Barragem do Rio da Mula, Peninha, Capuchos e trilho das pontes
near Penha Longa, Lisboa (Portugal)
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Trail photos
Itinerary description
A solo, comecei na Barragem do Rio da Mula. A ideia era subir ao Santuário de Nossa Senhora da Peninha, passar pelo Convento dos Capuchos e regressar ao ponto de origem por outro ícone dos percursos da Serra de Sintra: o Trilho das Pontes.
Tendo apenas uma ideia da localização geográfica de cada um dos alvos (estes não são os meus domínios) "dei corda" ao GPS e toca a andar serra acima. Iniciei pelo estradão à esquerda da barragem mas depressa encontrei um trilho na encosta e nem hesitei: upa, trilho acima. Depressa cheguei à conclusão que este era mais trilhado por rodas que por pés. Dado o acentuado desnível, a irregularidade do terreno e a velocidade a que descem aqueles frequentadores, o sítio torna-se demasiado perigoso mas, com muita atenção, continuemos. Aqui o coração acelera, para uns devido à adrenalina, para outros devido ao esforço que a subida exige. Devagar, Joaquim! Diz-me o meu. Sorte!... comecei antes dos "tolos" que descem estes carreiros (se é que assim se podem designar estes trilhos) a alta velocidade, saltando a cada desnível, rocha ou, quando nenhum destes há, ressaltos criados com degraus de madeira. Imaginando a cada obstáculo o shot que provoca, lá fui admirando a paisagem que os outros nem hipótese têm de vislumbrar.
Floresta densa. Poucos pinheiros, poucos eucaliptos, alguns cedros e muitas muitas acácias dealbatas. Esta praga, que os fogos florestais potenciou, invade as zonas florestais do país e são raras as regiões que não estejam infestadas.
Mas continuemos serra acima. O primeiro ponto de que ouvira falar e agora encontrei foi o "Monge" a acreditar na placa pregada numa árvore à minha frente. Não sei se a placa mente ou não, sei só que não vi em lado algum o geodésico de 1ª categoria que, a 491m de altitude (3º ponto mais elevado da Serra de Sintra) permitia a triangulação necessária à cartografia nacional. Tão pouco encontrei sinais do monumento fúnebre que esperava visitar. Devo ter estado tão perto!... Vicissitudes de quem não conhece o terreno e caminha sem guia. Hei de voltar mas mais bem documentado. Sigamos... a bússola cá dentro diz-me que a direção não é esta, apanhemos então o primeiro caminho que vire à esquerda. Um portão da Quinta da Urquinha barra-me o caminho na direção que quero seguir mas noto que alguém (muitos alguéns) já teve a ousadia de passar ao lado do portão e o caminho assim aberto permite-me a ousadia também. Então ousemos!... o caminho é agradável e bem trilhado, por isso nem me sinto invasor. Saio da quinta, atravesso a estrada e continuo pela floresta por um caminho bem trilhado. No estradão a seguir, corto à direita. O GPS diz-me que vou na boa direção mas a minha alergia a estradões leva-me a optar por um novo carreiro à direita e cá vou eu por mais uma "pista de BTT" enfrentando os perigos inerentes. Vamos lá com cuidado redobrado. Há algum tempo que venho notando uma coisa: à exceção de algumas borboletas, abelhas e zangãos não vejo nem ouço outra fauna por aqui. Nem o cantar de um rouxinol nem o de um melro. Não há pássaros por aqui?...
O trilho que sigo dá uma volta e quase regresso ao ponto em que o tomei. Solução: estradão abaixo estradão acima. A floresta cerrada desapareceu e, no entroncamento sigo em frente por um carreiro pedregoso, entre mato baixo, que me leva à Fonte dos Romeiros. Uma aberta no nevoeiro permite-me ver a paisagem da costa mas durou pouco e o nevoeiro cerrou de novo, de tal modo que nunca consegui ver bem a paisagem sobre o cabo da Roca tão pouco o Santuário e o Palácio da Peninha. O primeiro monumento que encontro é a Ermida de S. Saturnino. Não vou abordar a história deste e outros templos que constituem este belo mas desprezado conjunto arquitetónico da Serra de Sintra porque o que sei não vai além do que encontrei na pesquisa prévia que fiz no Google. No entanto muita gente não conhece, mesmo quando visita. Foi o caso de duas jovens que aqui encontrei fotografando o monumento que, quando questionadas sobre o que era, me disseram que era a Igreja de Nossa Senhora da Peninha. Não consegui entrar no Santuário porque estava vedado o acesso. Mais uma que fica prá próxima se não tiver azar, claro.
Subi lá acima, no meio do nevoeiro e da paisagem apenas fiquei imaginando a sua beleza. Talvez da próxima tenha mais sorte.
Desci de novo à Ermida de S. Saturnino para tomar o trilho marcado em frente à porta principal. A descida por este trilho é maravilhosa. A humidade do local fica patente na quantidade de musgo que envolve as pedras e os troncos das árvores. Passam dois traillers a correr trilho abaixo: «vamos lá!» - corridas não são já para a minha idade. Cuidado que o piso escorrega - catrapuz!... «não foi nada.». Continuemos.
Olho para a imagem no GPS e vejo aquilo que me parece uma lagoa. Vamos lá. Decido. Bem, não passa de uma represa reservatório para providenciar água para eventuais fogos. Já não volto atrás. Dou uma volta que me leva à estrada alcatroada. Para quem não gosta de asfalto foi a maior chatice desta caminhada. Serra acima pelo asfalto mais de 2Kms (não sei se tanto mas pareceu-me). Finalmente lá encontrei um caminho à esquerda. Meti por ali e passado um pouco estava, por acaso, em mais um ponto de interesse: "Adre Nunes 250m" dizia a placa. A Anta ou Dólmen de Adrenunes, boa!... percorri os tais 250m por um trilho bem agradável e subi até lá. Este monumento Megalítico merece que pesquise algo sobre ele no regresso, decido. Ilustrei o waypoint e subi à volta. Era hora de comer qualquer coisa. Foi o que fiz ali senado ao abrigo das rochas e mirando a paisagem na medida que me possibilitava o nevoeiro. Passado o tempo suficiente desci e regressei ao trilho que ali me levara. Mas... mas... este senhor não gosta muito de fazer o mesmo caminho duas vezes e, por isso, quando viu um carreiro à esquerda meio escondido e que tinha expressão na imagem do GPS, seguiu por ele. Asneira!... valeu o cajado que durante meia hora foi arredando as silvas de um carreiro que já não é trilhado há anos e que a natureza decidiu ocupar com muitas coisas que picam. Escusado será dizer que fiquei com as marcas nos braços e pernas desta aventura.
Bem mais confortável no recentemente aberto estradão que desce em direção ao "Caminho dos Moínhos, e passei mas uma vez em frente a um portão da omnipresente Quinta da Urquinha (e não será a última vez). Contorno, desço mais um pouco e começo a subir para o Convento dos Capuchos. Na entrada pergunto ao funcionário quanto tempo demora a visita «Uma hora, pelo menos». Está bem fica para melhor oportunidade. Hei de lá voltar porque não conheço e deve merecer bem a visita. Atravesso a estrada e sigo por um caminho que me conduz à N247-3. Tenho a tentação de seguir por ela mas felizmente voltei atrás. Um antigo aqueduto chamou-me a atenção e segui por ele acima. Encontro um trilho que parece ter a direção que pretendo ainda que não seja visível na imagem satélite do GPS. Sigo pelo trilho que me agrada muito ainda que recente e, imagine-se, feito para os BTTs ou, pelo menos, por eles já bem rodado.
Chego a uma encruzilhada de caminhos e estradas e encontro o meu derradeiro "target": o Trilho das Pontes. Esqueci as acácias e apreciei este belo trilho em toda a sua beleza.
Valeu bem a pena. Cheguei à barragem do Rio da Mula algo cansado mas muito satisfeito.
Tendo apenas uma ideia da localização geográfica de cada um dos alvos (estes não são os meus domínios) "dei corda" ao GPS e toca a andar serra acima. Iniciei pelo estradão à esquerda da barragem mas depressa encontrei um trilho na encosta e nem hesitei: upa, trilho acima. Depressa cheguei à conclusão que este era mais trilhado por rodas que por pés. Dado o acentuado desnível, a irregularidade do terreno e a velocidade a que descem aqueles frequentadores, o sítio torna-se demasiado perigoso mas, com muita atenção, continuemos. Aqui o coração acelera, para uns devido à adrenalina, para outros devido ao esforço que a subida exige. Devagar, Joaquim! Diz-me o meu. Sorte!... comecei antes dos "tolos" que descem estes carreiros (se é que assim se podem designar estes trilhos) a alta velocidade, saltando a cada desnível, rocha ou, quando nenhum destes há, ressaltos criados com degraus de madeira. Imaginando a cada obstáculo o shot que provoca, lá fui admirando a paisagem que os outros nem hipótese têm de vislumbrar.
Floresta densa. Poucos pinheiros, poucos eucaliptos, alguns cedros e muitas muitas acácias dealbatas. Esta praga, que os fogos florestais potenciou, invade as zonas florestais do país e são raras as regiões que não estejam infestadas.
Mas continuemos serra acima. O primeiro ponto de que ouvira falar e agora encontrei foi o "Monge" a acreditar na placa pregada numa árvore à minha frente. Não sei se a placa mente ou não, sei só que não vi em lado algum o geodésico de 1ª categoria que, a 491m de altitude (3º ponto mais elevado da Serra de Sintra) permitia a triangulação necessária à cartografia nacional. Tão pouco encontrei sinais do monumento fúnebre que esperava visitar. Devo ter estado tão perto!... Vicissitudes de quem não conhece o terreno e caminha sem guia. Hei de voltar mas mais bem documentado. Sigamos... a bússola cá dentro diz-me que a direção não é esta, apanhemos então o primeiro caminho que vire à esquerda. Um portão da Quinta da Urquinha barra-me o caminho na direção que quero seguir mas noto que alguém (muitos alguéns) já teve a ousadia de passar ao lado do portão e o caminho assim aberto permite-me a ousadia também. Então ousemos!... o caminho é agradável e bem trilhado, por isso nem me sinto invasor. Saio da quinta, atravesso a estrada e continuo pela floresta por um caminho bem trilhado. No estradão a seguir, corto à direita. O GPS diz-me que vou na boa direção mas a minha alergia a estradões leva-me a optar por um novo carreiro à direita e cá vou eu por mais uma "pista de BTT" enfrentando os perigos inerentes. Vamos lá com cuidado redobrado. Há algum tempo que venho notando uma coisa: à exceção de algumas borboletas, abelhas e zangãos não vejo nem ouço outra fauna por aqui. Nem o cantar de um rouxinol nem o de um melro. Não há pássaros por aqui?...
O trilho que sigo dá uma volta e quase regresso ao ponto em que o tomei. Solução: estradão abaixo estradão acima. A floresta cerrada desapareceu e, no entroncamento sigo em frente por um carreiro pedregoso, entre mato baixo, que me leva à Fonte dos Romeiros. Uma aberta no nevoeiro permite-me ver a paisagem da costa mas durou pouco e o nevoeiro cerrou de novo, de tal modo que nunca consegui ver bem a paisagem sobre o cabo da Roca tão pouco o Santuário e o Palácio da Peninha. O primeiro monumento que encontro é a Ermida de S. Saturnino. Não vou abordar a história deste e outros templos que constituem este belo mas desprezado conjunto arquitetónico da Serra de Sintra porque o que sei não vai além do que encontrei na pesquisa prévia que fiz no Google. No entanto muita gente não conhece, mesmo quando visita. Foi o caso de duas jovens que aqui encontrei fotografando o monumento que, quando questionadas sobre o que era, me disseram que era a Igreja de Nossa Senhora da Peninha. Não consegui entrar no Santuário porque estava vedado o acesso. Mais uma que fica prá próxima se não tiver azar, claro.
Subi lá acima, no meio do nevoeiro e da paisagem apenas fiquei imaginando a sua beleza. Talvez da próxima tenha mais sorte.
Desci de novo à Ermida de S. Saturnino para tomar o trilho marcado em frente à porta principal. A descida por este trilho é maravilhosa. A humidade do local fica patente na quantidade de musgo que envolve as pedras e os troncos das árvores. Passam dois traillers a correr trilho abaixo: «vamos lá!» - corridas não são já para a minha idade. Cuidado que o piso escorrega - catrapuz!... «não foi nada.». Continuemos.
Olho para a imagem no GPS e vejo aquilo que me parece uma lagoa. Vamos lá. Decido. Bem, não passa de uma represa reservatório para providenciar água para eventuais fogos. Já não volto atrás. Dou uma volta que me leva à estrada alcatroada. Para quem não gosta de asfalto foi a maior chatice desta caminhada. Serra acima pelo asfalto mais de 2Kms (não sei se tanto mas pareceu-me). Finalmente lá encontrei um caminho à esquerda. Meti por ali e passado um pouco estava, por acaso, em mais um ponto de interesse: "Adre Nunes 250m" dizia a placa. A Anta ou Dólmen de Adrenunes, boa!... percorri os tais 250m por um trilho bem agradável e subi até lá. Este monumento Megalítico merece que pesquise algo sobre ele no regresso, decido. Ilustrei o waypoint e subi à volta. Era hora de comer qualquer coisa. Foi o que fiz ali senado ao abrigo das rochas e mirando a paisagem na medida que me possibilitava o nevoeiro. Passado o tempo suficiente desci e regressei ao trilho que ali me levara. Mas... mas... este senhor não gosta muito de fazer o mesmo caminho duas vezes e, por isso, quando viu um carreiro à esquerda meio escondido e que tinha expressão na imagem do GPS, seguiu por ele. Asneira!... valeu o cajado que durante meia hora foi arredando as silvas de um carreiro que já não é trilhado há anos e que a natureza decidiu ocupar com muitas coisas que picam. Escusado será dizer que fiquei com as marcas nos braços e pernas desta aventura.
Bem mais confortável no recentemente aberto estradão que desce em direção ao "Caminho dos Moínhos, e passei mas uma vez em frente a um portão da omnipresente Quinta da Urquinha (e não será a última vez). Contorno, desço mais um pouco e começo a subir para o Convento dos Capuchos. Na entrada pergunto ao funcionário quanto tempo demora a visita «Uma hora, pelo menos». Está bem fica para melhor oportunidade. Hei de lá voltar porque não conheço e deve merecer bem a visita. Atravesso a estrada e sigo por um caminho que me conduz à N247-3. Tenho a tentação de seguir por ela mas felizmente voltei atrás. Um antigo aqueduto chamou-me a atenção e segui por ele acima. Encontro um trilho que parece ter a direção que pretendo ainda que não seja visível na imagem satélite do GPS. Sigo pelo trilho que me agrada muito ainda que recente e, imagine-se, feito para os BTTs ou, pelo menos, por eles já bem rodado.
Chego a uma encruzilhada de caminhos e estradas e encontro o meu derradeiro "target": o Trilho das Pontes. Esqueci as acácias e apreciei este belo trilho em toda a sua beleza.
Valeu bem a pena. Cheguei à barragem do Rio da Mula algo cansado mas muito satisfeito.
Waypoints
Comments (12)
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Um percurso pedestre muito interessante, completo, com uma excelente descrição e suporte fotográfico. Parabéns pelo trabalho e pela aventura
Grato pela apreciação, Fabrik.
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Information
Easy to follow
Scenery
Moderate
Gostei bastante e vou repetir com toda a certeza.
Bem haja, Maria José, pela apreciação. Eu também repetirei decerto.
Aconselho a fazer porque há muita coisa que já está diferente na natureza!
Muito agradecida pelo trilho adorei!
Boas caminhadas!
Bem haja, Denise. Já repeti e notei as diferenças.
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Information
Easy to follow
Scenery
Moderate
Excelente em todos os sentidos. Parabéns ao criador da trilha pela paciência e cuidado com o detalhe.
Chamada de atenção a todos os que fizerem o trilho: ao descerem do Adre Nunes voltem pelo trilho por onde viveram até ao trilho principal, se virarem a esquerda vão se deparar com o caminho completamente bloqueado por silvas.
Bem haja, pedrozero, pelo comentário e avaliação. Na descrição que fiz na altura chamava a atenção exatamente para o mesmo pormenor na descida de Adre Nunes. O trilho deixou de ser utilizado e a natureza encarregou-se de o "recuperar" para si.
Bom, fiz esta trilha ontem e digo que tem muitas partes lindas e vale muito a pena.
Salientar que a parte da descida de Adre Nunes está mesmo “tomada” pela natureza e precisa de um bom material se quiser passar por lá ou então fazer a volta
Passei pelas silvas com bastante espinhos, pretendo voltar la com um bom material para limpar para os próximos, pois aquela parte vale muito a pena ver
Atenção as bicicletas no começo pois elas vem a uma velocidade muito grande a descer
De resto muito bom
Lucasnolascorocha, fico feliz por não ser o único "louco" a entrar silvas dentro.
Vivesse eu por esses lados e far-te-ia companhia na limpeza do trilho. Bem hajas.
Olá, boa tarde, sabem dizer-me se a parte complicada do caminho já está arranjada? Tenho medo de me perder.
Sílvia se se refere a esta parte "das silvas" pode sempre descer pelo caminho por onde se sobe a Adre Nunes e, no estradão, cortar à esquerda.