:-: Alenquer PR9H - Rota das Cerejas
near Ribafria, Lisboa (Portugal)
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Trail photos
Itinerary description
Notas prévias:
1 - a sinalização está em alguns pontos pouco visível (há uma bifurcação em que falta de todo). Aconselho por isso a usar o track gps para seguir o percurso.
2 - fizemos alguns desvios exploratórios, por essa razão o tempo total do registo é muito superior ao necessário para completar esta rota. No entanto o track que aqui deixo está, claro, limpo.
3 - este e alguns outros percursos referenciados pela Câmara de Alenquer estão marcados no terreno, mas não dispõem de cartaz informativo nem estão numerados. Provisóriamente atribuí-lhe um número, seguido da minha inicial, e que será corrigido um dia que ele seja oficialmente baptizado.
O percurso
Este é um dos mais agradáveis passeios pelas terras verdes e onduladas da região Oeste. O trajecto segue pelas localidades de Ribafria, Palaios, Pereiro de Palhacana, Palhacana, Sobreiros, Mato e regressa a Ribafria, evoluindo por entre vales e outeiros, quase sempre acompanhado por extensos vinhedos.
Parqueamos o carro ali ao lado da Praça Dona Gertrudes Maria do Egypto, e fomos ver a Igreja de Nossa Senhora do Egipto, só por fora, que estava fechada e em tempos de pandemia não vamos andar à procura da chave. Mesmo ao lado, seguindo o trilho, encontramos uma fonte - pergunto-me se ali não brotaria água há muito tempo atrás, quando no local ainda só existia a ermida...
Logo de seguida deixamos Ribafria subindo um caminho que ascende por uma empinada encosta, ladeado por alguns sobreiros.
Depois de contemplar as fantásticas vistas lá em cima, descemos à direita por um carreiro entre campos de cultivo. O caminho leva-nos depois a Palaios e daí continuamos a descer para mais tarde inflectir a sul, seguindo entre vinhas e uma ribeira. Seguindo sempre a "Rua da Azenha", subimos então a Pereiro de Palhacana onde sentamos um bocado para um snack e contemplar a sua bela e invulgar igreja (a chave está numa casa em frente, mas pelas razões já invocadas não a fomos pedir).
Daí e sempre pelo meio dos vinhedos vamos tocar ao de leve em Palhacana, onde tomamos um troço comum a um Caminho de Fátima, sempre rodeados de vinhas, até entrar no asfalto de um caminho municipal e virar à esquerda logo de seguida, agora para entrar mesmo pelo meio de uma grande vinha (Quinta do Conde).
Lá em cima, na casa agrícola, paramos na soleira de uma porta, a sombra era convidativa para almoçar e preguiçar. Aguardamos um pouco e quando as núvens ocultaram parcialmente os raios inclementes do sol, arrancamos, seguimos pelo meio dos sobreiros até que mais adiante atravessamos a N9-3. Aí subimos até à igreja de S. Miguel, que fomos ver, embora estivesse fechada. No cemitério, ao lado, há torneiras com água.
Retomamos a N9-3 durante umas centenas de metros para depois sair à direita e seguir de novo pelo meio dos campos. Mais adiante, junto de uma quinta, e ainda antes de descer para a Quinta da Chocapalha, viramos à direita. Estamos agora na "Rua dos Romeiros", uma secção de sinalização muito confusa, pois que além de comum a um Caminho de Fátima, este troço é comum a um outro PR de Alenquer, a Rota dos Caminhos da Raínha. Acabamos por chegar a Sobreiros onde descemos logo à direita, despedindo-nos dos outros dois caminhos. Agora é só a nossa Rota das Cerejas que nos leva até ao ponto de partida, com passagem por Mato, onde atravessamos de novo a N9-3 e a ribeira que lhe corre paralela.
História, estórias e Monumentos (recolha de informação em diversas páginas web)
Ribafria
Parece que este poderá ser o lugar referido num documento de 1483 com o nome de Soriba Fria.
Contava 10 fogos em 1497; 25 em 1527; 50 em 1712, e ainda em 1758. Em 1911 reduzira ligeiramente, contando 45 fogos e 190 habitantes.
O monumento mais interessante é a igreja de Nossa Senhora do Egipto, na qual se destaca o portal manuelino.
A pia baptismal e uma escultura de São Brás, em pedra, serão provavelmente do séc. XVI, o altar-mor e algumas imagens que se guardam no templo são do séc. XVIII. O alpendre é mais recente.
As festas da padroeira realizam-se na primeira semana de Setembro.
Pereiro de Palhacana
A igreja da freguesia tem um interessante alpendre de colunas toscanas que corre paralelo ao corpo do edifício. Por aí se faz a única entrada para o templo. No interior há lambris de azulejos do século XVII do tipo tapete e enxaquetados azuis e brancos. Na sacristia há outros silhares com azulejos também do século XVII.
O arco do cruzeiro, de bom desenho, é de calcário da região e apresenta a particularidade de ter cortada a aresta frontal.
A imagem da padoeira é do século XVIII. Há ainda uma boa imagem de «S. Miguel Arcanjo», muito repintada, e outras imagens de interesse. A talha do altar é muito simples. As duas pias de água benta, em pedra calcária, talves da mesma época do arco do cruzeiro (séc. XVI) estão decoradas com motivos de sabor popular.
(Monumentos de Alenquer / blogspot)
Igreja de S. Miguel
Situada num lugar afastado das povoações esta velha Igreja esteve, até há cerca de trinta anos, no mais completo abandono.
Em 1758 o pároco fez dela a seguinte descrição: « Hé o Arcanjo Sam Miguel o seu Orago, hé de uma só nave a Igreja, a Capella mor, e dous altares collateraes, hum de N. Senhora e outro do Menino Deus» (Memórias Paroquiais)
Observei junto do cemitério uma espécie de cruzeiro incompleto, com um globo decorado com tíbias, que parece também obra dos séculos XVI ou XVII (?)
Mato
Aparece com este nome em 1497 (duas moradias) e 1527 (seis moradias). Em 1911 chegou a ter 40 habitações com 203 habitantes.
O que há de mais notável no Mato é o que resta do antigo Mosteiro de São Jerónimo do Mato, hoje transformado na Quinta do Mato, e que poderá ter estado na origem da aldeia.
Em 1400, o Mosteiro foi criado por bula de Bonifácio IX "Piis votis fidelium" de 1 de Abril, outorgada a pedido de D. João I e do presbítero Fernando Eanes. Foi edificado, provavelmente, a partir de um eremitério fundado por frei Vasco e Fernando Eanes, cerca de 1389, ou no lugar do Mato, doado por D. João I a frei Vasco e onde, anteriormente, não existia qualquer fundação.
Ter-se-ão sucedido duas ruínas até à reedificação, em 1500, por D. Manuel I, grande devoto desta Ordem e desta Casa, onde se terá recolhido muitas vezes. O Manuelino está presente no pórtico da igreja, numa janela, na porta principal do edifício e nos restos dispersos de outras peças.
As festas anuais, em honra de São Jerónimo, realizam-se no último fim de semana de Junho.
As cerejas
As cerejas são aqui cada vez mais uma tradição desaparecida, que apenas dão o nome à Rota.
José Manuel Rosa foi um dos últimos produtores de cereja em Alenquer, ao conservar o hectare de cerejeiras e ao vender a fruta no Mercado Abastecedor da Região de Lisboa.
"Como a cereja é tradicional na zona e embora já não haja quase nenhuma quis manter as árvores e até tenho vindo a recompor o pomar, plantando novas árvores para substituir as velhas", contava num artigo da Lusa de 2011.
Era então um dos produtores com maior área de produção ao comercializar por ano duas toneladas de cereja, muito acima do que se vendia 50 anos antes, quando o cantar ao desafio alegrava a longa jornada de trabalho das mulheres que dias a fio se dedicavam à colheita da fruta, que pintava de vermelho os campos verdejantes.
"Há 30 ou 40 anos, quem tinha vinha tinha cerejeiras no meio da vinha e vinham recolher ao fim do dia a cereja. As vindimas começaram a ser mecanizadas e os agricultores foram arrancando as cerejeiras", explicou ele nesse artigo.
No concelho de Alenquer, a cereja é típica de Pereiro de Palhacana e de Ribafria, freguesias que chegam a atingir temperaturas negativas de inverno que, tal como na Beira Interior e Trás-os-Montes, criam condições ideais de produção.
(artigo original: https://sicnoticias.pt/Lusa/2011-06-08-alenquer-comer-cerejas-da-arvore-uma-tradicao-centenaria-perto-do-fim-no-concelho-cvideo)
Para finalizar deixo este interessante texto (http://www.memoriamedia.net/bd_docs/Alenquer/apanha%20cereja.pdf)
A apanha da cereja […] Freiria era… era a zona que tínhamos mais cereja. Alenquer tem ali Palaios, que era a minha aldeia; carregava-se lá três camionetas! Três camionetas de cereja todos os dias, à noite. Iam lá à noite. O pessoal andava a trabalhar a apanhar cereja durante o dia. Preparava e depois havia aqueles senhores que tinham os carros que vinham fazer… que vinham fazer… que vinham fazer o transporte da cereja para Lisboa, para a Ribeira; era vendida em Lisboa.
E aquilo ali era uma zona de muita cereja. Até havia o ditado; havia aquele ditado antigo que… O melro estava em cima da cerejeira. Quando tinha o bico amarelo, a cerejeira estava a começar… a cereja estava a começar a amadurecer. E houve um… houve um tipo que foi atrás do melro:
- Ah, então a cereja está a amadurecer? Já me estás a roubar cereja?
E ele foi… foi até ao Tejo atrás do melro! O melro passou lá para o outro lado e depois ele dizia:
- Se cá voltares, eu limpo-te o sarampo!
Essa era os patrões que já eram costume todos os anos. Elas quase sempre trabalhavam para o mesmo patrão na cereja. E então o patrão ia ter com elas aí uns… uns tempos antes. Iam ter com elas com…
- Olha, este ano estou a contar contigo para lá para a cereja!
Ultimamente íamos buscar … íamos buscar o pessoal aos lugares. Íamos de manhã com o carro. Com o carro, íamos… íamos a… às aldeias onde tínhamos o pessoal e íamos buscar com o carro. E andávamos de pomar em pomar com elas.
Depois havia aquelas que eram mais habilidosas assim para… para encanastrar – chamava a gente, encanastrar, que era enfeitar os cabazes com uns… havia… chamava-se […]
– e havia aquelas que eram assim mais habilidosas, ficavam logo… ficavam logo a fazer… a fazer os cabazes na… na casa onde a gente, para onde a gente levava as cerejas. E o outro pessoal ia apanhar.
Depois, agora… A malta agora… Já estão a começar a pôr mais algumas, mas a mão-de-obra é muito cara. Eu ponho… A cereja não tem muita despesa nas outras coisas, mas… mas na mão-de-obra… a mão-de-obra é… é caríssima.
Links para os outros Percursos Pedestres de Alenquer:
Alenquer PR1 - 16.53 Km - Rota das Encostas da Serra
Alenquer PR2H - 22.61 Km - Carreiro da Senhora (alternativa viável)
Alenquer PR3H - 10.94 Km - Charneca de Ota
Alenquer PR4 - 14.19 km - Rota dos Moínhos
Alenquer PR5 - 12.43 Km - Rota de Santa Quitéria
Alenquer PR6 - 11.87 Km - Rota de Nossa Senhora da Encarnação
Alenquer PR7H - 9.57 Km - Campos do Pereiro
Alenquer PR8H - 16.46 Km - Rota dos Caminhos da Raínha
Alenquer PR9H - 13.54 Km - Rota das Cerejas
O site dos percursos pedestres de Alenquer:
--> Percursos Pedestres de Alenquer
1 - a sinalização está em alguns pontos pouco visível (há uma bifurcação em que falta de todo). Aconselho por isso a usar o track gps para seguir o percurso.
2 - fizemos alguns desvios exploratórios, por essa razão o tempo total do registo é muito superior ao necessário para completar esta rota. No entanto o track que aqui deixo está, claro, limpo.
3 - este e alguns outros percursos referenciados pela Câmara de Alenquer estão marcados no terreno, mas não dispõem de cartaz informativo nem estão numerados. Provisóriamente atribuí-lhe um número, seguido da minha inicial, e que será corrigido um dia que ele seja oficialmente baptizado.
O percurso
Este é um dos mais agradáveis passeios pelas terras verdes e onduladas da região Oeste. O trajecto segue pelas localidades de Ribafria, Palaios, Pereiro de Palhacana, Palhacana, Sobreiros, Mato e regressa a Ribafria, evoluindo por entre vales e outeiros, quase sempre acompanhado por extensos vinhedos.
Parqueamos o carro ali ao lado da Praça Dona Gertrudes Maria do Egypto, e fomos ver a Igreja de Nossa Senhora do Egipto, só por fora, que estava fechada e em tempos de pandemia não vamos andar à procura da chave. Mesmo ao lado, seguindo o trilho, encontramos uma fonte - pergunto-me se ali não brotaria água há muito tempo atrás, quando no local ainda só existia a ermida...
Logo de seguida deixamos Ribafria subindo um caminho que ascende por uma empinada encosta, ladeado por alguns sobreiros.
Depois de contemplar as fantásticas vistas lá em cima, descemos à direita por um carreiro entre campos de cultivo. O caminho leva-nos depois a Palaios e daí continuamos a descer para mais tarde inflectir a sul, seguindo entre vinhas e uma ribeira. Seguindo sempre a "Rua da Azenha", subimos então a Pereiro de Palhacana onde sentamos um bocado para um snack e contemplar a sua bela e invulgar igreja (a chave está numa casa em frente, mas pelas razões já invocadas não a fomos pedir).
Daí e sempre pelo meio dos vinhedos vamos tocar ao de leve em Palhacana, onde tomamos um troço comum a um Caminho de Fátima, sempre rodeados de vinhas, até entrar no asfalto de um caminho municipal e virar à esquerda logo de seguida, agora para entrar mesmo pelo meio de uma grande vinha (Quinta do Conde).
Lá em cima, na casa agrícola, paramos na soleira de uma porta, a sombra era convidativa para almoçar e preguiçar. Aguardamos um pouco e quando as núvens ocultaram parcialmente os raios inclementes do sol, arrancamos, seguimos pelo meio dos sobreiros até que mais adiante atravessamos a N9-3. Aí subimos até à igreja de S. Miguel, que fomos ver, embora estivesse fechada. No cemitério, ao lado, há torneiras com água.
Retomamos a N9-3 durante umas centenas de metros para depois sair à direita e seguir de novo pelo meio dos campos. Mais adiante, junto de uma quinta, e ainda antes de descer para a Quinta da Chocapalha, viramos à direita. Estamos agora na "Rua dos Romeiros", uma secção de sinalização muito confusa, pois que além de comum a um Caminho de Fátima, este troço é comum a um outro PR de Alenquer, a Rota dos Caminhos da Raínha. Acabamos por chegar a Sobreiros onde descemos logo à direita, despedindo-nos dos outros dois caminhos. Agora é só a nossa Rota das Cerejas que nos leva até ao ponto de partida, com passagem por Mato, onde atravessamos de novo a N9-3 e a ribeira que lhe corre paralela.
História, estórias e Monumentos (recolha de informação em diversas páginas web)
Ribafria
Parece que este poderá ser o lugar referido num documento de 1483 com o nome de Soriba Fria.
Contava 10 fogos em 1497; 25 em 1527; 50 em 1712, e ainda em 1758. Em 1911 reduzira ligeiramente, contando 45 fogos e 190 habitantes.
O monumento mais interessante é a igreja de Nossa Senhora do Egipto, na qual se destaca o portal manuelino.
A pia baptismal e uma escultura de São Brás, em pedra, serão provavelmente do séc. XVI, o altar-mor e algumas imagens que se guardam no templo são do séc. XVIII. O alpendre é mais recente.
As festas da padroeira realizam-se na primeira semana de Setembro.
Pereiro de Palhacana
A igreja da freguesia tem um interessante alpendre de colunas toscanas que corre paralelo ao corpo do edifício. Por aí se faz a única entrada para o templo. No interior há lambris de azulejos do século XVII do tipo tapete e enxaquetados azuis e brancos. Na sacristia há outros silhares com azulejos também do século XVII.
O arco do cruzeiro, de bom desenho, é de calcário da região e apresenta a particularidade de ter cortada a aresta frontal.
A imagem da padoeira é do século XVIII. Há ainda uma boa imagem de «S. Miguel Arcanjo», muito repintada, e outras imagens de interesse. A talha do altar é muito simples. As duas pias de água benta, em pedra calcária, talves da mesma época do arco do cruzeiro (séc. XVI) estão decoradas com motivos de sabor popular.
(Monumentos de Alenquer / blogspot)
Igreja de S. Miguel
Situada num lugar afastado das povoações esta velha Igreja esteve, até há cerca de trinta anos, no mais completo abandono.
Em 1758 o pároco fez dela a seguinte descrição: « Hé o Arcanjo Sam Miguel o seu Orago, hé de uma só nave a Igreja, a Capella mor, e dous altares collateraes, hum de N. Senhora e outro do Menino Deus» (Memórias Paroquiais)
Observei junto do cemitério uma espécie de cruzeiro incompleto, com um globo decorado com tíbias, que parece também obra dos séculos XVI ou XVII (?)
Mato
Aparece com este nome em 1497 (duas moradias) e 1527 (seis moradias). Em 1911 chegou a ter 40 habitações com 203 habitantes.
O que há de mais notável no Mato é o que resta do antigo Mosteiro de São Jerónimo do Mato, hoje transformado na Quinta do Mato, e que poderá ter estado na origem da aldeia.
Em 1400, o Mosteiro foi criado por bula de Bonifácio IX "Piis votis fidelium" de 1 de Abril, outorgada a pedido de D. João I e do presbítero Fernando Eanes. Foi edificado, provavelmente, a partir de um eremitério fundado por frei Vasco e Fernando Eanes, cerca de 1389, ou no lugar do Mato, doado por D. João I a frei Vasco e onde, anteriormente, não existia qualquer fundação.
Ter-se-ão sucedido duas ruínas até à reedificação, em 1500, por D. Manuel I, grande devoto desta Ordem e desta Casa, onde se terá recolhido muitas vezes. O Manuelino está presente no pórtico da igreja, numa janela, na porta principal do edifício e nos restos dispersos de outras peças.
As festas anuais, em honra de São Jerónimo, realizam-se no último fim de semana de Junho.
As cerejas
As cerejas são aqui cada vez mais uma tradição desaparecida, que apenas dão o nome à Rota.
José Manuel Rosa foi um dos últimos produtores de cereja em Alenquer, ao conservar o hectare de cerejeiras e ao vender a fruta no Mercado Abastecedor da Região de Lisboa.
"Como a cereja é tradicional na zona e embora já não haja quase nenhuma quis manter as árvores e até tenho vindo a recompor o pomar, plantando novas árvores para substituir as velhas", contava num artigo da Lusa de 2011.
Era então um dos produtores com maior área de produção ao comercializar por ano duas toneladas de cereja, muito acima do que se vendia 50 anos antes, quando o cantar ao desafio alegrava a longa jornada de trabalho das mulheres que dias a fio se dedicavam à colheita da fruta, que pintava de vermelho os campos verdejantes.
"Há 30 ou 40 anos, quem tinha vinha tinha cerejeiras no meio da vinha e vinham recolher ao fim do dia a cereja. As vindimas começaram a ser mecanizadas e os agricultores foram arrancando as cerejeiras", explicou ele nesse artigo.
No concelho de Alenquer, a cereja é típica de Pereiro de Palhacana e de Ribafria, freguesias que chegam a atingir temperaturas negativas de inverno que, tal como na Beira Interior e Trás-os-Montes, criam condições ideais de produção.
(artigo original: https://sicnoticias.pt/Lusa/2011-06-08-alenquer-comer-cerejas-da-arvore-uma-tradicao-centenaria-perto-do-fim-no-concelho-cvideo)
Para finalizar deixo este interessante texto (http://www.memoriamedia.net/bd_docs/Alenquer/apanha%20cereja.pdf)
A apanha da cereja […] Freiria era… era a zona que tínhamos mais cereja. Alenquer tem ali Palaios, que era a minha aldeia; carregava-se lá três camionetas! Três camionetas de cereja todos os dias, à noite. Iam lá à noite. O pessoal andava a trabalhar a apanhar cereja durante o dia. Preparava e depois havia aqueles senhores que tinham os carros que vinham fazer… que vinham fazer… que vinham fazer o transporte da cereja para Lisboa, para a Ribeira; era vendida em Lisboa.
E aquilo ali era uma zona de muita cereja. Até havia o ditado; havia aquele ditado antigo que… O melro estava em cima da cerejeira. Quando tinha o bico amarelo, a cerejeira estava a começar… a cereja estava a começar a amadurecer. E houve um… houve um tipo que foi atrás do melro:
- Ah, então a cereja está a amadurecer? Já me estás a roubar cereja?
E ele foi… foi até ao Tejo atrás do melro! O melro passou lá para o outro lado e depois ele dizia:
- Se cá voltares, eu limpo-te o sarampo!
Essa era os patrões que já eram costume todos os anos. Elas quase sempre trabalhavam para o mesmo patrão na cereja. E então o patrão ia ter com elas aí uns… uns tempos antes. Iam ter com elas com…
- Olha, este ano estou a contar contigo para lá para a cereja!
Ultimamente íamos buscar … íamos buscar o pessoal aos lugares. Íamos de manhã com o carro. Com o carro, íamos… íamos a… às aldeias onde tínhamos o pessoal e íamos buscar com o carro. E andávamos de pomar em pomar com elas.
Depois havia aquelas que eram mais habilidosas assim para… para encanastrar – chamava a gente, encanastrar, que era enfeitar os cabazes com uns… havia… chamava-se […]
– e havia aquelas que eram assim mais habilidosas, ficavam logo… ficavam logo a fazer… a fazer os cabazes na… na casa onde a gente, para onde a gente levava as cerejas. E o outro pessoal ia apanhar.
Depois, agora… A malta agora… Já estão a começar a pôr mais algumas, mas a mão-de-obra é muito cara. Eu ponho… A cereja não tem muita despesa nas outras coisas, mas… mas na mão-de-obra… a mão-de-obra é… é caríssima.
Links para os outros Percursos Pedestres de Alenquer:
Alenquer PR1 - 16.53 Km - Rota das Encostas da Serra
Alenquer PR2H - 22.61 Km - Carreiro da Senhora (alternativa viável)
Alenquer PR3H - 10.94 Km - Charneca de Ota
Alenquer PR4 - 14.19 km - Rota dos Moínhos
Alenquer PR5 - 12.43 Km - Rota de Santa Quitéria
Alenquer PR6 - 11.87 Km - Rota de Nossa Senhora da Encarnação
Alenquer PR7H - 9.57 Km - Campos do Pereiro
Alenquer PR8H - 16.46 Km - Rota dos Caminhos da Raínha
Alenquer PR9H - 13.54 Km - Rota das Cerejas
O site dos percursos pedestres de Alenquer:
--> Percursos Pedestres de Alenquer
Waypoints
Religious site
521 ft
Cruzeiro
Fountain
657 ft
Lavadouros cobertos. Torneiras
Waypoint
0 ft
Palhacana
Bus stop
533 ft
Paragem bus coberta
Waypoint
700 ft
Paragem bus coberta / fim de troço comum
Bus stop
763 ft
Paragem de bus coberta
Waypoint
622 ft
Quinta / início de troço comum
Quinta cubas
Waypoint
717 ft
Quinta da Palhacana
Waypoint
343 ft
Rancho Folclórico 'Primaver em Flor' do Mato
Waypoint
695 ft
Sobreiros
Comments (13)
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Fomos (eu , João Paulo Cruz, Rui Neves, Fernando Amaral e Nuno Baltazar) hoje, fizemos no sentido direto, adorámos!
Abraço e obrigado pela dica
P
Abraço a todos, ainda bem que gostaram! Saúde e grandes caminhadas!
Parabéns pela pesquisa e pelo texto! Obrigado pela partilha!
Boas caminhadas!
Muito obrigado, dRua, boas caminhadas!
Com as marcações no terreno e as indicações facultadas é fácil cumprir a trilha. É um percurso muito bonito, a ser evitado em dias e horas de muito calor.
Verdade, do que as cerejas gostavam, nós fugimos: o calor! 😊
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Information
Easy to follow
Scenery
Moderate
Infelizmente parte do trajeto estava muito enlameada, o que dificultou o percurso. Contudo fiquei com vontade de o fazer com o tempo seco.
Uma nota: Existe uma parte do percurso oficial que foi vedada por um particular (junto à Igreja de São Miguel de Palhacana), o que obriga a contornar essa parte do percurso através da estrada.
Essas vedações que aparecem aqui e ali são o suplício do caminheiro em Portugal... vá lá que nessa zona da igreja é sítio de vistas amplas onde é fácil decidir alternativa. Boas caminhadas, Nuno Fortes!
Muito obrigado Papaleguas pela resposta e muito obrigado por partilhar o trilho. Ajudou-me muito a fazer o passeio, permitindo obviar algumas dificulades em identificar a marcação física do local.
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Information
Easy to follow
Scenery
Easy
Fácil de se fazer, convém levar GPS
Obrigado, biscas, boas caminhadas!
caminhada espetacular mas se não fosse esta partilha (obrigado) era impossível de fazer tantas são as intersecções sem qualquer marcação
Ainda bem que posso ajudar outros amigos caminheiros!
Obrigado, Jorge!