente criam o desequilíbrio. Uns metros abaixo, a plataforma é ampla e permite igualmente a mesma vista, com muito menos exposição ao risco.
Almoçamos em Espanha, com as mochilas pousadas em solo português. Ali é uma zona de fronteira, não apenas entre Portugal e Espanha, mas também entre os distritos de Braga. Vila Real e Viana do Castelo.
Entre o Pico da Nevosa e a aldeia abandonada de Minas dos Carris é um saltinho, mas conte-se com a descida difícil desde o pico e com uma subida da encosta em frente, onde a vegetação dificulta o ritmo.
Vale a pena apreciar e imaginar a aldeia. Outrora viveram ali homens e mulheres "duros", num dos locais mais inóspitos do país.
A aldeia estava agora "habitada". Uma bela manada de vacas nutridas fez-nos as honras, ainda que o seu olhar demonstrasse alguma inquietação. "Deixem-se estar! Só queremos registar o momento em fotografia".
Descemos em direção ao impressionante vale de Lamalonga, passando por Salto do Lobo. Esta descida tem os seus pontos difíceis e até perigosos. Termina, inclusive, numa escadaria para... o abismo!
Em baixo, no curral, o refúgio de Lamalonga, a 1223 metros de cota (quando se diz "em baixo", usa-se aqui uma força de expressão).
Dali sobe-se, à esquerda, em direção ao miradouro da Abelheira, observam-se as aldeias de Parada e Outeiro e a albufeira de Paradela, para depois descer à Portela de Entre Caminhos, onde se retoma o percurso de início, à direita.
Embora o relato vá longo, uma nota de relevo e um "bem-haja" enorme a quem sinalizou o percurso com mariolas. Apesar de não ser um trilho "oficial", esta vasta extensão de montanha selvagem encontra-se perfeitamente mariolada. Os trilhos são, por vezes, difíceis de reconhecer e o recurso às mariolas é de enorme ajuda. Muito obrigado!
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Saudações!
Waypoints
Lake
3,029 ft
Poço da Dola
Um conjunto espetacular de cascatas e poças, que culmina no Poço da Dola.
Panorama
3,181 ft
Bolas de granito
A história geológica desta montanha teve episódios de muita violência.
Summit
5,065 ft
Pico
Pico da Nevosa, o segundo mais alto de Portugal continental. A vista em redor é deveras magnífica.
Panorama
4,763 ft
Panorama
Vista do vale, com o curral de Biduiças ao fundo. Aspetos da lagoa, em Minas dos Carris.
Ruins
4,540 ft
Ruínas
Infraestruturas afetas à exploração do volfrâmio. Escadaria para o precipício, com Lamalonga ao fundo.
Comments (10)
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Information
Easy to follow
Scenery
Difficult
Excelente trilha, paisagens deslumbrantes marcado com muitas mariolas, mas sendo necessário o apoio de GPS. Classifiquei a trilha como difícil pois requer alguma condição física devido a existir muita pedra solta e descidas íngremes (Minas dos carris) .
Ora muito bem, aí está um belo trilho!! E que tal torna-lo mais "circular" e começar no cruzamento de Sirvozelo,ir pela margem até á Portela de entre-caminhos,depois seguia o seu trilho normal até chegar ao seu local de partida. Aí descer a Cela Cavalos,passar na Capela sta Luzia em direção a Sirvozelo de novo.. Vai acrescentar uns 5-6 kms mas tornaria ainda mais mágico. Pena os dias só terem 24h ☺️.. parabéns pela trilha!! Abraço e boas caminhadas
Obrigado, Bruno, pela sugestão.
Uma interessante alternativa. Boas caminhadas!
Excelente descrição do trilho. Já andei pela Biduiça.
Fico com vontade de efetuar o trilho.
Obrigado pela partilha
Obrigado, STrilhos. Não ficará desiludido! Bons trilhos!
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Information
Easy to follow
Scenery
Difficult
Obrigado pela partilha deste trilho. Fizemos uma grande parte deste percurso no sábado, 22 de julho de 2023, em vez de descermos ao poço Dola, seguimos para o curral da Biduiça, de resto é muito semelhante. É um percurso duro mas muito bonito que nos permite contactar com o Gerês selvagem. Tem vários pontos de interesse, paisagísticos, humanos, vimos várias vezes as cabras...
A parte mais dura é a subida do curral das Negras até ao pico da Nevosa. Em algumas zonas o mato está alto mas permite a passagem.
Obrigado, Hélio. Fantástico!
Bons trilhos!
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Information
Easy to follow
Scenery
Very difficult
Fantástico, brutal! Este trilho é uma imersão na natureza, no "desconhecido", num mundo longe da civilização.
Deixamos o carro (já de si num local remoto), começamos a andar e sentimos que estamos cada vez mais longe de tudo.
O trilho tem paisagens brutais, subidas e descidas duras, é preciso coragem e resistência, e tem uma cascata muito bonita. Mas para mim tem 2 ex-libris, a subida à Nevosa, o 2º ponto mais alto de Portugal continental, que é muito diferente do mais alto, dado que aqui não chegam carros, sendo um local muito remoto. O segundo ex-libris são as minas, que têm um ar místico, porventura algo assustador, como se estivéssemos num filme zombie. A não perder!
Se tens pernas para este desafio, pega na mochila e nuns amigos e parte!
Obrigado, João. A sua descrição é perfeita! Encerra o que se vê e o que se sente ao percorrer estas paisagens. A observação sobre a diferença entre o pico da Nevosa e o tal "mais alto" é a mais pura das verdades! A Nevosa não é para qyem tem carro; é para quem tem pernas e coragem!
Um abraço.
Também agradeço, porque se não fosse a sua partilha não teria conhecido esta zona fantástica e algo desconhecida do Gerês!
A descrição que faz do percurso é muito boa também, dando nome aos locais, o que é bom para aprendermos onde andamos.
A Nevosa poucos conhecem, mas quem conhece nunca mais esquece ;)
Um abraço!